Discurso durante a 105ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Dia Internacional do Orgulho LGBT, celebrado em 28 de junho.

Defesa da ausência de seletividade nas investigações sobre corrupção envolvendo partidos políticos, com destaque para o fato de uma reunião entre empreiteiros ligados à Petrobras e o ex-Senador Sérgio Guerra, então presidente nacional do PSDB, para travar o andamento de CPI que tratava de irregularidades e superfaturamento em obras da empresa, gravada em 2009, só agora ter sido divulgado pela imprensa.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Comemoração do Dia Internacional do Orgulho LGBT, celebrado em 28 de junho.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Defesa da ausência de seletividade nas investigações sobre corrupção envolvendo partidos políticos, com destaque para o fato de uma reunião entre empreiteiros ligados à Petrobras e o ex-Senador Sérgio Guerra, então presidente nacional do PSDB, para travar o andamento de CPI que tratava de irregularidades e superfaturamento em obras da empresa, gravada em 2009, só agora ter sido divulgado pela imprensa.
Aparteantes
Humberto Costa, José Medeiros, Regina Sousa.
Publicação
Publicação no DSF de 29/06/2016 - Página 15
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, VALORIZAÇÃO, LESBICAS GAYS TRAVESTIS TRANSSEXUAIS E TRANSGENEROS (LGBT).
  • DEFESA, IMPARCIALIDADE, INVESTIGAÇÃO POLICIAL, OBJETO, PARTIDO POLITICO, COMENTARIO, EMISSORA, TELEVISÃO, DIVULGAÇÃO, VIDEO, ASSUNTO, REUNIÃO, PARTICIPAÇÃO, SERGIO GUERRA, SENADOR, PRESIDENTE, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), EMPREITEIRO, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), OBJETIVO, PARALISAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, OBRAS, EMPRESA ESTATAL.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Exatamente. Inclusive, a Senadora Ana Amélia, que fez a permuta comigo, está, neste momento, Senador, dirigindo a reunião da comissão. Se possível, V. Exª também pode fazer uma permuta com ela, para que ela fique mais ao final, Senador Jorge Viana.

    Eu venho à tribuna, neste momento, Sr. Presidente, para dizer que hoje, dia 28 do mês de junho, é um dia de lutar contra o preconceito, contra a discriminação, um dia de lutar contra o ódio. E aqui me refiro ao fato de que se comemora o Dia Internacional do Orgulho LGBT exatamente hoje, dia 28 do mês de junho. E essa data faz alusão ao episódio que ficou conhecido como Stonewall, nome de um bar frequentado por grupos da comunidade lésbica, gay, bissexual, transexual e travesti de Nova York, e que, na exata noite do dia 28 de junho de 1969, teve os seus frequentadores presos pela polícia, levando a vários dias de protestos, manifestações, não só em Nova York, mas em várias outras cidades contra o que estava ocorrendo naquele momento. Veja, em 1969, pessoas foram presas porque frequentavam boates de lésbicas, de gays. Infelizmente, naquele mesmo País, nos Estados Unidos, o mundo também acompanhou recentemente e de forma atônita a morte de 50 pessoas numa boate igualmente voltada para o público LGBT, desta vez, na cidade de Orlando, na Flórida.

    Talvez ainda movido pelo impacto daquele dia fatídico, depois de uma visita à Armênia, o Papa Francisco disse, numa entrevista que concedeu a jornalistas do mundo inteiro, abre aspas: "Os cristãos devem pedir perdão por ter acompanhado tantas decisões equivocadas". E ainda seguiu o Papa durante a sua entrevista: "Eu creio que a Igreja não só deve pedir desculpa a essa pessoa que é gay e que ofendeu, mas também deve pedir desculpas aos pobres, às mulheres, às crianças exploradas no trabalho. Deve pedir desculpas por ter abençoado tantas armas", fecha aspas.

    Senador Jorge Viana, essas palavras do Papa Francisco são extremamente significativas no momento em que, infelizmente, cresce no mundo o ódio e a intolerância. Revelam-se num momento importante para a reflexão de toda a sociedade.

