Discurso durante a 96ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cobrança de investimentos federais na região do entorno do Distrito Federal.

Autor
Wilder Morais (PP - Progressistas/GO)
Nome completo: Wilder Pedro de Morais
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO:
  • Cobrança de investimentos federais na região do entorno do Distrito Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/2016 - Página 58
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO
Indexação
  • COBRANÇA, INVESTIMENTO, GOVERNO FEDERAL, REGIÃO, ENTORNO, DISTRITO FEDERAL (DF), NECESSIDADE, ATENÇÃO, PODER PUBLICO, POPULAÇÃO CARENTE, PRIORIDADE, EDUCAÇÃO, INSTALAÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL, ESTADO, GOIAS (GO).

    O SR. WILDER MORAIS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP-GO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, a região goiana do Entorno de Brasília é uma das mais carentes do País.

    A burocracia a chama de Ride, o IBGE chama de Leste, outros chamam de Região Metropolitana do Entorno e o certo é que o governo federal ainda não se chamou à responsabilidade.

    Além da definição, ali falta tudo, só não falta coragem aos quase 2 milhões de moradores de suas duas dezenas de municípios. Convém repetir: falta tudo a menos de meia hora daqui da Praça dos Três Poderes.

    A poucos quilômetros do Palácio do Planalto está Valparaíso, a cidade que mais cresce no Brasil. Cresce em termos demográficos, não em qualidade de vida. Esse título já foi de Águas Lindas. É a saga também de Alexânia, Cidade Ocidental, Cristalina, Formosa, Luziânia, Novo Gama, Padre Bernardo, Planaltina, Santo Antônio do Descoberto. São cidades vizinhas do poder central e excluídas dos benefícios de qualquer poder. Por isso é que venho novamente a esta Tribuna reivindicar investimentos no Entorno do Distrito Federal.

    Repito: falta tudo, tudo, tudo. Falta, sobretudo, priorizar a Educação. Não tem cabimento uma região inteira, com dez cidades grandes, não ter universidade federal. Qual a lógica disso? Reclama-se muito que o Brasil não vai pra frente, mas ninguém cuida das soluções. Aqui, ao redor da capital da República, uma população três vezes superior à de Boston está até hoje sem universidade federal. Não pode ser discriminação com os goianos, porque ali estão brasileiros das 27 unidades da federação. É um pessoal torturado no transporte coletivo. É uma população sofrida, ainda mais porque lhe falta esperança.

    De onde eu venho, que é da mais humilde faixa da sociedade, falta tudo, menos o sonho. E sonhar grande. Eu sonho logo é com Harvard para os meus irmãos do Entorno do Distrito Federal. Mas nos bastaria, por enquanto, uma universidade federal, com dois campi, um no Entorno Norte, outro no Entorno Sul. Uma universidade completa, com cursos nas áreas de exatas, humanas, biológicas. Medicina, Direito, as Engenharias, as licenciaturas, as tecnológicas.

    Enfim, preparar nossos jovens para o mercado de trabalho, para a vida, para a felicidade. Universidade moderna, com tecnologia de ponta, laboratórios, linhas de pesquisa, vastas bibliotecas.

    Estou no Senado há três presidentes da República e sete ministros da Educação. A bancada goiana batalha, o governador Marconi Perillo trabalha, mas por ausência do governo federal nada mudou nesse período para a população do Entorno de Brasília.

    Se mudou foi para pior, pois a crise fechou algumas instituições particulares de ensino. Um exemplo é o curso de Direito: são apenas duas faculdades, ambas particulares, com 1 mil e 200 alunos. Sim, apenas um estudante para cada grupo de 1 mil e 600 moradores.

    Aqui, a comparação deixa de ser com o sonho de Harvard e passa para o pesadelo das piores ditaduras africanas. Estamos atrás de Angola. Aliás, muito atrás. Perdemos para o Zaire. Cabe ao governo federal nos tirar da periferia de Luanda. Não há o menor sentido em pagar impostos para sonhar com Harvard e conviver com o Congo.

    Três presidentes e sete ministros depois, insisto em cobrar universidades para Goiás. E compensa insistir, repetir. Goiás passou os últimos séculos com apenas uma universidade federal. Só uma para 6 milhões e 610 mil habitantes. Dizem que o Haiti é aqui, mas é ainda pior. O Haiti, com 10 milhões de habitantes, tem oito universidades públicas. Até 9 de maio, o Estado de Goiás inteiro tinha apenas uma. De tanto a gente insistir, a então Presidente Dilma Rousseff criou as universidades federais do Sudoeste Goiano, em Jataí, e a Universidade Federal do Sudeste Goiano, em Catalão. E criou com uma mão e deu adeus com a outra. Foi em suas últimas horas de mandato. Ainda assim, ambas estão em fase de implantação. Foi preciso que o governador Marconi Perillo e os prefeitos Jardel Sebba e Humberto Machado bancassem praticamente todas as despesas.

    As universidades são federais, mas os gastos são estaduais e municipais. Marconi Perillo deu para a Universidade Federal em Jataí um terreno de 4 milhões de metros quadrados. Quatro milhões!

    Três presidentes e sete ministros depois, vai caber a Michel Temer e Mendonça Filho a tarefa de implantar a Universidade Federal do Entorno. Se precisar de parceria, a bancada goiana será parceira. O governador Marconi estará pronto. O vice-governador José Éliton vai ajudar. A secretária Lêda Borges está disposta a auxiliar.

    Assim como os demais integrantes do governo e os prefeitos de todos os municípios da região. Os atuais prefeitos, como Everaldo Vidal, de Novo Gama, e os próximos prefeitos, como Pábio Mossoró, de Valparaíso, e Marcelo Melo, de Luziânia, também querem ser parceiros da instalação da Universidade Federal do Entorno.

    Eu disse aqui na Tribuna que repetiria, insistiria, faria o que fosse preciso para o governo cumprir seu compromisso de implantar as universidades federais do Sudeste e do Sudoeste de Goiás. E deu certo. Já pedi, exigi, reivindiquei, implorei por universidades federais para o Norte-Nordeste de Goiás, além das demais regiões do nosso Estado esquecidas pelo governo central.

    Dediquei as minhas emendas ao Orçamento, no Plano Plurianual 2016-2019, para universidade federal no Norte-Nordeste de Goiás. Farei o mesmo esforço para implantação da Universidade Federal do Entorno.

    Em pronunciamento antes da votação do impeachment, em 11 de maio, sugeri ao Presidente Temer que siga o exemplo do governador Marconi e não fique em gabinete. Percorra o Brasil. Conheça de perto os problemas. E nós temos problemas aqui perto para Sua Excelência conhecer. Por isso, peço ao Senhor Presidente que sua primeira viagem oficial seja curtinha, de poucos quilômetros: Vamos ao Entorno de Brasília, Presidente Temer. Vamos visitar nossas regiões, ministro Mendonça Filho. Vendo de perto o sofrimento dos quase 2 milhões de brasileiros de 27 unidades da federação que vivem nessas cidades goianas, o Senhor Presidente e o Senhor Ministro vão ser mais rápidos que todos os seus antecessores.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/2016 - Página 58