Discurso durante a 131ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Satisfação pelo sucesso das Olimpíadas, realizadas no Rio de Janeiro.

Críticas ao Governo de Michel Temer, Presidente da República interino.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESPORTO E LAZER:
  • Satisfação pelo sucesso das Olimpíadas, realizadas no Rio de Janeiro.
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas ao Governo de Michel Temer, Presidente da República interino.
Publicação
Publicação no DSF de 23/08/2016 - Página 30
Assuntos
Outros > DESPORTO E LAZER
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • ELOGIO, COMPETENCIA, ORGANIZAÇÃO, REALIZAÇÃO, OLIMPIADAS, BRASIL, ENFASE, ATUAÇÃO, GOVERNO BRASILEIRO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, INFRAESTRUTURA, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ), INVESTIMENTO, PREPARAÇÃO, ATLETAS, CRIAÇÃO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, INCENTIVO, ESPORTE, AUMENTO, QUANTIDADE, MEDALHA, CUMPRIMENTO, EXPECTATIVA, POPULAÇÃO, PAIS, CERIMONIA, ABERTURA, ENCERRAMENTO, ASSUNTO, SUSTENTABILIDADE, RECONHECIMENTO, AMBITO INTERNACIONAL, CONGRATULAÇÕES, ATLETA PROFISSIONAL, VOLUNTARIO, COLABORADOR.
  • CRITICA, PLANO DE GOVERNO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INTERINO, MOTIVO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, INFLAÇÃO, CRESCIMENTO, DESEMPREGO, REFORMULAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL, AUMENTO, TEMPO, CONTRIBUIÇÃO, REDUÇÃO, DIREITOS E GARANTIAS TRABALHISTAS, PISO NACIONAL DE SALARIOS, TERCEIRIZAÇÃO, DESRESPEITO, CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT), REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, ELEIÇÃO MUNICIPAL.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, já tive a oportunidade de, da Presidência, ler o voto de pesar feito a um grande amigo que perdi, Jorge Caetano Pires. Os votos de pesar, de respeito e de solidariedade aos familiares serão encaminhados pelo Senado da República.

    Fizemos, na sessão da manhã, uma sessão de homenagem do Movimento Sindical às mulheres, à Federação Democrática Internacional de Mulheres, com um minuto de silêncio em respeito e carinho a esse guerreiro do povo brasileiro.

    Muitos diziam: "Paim, o Jorginho é teu fiel escudeiro." Na verdade, era um líder que caminhava sempre ao meu lado, ajudando nos grandes debates. Mas está lá no céu. Eu sei que ele está em paz.

    Ele faleceu hoje e está sendo velado na nossa cidade natal.

    Mas, Sr. Presidente, eu quero fazer dois registros: o primeiro é sobre as Olimpíadas.

    Sr. Presidente, a gente só ouve, ouve e muitas vezes não fala. O nosso Governo - ainda o governo Lula e o Governo Dilma, porque Dilma está afastada - assegurou para o Brasil dois grandes eventos, em que disputou com o mundo todo: a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Aqueles que sempre acham que é o dia e a noite do apocalipse tentaram de tudo para desmontar tanto o evento da Copa do Mundo quanto o das Olimpíadas. Agora, estão pianinho, quietinhos, como eu disse hoje pela manhã, e reconhecem que foi um grande investimento.

    Eu chego a pensar, Senador Elmano Férrer: se, na Copa do Mundo, tivesse ocorrido o contrário; se, naquele jogo histórico de 7 a 1, da Alemanha, o Brasil tivesse ganhado, tenho certeza de que seria uma euforia geral no Brasil, e aqueles que só pregam a desgraça estariam dizendo: "Viram que Copa do Mundo linda? O Brasil sagrando-se campeão", e por aí afora. Mas, como não foi esse o resultado no campo, alguém tinha que, de forma oportunista, sair batendo no Governo, que trouxe aquele grande evento. Se não fosse aquele grande evento, o mundo todo não disputava.

    Agora, vamos às Olimpíadas, articulada, programada, um espetáculo magnífico. Nós temos autoridade para dizer isso, porque nós vimos o formato, a organização, a preparação, o investimento nos atletas. O mundo todo bateu palmas para o Brasil, para o espetáculo na organização. Três jovens inconsequentes americanos tentaram forjar um assalto que não aconteceu e que a Polícia desmontou. Então, praticamente, nenhum acidente. Pregavam o mal e o pior, a desgraça total, e agora todos batem palmas.

