Pronunciamento de Vanessa Grazziotin em 23/05/2016
Discurso durante a 79ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Comentários à notícia sobre tentativa de paralisação das investigações na Operação Lava Jato.
Críticas ao Governo interino do Presidente Michel Temer e ao processo de impeachment da Presidente afastada Dilma Rousseff, em razão do golpe de Estado em curso no País.
- Autor
- Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
- Nome completo: Vanessa Grazziotin
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
- Comentários à notícia sobre tentativa de paralisação das investigações na Operação Lava Jato.
-
GOVERNO FEDERAL:
- Críticas ao Governo interino do Presidente Michel Temer e ao processo de impeachment da Presidente afastada Dilma Rousseff, em razão do golpe de Estado em curso no País.
- Aparteantes
- Lindbergh Farias.
- Publicação
- Publicação no DSF de 24/05/2016 - Página 27
- Assuntos
- Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
- Outros > GOVERNO FEDERAL
- Indexação
-
- COMENTARIO, PUBLICAÇÃO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ASSUNTO, GRAVAÇÃO, DIALOGO, SERGIO MACHADO, EX PRESIDENTE, EMPRESA DE TRANSPORTE, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), ROMERO JUCA, MINISTRO DE ESTADO, PLANEJAMENTO, OBJETIVO, PACTO, IMPEDIMENTO, CONTINUAÇÃO, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO.
- CRITICA, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INTERINO, ILEGALIDADE, PROCESSO, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, CARACTERIZAÇÃO, GOLPE DE ESTADO.
A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente.
Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quero, Senador Jorge Viana, cumprimentar V. Exª, a Senadora Ana Amélia, que acaba de se pronunciar também, o Senador Telmário, o Senador Lindbergh e dizer que lamento que, neste momento da sessão e neste dia tão importante, tão revelador para o País, tenhamos em plenário tão poucos Senadores, Senador Jorge Viana.
Gostaria muito que aqui estivessem os Líderes do PSDB, os Líderes do DEM, com quem debatemos em profundidade, sobretudo, aqui, no plenário do Senado Federal. Seria importante que eles estivessem, mas não estão hoje.
Falaremos nós hoje e, amanhã, certamente travaremos um debate que precisa ser enfrentado, sem dúvida nenhuma.
Sr. Presidente, hoje, pela manhã, bem cedo, nós acordamos, o Brasil inteiro amanheceu com uma notícia bombástica. Confesso que, já de madrugada, o meu telefone, cujo som eu retiro - fica no silencioso -, acendia muitas vezes as luzes, e, às cinco e pouco da manhã, eu já estava recebendo a notícia.
Sr. Presidente, não me refiro à 29ª fase da Operação Lava Jato, fase em que foram o centro da investigação dirigentes ou ex-dirigentes do Partido Progressista, o PP, e que deverá tirar a liberdade, mais uma vez, do Sr. João Cláudio Genu, ex-tesoureiro do PP, que, em fases anteriores de investigações, já estava extremamente envolvido. Não foi com essa notícia... Aliás, é bom registrar, Presidente, que, depois de 42 dias - eu prestei bem atenção, porque ouvi essa notícia, cedo, pelos telejornais -, depois de 42 dias, a Operação Lava Jato realizou hoje a 29ª fase.
Presidente, eu aqui estou me referindo, como fato bombástico, ao fato que o Brasil inteiro já deve ter tomado conhecimento, aliás, não só o Brasil, mas o mundo, porque acabo de receber também cópia de uma matéria publicada hoje no New York Times falando do problema que envolve o Ministro do Planejamento e Senador do PMDB, Romero Jucá. Sem dúvida nenhuma, eu creio - e ouso falar - que, desde que se iniciou a Operação Lava Jato, talvez esta seja uma das fases mais reveladoras - eu diria importantes e reveladoras.
