Fala da Presidência durante a 74ª Sessão Especial, no Senado Federal

Abertura da sessão especial destinada a comemorar os 100 anos da fundação do Hospital Amaral Carvalho.

Autor
Marta Suplicy (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SP)
Nome completo: Marta Teresa Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Abertura da sessão especial destinada a comemorar os 100 anos da fundação do Hospital Amaral Carvalho.
Publicação
Publicação no DSF de 18/05/2016 - Página 8
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, CENTENARIO, FUNDAÇÃO, HOSPITAL, LOCAL, JAU (SP), SÃO PAULO (SP), IMPORTANCIA, TRATAMENTO, CANCER, TRANSPLANTE DE ORGÃO.

    A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. PMDB - SP) - Declaro aberta a sessão.

    Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

    A presente sessão especial destina-se a celebrar os cem anos do Hospital Amaral Carvalho, nos termos do Requerimento nº 338, de 2016, proposto pela Senadora Marta Suplicy e outros Senadores.

    Gostaria de chamar para tomar assento à Mesa o Presidente do Hospital do Câncer Amaral Carvalho, Sr. Vitorio Munerato Neto. (Palmas.)

    O Superintendente do Hospital do Câncer Amaral Carvalho, Sr. Antonio Luís Cesarino de Moraes Navarro. (Palmas.)

    O Diretor-Presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo, Sr. Edson Rogatti. (Palmas.)

    O jornalista Sr. Milton Neves. (Palmas.)

    Convido todos agora, em posição de respeito, a ouvirmos o Hino Nacional.

(Procede-se à execução do Hino Nacional.)

    A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. PMDB - SP) - Eu gostaria de nomear e agradecer a presença das seguintes autoridades: Presidente da Câmara Municipal de Jaú, Srª Vereadora Cléo Furquim; Vereadora da Câmara Municipal de Rio Claro, Srª Maria do Carmo Guilherme; Diretor-Geral da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, Sr. José Luiz Spigolon; senhoras e senhores membros do corpo diplomático; senhoras e senhores funcionários e voluntários do Hospital Amaral Carvalho; senhoras e senhores membros das seguintes instituições, Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer e Hospital de Câncer de Barretos.

    Vou fazer a fala de abertura da sessão e, depois, conceder a palavra ao Deputado Federal Milton Monti, que falará pela Liderança do PR.

    É uma satisfação muito grande receber vocês de Jaú no Senado Federal e todos os outros mencionados, todas as cidades que tive o prazer de cumprimentar, cumprimentando cada voluntário e voluntária aqui presentes, aqui representando os três Senadores pelo nosso Estado.

    Essa homenagem ao Hospital Amaral Carvalho é uma homenagem muito especial, porque é uma comemoração de algo muito difícil. É um hospital que cresceu: ele começou pequeno, e hoje comemora, neste mês, cem anos de idade. Também, porque há algo que chama muito a atenção no hospital, e, se vocês me permitem, vou chamá-los a todos de vocês: é que vocês entendem, trabalham e se importam com as pessoas, com cada pessoa que sofre de câncer, e esse gesto, esse empenho de cada um, que eu pude verificar, é um gesto que tem enorme importância. E, aqui, o nosso agradecimento, a nossa gratidão pela solidariedade, pelo amor que cada um e cada uma aqui dedica a esta causa.

    O Superintendente do Amaral Carvalho, Sr. Antonio Luís Cesarino de Moraes Navarro, recebe aqui um reconhecimento pelo trabalho de todos os médicos, funcionários, diretores, voluntários e voluntárias, que contribuem para que o hospital possa ser considerado um dos mais importantes centros de tratamento do câncer e de transplante de medula óssea do País. São aproximadamente 2 mil profissionais na área de saúde, suporte e administração.

    A Fundação Amaral Carvalho é a mais antiga entidade filantrópica privada brasileira de assistência à saúde e promoção do bem-estar. Tudo começou, em 1915, com a preocupação da família Carvalho, diante da alta taxa de mortalidade de mães da região de Jaú durante o parto. A família, então, fez a doação de um terreno e uma quantia em dinheiro para a construção de uma maternidade, e nasceu, assim, em 1916, a Maternidade do Jaú, o futuro Hospital Amaral Carvalho.

    O Hospital Amaral Carvalho tornou-se um dos principais hospitais no País, especializado no combate ao câncer, e o que mais realiza transplantes de medula óssea entre os não aparentados. Posso dizer também - nós sabemos, aqui no Senado - que recebe pacientes do Brasil todo.

    Eu conheci as instalações do Amaral Carvalho em 2010, na minha campanha para Senadora; fui a Jaú e vi bem de perto. Fiquei muito tocada, porque senti que havia uma administração, uma gestão, uma humanização, o que é muito raro de se ver nos hospitais. De lá para cá, fiquei colaboradora. Tenho indicado em emendas recursos para o Amaral Carvalho continuar essa missão, assim como muitos outros Deputados e Senadores.

    Sem dúvida, esse é um hospital que reúne competência, capacidade e solidariedade para cada recurso investido. E continua a salvar vidas.

    O Hospital Amaral Carvalho, hoje, chega a atender 75 mil pacientes em 40 especialidades médicas. É um milhão de procedimentos oncológicos, incluindo radioterapia, quimioterapia e o atendimento em 300 leitos.

