Discurso durante a 93ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial em homenagem ao centenário de nascimento do ex-senador Pompeu de Sousa.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial em homenagem ao centenário de nascimento do ex-senador Pompeu de Sousa.
Publicação
Publicação no DSF de 14/06/2016 - Página 8
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, EX SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, EDUCAÇÃO, JORNALISMO, POLITICA.

    O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Cristovam Buarque, signatário do requerimento pela sessão de homenagem nesta ocasião; Magnífico Reitor da Universidade de Brasília, Sr. Ivan Marques de Toledo Camargo; Ministro do Superior Tribunal de Justiça, no período de 2007 a 2009, Sr. Carlos Fernando Mathias; Diretor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, Sr. Fernando Oliveira Paulino; Srª Othília Pompeu de Sousa, viúva do homenageado; Srª Ana Lúcia Pompeu de Sousa, filha do homenageado; Srªs Senadoras e Srs. Senadores; demais senhoras e senhores; amigos aqui presentes; demais convidados; há algumas raras biografias que valem por verdadeiras aulas de história. Há algumas poucas vidas que são tão representativas, tão exemplares que conhecer suas trajetórias é conhecer o espírito de todo um tempo. É assim com a vida de Roberto Pompeu de Sousa, cujo centenário de nascimento homenageamos nesta oportuna sessão especial.

    Sua vida percorreu grande parte do século XX - do seu nascimento, em 22 de março de 1916, até a sua morte, aos 75 anos, em 11 de junho de 1991.

    A cidade onde nasceu, Redenção, no Ceará, foi o primeiro Município brasileiro a libertar seus escravos. Pergunto-me se esse fato já não teria marcado em Pompeu de Sousa, desde a meninice, o gosto pela defesa da liberdade e pela luta contra toda e qualquer forma de opressão.

    Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 15 anos e, alguns anos depois, ingressou em sua primeira redação. A trajetória de Pompeu de Sousa no jornalismo viria a revolucionar a imprensa brasileira, a partir dos anos 40. Depois de uma breve temporada nos Estados Unidos, Pompeu retornou ao Brasil com as modernas ideias que vinham sendo aplicadas na imprensa norte-americana. O jornalismo brasileiro nunca mais seria o mesmo. De sua base, no Diário Carioca, Pompeu espalharia novidades, como a técnica do lide, o manual de redação e a abordagem textual objetiva e informativa que é adotada até os dias atuais.

    Onde havia a defesa dos ideais democráticos, lá estava Pompeu de Sousa. Foi perseguido por ambas as ditaduras que marcaram o século XX no nosso País: a ditadura Vargas e a ditadura militar. Suas colunas durante a Segunda Guerra incomodavam o Estado Novo. Anos mais tarde, em 1964, foi demitido de sua posição de professor na Universidade de Brasília - que havia ajudado a fundar - e chegou a ser preso pela ditadura. Em 1979, demitiu-se do posto que ocupava na revista Veja em protesto à demissão injusta de um colega da sucursal.

    A passagem de Pompeu de Sousa pela imprensa e pelo magistério já seria suficiente para garantir o seu lugar na história do País, mas, sempre insatisfeito, sempre inquieto, Pompeu levou sua energia e seu carisma para a política, onde também deixou marcas indeléveis.

    Sempre atento à política desde os seus tempos no jornalismo, foi ele - já dito aqui pelo orador que me antecedeu - criador da sigla JK, talvez uma das siglas mais fortes do nosso País.

    Pompeu de Sousa assumiu seu primeiro cargo público em 1961, quando aceitou a Secretaria de Imprensa do então Primeiro-Ministro Tancredo Neves. Em 1985, foi Secretário de Educação e Cultura do Distrito Federal do governo de José Aparecido - eu peço desculpas, porque, nessas sessões de homenagem, é comum, às vezes, a repetição de alguns dados históricos como esses. Em 1986, elegeu-se Senador pelo nosso Partido - o meu Partido, em que presidi, durante três anos e meio, o PMDB Nacional -, o PMDB, como representante do Distrito Federal, assim como hoje o Presidente, Senador Cristovam Buarque, representa. Ele participou ativamente da elaboração da Constituição de 1988 - eu não estava aqui, eu, muito jovem ainda, era Prefeito da cidade de Rolim de Moura, onde fui Prefeito por dois mandatos, e depois fui Governador do meu Estado, o Estado de Rondônia. É de Pompeu de Sousa, por exemplo, a redação do art. 220 da Constituição, que dispõe sobre a liberdade de imprensa e de informação, entre outras tantas contribuições que ofereceu durante os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte - liberdade que o nosso Partido tem defendido sempre, pois não abriremos mão da liberdade de expressão.

    Quando morreu, em 1991, aos 75 anos, Pompeu de Sousa era dessas raríssimas unanimidades da nossa vida pública, um homem sem desafetos, amado por seus amigos e sua família e admirado por todos nós brasileiros e brasileiras. Deixou uma imensa lacuna na política, no magistério e no jornalismo de nosso País.

    É com uma alegria imensa que participamos desta bela homenagem ao seu centenário de nascimento. Que tenhamos mais e mais Pompeus de Sousa em nossas escolas, em nossos jornais e em nossos Parlamentos.

    Parabéns, Senador Cristovam Buarque, por esta iniciativa.

    Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/06/2016 - Página 8