Vejam o que diz a manchete da capa do jornal Folha de S.Paulo: "Em gravação, Jucá sugere pacto para deter Lava Jato." Sr. Presidente, a manchete do jornal, por si só, Senador Telmário, já fala tudo. Vamos repeti-la aqui - V. Exª gosta muito de dar ênfase a algumas coisas, e, às vezes, eu acho que isso é muito importante: "Em gravação, Jucá sugere pacto para deter Lava Jato." São duas páginas de matéria, duas páginas de um conteúdo extremamente grave. São conversas que foram gravadas - tudo indica - dentro de uma operação. Eu digo "tudo indica", porque nós não dispomos ainda dessa informação. É uma conversa, segundo noticia o jornal Folha de S.Paulo, de uma hora e quinze minutos, e há indicativos também na matéria de que essa conversa tenha sido extraída de uma investigação formal, de uma investigação legal, cujo conteúdo é dos mais estarrecedores, repito, que nós já vimos.
Vejam: possivelmente é uma gravação de um diálogo em um ambiente, e não por telefone, uma conversa entre o Senador Romero Jucá, Ministro do Planejamento do Senhor Michel Temer, que chegou ao Palácio do Planalto através de um golpe que está sendo promovido aqui no Congresso Nacional, e o ex-Senador Sérgio Machado, que foi presidente da Transpetro por quase 11 anos, Srs. Senadores.
Uma conversa, repito, muito reveladora, que precisa ser analisada em todos os seus aspectos. Além de eu considerar isso uma das questões mais graves, quero ler aqui uma parte pequena, Senador Jorge Viana, do pronunciamento que fiz, aqui desta tribuna, no dia 11 passado, dia em que nós iniciamos uma sessão que acabou no dia 12 com a admissibilidade da abertura do processo de impeachment contra a Presidente Dilma por 55 votos contra 22.
Eu subi aqui à tribuna, apesar de muitos dizerem: "Senadora, a senhora está na contramão. Os seus eleitores não vão entender". Eu digo: pode ser até tarde, mas eu tenho certeza, convicção absoluta de que não só os meus eleitores, mas o povo brasileiro, Senador Lindbergh, um dia entenderá tudo o que está acontecendo no País. E agora eu confesso: eu não sabia que viria tão cedo. Eu não sabia que viria tão cedo! E está vindo, porque aqui está revelado todo o esquema de que nós falamos por dias e dias, semanas e semanas, meses e meses a fio, desta tribuna e de todas as Comissões.
Mas vamos lá. Eu falei assim: Quanto hipocrisia, quanta mentira! O que eles querem, Sr. Presidente, é também acabar com a Lava Jato, porque dizem que a Presidente não teve pulso para acabar com isso que está atingindo frentes poderosas. A imprensa internacional já percebeu do que se trata. Há em curso a tentativa espúria de retirada de uma Presidente honesta, proba, legitimamente eleita, por questiúnculas contábeis, que sequer caracterizam ilícitos fiscais. Ou seja, está em curso não um processo de impeachment, mas um golpe. Tentativa essa em curso desde as eleições de 2014. Não ganharam no voto, mas seguiram seu propósito de tomar o poder a qualquer custo, aproveitando-se do momento de fragilidade do País, da dificuldade na economia, das revelações dos atos de corrupção para tirar a Presidente Dilma. Espalham mentiras e vendem ilusões de que tudo é culpa da Presidente e sua saída iria melhorar a situação do País. Quanta hipocrisia, quanta mentira! O que eles querem é também acabar com a Operação Lava Jato.
Senador Jorge Viana, estas foram as palavras que eu falei desta tribuna na noite do dia 11. E hoje quem confirma essas palavras não é ninguém mais do que o próprio Senador e Ministro ilegítimo Romero Jucá, em uma conversa publicada hoje, repito, pela Folha de S.Paulo.
Vou passar a ler alguns trechos para que quem não teve ainda a oportunidade de ler entenda o que está acontecendo. Essa conversa, segundo se noticia, foi gravada no mês de março, Presidente. Não vai dar para ler toda, e nem toda ela foi publicada, mas os trechos publicados são tantos que eu não terei espaço e tempo aqui para falar de todos. Por isso, peguei aqueles que considero mais importantes.
Então, veja. Diz-se aqui sobre a gravação: O Senador Romero Jucá sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma mudança no governo federal resultaria em um pacto para estancar a sangria representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos. Então, foi o Senador Romero Jucá, na conversa, que sugeriu essa questão ao ex-presidente da Transpetro e ex-Senador Sérgio Machado.
Prossigo: "Os diálogos entre Machado e Jucá ocorreram semanas antes da votação na Câmara que desencadeou o impeachment da Presidente Dilma."