    Falo aqui do ódio que, infelizmente, toma conta das pessoas e da intolerância não apenas do ponto de vista da discriminação pela opção sexual, não somente pela discriminação pela condição feminina da mulher, que, muitas vezes, é agredida única e exclusivamente pelo fato de ser mulher e por alguns homens ainda ser considerada um ser inferior. Mas eu me refiro também à intolerância e ao ódio no debate político que estamos vivendo no Brasil. Nós estamos vivendo, talvez, um dos momentos mais difíceis da nossa República, em que seria preciso, mais do que nunca, a unidade da população. Mas não é isso que está acontecendo. A gente vê famílias se desagregando apenas por discordâncias no aspecto político.

    Enfim, quero aqui voltar a dizer que as palavras e, mais uma vez, Senador Jorge Viana, a postura do Papa Francisco têm sido fundamentais não somente para o chamamento para a reflexão de toda a sociedade, mas têm sido fundamentais na busca da paz, na busca de uma melhor convivência entre os seres humanos no mundo inteiro. Com suas palavras, o Papa vem respaldando o pensamento de ilustres brasileiros como, por exemplo, o Ministro Marco Aurélio, quando ele disse, após o Supremo Tribunal Federal julgar por unanimidade, igualando e reconhecendo a união homoafetiva: "As garantias da liberdade religiosa e do Estado laico impedem que concepções morais e religiosas guiem o tratamento estatal dispensado a direitos fundamentais, tais como o direito à dignidade da pessoa humana, o direito à autodeterminação e à privacidade e o direito à liberdade de orientação sexual."

    Então, são manifestações como essas que devemos destacar neste dia de hoje, que, afinal de contas, é um dia de comemorar a igualdade, de comemorar o respeito mútuo e de repudiar, sobretudo, qualquer manifestação de ódio.

    São essas as questões que defende a União Nacional LGBT, a UNA, fundada em São Paulo no ano passado, cujo objetivo é exatamente lutar contra todas as formas de discriminação de gênero, sistêmicas ou não, particularmente aquelas que afetam as mulheres lésbicas, os travestis e os transexuais. Em nome dessa entidade e dessas pessoas que, infelizmente, sofrem tanto no dia a dia é que faço este singelo, mas principalmente profundo e sentido pronunciamento no sentido de dar minha solidariedade, minha disposição em continuar na luta por uma sociedade solidária, por uma sociedade equânime, por uma sociedade igualitária e, sobretudo, livre das opressões.

    Então, Sr. Presidente, fica aqui este meu pronunciamento, destacando o Dia Mundial Internacional do Orgulho LGBT.

    Por fim, neste tempo que me resta, Sr. Presidente, quero falar aqui de algumas questões que têm acontecido nos últimos dias.

    Na semana passada - eu já me pronunciei sobre este assunto -, na quinta-feira, sobretudo de quarta-feira para quinta-feira, nós tomamos conhecimento de três fatos igualmente relevantes. Entretanto, dos três fatos, Srs. Senadores, somente um recebeu todo o destaque da imprensa brasileira. E exatamente aquele que considero mais elucidativo sumiu das páginas da imprensa. Eu aqui me refiro ao fato de, na noite da última quarta-feira - não me recordo exatamente o dia -, ter sido divulgado, com exclusividade pela TV Globo ou pelo jornal O Globo, um vídeo que mostra uma reunião entre o Sr. Sérgio Guerra e vários empreiteiros de algumas grandes empresas que prestam serviço à Petrobras, todas elas envolvidas nesses últimos escândalos. Havia a presença de outro Deputado Federal, do PP, o Deputado Dudu da Fonte. Aquela gravação de vídeo mostra uma negociação para barrar uma CPI no ano de 2009. Era a CPI que analisava o quê? Analisava possíveis irregularidades e superfaturamento em obras da Petrobras, Senador Jorge Viana, sobretudo na Refinaria Abreu e Lima.

