Discurso durante a 89ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios ao Programa Olhar Brasil, desenvolvido pelo Ministério da Saúde.

Registro do Festival de Inverno, realizado na cidade de Pedro II, no Piauí.

Comentário acerca da delação de Sérgio Machado, ex-Presidente da Transpetro.

Autor
Regina Sousa (PT - Partido dos Trabalhadores/PI)
Nome completo: Maria Regina Sousa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Elogios ao Programa Olhar Brasil, desenvolvido pelo Ministério da Saúde.
CULTURA:
  • Registro do Festival de Inverno, realizado na cidade de Pedro II, no Piauí.
GOVERNO FEDERAL:
  • Comentário acerca da delação de Sérgio Machado, ex-Presidente da Transpetro.
Publicação
Publicação no DSF de 08/06/2016 - Página 97
Assuntos
Outros > SAUDE
Outros > CULTURA
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • ELOGIO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, MINISTERIO DA SAUDE (MS), QUALIDADE, ATENDIMENTO, CONSULTA, OFTALMOLOGIA, POPULAÇÃO, REALIZAÇÃO, CIRURGIA.
  • REGISTRO, FESTIVAL DE INVERNO, LOCAL, MUNICIPIO, PEDRO II (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), ENFASE, AUMENTO, RENDA, REGIÃO, SUGESTÃO, INSERÇÃO, CALENDARIO, EVENTO, MINISTERIO DO TURISMO.
  • COMENTARIO, DELAÇÃO, SERGIO MACHADO, EX PRESIDENTE, EMPRESA DE TRANSPORTE, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), TENTATIVA, IMPEDIMENTO, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, GOVERNO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INTERINO, DEFESA, EXPLICAÇÃO PESSOAL, ROMERO JUCA, SENADOR, CRITICA, AUMENTO, DESIGUALDADE SOCIAL.

    A SRª REGINA SOUSA (Bloco Apoio Governo/PT - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, quero, primeiramente, fazer dois registros que já estão meio atrasados, mas prometi que os faria porque são importantes. No primeiro deles, quero falar de um programa que vi, que testemunhei, que é o chamado Olhar Brasil, um programa do Ministério da Saúde que leva atendimento em Oftalmologia onde a população está. Vi acontecer esse programa de um jeito tão maravilhoso, que poderia ser o jeito de atender a população. Eles montam uma estrutura de primeiro mundo numa cidade central, para atender toda a redondeza, da consulta à cirurgia. Em três dias, num fim de semana, chegam a fazer duas mil cirurgias de catarata. Vi uma pessoa que chegou conduzida por uma neta e que, quando saiu da cirurgia, disse: "Solta-me, que agora estou enxergando". Foi uma emoção grandiosíssima. A cirurgia dura dez minutos. Elas saem com os óculos, com o colírio e com a volta marcada, para se ver como é que está a cirurgia.

    Já foram feitas mais de seis mil cirurgias no Piauí, todas com muito sucesso, sem problema. A estrutura é montada ali rapidamente durante a semana. Fica parecendo um hospital de primeiro mundo, mas é tudo removível, leva-se de uma cidade para outra. Espero que o Governo interino não acabe com esse programa do Ministério da Saúde. As pessoas ficavam cegas no interior, nas cidades pequenas, porque não tinham condições de ir para a cidade grande fazerem a cirurgia. Ficavam cegas pela catarata.

    Esse programa tem de ser louvado, tem de ser repetido, com uma equipe fantástica. É de uma rapidez! Ninguém faz fila, não há tumulto, todo mundo espera sentado a sua hora, a sua vez, desde o atendimento até o final, se precisar fazer consulta. Se não precisar fazer consulta, ele encaminha os óculos, encaminha para outros atendimentos.

    Então, é um exemplo, é um modelo a ser seguido, de atendimento ao público. Atendem-se três mil pessoas num fim de semana. Isso é fantástico!

    Outro registro que eu queria fazer é de um festival que aconteceu em Pedro II. No meu Piauí, há a cidade Pedro II, que, há 13 anos, realiza o Festival de Inverno. É uma cidade em cima de uma serra, onde, então, há um clima diferente. São quatro dias, sempre no feriado de Corpus Christi.

    O senhor está convidado a ir lá no próximo ano. É uma cidade que tem belezas naturais fantásticas.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Os homens e as mulheres não devem só trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar. Então, quando eu for ao Piauí, para participar desse debate do direito dos trabalhadores e também da reforma da Previdência, da dita reforma que não quero que aconteça, eu me comprometo a visitar essa cidade no alto da serra, que deve lembrar um pouco o clima do Sul, porque lá é muito frio.