As conversas, como eu já disse aqui, somam mais de uma hora. "Em um dos trechos, Machado disse a Jucá: 'O Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. [...] Ele acha que eu sou o caixa de vocês'."
Veja, o Sr. Sérgio Machado, ex-Senador, diz isso. E, na sequência, faz a seguinte revelação. Ele fez também uma ameaça velada e pediu que fosse montada uma estrutura para protegê-lo. O ex-Senador pediu ao Senador Romero Jucá que ele e outros dirigentes do PMDB montassem uma estrutura para protegê-lo. Por quê? Porque ele estava com medo de que a investigação dele passasse e fosse dirigida a Curitiba.
O Senador Romero Jucá disse que seria necessária uma resposta política para evitar que o caso caísse nas mãos do Moro. E, aspas, aspas porque foi ele, Jucá, quem disse isso: "Se é político, como é a política? Tem que resolver essa..." Aqui ele fala um palavrão que não vou repetir. "Tem que resolver essa" coisa. "Tem que mudar o governo para estancar essa sangria."
Senador Lindbergh, "Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", disse o Jucá.
O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - A sangria é Lava Jato, não é?
A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - É óbvio que a sangria é a Lava Jato. Eles estão falando desse assunto. Eles não estão falando do problema do desemprego. Aliás, aqui eles falam sobre isso nos microfones, mas, quando estão no privado, a conversa não é sobre a crise econômica. No privado, a conversa é outra, é como estancar a Operação Lava Jato. Então, ele diz que tem que mudar o governo para estancar essa sangria. Ou seja, ele que - todo o Brasil sabe - foi um dos grandes articuladores do impeachment, ou seja, do golpe contra a Presidente Dilma.
O Ministro concordou, então, que o envio do processo para o Juiz Moro não seria uma boa opção. E chamou o Moro sabe de quê? Sabe a que o Jucá comparou o Moro? À Torre de Londres, em referência ao castelo na Inglaterra onde ocorreram torturas e execuções entre os séculos XV e XVI. Segundo ele, os suspeitos eram enviados para lá para confessar. Então, ele fez essa comparação. O Senador Romero Jucá fez essa comparação. E segue: "(...) Acrescentou que um eventual governo de Michel Temer deveria construir um pacto nacional, 'com o Supremo, com tudo'." E foi quando o Machado disse: "(...) aí parava tudo". Fazer esse grande pacto que "aí parava tudo". E o Jucá responde: "É. Delimitava onde está, pronto". "É. Delimitava onde está, pronto". Ou seja, quem foi pego já foi e quem não foi não será mais. E quem não foi não será mais!
Veja isso aqui está na gravação, divulgada hoje no jornal Folha de S.Paulo.
O Senador Jucá ainda relatou que havia mantido conversas - essa é a gravidade. O Senador Lindbergh já leu. Olhem a gravidade, Srs. Senadores, Senador Alvaro! Olhem a gravidade: "O Senador relatou ainda que havia mantido conversas com os 'Ministros do Supremo', os quais não nominou. Na versão de Jucá ao aliado, eles teriam relacionado a saída de Dilma ao fim das pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações da Lava Jato."
E eu sigo aqui atrás, onde está divulgada a íntegra dessa fala. Em voz baixa, o Jucá disse o seguinte: "Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem 'ó, [os caras dizem, reparem] só tem condições de [inaudível] sem ela. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa coisa não vai parar nunca'."
Ou seja, é o senador Romero Jucá dizendo aqui que, em conversa com vários Ministros, porque ele disse que tem contato com a maioria, ele trata os Ministros de "os caras", que eles acham que nada vai parar enquanto ela continuar. Então, por isso é que tem que mudar o Governo, por isso eles estão dizendo que tem que mudar o Governo aqui.
Ele segue afirmando que há poucos caras ali, no Supremo, aos quais não tem acesso, e um deles seria o Ministro Relator do processo, o Ministro Teori Zavascki. E ainda critica a Presidente Dilma dizendo que foi ela que o nomeou, Senador Jorge, um burocrata, ela que nomeou esse burocrata.