    Então, veja: essa denúncia contra o então Presidente nacional do PSDB surgiu no início de todas as denúncias dos problemas ocorridos em torno da Petrobras. Foi aquele Diretor da Petrobras Paulo Roberto quem fez a denúncia. Aí fico a me perguntar: se ele fez a denúncia àquela época, certamente, o vídeo existia desde aquela época. E por que nunca soltaram o vídeo? Por que só agora, praticamente dois anos depois, o Brasil toma conhecimento desse vídeo? E olhem a gravidade! O Partido que mais faz a denúncia, que é o PSDB...

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - ...que é o avalista desse golpe que está em curso no Brasil, vem falando em moralidade! E o Presidente nacional do Partido estava envolvido em uma tramoia para parar uma CPI! Imaginem se a CPI não tivesse parado àquela altura, se tivéssemos seguido com as investigações! Certamente, não teríamos chegado aonde chegamos.

    Concedo, Senador Humberto Costa, um aparte a V. Exª.

    O Sr. Humberto Costa (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) - Senadora Vanessa Grazziotin, acho que V. Exª traz um assunto do qual que eu próprio já havia me planejado, muitas vezes, para falar, e não falei. É muito interessante que esse episódio de 2009 não esteja sendo objeto de uma investigação mais aprofundada. Cheguei a ver, inclusive, um dos procuradores... Não sei se ele estava despistando sobre a investigação ou se estava dizendo a verdade, mas ele dizia que não podiam investigar aquele caso por que o principal implicado teria morrido, que era o ex-Deputado e ex-Senador Sérgio Guerra. Mas os vivos, os que se beneficiaram, se é que isso foi verdade, da propina de R$10 milhões, que eram Senadores e Deputados, que faziam parte daquela comissão? Alguns até fazem discursos altamente moralistas aqui ou na Câmara dos Deputados. E não vemos essa investigação. Morreu Sérgio Guerra, mas os outros, que, certamente, foram beneficiados e dividiram essa propina, estão vivos. Por que não se investiga a fundo essa questão? Então, acho que é muito importante que V. Exª tenha trazido esse tema, para que aqui nós pudéssemos fazer essas cobranças. E, de fato, se o que se deseja é passar o Brasil a limpo, não pode haver seletividade. É preciso investigar todos.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Eu agradeço e incorporo o aparte de V. Exª, Senador Humberto.

    Já caminhando para as conclusões, quero dizer que é exatamente este o sentido da minha fala: quero chamar a atenção para a necessidade de que, primeiro, as investigações sigam, tomem seu curso. Preocupa-me muito o fato de também o Brasil ter tomado conhecimento recentemente de que aquele nosso colega Senador que assumiu o Ministério e que teve de sair do Ministério estava falando para todos os seus colegas e para os companheiros de partido...

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Conceda-me um aparte, Senadora Vanessa?

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - ...ou de partidos amigos que só havia uma forma de parar a sangria, de parar a Lava Jato, que era tirando a Presidente Dilma. Então, eu me preocupo com isso.

    Quando um fato tão grave quanto esse, tão elucidativo... Eu não estou aqui a acusar ninguém. Eu estou aqui apenas a analisar um fato que considero da mais extrema gravidade e que tem de ser investigado, sim, porque não era a pessoa em si, era o que a pessoa representava. Ela não estava lá por que era aquela pessoa em especial.

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Não! Lá ela estava representando um partido, era presidente nacional de um partido político.

    Então, a única coisa que a gente acha que precisa acontecer no País é que não se façam ou não se conduzam as investigações de forma seletiva, mas que abranjam todos.

    Se me permitisse o Senador Jorge Viana, eu gostaria de conceder um aparte ao Senador Medeiros.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Senadora Vanessa...

    A Srª Regina Sousa (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PI) - Depois, a mim.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Pois não.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - ...nasci no interior. Se me permite, Presidente...

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Sem dúvida.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Se me permite, quero dizer que nasci no interior de Caicó e que aprendi o seguinte: em velório, a gente chega e fica quieto, respeitosamente; quando muito, cumprimenta os parentes. Nesses dias em que aconteceu esse fato lamentável com a Senadora Gleisi, vi a oposição aqui ser respeitosa com a dor, sem entrar no mérito, sem entrar na discussão. Eu até cheguei a comentar com o Senador Lindbergh sobre o fato de que era interessante que não se jogasse faísca em tanque de gasolina, até para preservar a Senadora, que estava num momento de dor. Não é que isso não seja legítimo no debate político, porque é. Mas, desde esse dia, tenho visto - permita-me usar o termo - vocês da Base defender...

