Discurso durante a 89ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Expectativa com a manifestação dos políticos-alvo dos pedidos de prisão veiculados pela imprensa.

Considerações acerca da visita de S. Exª ao Município de Pacaraima/RR e a comunidades indígenas, para debater emendas parlamentares que visam atender às necessidades da região.

Autor
Telmário Mota (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA:
  • Expectativa com a manifestação dos políticos-alvo dos pedidos de prisão veiculados pela imprensa.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Considerações acerca da visita de S. Exª ao Município de Pacaraima/RR e a comunidades indígenas, para debater emendas parlamentares que visam atender às necessidades da região.
Publicação
Publicação no DSF de 08/06/2016 - Página 21
Assuntos
Outros > IMPRENSA
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • EXPECTATIVA, RESPOSTA, AUTORIDADE, POLITICA, ESCLARECIMENTOS, SOCIEDADE, MOTIVO, PUBLICAÇÃO, IMPRENSA NACIONAL, ASSUNTO, PROCURADORIA GERAL DA REPUBLICA, PEDIDO, PRISÃO, SOLICITAÇÃO, PRONUNCIAMENTO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF).
  • COMENTARIO, VISITA, ORADOR, LOCAL, MUNICIPIO, PACARAIMA (RR), RORAIMA (RR), COMUNIDADE INDIGENA, MOTIVO, DEBATE, EMENDA, OBJETIVO, ATENDIMENTO, NECESSIDADE, REGIÃO.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Davi Alcolumbre, que muito bem representa o Estado do Amapá, coirmão do meu Estado de Roraima, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, antes de ir ao assunto que me traz a esta Casa, quero dizer que, neste final de semana, estive no meu Estado e visitei o Município de Pacaraima, que faz fronteira com a Venezuela, que nasceu também em minhas mãos - porque trabalhamos arduamente para transformar aquele pedaço de terra brasileiro em Município - e que é a porta de entrada do Brasil pela América Central, vindo da América do Sul. Ali tive um café da manhã na terceira maior comunidade do nosso Estado que é a Comunidade Indígena do Contão. Estivemos presentes com o Tuxaua Romeson, o Tuxaua Vitoriano, o Vice-Prefeito Jonas Marcolino, com o presidente da cooperativa produtora daquela localidade, companheiro Eliseu, visitando o companheiro Valdeildo, enfim, andamos ali conversando com vários companheiros naquela localidade em busca de debater as nossas emendas, a emenda parlamentar, para que possa atender de forma participativa a Comunidade do Contão. De lá, fomos também à Comunidade do São Jorge, ao Surumu, à Boca da Mata, e, ali de perto, pudemos observar a necessidade daquelas comunidades.

    Mas, Sr. Presidente, hoje esta Casa vive um momento de expectativa, de grande expectativa. Sem nenhuma dúvida, o Procurador-Geral, Sr. Janot, não iria solicitar a prisão do Presidente do Senado, de mais um Senador, de um ex-Presidente da República, se não tivesse elementos tão fortes que o convencessem da necessidade de afastar de suas atribuições ou funções pessoas que pudessem paralisar a maior operação deste País no combate à corrupção que é a Operação Lava Jato.

    Quando assumi aqui no Senado, eu disse muitas vezes ao Senador Renan, por quem tenho muito respeito, que esta Casa tem a obrigação moral, ética e o compromisso com a Nação de trabalhar com a maior transparência, com a maior lisura, trabalhar para a sociedade brasileira, para o povo brasileiro.

    Eu estava lendo aqui Nelson Rodrigues, jornalista e dramaturgo dos melhores que o Brasil já teve, que disse, certa vez, para descrever uma frase da vida brasileira: "O mundo só se tornou viável porque antigamente as nossas leis, a nossa moral, a nossa conduta eram regidas pelos melhores. Agora a gente tem a impressão de que são os canalhas que estão fazendo a nossa vida, os nossos costumes, as nossas ideias."

    É lamentável que esta Casa tenha um relator único para tudo, exatamente uma pessoa que carrega um currículo de uma vasta denúncia de corrupção. Está na hora de lavar a sujeira deste País.

    Eu fui recentemente eleito. Graças a Deus não tenho nenhum processo - 58 anos de vida e comecei a trabalhar aos 9 anos. Trabalhei na iniciativa privada e na iniciativa pública. Não há um processo que macule o meu nome com a coisa pública ou mesmo com a coisa privada.

    Esse meu mandato nasceu, de forma soberana, sem nenhum grupo financeiro, sem nenhum grupo político, sem nenhum grupo econômico por trás, do desejo e da vontade do povo de Roraima de mudar porque não aguentava mais viver sob a tutela da corrupção ou da denúncia da corrupção.

    Mas esse meu mandato é um pingo d'água, comparando com o Brasil em que nós vivemos. O Brasil é muito maior, mas muito maior, e, num ato de demonstração de que é preciso lavar a sujeira deste País, eu abro mão dos meus sete anos que faltam para voltar às urnas, numa eleição geral direta, para limpar a corrupção da política brasileira.