    O Brasil foi o 13º País do mundo - do mundo - nessas Olimpíadas em número de medalhas. Isso não é pouca coisa. Temos que bater palmas para a organização, preparação, porque o evento é antes, durante e depois dos nossos jovens atletas, homens e mulheres.

    Sr. Presidente, todo o Brasil, nesses 17 dias, pulsou com a cidade do Rio de Janeiro, com o Estado do Rio de Janeiro, com as Olimpíadas do Rio de Janeiro. E que bom que aqueles que só pregam o apocalipse já começaram a mudar o discurso, reconhecendo o investimento. Parece-me que há um cheiro de virada aí. A virada é sempre boa!

    Sr. Presidente, hoje de manhã, aqui, neste plenário, nós aplaudimos de pé a organização do evento, liderada, queiram ou não queiram, por Lula e por Dilma. Foi liderada, organizada e realizada, inclusive a preparação dos atletas, com parcerias das áreas privadas, com os militares, com as escolas. Foi maravilhoso! No encerramento, aquela diversidade, aquela alegria contagiante. O mundo todo batendo palmas para o Brasil.

    Por isso, Sr. Presidente, faço aqui esta fala sobre as Olimpíadas.

    O Rio de Janeiro realizou as Olimpíadas. O Presidente Lula afirmou, no dia em que foi escolhido o Brasil e o Rio de Janeiro: "Os Jogos Olímpicos no Rio serão inesquecíveis, pois estarão cheios da magia e da paixão do povo brasileiro." E foi isso o que aconteceu. Realmente foi.

    Depois de todas as críticas, tanto internas quanto de outros setores que não acreditavam no Brasil - e estamos fazendo eles se dobrarem -, o encerramento das Olimpíadas, no Rio de Janeiro, na noite de ontem, coroou com chave de ouro esse magnífico evento.

    Os Jogos Olímpicos na Cidade Maravilhosa, questionada muito, muito, muito... E falavam: "os Jogos Olímpicos, zika vírus, violência, transporte, o prédio." Deu tudo errado para eles e deu tudo certo para nós.

    Presenciamos, nesses 19 dias - eu havia falado 17 dias - de evento, competições acirradas, mas com espírito olímpico, bem organizadas, dentro das regras do jogo, sem golpes em cima de ninguém, prevalecendo somente aquilo que estava no regulamento, além de uma torcida apaixonada que gritava em todos os momentos, enfeitando com magia aquele momento.

    As Olimpíadas Rio 2016 viraram palco de momentos inesquecíveis para o esporte mundial. Foi aqui que o astro mundial da natação, Phelps, fechou o seu ciclo vitorioso nas piscinas com cinco medalhas de ouro e uma de prata. Foi aqui que assistimos ao jamaicano Bolt aumentar sua coleção de medalhas, tornando-se tricampeão olímpico em três categorias olímpicas. E conhecemos de perto o novo fenômeno do esporte: ali esteve a ginasta americana Simone.

    O Brasil lutou e conseguiu realizar dois grandes eventos esportivos: a Copa do Mundo, em 2014; e as Olimpíadas, no Rio, em 2016. Tudo isso graças ao comprometimento do Presidente Lula e da Presidenta Dilma. Tivemos uma das Copas mais bonitas e mais organizadas de todos os tempos. Não deixamos nada a desejar para ninguém. As Olimpíadas foram um evento esportivo do mundo. E foi um sucesso. Ainda na sua abertura, abraçamos a causa dos refugiados e da sustentabilidade. A cerimônia foi elogiada em todo o Planeta.

    No Rio, em 2016, presenciamos o melhor quadro de medalhas do Brasil ao longo de toda a sua história. Alguém trabalhou para isso. Não há milagre. Como diz o outro, não tem Papai Noel! E temos que reconhecer quem estava por trás disto: o Governo brasileiro.

    Sr. Presente, foram 19 medalhas no total, sendo sete de ouro, e o décimo terceiro lugar no ranking internacional. Em 2012, em Londres, fomos o vigésimo terceiro; em Pequim, em 2008, chegamos ao vigésimo terceiro lugar. A melhor posição até então era a da Olimpíada de Atenas, em 2004, quando o Brasil ficou décimo sexto lugar.

