Pronunciamento de José Medeiros em 06/07/2016
Discurso durante a 111ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Críticas à Presidente da República afastada pelo não comparecimento à Comissão Especial do Impeachment para realizar sua defesa pessoal.
- Autor
- José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
- Nome completo: José Antônio Medeiros
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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GOVERNO FEDERAL:
- Críticas à Presidente da República afastada pelo não comparecimento à Comissão Especial do Impeachment para realizar sua defesa pessoal.
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Outros:
- Aparteantes
- Ataídes Oliveira.
- Publicação
- Publicação no DSF de 07/07/2016 - Página 84
- Assuntos
- Outros > GOVERNO FEDERAL
- Outros
- Indexação
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- CRITICA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, FALTA, PRESENÇA, COMISSÃO ESPECIAL, JULGAMENTO, IMPEACHMENT, OBJETIVO, REALIZAÇÃO, DEFESA, REGISTRO, INEXISTENCIA, GOLPE DE ESTADO.
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, durante todo o processo na Comissão do Impeachment, o que mais se ouviu é que não estava sendo dado o amplo direito de defesa à Presidente afastada, Dilma Rousseff.
Arrolaram, apesar disso, mais de quarenta testemunhas. Pediram perícia, foi dado. Ficamos roucos de tanto ouvir, Senador Ataídes. E assim foi se conduzindo o processo. Ao mesmo tempo, a Presidente andava pelos quatro cantos do País dizendo que ela estava sendo vítima de uma farsa, de um golpe e que não estava tendo direito a se defender.
Entretanto, chega o dia da sua defesa. E é por isso que já tem o velho ditado, que diz: "mentira tem perna curta". Chega o dia em que a Presidente tinha direito a se defender. O que faz a Presidente afastada? Ela não comparece e manda uma carta para a Comissão. Mandou uma carta para a comissão. Mandou alguém ler uma carta lá na Comissão que está investigando o processo de impeachment. Ao mesmo tempo em que ia para a TV e afrontava este Congresso, xingava de farsante, de golpista.
Mas concedo a palavra ao Senador Ataídes.
O Sr. Ataídes Oliveira (Bloco Social Democrata/PSDB - TO) - Só um registro, Senador José Medeiros. A Presidente Dilma, segundo uma editora e jornalista do Estadão, disse que não iria comparecer no dia de hoje à Comissão Especial de Impeachment para fazer a sua defesa porque estava preocupada com o Senador Ataídes Oliveira e o Senador Magno Malta, porque, segundo esta jornalista - jornalista Andreza, do Estadão -, a Presidente Dilma disse que não iria porque o Senador Ataídes e o Senador Magno Malta não têm papas na língua. Olha que subterfúgio mais esdrúxulo que nós poderíamos assistir e ver. Uma Presidente da República, conforme bem V. Exª começou colocando aí na sua fala, era realmente o dia de ela vir a este Parlamento e falar: "olha, eu não cometi crimes". Não. Vem dizer que não iria vir por causa de dois Senadores. Agora, eu queria que ela tivesse vindo, porque eu não queria perguntar a ela sobre a emissão indevida de créditos suplementares e tomar dinheiro de banco emprestado. Eu queria fazer outras perguntas para a Presidente Dilma. Eu queria saber o caso da nomeação do Ministro Navarro. Eu queria saber sobre a nomeação do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eu também queria saber sobre o caso de Pasadena. Eu queria saber sobre os empréstimos externos. Portanto, esse papo de golpe evidentemente é um discurso e nós temos que, até certo ponto, admitir que não tem outro discurso a não ser este. O povo brasileiro teve, e esse Congresso teve que suportar essa história de golpe, que está muito próximo. Eu só queria fazer esse registro. Ela disse que não viria por minha causa e por causa do Senador Magno Malta. Olha que absurdo. Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Na verdade, Senador Ataídes, um dos fatos por que a Presidente não veio, com certeza, foi por medo mesmo. Medo de enfrentar tanto V. Exªs, quanto a Comissão, que tem sido muito competente em apontar todos os fatos da denúncia, mas principalmente porque, como diz o jargão jurídico, os fatos gritam nos autos, as provas gritam nos autos, e também, Senador Ataídes, por um fato que inclusive tentaram evitar: nós temos um dos bons juristas deste País como membro dessa Casa e que foi escolhido para ser o Relator da Comissão do Impeachment.
O Senador Anastasia foi combatido, foi atacado e se quedou em silêncio. Respondeu com a sua competência de sempre e falou nos autos. Falou nos autos. Pouco ele se pronunciou ali, na Comissão do Impeachment, mas, quando o fez, fez de forma contundente, com a sua competência e com o seu saber jurídico. E, realmente, Senador Ataídes, quem detém informação, detém poder, e poder amedronta. Na verdade, o conhecimento amedronta, e eu não tiro a razão da Presidente em não ter tido intenção de ir ali, em que pesem alguns mitos que pairam sobre ela. Um dos mitos que pairam sobre a Presidente é o da sua coragem gigantesca. Outro mito que pairava sobre ela era sobre a sua capacidade gerencial, e o outro era sobre a sua probidade.
Eu creio que esses três mitos agora caíram. A capacidade gerencial, com tudo que aconteceu, foi por terra; depois de Cerveró, depois das falas do ex-Senador Delcídio, também a da probidade; e, agora, caiu, por último, o mito da coragem, porque realmente a Presidente não quis enfrentar o processo. Ela preferiu falar na imprensa, preferiu jogar para a galera, como é o termo falado, mais coloquial.
Então, foi um momento que eu acredito que a Presidente perdeu, porque era o momento de ela poder ir ali e enfrentar todas essas questões. Ela falou tão bem durante o processo eleitoral. Era o momento de explicar para a Nação por que que o discurso na campanha foi um e, dois dias depois, foi outro. Era o momento oportuno, de, de repente, se redimir, ou, talvez até, de pedir desculpa para a Nação, coisa que ela nunca fez, porque até agora o que tem pesado sobre a Presidente é que ela tem vagado entre dois discursos: um, do coitadismo, e outro, em alguns momentos, beira a soberba.
Então, era o momento que ela perdeu. Oportunidade perdida, mas o que fica claro é que, após esses dias todos, esses meses de investigação, a Comissão do Impeachment chegou ao fim e mostra à população brasileira, de forma clara, de forma cabal, que foram editados decretos sem autorização do Senado Federal e que foram feitas operações bancárias com bancos públicos, o que é proibido.
Agora, óbvio, temos que ouvir algumas falas, como de uma Parlamentar ontem, eu não sei se querendo sair na imprensa, eu não sei se querendo marcar posição, mas que veio chamar os Senadores de farsantes - porque, quando diz que aquela Comissão é uma farsa, por tabela chama todos de farsantes; talvez farsante seja quem fere a própria história, quem muda a coerência da sua história no meio do caminho.
Mas o certo é que o processo caminhou, Senador, e caminhou com amplíssima defesa, porque tivemos até um caso interessante, em que uma testemunha, de testemunha passa a juiz e vai julgar o processo.
(Soa a campainha.)
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Eu não sei nem se isso é possível em algum tribunal do mundo. Mas nesse caso vai ser. Era a testemunha da Presidente e agora disse que vai ser juíza e vai julgar o impeachment.
Muito obrigado, Senador Elmano Férrer.