Há coisa mais grave do que isso, senhoras e senhores? Não há, porque isso aqui é a prova, isso aqui é a digital. Eu, há pouco, vi a coletiva concedida pelo Senador Romero Jucá, Ministro, e vários partidos já estão pedindo a saída dele. Estão pedindo, alguns partidos, já acionando o Ministério Público Federal, o Supremo Tribunal Federal, para que algo seja feito imediatamente, com a agilidade que o caso requer. Senão vejamos: o Senador Delcídio Amaral foi preso com qual denúncia? Denúncia de atrapalhar as investigações da Lava Jato, porque estava oferecendo fuga a investigados da Operação Lava Jato. Ele foi preso, ele perdeu o mandato - ele perdeu o mandato de Senador.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Exatamente, Senador Jorge Viana, é isso que V. Exª fala daí, exatamente isso.
Então, vejam, perdeu o mandato. Aí o Senador Romero Jucá tem divulgada uma fala dele com um ex-Senador, um dirigente importante do Sistema Petrobras, em que ele diz que tem que acabar com a Lava Jato e a saída é tirar uma Presidente. E, de fato, seguiram nesse processo.
Eu quero levantar e destacar o que disse aqui, Senador Lindbergh, o Senador Paim. V. Exª se referiu à sessão do Congresso amanhã. Eu já dei a minha opinião para imprensa que me procurou, eu acho que o próprio Presidente do Congresso Nacional, Senador Renan Calheiros, deverá ter a responsabilidade de cancelar a reunião amanhã. Não só pela insegurança desse projeto que chega agora.
Como é que pode? Quem, ano passado, não admitiu aprovar um orçamento deficitário? Foram eles que não admitiram, ano passado, porque a Presidente Dilma mandou para cá um orçamento deficitário. Não admitiram criar um superávit de R$30 bilhões. A Presidente mandou para cá um projeto de mudança de meta para R$97 bilhões de déficit orçamentário, nunca Eduardo Cunha reuniu a Comissão Mista de Orçamento para analisar.
Agora, eles vêm, chamam a reunião da Comissão Mista para hoje e passam o déficit orçamentário, como disse V. Exª, de R$97 bilhões para R$170 bilhões. O que é isso? Como nós vamos votar às pressas um projeto que vem de alguém que confessou, perante o seu amigo, que tudo isso era uma trama, esse impeachment não é impeachment, é uma trama, é um golpe, para tirar a Presidente da República do poder. Essa é a grande verdade, Senador Jorge Viana.
Até há pouco tempo nós falávamos sozinhas, então, aqui eu resgato o que disse o Senador Paim: muito Senadores, muitas Senadoras, muitos Deputados e Deputadas, eu tenho certeza que não votaram a favor da abertura do processo nessa linha, na linha revelada agora pelo Senador Romero Jucá, cujo objetivo é acabar com a Lava Jato, além das maldades na economia contra o trabalhador e contra o povo brasileiro.
Porque são duas medidas provisórias, as primeiras assinadas: uma muda o ministério, acaba com o Ministério da Cultura, acaba com o Ministério da Previdência, acaba com tudo, com o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, que vai lá para o Ministério da Justiça, cujo Ministro é advogado de Eduardo Cunha, que também indicou o Líder do Governo. Ou seja, quem manda na República é Eduardo Cunha.
Eu até li algo interessante. Não sabem se chamam Eduardo Temer ou Michel Cunha, porque é ele quem manda. É verdade, é ele quem manda. E aqui está dito, em algumas partes da gravação, é o Senador Jucá quem disse. O Renan era contra, o Presidente do Senado. Primeiro foi difícil, a gente luta desde o final das eleições.
O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - V. Exª me concede um aparte?
(Soa a campainha.)
A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Vou conceder.
Mas a primeira barreira foi lá no PMDB, porque o Senador Renan é contra. Contra porque acha que o Michel é o Eduardo. Então foi difícil.
Aí depois outra barreira no PSDB. Aí é interessante que se leia, antes de conceder o aparte a V. Exª. Permita-me, Senador, é muito interessante que se leia.
Sérgio Machado diz o seguinte: "A situação é grave, porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos."
Aí segue: "Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já?".
Aí o Jucá diz: "Caiu. Todos eles, Aloysio, Serra, Aécio...".
Aí o Machado diz: "Ah, então caiu a ficha. Tasso, também caiu a ficha do Tasso."