    Tudo isso, temos de reconhecer, devido aos investimentos feitos nos governos Lula e Dilma para o esporte. Foram 2,5 bilhões injetados na preparação dos atletas, o maior investimento na história do esporte olímpico brasileiro, começando pelo Bolsa Atleta, o maior programa de patrocínio esportivo do mundo, permitindo a cerca de 17 mil atletas dedicarem-se ao treinamento de alto nível. E o Bolsa Pódio, que beneficiou os atletas entre os 20 melhores de suas modalidades.

    Hoje, o atleta brasileiro tem as mesmas condições que os concorrentes de outros países: técnicos, viagens internacionais, material esportivo qualificado, médicos especializados, nutricionistas, psicólogos do esporte, fisiologistas. Tudo isso estava à disposição da nossa seleção de atletas.

    Sr. Presidente, devo fazer aqui uma saudação aos nossos medalhistas brasileiros nessas Olimpíadas. Vida longa a você, Rafaela Silva, ouro no judô; Felipe Wu, prata no tiro esportivo; Diego Hypólito e Arthur Nory, prata e bronze na ginástica artística; Arthur Zanetti, prata nas argolas; Poliana Okimoto, bronze na maratona aquática; Mayara Aguiar, no judô, e Rafael Silva também no judô; o jovem Thiago Braz, que ganhou o ouro no salto com vara; Robson Conceição, ouro no boxe; Isaquias Queiroz, que se tornou o maior medalhista brasileiro em uma Olimpíada, com duas medalhas de prata e uma de bronze na canoagem.

    A seleção masculina de vôlei ganhou o ouro em um jogo belíssimo, emocionante, e a seleção masculina de futebol nos presenteou com a tão desejada e sempre sonhada medalha de ouro em uma olimpíada que, enfim, chegou.

    Falam, às vezes, do Neymar. O Neymar foi o capitão. Chamou para si a responsabilidade. Foi espancado durante todos os jogos e não amarelou, não se intimidou, foi para cima. Podia se jogar como uma estrela - e ele é mesmo uma estrela mundial, como todo mundo sabe -, mas, não. Colocou o bracelete no braço e disse: "É comigo."

    Muitos amarelam. Neymar não amarelou. Na nossa Seleção, ninguém amarelou. Todos têm que ser elogiados, sim, mas é inegável que Neymar apanhou muito. De cabeça erguida, corajoso, foi um líder, sim, foi o capitão. E, depois da missão cumprida, entregou o bracelete: "Terminei meu período de capitão."

    Neymar, falamos de você aqui. Sabemos que cada um, mesmo aquele que não entrou, que ficou sentado no banco, o treinador, todos, não só o goleiro, todos merecem o nosso abraço carinhoso. Mas você liderou. E alguém tinha que liderar, Neymar!

    Naquele momento do gol, calculem os senhores a responsabilidade - eu joguei futebol. A bola ali, o goleiro, o mundo todo te olhando, Neymar! E se você não tivesse cabeça feita, se não estivesse centrado, equilibrado, preparado... Não foi só aquele gol na gaveta, como a gente fala, onde dorme a coruja. Belíssimo gol, mas, na hora do pênalti, você foi e colocou no lugar certo: bola num canto e goleiro no outro.

    Isso tem que ser aplaudido. É claro que vou bater palmas para a defesa do nosso goleiro. Claro que vou bater palmas para todos os nossos jogadores, para o treinador, para a comissão técnica, para aqueles que prepararam a Seleção. Mas alguém tinha que liderar, e você não fugiu do compromisso. Liderou, enfrentou, suportou, como a gente fala no movimento sindical, como um verdadeiro guerreiro, líder do time e do povo brasileiro. Por isso você tinha o bracelete de capitão. Todos foram guerreiros, mas você, ali, tinha que liderar e liderou.

    Parabéns a todos: ao corpo técnico, aos diretores, aos organizadores da nossa querida Seleção.

    Eu achei que ia dessa para a outra sem ter festejado a alegria, a emoção, a magia de campeão do mundo numa Olimpíada. Esse presente, vocês, meninos, deram para o povo brasileiro.