    A SRª REGINA SOUSA (Bloco Apoio Governo/PT - PI) - Há coisas maravilhosas para se verem lá. Há cachoeiras. Há uma mina de uma pedra preciosa que só existe no Piauí, nessa cidade lá, e na Austrália, que é a opala. Inclusive, este brinquinho que estou usando é de opala. É uma pedra muito bonita, que gera uma renda fantástica lá.

    Nesses três ou quatro dias de festival, há geração de renda. É fantástico!

    A cidade tem 37 mil habitantes. A população dobra no período do festival. Todas as casas viram hotéis, hospedarias. Todo mundo coloca suas casas à disposição para hospedagem, pagando, é claro. As pessoas pagam pela hospedagem. As pessoas vão para lá com barracas. Na praça, 50 mil pessoas assistem aos shows. Este ano, foram para lá Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, Gal Costa, Paralamas do Sucesso e mais os artistas locais. Durante o dia inteiro e a noite toda, há geração de renda. Muitos restaurantes são criados só para o festival. Há muitas atrações durante o dia. Então, é um festival que vale a pena ser visto. Vale a pena, inclusive, que ele conste do calendário nacional de eventos do Ministério do Turismo.

    Eu queria fazer esses dois registros.

    Eu queria voltar, Senador Paim, a um assunto que não é agradável, mas, às vezes, quando a gente não fala, as coisas são esquecidas. Trato ainda das gravações. Não vou aqui entrar no mérito de quem é culpado, de quem não o é, se merece prisão ou se não a merece. Mas há perguntas e constatações que se tiram daquelas gravações feitas pelo Sr. Machado - eu me esqueci do seu primeiro nome - com Senadores desta Casa. Há perguntas que precisam de respostas, senão a gente vai ficar em uma situação delicada.

    Por exemplo, diz lá que isso faz parte da história da construção da conspiração. Inclusive, no meu discurso do dia da votação, contei uma parte dela. Era sobre a montagem da estratégia de como se construiu o impeachment. Esse também, tudo indica, faz parte dessa narrativa.

    Disseram que conversaram com os militares. Para que mesmo essa conversa? Está dito lá: "Conversei com os comandantes militares". Era para que mesmo essa conversa?

    Depois, fala do monitoramento do MST. Isso é sério, é grave. Voltamos aos anos de 1970? Não é possível! Aliás, ouvi dizer que um Estado já aplicou a Lei Antiterror no MST, enquadrando-o com organização criminosa. No dia em que votaram aquela lei, eu disse aqui: "Essa lei tem endereço." Não tem a ver com nada uma Lei Antiterrorismo no Brasil! Tinha endereço, e já está começando a aparecer essa história. Então, essas perguntas têm de ser respondidas.

    Ele chamou Curitiba de Torre de Londres. Isso vem ao encontro de uma suspeita que a gente tinha: a tortura psicológica que pode acontecer em Curitiba. Deixam a pessoa confinada lá, até ela dizer o que eles querem ouvir. Na semana passada, saiu na Folha de S.Paulo que Leo Pinheiro fez uma delação que não foi levada em conta porque ele não incriminou Lula. Ele vai fazer outra. Certamente, vai envolver Lula, para que ela possa valer. Ela ficou na geladeira lá. Então, isso é grave. Isso foi dito por um Senador que a chamou de Torre de Londres. Todo mundo sabe o que acontecia na Torre de Londres.

    Falou que conversou com um Ministro do STF sobre a solução para os problemas. Ninguém se manifesta, ninguém do STF se manifesta. Aliás, só Gilmar Mendes disse que não via nada demais. Agora, é sério. Suponho que uma das razões que levaram à prisão de Delcídio foi o fato de ele dizer que havia conversado com Ministro tal e tal. Então, é a mesma situação para mim. Como é que a gente fica diante de Delcídio, de quem a gente acabou de cassar o mandato?

    Está dito lá: "Conversamos com os Ministros do STF". Eles disseram que com Dilma não dá. Isso tudo faz parte de uma preparação para alguma coisa acontecer, o que, no caso, a gente chama de golpe.

    Falam também em "boi de piranha", que tinham de pegar um "boi de piranha". Quem seria esse "boi de piranha"? Isso seria feito para dar uma satisfação à sociedade. Isso está dito lá também.

