Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene destinada a homenagear a memória do ex-Senador Jarbas Passarinho.

Autor
Mauro Benevides (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/CE)
Nome completo: Carlos Mauro Cabral Benevides
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão solene destinada a homenagear a memória do ex-Senador Jarbas Passarinho.
Publicação
Publicação no DCN de 16/06/2016 - Página 13
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, JARBAS PASSARINHO, EX SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

     O SR. MAU RO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobre Senador Flexa Ribeiro, nobre Senador Fernando Collor de Mello, Sr. Major-Brigadeiro-do-Ar Rui Chagas Mesquita, Sr. Contra-Almirante Eduardo Machado Vazquez, Sr. Ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça Aldir Passarinho Junior, magistrado integérrimo que substituiu seu ilustre pai nos Tribunais Superiores do País, quero saudar os demais membros da Mesa que aqui estão, sobretudo o meu colega Deputado

Joaquim Passarinho, que poderia aqui representar todos nós que compomos a outra Casa do Parlamento brasileiro.

     Quero cumprimentar ainda os representantes da família Passarinho, aqui representada por todas as suas filhas, os seus filhos, e quero, portanto, testemunhar, diante de todos eles, o afeto e o carinho que desfrutávamos, minha mulher e eu, na convivência com Ruth e Jarbas Passarinho.

     Portanto, é uma relembrança que faço, neste instante, com profunda emoção, uma emoção que se justifica porque, por tantos anos afastado desta tribuna, a ela chego neste momento por um dever imperativo de consciência, para homenagear um homem público verdadeiramente digno, honrado, corajoso, intrépido que tive o privilégio, vindo lá do Ceará, da minha Assembleia Legislativa, de encontrar aqui, no Senado Federal, num momento de efervescência política, em que os 16 Senadores que aqui chegaram, do MDB de então, vieram

trazer uma mensagem que seria, naquele momento, da imediata recomposição da vida institucional brasileira.

     Então, cheguei aqui e iniciei meu trabalho, ouvindo aquelas figuras que lá, no nosso Estado, nós nos acostumáramos a ver como figuras “paradigmais” da vida pública brasileira.

     Portanto, neste momento, homenageia-se a memória do grande Jarbas Passarinho, aquele Jarbas Passarinho que, na intimidade, no convívio que mantínhamos, era por mim chamado de “Jarbas Gonçalves”, enquanto ele me chamava de “Mauro Benevides”.

     Sr. Presidente, demais membros da Mesa, eu assomo a esta tribuna para relembrar, como já disse, a figura do ex-Senador Jarbas Passarinho, cujo falecimento ocorreu no penúltimo domingo em Brasília, já que fui seu colega nesta Casa, como mencionei, desde quando aqui cheguei, em 1975, no embalo do espontâneo sufrágio dos meus conterrâneos, permitindo alçar-me ao Congresso Nacional para servir ao meu Estado e à Nação brasileira.

     Na condição de representante do Pará, desde logo -- sim, desde logo -- o preclaro extinto patenteava a sua cultura polimorfa, sendo partícipe constante dos grandes debates que aqui se travavam, sob os mais variados enfoques, particularmente aquele que dizia respeito ao inadiável restabelecimento da normalidade institucional, que tanto almejávamos ardentemente.

     Arenista convicto, sempre foi um dos mais fervorosos defensores dos governos militares, o que ensejou a sua justa ascensão ao Poder Executivo, quando, sucessivamente, ocupou diversos Ministérios, a exemplo dos da Educação, do Trabalho, da Previdência Social e da Justiça -- este último quando titular da Chefia da nossa Nação o hoje Senador Fernando Collor de MeIlo.