    Quero cumprimentar também as meninas. Era o melhor time para mim de todos, mas, às vezes, é assim. Nem sempre, no futebol, ganha o melhor. Parabéns para vocês!

    Marta, você também chamou para si e liderou. Você é uma líder. Todas aqui eu quero homenagear.

    Enfim, todos aqueles que participaram das Olimpíadas aqui merecem as nossas homenagens. E se eu pudesse, daria uma medalha a cada um de vocês. Todos, se dependessem de mim, receberiam uma medalha de ouro, como honra ao mérito.

    Quero destacar os voluntários. Os voluntários foram milhares e milhares que colaboraram para o sucesso desse evento. Para eles também a minha medalha de ouro.

    Eu não poderia deixar de cumprimentar, com muito carinho, por escrito, a nossa Seleção de futebol feminina. O choro... Há uma canção do Fagner que diz: "o homem também chora." O homem chora, uma mulher chora, sim. E o choro é daqueles que têm honra, que têm fibra, que têm raça, que querem sempre dar o melhor ao seu povo e a toda a sua gente.

    Enfim, com poucos recursos, com aqueles que o nosso País pôde arcar, nós chegamos lá. Nós demos um show.

    Aqui eu reforço o pedido de Marta: não abandonem o futebol feminino. Essas meninas têm muito a oferecer ao nosso País.

    Sr. Presidente, a Olimpíada termina, mas o legado que ela deixará é enorme. A infraestrutura será o principal, não apenas para o Rio, mas para o País, com um conjunto de obras de mobilidade, como VLT, metrô, BRT da TransOlímpica, que irão facilitar o deslocamento de milhões e milhões de turistas que estiverem na cidade maravilhosa. Há mais: Complexo Esportivo Deodoro; Estádio Olímpico; Arena Olímpica; Centro Nacional de Tiro; Centro de Treinamento de Hóquei; Domínio Comum do Pentatlo; Centro Nacional de Hipismo; também o Centro de Treinamento do Judô, em Lauro de Freitas, na Bahia; Centro de Canoagem, em Foz do Iguaçu. Isso tudo faz parte do legado deixado pelas Olimpíadas para o nosso querido povo brasileiro e, com certeza, vai ajudar muito o Brasil a ter muito, muito mais medalhas e impulsionar o esporte.

    O esporte é saúde, o esporte é lazer, o esporte é formação, o esporte é disciplina, o esporte é saber olhar além do horizonte e perseguir a vitória. Por isso, muito bem, Brasil, por ter investido no esporte e nessa magia que foram os Jogos Olímpicos.

    Para finalizar, quero dizer que certamente não foi só esse momento que nós vivemos, esses 17 dias. Quero sempre lembrar - e falo isso às vezes, Senador Elmano Férrer - que, quando chegamos a um local para falar, palanque montado, às vezes, o estádio lotado, nós só falamos e somos aplaudidos, tiram foto e nos dão beijos...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - ... mas, por trás disso tudo, há milhares de pessoas que trabalharam na organização. Então palmas, palmas para aqueles heróis anônimos que fizeram esse momento acontecer.

    Enfim, cumprimento o encerramento. O encerramento também foi lindo; o povo sorrindo, o povo sambando, o povo dançando. Era o povo da floresta, dos terreiros, das periferias, do Pampa, do Cerrado, do Nordeste, de todas as Regiões do Brasil. O Brasil estava ali com a sua mais bela fotografia: um Brasil que se soma para dar a volta por cima, um Brasil que supera as diferenças e as derrotas. Este País vai sempre apontar para o futuro, apesar dos pessimistas.

    Somos um país que ama e adora a democracia, tão fortemente atacada por uma maioria eventual - e vocês sabem que é eventual. Sabem que quem merecia ter feito a abertura era a Dilma Rousseff; quem merecia fazer o encerramento era a Dilma Rousseff. E quem assumiu no lugar dela não teve coragem em nenhum dos dois eventos. No primeiro, não anunciaram nem o nome: ouviu-se uma voz, que se viu estranha, falando por 30 segundos. No encerramento, não se fez presente. Saudades, saudades de você, Dilma!