Aí o Jucá: "Também. Todo mundo na bandeja para ser comido."
Isso aqui, para quem não entende, da Lava Jato. Para ser engolido pela Lava Jato.
"O primeiro a ser comido vai ser o Aécio." - isso o Machado dizendo. E segue: "É aquilo que você diz. O Aécio não ganha nada...". Tem um palavrão aqui que não vou dizer. "O Aécio não ganha nada, não ganha nenhuma."
Aí o Jucá diz: "Não, não, esquece. Nenhum político desse tradicional ganha eleição, não."
E Machado diz: "O Aécio, rapaz, o Aécio não tem condições; a gente sabe disso. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu que participei da campanha do PSDB."
Então, pronto, olha quantas revelações nós precisamos saber. Qual é esse esquema do Aécio a que eles se referem? Isso precisa ser dito, o Brasil precisa saber disso. Que esquema foi utilizado? Que mecanismo eles usaram?
Senador Lindbergh, antes de conceder o aparte a V. Exª, eu digo o seguinte: nem todos os Deputados e Senadores e Senadoras e Deputadas votaram pela abertura do processo com essa opinião, de acabar a Lava Jato. Eles foram usados. Eles foram manipulados, assim como a Nação brasileira foi e tem sido manipulada e usada. A ela são vendidas ilusões para coletar apoios, dizendo o seguinte: "Não, a Dilma tem que sair porque ela não tem apoio, porque a economia vai mal, a economia não vai bem, ela é culpada de tudo isso. Ah, mas ela não cometeu crime. Não, ela cometeu crime, as tais das pedaladas." Ou seja, o impeachment é a desculpa de que eles precisavam, para o qual, vamos lembrar, foram pagos pelo PSDB R$45 mil.
Então, nós não precisamos de mais nada, está tudo muito claro, Srs. Senadores.
Eu concedo, Senador Lindbergh, um aparte a V. Exª.
O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Senadora Vanessa, só para parabenizar V. Exª. V. Exª sabe o quanto considero a sua atuação parlamentar aqui como uma guerreira combativa, sempre defendendo as causas justas. O que acontece hoje aqui, na verdade, é um escândalo, caiu a máscara. O que sempre argumentamos nesse período foi confirmado. E foi confirmado, volto a repetir, pelo Presidente do PDMB em exercício, o maior líder desse processo de impeachment aqui. Ele, no Senado; Eduardo Cunha, na Câmara dos Deputados. Na gravação, o Senador Romero Jucá não fala de pedaladas, não fala de créditos suplementares, fala só daquilo, de paralisar investigações, fala de conversas com Ministros do Supremo que precisam ser esclarecidas. Eu acho que esse Governo interino de Michel Temer não se sustenta três meses. Eu, na sexta-feira, tive a honra de participar de um ato em frente ao Ministério da Cultura do Rio de Janeiro, Senadora Vanessa, com algo em torno de 20 mil pessoas, com a presença de Caetano Veloso e de muitos artistas protestando não só contra o fechamento do Minc, porque no momento em que o Presidente interino Michel Temer disse que iria abrir o Minc, sabe o que é que todas as ocupações disseram? "Nós vamos continuar a ocupação, porque o que a gente quer é a saída desse Governo." E é um Presidente fraco, vacilante, muda de posição a cada hora, não tem firmeza e está sitiado.
(Soa a campainha.)
O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Ele iria, no domingo, ao Rio de Janeiro para inaugurar o VLT com o Prefeito Eduardo Paes, desmarcou porque houve lá uma manifestação de 10 mil pessoas. E olha que as pessoas já sabiam que ele não iria. Ele não está indo para lugar algum do País e vai crescer, porque o programa dele, Senador Jorge Viana, é um programa de retirada de direito de trabalhadores, que ele não está tendo força para implementar, porque é vacilação todo dia. Eles mudam de opinião todo dia. Eu nunca vi! A marca dessa estreia desse Presidente, em menos de duas semanas, é hesitação, fraqueza. E nós... Eu falo uma coisa aqui. O Senador Romero Jucá tem que dar todas as explicações aqui. Nós queremos a saída do Romero Jucá, mas nós queremos a saída do Temer, porque o Temer assumiu essa Presidência da República de forma ilegal. É um Presidente ilegítimo, e o que eu tenho escutado de movimentos sociais, de professores, de artistas, é que por onde ele andar vai haver mobilização dizendo que ele é um Presidente golpista, como ficou claro hoje nessas gravações envolvendo o Senador Romero Jucá e o ex-Senador Sérgio Machado. Muito obrigado, Senadora Vanessa.