    É impossível, é impossível governar com essa onda de demandas que está aí! Tiraram, afastaram a Presidente Dilma, todo mundo sabe, sem nenhum crime. Não desviou dinheiro, não roubou, não há um crime nesse sentido, em nenhum outro sentido. Quando falam em pedaladas, não tem nem a digital dela. Quando falam em decretos, só o Fernando Henrique fez trinta iguais. O Lula fez mais uns seis iguais, e ninguém o afastou. Ela perdeu, sim, o apoio do Congresso e pode ter aí perdido a sua governabilidade.

    Colocaram esse Governo interino que está aí. Cada movimento dele é uma demonstração de que ele está com os punhos amarrados. Fala uma coisa e procede a outra. Fala que o Brasil está quebrado e abre uma torneira para beneficiar talvez os servidores mais elitizados desta Nação.

    Na verdade, o Sr. Temer tem na sua mão direita um homem chamado Cunha e, na mão esquerda, um homem chamado Romero Jucá. A mídia mesmo diz, a toda hora, que o Ministro de fato do Planejamento é o Sr. Romero Jucá, cuja prisão foi pedida hoje pela Procuradoria e sobre a qual cabe ao Supremo se pronunciar.

    Aliás, o Supremo precisa se pronunciar já há dias, porque, quando saiu a fala do Senador Delcídio do Amaral, que esta Casa cassou - fui o Relator -, o Supremo agiu rápido, o Senado mais rápido ainda.

    Eu acho que a fala do Senador Romero Jucá é muito mais grave do que a fala do Senador Delcídio. O Supremo se calou quando ele disse que tinha uma conversa com o Supremo, o Exército brasileiro se calou quando ele disse que tinha conversado com os militares.

    Então, está na hora de o Supremo agora dar uma resposta imediata a essa matéria vazada na mídia de que o Sr. Janot pediu a prisão deles, do Presidente, do Senador e do ex-Presidente da República.

    O Brasil não pode passar a mão na cabeça de ninguém agora, muito menos do Senado. Todos os nossos mandatos juntos são muito pequenos diante da dignidade do nosso País. Na hora em que eu errar - eu já disse várias vezes nesta tribuna -, não vou bater à porta de ninguém, não vou disparar telefone para ninguém, porque ninguém é eleito para roubar o povo brasileiro, nós somos eleitos para trabalhar.

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - O nosso sistema, Sr. Presidente...

    Por favor, dê-me mais um minuto, como V. Exª tem sido gentil com os demais.

    O SR. PRESIDENTE (Davi Alcolumbre. Bloco Oposição/DEM - AP) - Já dei dois.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Muito obrigado, por isso que é bom ser do Amapá.

    Eu quero aqui, Sr. Presidente, dizer o seguinte: as pessoas elegem os candidatos para o Senado, para serem Senadores, fiscalizadores do Executivo, para representarem os Estados, ter qualidade de vida, mas a pessoa chega aqui e não quer ser Senador, quer ser Executivo, quer indicar cargo no Executivo, por isso essa onda de demanda de corrupção. O sistema está correto, a prática é que está errada!

    Senador do Piauí, "Veín", ex-prefeito reconhecido nas urnas, a prática está errada. Quem foi eleito para legislar tem que legislar, não ir para o Executivo, não colocar a faca no pescoço.

    Como é que o Sr. Temer pode governar com o Ministro da Justiça indicado pelo Sr. Cunha? Com os juristas que fazem as leis brasileiras, da Casa Civil, que fazem os decretos, indicados pelo Sr. Cunha?

    O povo não foi para a rua para dar guarida e proteção a quem não respeita as leis brasileiras.

    Sem nenhuma dúvida, o nosso Presidente Renan, que não é dono do Senado - como aqui não há dono, o dono do Senado é o povo, ele é apenas o gerente do Senado -, tem que responder rapidamente sim, vir a esta Casa, Senador Renan, convocar a imprensa, a mídia e responder sim. V. Exª tem a obrigação de fazer uma fala ao povo brasileiro. Eu espero isso, é o mínimo que esperamos do Presidente do Senado. Mais do que isso, Senador Renan, V. Exª sabe, quanto à segunda vaga da Mesa, da Vice-Presidência, ...

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - ... que é do Senador Romero Jucá, o Regimento já diz que, se ocupar ministério, se ocupar prefeitura, se ocupar governo, deve-se renunciar. Eu fiz a questão de ordem, e V. Exª ainda não respondeu, obrigando-nos a ir ao Supremo.

    São essas pequenas coisas que, talvez, hoje, coloquem o Senado de saia justa perante a Nação brasileira.

    Portanto, faço aqui um apelo aos políticos e a quem tem compromisso com o Brasil: povo, vamos embora para a rua pedir eleições gerais já!

    Em nome da honestidade do povo de Roraima, em nome da dignidade do povo de Roraima, em nome daqueles que me fizeram o Senador mais votado do meu Estado, eu topo ir para as ruas, para que o povo possa escolher democraticamente pessoas com as mãos limpas.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/06/2016 - Página 21