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Que Base?

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - ...acusando até os mortos.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Que Base? A Base é V. Exª agora. Nós não somos da Base.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Digo da Base da Presidente afastada. Acusaram até os mortos, Senadora. Eu penso que é legítima a defesa, mas estou vendo aqui chamarem até os mortos à vida e acusarem o Senador Romero, acusarem tantos outros, sendo que estão todos no mesmo barco. Todo mundo está precisando fazer suas defesas. Acho que é legítima a defesa, mas sem apontar o dedo, porque não vejo ninguém aí com moral para apontar dedo. Penso que estamos passando por um momento difícil e que precisamos sempre buscar uma saída, mas me inquieta ver que, de repente, se diz assim: "Os meus são santos, os dos outros são todos bandidos." Não a esse discurso! Até vou na linha do Senador Lindbergh. Ele disse: "Tem de haver coerência. Quando o meu é acusado, ele está sendo injustiçado, e, quando o outro o é, ele é bandido." Por exemplo, houve a fala do Senador Romero Jucá? Houve! Mas houve a fala de tantos outros Senadores. Vamos condená-los todos? O Senador Jorge Viana, que é muito respeitado nesta Casa, comentou sobre tudo. Ele tem de ser criminalizado pela opinião que deu? Não. Não se criminaliza opinião. Então, é nesse sentido que eu falo.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Não entendi. Qual é a citação minha que V. Exª faz?

(Soa a campainha.)

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - A de que foi acusado o Senador Romero Jucá de ter conspirado contra a Lava Jato, porque deu uma opinião. Eu falei que V. Exª também deu uma opinião, saiu nas gravações, mas que não tem de ser criminalizado por opinião.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Senador, veja: não sei se V. Exª perdeu o início da minha fala sobre esse assunto. Primeiro, eu não estou...

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - O que falei, Senador - desculpe-me -, eu mantenho.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Pois não.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Eu estava falando com um advogado. Eu mantenho. Posso até mudar os termos, mas mantenho. A indignação, quando se comete uma injustiça, é de todos.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - É uma opinião, uma opinião respeitável.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Eu lamento que alguns colegas tenham falado nas minhas costas.

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) - Mas será que o Senador Romero Jucá não a mantém?

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Eu não sei. Não sou parte do processo. Eu não fiz nenhum comentário sobre o Senador Romero Jucá.

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) - Mas aí é que está: para algumas coisas, vale; para outras, não vale.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Não fiz comentário nunca, nem aqui, nem no privado, sobre o Senador Romero Jucá. Lamento que alguns colegas o fizeram nas minhas costas.

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) - Não, eu não falo nas costas.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Tentaram falar alguma coisa...

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) - Eu não falo nas costas de ninguém.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Não. Estou dizendo que alguns colegas falaram. Quero que falem na frente.

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS. Fora do microfone.) - Eu não falei.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Não tenho dúvida. Conheço V. Exª.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Não se pode (Fora do microfone.) criminalizar uma opinião.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Senador, antes de conceder um aparte à Senadora Regina...

    Senadora Regina, antes de conceder um aparte a V. Exª, só quero dizer ao Senador Medeiros que acho que S. Exª não pegou o início do meu pronunciamento. Não estou aqui a falar da atitude da pessoa falecida. Estou aqui a falar da atitude de um presidente de partido. Estou aqui a questionar por que um vídeo que existe desde 2009 só agora vem à tona. Não estou aqui e não sou juíza para condenar quem quer que seja! Agora, o que devemos pedir, não somente eu, mas também V. Exª, todos nós, é o fim da parcialidade. Até quando a denúncia pegava um partido político, por acaso o Partido político da Presidente Dilma e do ex-Presidente Lula, estava muito bem. Agora, quando outros partidos começam a aparecer, não pode. Aliás, por que não apareceram antes?