A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Eu agradeço e peço, Senador Jorge Viana, apenas uns pouquíssimos minutos para concluir.
Nessa linha que V. Exª levanta, Senador.
Primeiro, nós estamos aqui falando do Senador Jucá, agora não é um problema que envolve o Senador Jucá, é um problema que envolve o Presidente interino, Michel Temer. O que está sendo revelado aqui, o que ele revelou foi todo o esquema, como eles trabalharam para tirar uma Presidente e ocupar o lugar dela e quais os objetivos que eles tiveram.
Falei aqui do New York Times, que divulgou hoje e fala também da entrevista que ele deu, dizendo que foi divulgado apenas parte das conversas. Imagina quando for divulgada toda a conversa? Imagina quando toda a conversa for divulgada, o que é que não vai acontecer?
Então, é isso. Não é apenas, não adianta punir o Jucá. E eu digo isso por quê? Porque partidos que estiveram ao lado, tramando, fazendo esse tal de impeachment, que é golpe, agora já pedem o afastamento. O DEM, nesse seu oportunismo, já vem, vamos pedir para afastar, o Michel Temer tem que demitir o Ministro do Planejamento, Senador Romero Jucá.
Não basta isto, não basta! Isto é muito pouco. O que nós temos que fazer é desnudar tudo o que está sendo feito no País e temos que rever tudo o que o Congresso Nacional vem analisando, um processo de impeachment, que agora como foi dito e revelado, não é processo de impeachment.
Eu me preocupo, sinceramente: ou tomamos providências emergentes, rápidas, corretas ou, como disse o Senador Lindbergh, o Brasil vai viver um momento de muita dificuldade.
Ou será que o povo que está na rua desde a hora em que Michel Temer assumiu o poder... E não é militante do meu Partido, o PCdoB, só, não é militante do PT, do PDT, não é meia dúzia de artistas, não, é muita gente que, no primeiro domingo em que Michel Temer foi falar, começou a apitar. É fato, a Presidente Dilma vivia e vive um momento de baixa popularidade, porque a crise econômica pegou o nosso País, porque o povo não suporta,...
(Soa a campainha.)
A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - ... de forma justa, ouvir tanta notícia de corrupção.
Mas e eles estão entrando para quê? Para corrigir a economia? Para acabar com a corrupção? Não! Eles estão entrando para acabar com a investigação da corrupção; eles estão entrando para acabar com o Brasil; com os direitos dos trabalhadores; para acabar com as empresas públicas que nos restam, as estatais, e voltar ao período da privatização. Repito: a segunda medida provisória assinada foi qual? Aquela que viabiliza e acelera todo o processo de privatização, Senador Telmário.
Então eu quero dizer que eu, como tantos brasileiros e brasileiras, estou indignada, porque a nossa vida não tem sido fácil. A vida do povo não tem sido fácil, Senador. Onde a gente anda, muita gente questiona nossa posição, porque acha que o correto seria afastar a Presidente para o Brasil andar nos trilhos. Mas que trilhos? A gente dizia, o trilho em que eles querem botar o País não é o trilho do desenvolvimento, não é o trilho da correção, não é o trilho da ética. E está aqui, quem prova isso é o próprio Senador Romero Jucá, um dos articuladores desse golpe e que está lá ocupando uma função estratégica nesse Governo biônico do Presidente Michel Temer, Presidente biônico.
Mas, Sr. Presidente, eu concluo dizendo, como diz o velho ditado: a verdade tarda, mas não falha. E conhecendo e sabendo das boas intenções do nosso colega, eu tenho certeza absoluta de que nós não vamos permitir que se consuma um golpe, que não é só contra uma Presidente, mas é contra o País, contra a democracia, e cujos reflexos, não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro, poderiam ser danosos, se nós não conseguirmos acabar com isso ainda de forma viável.
Muito obrigada, Presidente.