Discurso durante a 101ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da realização do 14º Salão do Livro do Piauí.

Críticas à seletividade política na Operação Lava Jato.

Autor
Regina Sousa (PT - Partido dos Trabalhadores/PI)
Nome completo: Maria Regina Sousa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CULTURA:
  • Registro da realização do 14º Salão do Livro do Piauí.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Críticas à seletividade política na Operação Lava Jato.
Publicação
Publicação no DSF de 23/06/2016 - Página 33
Assuntos
Outros > CULTURA
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, EVENTO, LITERATURA, LOCAL, ESTADO DO PIAUI (PI), PARTICIPAÇÃO, ESTUDANTE, ENSINO FUNDAMENTAL, ENSINO MEDIO, ENSINO SUPERIOR, ELOGIO, RESPONSAVEL, ORGANIZAÇÃO.
  • CRITICA, ADOÇÃO, CRITERIO SELETIVO, INTERESSE, POLITICO, INERCIA, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), DIVULGAÇÃO, ESCUTA TELEFONICA, SERGIO MACHADO, EX SENADOR, EMPRESARIO, ENTREVISTA, NATUREZA POLITICA, GILMAR MENDES, REUNIÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), SERGIO MORO, JUIZ FEDERAL, RESPONSAVEL, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), RECUSA, DELAÇÃO PREMIADA, OBJETIVO, PROTEÇÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INTERINO.

    A SRª REGINA SOUSA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, ouvintes da Rádio Senado e telespectadores da TV Senado, quero falar, primeiro, sobre um evento acontecido no meu Estado, um evento importantíssimo, que foi o 14º Salão do Livro do Piauí, que já é um dos eventos do calendário nacional, pela grandiosidade.

    Acontece durante 10 dias e terminou no domingo último. O tema era "Onde estou as palavras me acham", em homenagem ao Poeta Manoel de Barros. O patrono era o escritor Álvaro Pacheco, piauiense que mora hoje no Rio.

    O salão acontece na universidade federal, um espaço privilegiado, porque já tem um público cativo. Mas acontecem conferências e exposições, romarias de escolas com seus alunos. São ônibus e mais ônibus indo visitar o salão, desde crianças da pré-escola até o ensino médio, as universidades.

    Há um convívio saudável entre os estudantes e escritores, um bate-papo que eles fazem que se chama Bate-Papo Literário. Há também o seminário "Língua Viva", oficinas e o concurso de jovens escritores.

    Então, é um evento que deveria existir em todas as cidades, para incentivar o gosto pela leitura, o gosto pela escrita. Mais de 180 mil pessoas passaram por lá nesses 10 dias do salão.

    Houve vendas muito boas e importantes, foram mais de cem expositores que estiveram lá com seus livros para vender.

    Houve também uma revisão para o Enem. Durante o evento professores davam aula, fazendo revisão para o Enem. Eram várias turmas de 240 pessoas se preparando para o Enem na parte de língua portuguesa e redação. Houve também lançamento de livros.

    Assim, só tenho aqui que parabenizar a promotora do evento, a Fundação Quixote. Ela, claro, tem o apoio do Governo do Estado, através da fundação cultural. Mas é um grupo que trabalha esse evento há 19 anos – esta foi a 19ª edição – e que insiste. A cada ano ele é maior. A cada ano ele traz mais gente e é melhor o convívio com os escritores, e os alunos certamente saem mais enriquecidos.

    E temos outros salões regionais que vão acontecer ainda, com destaque para o de Valença, de Parnaíba, de Picos e de Pedro II. O de Pedro II já aconteceu, e os demais vão acontecer no segundo semestre.

    Então, terminado esse registro, quero parabenizar o pessoal da Fundação Quixote e falar sobre outros temas também.

    Agora, mais política. Quero expressar o meu espanto, a minha preocupação com o último vazamento do Sr. Sérgio Machado, sobretudo com o silêncio do STF. Porque Lula disse que o STF estava acovardado, foi exposto à execração pública.

    Esse senhor fez xingamentos a cinco Ministros do Supremo e havia um interlocutor. E o STF não fala nada. Eu acho isso muito grave, gravíssimo.

    Fica provado ainda nessas mesmas delações, e isto é bom, que a Presidenta Dilma não interferia no STF no sentido de cobrar nada dos Ministros nomeados por ela. Isso é dito pelo delator em tom de cobrança, cobrando da Presidenta que interfira na história de estancar a sangria.

    Então, isso é muito bom que seja confirmado: que a Presidenta, apesar de ter nomeado a maior parte dos ministros – não foi o Presidente Lula –, não cobra nada deles, porque nem deve, nem pode, mas está sendo cobrado dela isso.

    E também porque fica cada vez mais claro o caráter político do impeachment. Isso eu constatei numa entrevista do Ministro Gilmar Mendes lá na Suécia. Ele diz textualmente na entrevista que o processo é político, que, se ela tivesse cometido crime, se ficasse flagrantemente provado que ela tivesse cometido crime e se ela contasse com 172 Deputados, ela também não seria processada. Faço o detalhe para o "se", para o condicional que o Ministro do Supremo coloca na sua fala, na sua entrevista num evento na Suécia.

    Outra preocupação. Ontem, o Ministro da Justiça, fora da agenda, foi a Moro. Não é Moro que vem ao Ministro; ele convoca, e o Ministro vai. A imprensa não fez o menor esforço para entrar – ela, que é craque em conseguir vazamento e conseguir saber o que se passa numa reunião, nessa ela não fez o menor esforço. E está todo mundo se perguntando o que foi tratado. Soa estranho que um Ministro vá a Curitiba conversar com o Juiz Sérgio Moro e não vaze nada. Nós vivemos a fase dos vazamentos e dessa não vazou nada.

    E a outra estranheza que eu quero expressar, para concluir, é que a Lava Jato vai recusar a delação de uma das empreiteiras. Vai ser uma ou outra. Qual é o critério para escolher qual a delação que ela vai escolher, se é da OAS, se é da Odebrecht? Por que não as duas, se já está público o que há em cada uma delas? Por que tem que fazer essa seleção?

    E, por último mesmo, a outra estranheza é que há uma Operação Salva Temer. O delator da Engevix desistiu de fazer delação. Nunca se viu isso. Mas ele desistiu claramente para salvar o Presidente interino na questão da Eletronuclear. Estava tudo certo de que ele iria fazer a delação, e ele desiste. A troco de que ele desistiu de fazer delação se é benéfica para ele? Então, é muito estranho.

    Aliás, há muitas coisas estranhas. Hoje eu li também que Moro já tentou intimar a mulher do Eduardo Cunha duas vezes sem sucesso. Imagina: achar a casa do Lula foi a coisa mais fácil do mundo; botar helicóptero sobrevoando a casa do Lula foi a coisa mais fácil do mundo, aí não se acha a mulher do Eduardo Cunha para ir depor, para intimar. É estranho, é estranhíssimo o que está se passando nessa operação!

    Muito obrigada, Sr. Senador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/06/2016 - Página 33