    Então, acho que é isso o que temos de discutir. Meu pronunciamento é somente para isto: para dizer que não pode haver seletividade. Todos e todas têm de estar sujeitos à investigação.

    Concedo um aparte ao Senador Humberto e, após, à Senadora Regina.

    O Sr. Humberto Costa (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) - Acho que, talvez, o Senador não tenha ouvido, mas falei de investigar os vivos. A investigação sobre o Senador está sendo feita, não é conclusiva. Eu, inclusive, aqui não o estou acusando de nada. Ao contrário, se quem está vivo deve ter o direito à dúvida, deve ter o benefício da dúvida, imagine quem está morto! Agora, o que ressaltei aqui foi uma declaração de um procurador, dizendo que o episódio estaria comprovado, mas que não podia avançar a investigação por que o Presidente do PSDB tinha morrido. Estou dizendo que, ao contrário, aí é que se deve investigar, para saber se é verdade. E, se é verdade, quem foram os vivos que se beneficiaram, eventualmente, da propina que houve ou não? Aí é o caso de a Polícia investigar. Foi apenas isso que eu disse. E acho que todo mundo concorda com isso.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Ouço a Senadora Regina.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Conclua, Senadora Vanessa, por gentileza, porque há uma fila de oradores, senão vamos prejudicar os demais colegas.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Acho que a Senadora Regina é a última a pedir um aparte.

    A Srª Regina Sousa (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PI) - Peço só um minuto, Presidente. Eu queria só colaborar com a Senadora Vanessa.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) - Faço isso para não ser injusto com os demais colegas.

    A Srª Regina Sousa (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PI) - Senadora, o que é mais importante e que não foi dito ainda é que aquela notícia foi colocada à noite, no jornal da meia-noite - nem todo mundo viu -, como vacina para o que ia acontecer no dia seguinte. É sempre assim que a mídia trata. Dizemos que há dois pesos e duas medidas, porque, depois, ninguém mais falou no assunto. No dia seguinte, os helicópteros amanheceram sobrevoando a casa da Senadora Gleisi. Acabou, parou ali. Ninguém mais... Não ouvi mais um comentário sobre aquele vídeo. Não é questão de criminalizar quem já morreu. Da mesma forma, na mesma semana, houve a questão do jatinho que transportava Eduardo Campos. Ninguém vai investigar Eduardo Campos. Ele se foi, infelizmente. Mas o crime ali existiu. E, na mesma noite também ou no dia anterior...

(Interrupção do som.)

    A Srª Regina Sousa (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PI) - Senador, para concluir. O mais complicado na história morreu, apareceu morto e, logo, logo foi de suicídio a tese. Dizem que ele tinha - aliás, isto foi dito pela própria polícia, que está brigando entre si na questão da perícia - sete pen drives no bolso. Nós queremos saber o que havia nesses sete pen drives que foram apreendidos. É o tratamento que se dá às notícias. Nós não queremos investigar quem já morreu, mas precisamos que se trate igual. Na questão da casa da Senadora Gleisi e do seu marido, eu assisti ao Bom dia Brasil, e ele citou cinco vezes no programa a mesma coisa, a mesma matéria, o mesmo texto. E os outros, en passant. Foi en passant no jornal da meia-noite a história daquela gravação do ex-Presidente do PSDB, Senador Sérgio Guerra. Obrigada.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Agradeço o aparte e já concluo, Senador Jorge Viana.

    Eu também espero, Senador Humberto Costa, que seja apenas despiste.

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Porque eu não creio que um assunto tão relevante e que dialoga diretamente com o maior assunto de corrupção que envolve a Petrobras...

    Vejam, nós tivemos, acho que no ano passado, em 2014, salvo engano, uma outra CPI da Petrobras. Por quê? Porque a de 2009 não avançou. Se tivesse avançado a de 2009, certamente quantas ações ilegais de corrupção não poderiam ter sido evitadas.

    Senador Moka, V. Exª solicita aparte? Não.

(Intervenção fora do microfone.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Está bem.

    Eu quero agradecer a V. Exª, Senador Jorge Viana, a todos os companheiros e companheiras que tiveram paciência com o meu pronunciamento.

    Obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/06/2016 - Página 15