    Hoje, o hospital apresenta-se como exemplo de modelo de gestão privada e filantrópica, que consegue atender cerca de 95% dos seus pacientes pelo SUS - isso é um feito extraordinário. Ele é considerado pelo Ministério da Saúde como um dos seus maiores parceiros para o tratamento oncológico e para a realização do transplante de medula óssea pelo SUS. É referência em transplante de medula óssea no Brasil.

    O Hospital Amaral Carvalho fez de Jaú a cidade brasileira com a maior taxa de diagnóstico de câncer de colo, seguida por Porto Alegre e Goiânia. Isso quer dizer que o hospital tem trabalhado preventivamente contra esse mal que ataca milhões de mulheres, que é o câncer de colo de útero.

    O programa de prevenção em Jaú foi lançado em 1994 - quer dizer, já faz 22 anos - e cobria somente 15% da população, que apresentava um índice de mortalidade de nove mulheres por cem mil.

    Atuando em três níveis de ação - o primário, o secundário e o terciário -, o programa acabou alcançando cobertura populacional ímpar no Brasil. Apresenta uma façanha: 100% das pacientes cujos exames têm resultados alterados conseguem ser atendidas em até 15 dias após o diagnóstico e começam o seu tratamento. Consequentemente, a média de mortalidade equipara-se à de cidades de países desenvolvidos - uma a duas por cem mil mulheres.

    Faz 20 anos que uma rede de voluntários e voluntárias que presta assistência a pacientes em tratamento de câncer em Jaú foi formada. E hoje já são mais de cinco mil voluntários e voluntárias espelhados por mais de 400 cidades do Brasil.

    Temos aqui 40 representantes deles e delas.

    Sejam muito bem-vindas e bem-vindos! Sintam-se acolhidos com generosidade e amor, tanto quanto vocês têm dispensado às pessoas que mais necessitam.

    As ligas de voluntários e voluntárias hoje atendem a aproximadamente 25 mil pacientes carentes com câncer em seus Municípios e oferecem tratamento com dignidade, colaborando enormemente para o conforto do paciente.

    Além disso, esses voluntários trabalham preventivamente contra o câncer, e suas atividades ajudaram - e ajudam - a aumentar o prognóstico de cura e sobrevida dos pacientes em 12,5%.

    Eu, como psicóloga, acredito piamente, tenho certeza, porque essa doação, esse apoio, a vontade que vocês passam para as pessoas para poderem lutar contra a doença é fundamental.

    Eu não precisava falar isso para elas, porque elas, mais do que nunca, sentem isso, e é essa a gratificação do trabalho que vocês fazem.

     Esse trabalho foi feito pela Universidade Corporativa Amaral Carvalho e Unesp, de Botucatu.

    O câncer é uma doença que ainda assusta, mas, antes, as pessoas nem falavam a palavra!

    O grande trabalho do Amaral Carvalho, de Jaú, tem feito com que avancemos no combate ao câncer no País. E, hoje, a maioria dos casos têm tratamento. A cura é possível, sobretudo se temos uma detecção precoce. Para isso, o trabalho de prevenção é fundamental.

    Sei que é muito duro quando a pessoa recebe esse diagnóstico. Ninguém está preparado, mas o trabalho humanizado é uma das marcas. Aliás, o que me tocou muito quando visitei o hospital foi essa humanização, porque ela gera esperança ao paciente, dá força para enfrentar o que sabemos ser uma longa batalha. Quem recebe essa notícia pode ficar tão impactado, entrar em depressão e não consegue reagir. Aí, metade da batalha já estará perdida.

    O que faz a diferença é ter apoio, é querer lutar pela vida e, muitas vezes, ter paciência, capacidade e serenidade numa situação adversa de saber esperar.

    Ouvi um relato bonito de uma paciente. Ela dizia que estava imóvel, paralisada de medo, incapaz de reagir por dentro. No entanto, paradoxalmente, tinha uma tempestade e uma sensação de pânico. Só saiu desse conflito avassalador depois de receber apoio psicológico, de ouvir que "numa tempestade, os pássaros esperam".

    É essa a ajuda que os pacientes do Amaral Carvalho também recebem nessa travessia e que tem sido uma das chaves para o êxito do tratamento. Contar para filhos, ver a angústia nos olhos dos maridos ou, quando é com eles, sentir o golpe de vê-los inseguros. Sabemos toda a dimensão que passa por dentro da pessoa e como a família é afetada. E, quando não é possível sobreviver à doença, drama que incontáveis vidas já atravessaram, é preciso dar esperança, dar a certeza de que a vida vale sempre a pena; dar qualidade de vida, atenção, carinho e conforto a quem precisa.

    Falando desse apoio humanitário, está também conosco - e eu queria dar uma palavra especial - o Milton Neves, que é um ativo colaborador de entidades sociais, entre as quais a Associação dos Voluntários Muzambinhenses no combate ao câncer - certamente você vai dar uma palavra sobre isso, Milton.

    Quero dizer que importância tem! Já tive a possibilidade de encaminhar algumas pessoas ao hospital, mas as pessoas não têm condição, às vezes, de ir, porque precisam de alguém da família. E essa ideia que você teve - não só a ideia, mas concretizar isso - fez uma diferença enorme. Mais possibilidades assim nós tínhamos que pensar.

    Então, quero parabenizá-lo pela sua extrema sensibilidade, e não só a sensibilidade, mas realizar, que é o mais difícil de tudo.

    E a todos vocês, nosso muito obrigada.

    Agora, eu queria também pedir para que nós possamos ver o vídeo da instituição, que é destinado a comemorar os cem anos da fundação.

    Por favor.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/05/2016 - Página 8