    Houve outra questão: eles dizem que a condução coercitiva de Lula foi feita para inviabilizar que ele fosse Ministro. Isso está dito com todas as letras. Não havia nenhuma razão... Houve uma interferência de um Poder sobre o outro. Não havia razão para Lula não ser Ministro. E ele acabou confirmando que o que aconteceu se deu para que ele não fosse Ministro, não fosse nomeado.

    Mas uma coisa mais grave aconteceu depois: uma fala do Presidente interino Michel Temer que convocou a Abin para investigar se havia novas gravações. E, se houvesse novas gravações, eles iam fazer o quê? Iriam tomá-las? Iriam escondê-las? Isso é sério também. São coisas que foram ditas e escritas e para as quais ninguém dá importância. As pessoas ficam falando só o que lhes interessa. Nós precisamos, queremos respostas para essas questões.

    Aqui, só se fala do Bolsa Família, que tem um rombo de R$2,5 bilhões, porque há servidores públicos recebendo, porque há morto recebendo, porque há doador de campanha recebendo. No meu Estado, houve um doador de campanha. O juiz a chamou, mas ela comprou uma feijoada de R$20,00. É claro que entra como doação, mas ela comprou a feijoada de R$20,00. Mas o juiz a interpelou, para que ela explicasse por que estava no Bolsa Família. Será que estão se referindo a esse caso?

    Quanto ao servidor público, todo mundo sabe que o servidor de prefeitura muitas vezes ganha salário mínimo, muitas vezes sem carteira assinada. Então, se tiver quatro filhos, ele se enquadra nos critérios para receber o Bolsa Família.

    Então, isso é propaganda contra o Bolsa Família para justificar o corte.

    Quantos aos mortos, há sempre pessoas que, por má-fé ou não, quando alguém morre no interior, não vão sequer ao cartório tirar o Atestado de Óbito. Enterram o morto lá mesmo naquele interior e, enquanto o cartão tiver valendo, vão recebendo.

    Então, essas coisas acontecem em qualquer programa, em qualquer situação. Não é de agora. Mas entendo que todas essas denúncias que estão sendo feitas e, inclusive, as que foram feitas aqui da tribuna são para desqualificar o programa para fazerem os cortes que estão querendo fazer.

    Assim, o TCU suspendeu o programa de reforma agrária por que há políticos recebendo, por que eles têm transporte. Ora, os assentados neste País, graças a Deus, progrediram. Eu visito assentamentos onde entramos em casas que dão gosto. Há casas de alvenaria, com água. As pessoas têm sua moto e, às vezes, um carrinho bom que anda. Nem por isso, virou rico. Ele vai deixar de ser assentado por isso?

    Político? Ora, um assentamento que tem duas mil famílias elege um vereador tranquilamente em uma cidade pequena ou média, e nem por isso deixa de ser assentado. Talvez, seja a eleição mais legítima do que muitos que se elegem só porque tem o nome do pai. Põem o mesmo nome do pai e se elegem. A pessoa nunca viu, nunca fez nada por ninguém, mas se elege porque herdou do pai o nome e a carreira. É mais legítimo eleger um vereador em um assentamento do que as que se elegem com o nome do pai.

    Então, eu queria fazer esses registros aqui, porque precisamos rebater essas coisas. Não podemos ficar, como oposição, apanhando, ouvindo essas coisas.

    Ouvi aqui o Senador Moka, indignado, dizendo que a gente está atrapalhando o Governo. Pelo contrário, estamos exercendo nosso papel de oposição, nossa prerrogativa. Eles têm maioria e aprovam o que quiserem. Agora, não vão nos calar. A gente não vai deixar de falar. Eles aprovam o que quiserem. Ele, aqui, estava indignado, dizendo que a gente não dá trégua. E qual a trégua que Dilma teve? Ela tomou posse, e, três meses depois, já estavam construindo um golpe contra ela.

    Então, era isso que eu queria registrar. Deixo aqui minha preocupação com as respostas não dadas àquelas gravações. A gente precisa analisá-las com mais cautela, com mais profundidade, inclusive para a gente exigir essas respostas, senão fica como se não tivesse acontecido. E aconteceu.

    O Senador Jucá, inclusive, no discurso dele aqui na noite do dia 11, falou: "Quantas impressões digitais precisariam para denunciar um criminoso?" No caso, ele estava falando da Dilma. Aí ele disse que era só uma. Então, eu queria dizer para ele que as impressões digitais dele estão definitivamente coladas nesse processo da Lava Jato. Não há jeito, ele tem de explicar. Está devendo explicações nesta Casa.

    Muito obrigada, Senador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/06/2016 - Página 97