     Todos os Presidentes do Senado, a exemplo de Magalhães Pinto, Petrônio Portella, Luiz Viana Filho, sempre a ele deferiram o maior respeito, num reconhecimento ao seu espírito público e à condição do mais qualificado -- do mais qualificado, sim -- patroneador do lineamento doutrinário, em consonância com os termos do movimento que eclodiu a 31 de março de 1964, fazendo cessarem os direitos políticos e garantias individuais, indispensáveis ao pleno exercício da cidadania.

     Relembro, neste instante, o encontro que ele promoveu, em sua própria residência, no Lago Norte, entre mim e o então Presidente Fernando Collor de Mello -- relembro esse fato em todos os detalhes --, quando foram discutidas, à exaustão, questões relevantes, ocasião em que expus ao primeiro mandatário, hoje Senador da República, as linhas mestras de minha atuação, respaldadas no princípio constitucional da plena harmonia entre os três Poderes da República.

     Naquela ocasião, ao ouvir embasamento do meu programa de trabalho -- caso viesse a eleger-me titular da Presidência de nossa Mesa Diretora --, atuaria, imparcialmente, em tudo quanto dissesse respeito aos superiores interesses do País.

     Preocupado em inserir o Brasil no chamado Primeiro Mundo -- essa é a verdade, Sr. Senador, que relembro agora para homenagear a sua tradição naqueles instantes que me permitiram conhecer e aquilatar os projetos que foram idealizados para implantação durante o seu Governo --, o então Presidente não desejaria que o Congresso negasse apoio a um projeto de Governo reputado por ele como de clara e incontestável significação para os destinos do País.

     Senhoras e senhores convidados da família Passarinho, amigos que admiravam Jarbas Passarinho pelas suas lutas, pela forma febricitante com que aceitava missões dificeis de ser cumpridas integralmente, quer como Governador, Senador, quer como Ministro de Estado, Jarbas Passarinho portou-se, inflexivelmente, dentro de suas arraigadas convicções, com as vistas voltadas para o ideário que ele considerava habilmente formulado, naquela complexa conjuntura, para os destinos da nacionalidade.

     Todos nós, os seus colegas na época e os fraternais amigos que possuía, tudo isso faz-nos render-lhe hoje o preito de nossa homenagem, reconhecendo os seus méritos incontáveis, o que o situa -- atentem bem os senhores presentes -- entre os homens públicos de maior evidência da sua geração.

     É certo que, em reiteradas oportunidades, nós, do PMDB, nos contrapusemos às decisões governamentais que Passarinho, ardentemente, endossara, sem que isso afrontasse em nenhum momento o respeito recíproco diante de posições ideológicas reconhecidamente antagônicas.

     Quando as discussões tornavam-se mais acaloradas, a intermediação de um hábil e saudoso Petrônio Portela buscava superar impasses perdurantes entre bancadas que, democraticamente, se digladiavam na tribuna de um Plenário acrescido habitualmente por Deputados, todos aqui atentos ao desenrolar de discussões que ultrapassavam os horários regulares das sessões ordinárias.

     Senhoras e senhores presentes nesta sessão de tanta significação, que emociona a todos nós, oradores, e àqueles que participam deste encontro, o testemunho que ora empresto, na condição de representante da Liderança do PMDB, deve ser interpretado como a busca de algo que melhor realçasse o nosso debate habitual, emoldurando-o com o enfático realismo do pensamento de cada bancada que melhor se posicionasse por entre críticas e opiniões expostas, muitas vezes, com veemência e incisividade, no aceso de discordâncias acentuadas.

     O Pará, que Jarbas Passarinho governou -- e governou tão bem -- durante o período militar; o Congresso, este Congresso, no qual ele pontificou como uma das figuras de maior preeminência; e o País a que serviu com devotamento e espirito público inexcedíveis, rendem-lhe, também por meu intermédio, porque todos os oradores que me antecederam também o fizeram, rendem-lhe por meu intermédio, neste instante, o preito de profunda saudade, reconhecendo-lhe o talento fulgurante e o espírito público incontestável que exornaram a sua personalidade de escol.

     Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 16/06/2016 - Página 13