Discurso durante a 79ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas à proposta de emenda constitucional que prevê antecipação de eleições gerais.

Defesa da continuidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff, Presidente da República.

Autor
Waldemir Moka (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Waldemir Moka Miranda de Britto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas à proposta de emenda constitucional que prevê antecipação de eleições gerais.
GOVERNO FEDERAL:
  • Defesa da continuidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff, Presidente da República.
Publicação
Publicação no DSF de 24/05/2016 - Página 70
Assuntos
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), ASSUNTO, ANTECIPAÇÃO, ELEIÇÃO DIRETA, MOTIVO, AUSENCIA, VIABILIDADE, TEMPO, TRAMITAÇÃO, PROPOSTA.
  • DEFESA, CONTINUAÇÃO, PROCESSO, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, LEGALIDADE, MANIFESTAÇÃO, VONTADE, POPULAÇÃO.

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, falo solitário da tribuna, mas não poderia ouvir o que ouvi aqui sem colocar também aquilo que penso.

    O que o Senador João Capiberibe acabou de dizer, que ele chamou de "continuidade da insensatez", ou seja, a continuidade da admissibilidade do impeachment, eu tenho que sair em defesa daqueles que, durante mais de 30 dias com certeza, ouviram exaustivamente as pessoas a favor e contra a admissibilidade. E, no final, houve uma votação democrática cujo resultado foi de 15 a 5. E todos aqui, os 81 Senadores tiveram a oportunidade de falar por quinze minutos, porque, depois da votação da Comissão Especial do Impeachment, veio para o Plenário do Senado, que votou com 55 votos favoráveis, quando precisava de apenas 41.

    Então, eu quero dizer que muitas vezes se colocam alternativas que as pessoas sabem que não são viáveis, como essa história de eleição. Ela é inviável do ponto de vista democrático. Para quem está ouvindo, dá impressão de que eles não chamam a eleição porque não querem. Não é verdade. Teria que haver uma decisão do TSE ou então votar uma PEC aqui no Senado e, depois, na Câmara. Quanto tempo isso iria demorar?

    Então, na verdade, o que houve foi uma manifestação popular de nenhum partido, de ninguém liderando. E as pessoas pediam, aonde você chegava - a verdade é essa -, aonde você ia, qualquer bar, qualquer festa, as pessoas só perguntavam uma coisa: vocês não vão votar o impeachment? Agora, evidentemente, com doze dias fica difícil arrumar um governo, tocar um governo.

    Mas eu sou um daqueles - e V. Exª me conhece bem - que não vão compactuar com tudo. Não é porque o Presidente é do meu Partido, e é o meu Partido que está hoje, que eu vou compactuar com qualquer coisa que o Governo mande para cá. Aliás, se tem uma coisa que eu preservei a vida inteira na minha vida pública foi a minha independência.

    Sou um homem disciplinado e partidário, mas muitas vezes - e não foram poucas - eu me insurjo. E tenho o cuidado de avisar ao meu Líder que isso não vou poder votar, não gostaria de votar, não tenho condições de votar.

    Agora, eu vejo pessoas que ficam... Eu me lembro do Senador João Capiberibe, do Senador Cristovam Buarque e de vários outros que levaram uma carta para a Presidente Dilma pedindo essa solução de conversa. Aconteceu alguma coisa? Houve algum entendimento? Pediram ao Presidente Michel Temer para ficar como interlocutor. Depois que aprovaram duas ou três medidas, começou um boicote do Vice-Presidente, a ponto de ele pedir para sair.

    Então, são coisas que aconteceram na prática. Não adianta querer tampar o sol com a peneira. E chegou um momento em que o único caminho é esse.

    Agora, dá a impressão de que algumas coisas que aconteceram - e eu concordo que não deveriam ter acontecido - servem para muitos aqui... E eu fico horrorizado quando vejo gente que deve as coisas vir aqui defender, como se não houvesse consequências.

    Ora, pelo amor de Deus! Vamos ter um pouco de coerência também. E tudo aquilo que aconteceu no passado? Ou esses R$170,5 bilhões de rombo não são reais? Esse é o caos econômico que foi criado ao longo desses anos. E, junto com o caos econômico, porque muita gente não concordou, começou-se a criar um caos político também. Então, é preciso restabelecer também do ponto de vista...

    Eu tenho certeza, e confio, pelo menos nesse momento, que o Presidente Michel Temer terá realmente condições de colocar aqui, no Plenário, tanto aqui quanto na Câmara dos Deputados, aprovar as reformas que são necessárias, evidentemente tomando cuidado com a garantia de direitos adquiridos, tomando o cuidado de fazer um balanço daquilo que a sociedade quer. Tenho certeza de que nós haveremos sim.

    Eu não estou falando isso por conta de ser do PMDB. Eu faço isso porque tenho um sentimento muito grande para com o meu País, assim como tenho com o meu Estado. Ainda ontem, eu viajava pelo norte do meu Estado e, depois, para a minha querida cidade, que é Bela Vista, e via no olhar das pessoas a necessidade de homens e mulheres que estão desempregados e precisam realmente que este País retorne ao rumo do crescimento e do progresso.

    É isso que todo chefe de família quer, para sustentar os seus filhos com dignidade. E eu quero crer que, se nos despirmos das nossas dificuldades político-partidárias, do viés ideológico e pensarmos acima de tudo no País, nós haveremos de conseguir.

    Está aqui um Senador da República, lá do Mato Grosso do Sul, que é capaz de passar por vários sacrifícios. Inclusive, se tiver que votar medidas impopulares eu votarei, mas sob uma condição: de que essas medidas impopulares sirvam realmente para colocar o País no rumo do crescimento, do desenvolvimento e do progresso. Agora, se eu sentir que isso não tem validade nenhuma, que é apenas uma disputa de poder, aí também não precisam contar comigo.

    Eu estou aqui para engrossar a fileira daqueles que, acima de tudo, pensam no seu País, querem e sonham com o País. Como alguém já disse aqui, na tribuna, eu não quero morar em outro País. Eu quero morar num Brasil diferente.

    Eu sou um daqueles que querem. E tenho certeza de que isso é possível, meu querido Presidente, Senador Garibaldi.

    Então, apenas e tão somente para que as pessoas não fiquem pensando que aqui, neste Senado... Dos 81 Senadores, eu tenho certeza de que a maioria é capaz de dar a sua cota de sacrifício para fazer um governo de união nacional para tirar o País desta crise. E vão ficar sempre aqueles que ficaram órfãos ou têm uma outra medida, uma mágica para que o País possa, de uma hora para outra, reverter tudo isso que está acontecendo. Eu acho que isso só vai reverter à custa do sacrifício pessoal de cada um, da determinação de cada um e principalmente de uma grande união nacional em torno do nosso País.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/05/2016 - Página 70