    Mas eu espero muito, Senador, que, na próxima segunda-feira... Hoje é segunda, aqui neste plenário, estarão sentados os Senadores, muitos deles Ministros, ou, vamos dizer, alguns deles Ministros que estavam ao lado dela até o último momento e, na reta final, pularam de uma canoa para outra, porque entenderam que não tinham nada a ver com aquela "remação" que eles tinham feito até aquele momento. Remaram, remaram, remaram e depois pularam para a outra, porque achavam que a outra tinha mais remadores para chegar à frente. Isso não é espírito olímpico, isso não é ter lado, isso não é ser coerente. Um homem público tem que pautar a sua vida pela coerência. Isso não é coerência.

    Quantos e quantos Senadores e Senadoras que desfrutaram dos benefícios do Governo durante esses 13 anos - eu sei, e eles sabem que eu sei -, vinham de lá apaixonados pela Presidenta e pelo Lula, porque iriam mandar mais investimentos para a região, mais obras, mais financiamentos, liberação de emendas - e eles sabem que eu estou falando a verdade -, e, de uma hora para outra, orientados pelo Cunha, chegam aqui e: "Não, não, não, não, não é bem assim, eu vou agora jogar no time adversário". Jogar no time aniversário! É como se tivesse terminado um jogo, deu prorrogação, e metade do time que estava ao nosso lado simplesmente resolveu jogar no outro time. Isso não existe, isso é das regras da vida, não está no papel, mas é regra da vida: a coerência é fundamental.

    Olha - e as Olimpíadas mostraram -, aqueles que antes criticavam agora batem palmas. Eu quero ver aqui, na votação final, que deve ser entre segunda e terça. Olho no olho! A Presidenta vai estar aqui, e vai ser como a situação das Olimpíadas: o mundo todo vai estar focado aqui neste plenário. Pode saber que as redes sociais, as tevês, as rádios, o mundo todo vai estar olhando para cá dizendo: um país continental, de jovem democracia, que deu esse espetáculo belíssimo das Olimpíadas está sendo golpeado agora por uma maioria eventual. Uma maioria eventual que diz claramente que não há crime de responsabilidade. Nós também sabemos. Mas, então, por quê? "Porque na minha base eleitoral isso dá voto", "Porque há um movimento aí dizendo que tem que ser assim". Mas como é que eu, julgador, vou condenar um inocente sabendo que ele não é culpado? Isso não existe, isso não existe! É lamentável ter que fazer essa reflexão, Sr. Presidente.

    Mas, Sr. Presidente, se me permitir, nos meus últimos cinco minutos, eu quero registrar que estive em uma série de atividades no meu Estado falando sobre isso que falei aqui, falando sobre Olimpíadas, falando sobre democracia. Por exemplo: alguém sabe de uma notícia boa do Governo interino, alguém sabe de uma notícia boa? Me deem uma notícia boa. A não ser verba para cá, verba para lá, para base de um, para a base do outro, para uma obrinha de um, para uma obrinha do outro, para garantir o voto. Me deem uma notícia boa no campo da política, no campo da economia, no campo de olhar além do horizonte, de que o Brasil está melhorando. No desemprego, claro que não. Na falência de empresas, claro que não. Na inflação, claro que não. Na taxa de juros, claro que não, porque no compromisso com o sistema financeiro, todo mundo sabe. E ainda vem todo o ataque na reforma da Previdência, querendo colocar 65, 70 anos, querendo que as pessoas contribuam - hoje é 35 e 30, 30 a mulher e 35 o homem - 50 anos, 47 anos. Um trabalhador começa, digamos, com 16 anos. Se ele só pode se aposentar com 65, ele vai ter que contribuir quanto? Quarenta e nove anos de contribuição. Calcule uma mulher, que hoje se aposenta com 30 anos de contribuição, vai ter que contribuir mais 19 anos. É esse o governo que vocês querem? É esse o governo que a população brasileira quer?

    Querem acabar com a CLT, eles falam abertamente, está aí a "Ponte para o futuro". Acabar com o 13º, acabar com as férias, acabar com o Fundo de Garantia? Como disse outro dia um deles: "Na rescisão de contrato, se o trabalhador quiser o negociado, eu dou só metade e tudo bem". É isso? Não pagar nem os direitos na hora em que ele vai ser demitido? É isso que eles estão ameaçando. É isso que eles estão fazendo. A que ponto nós chegamos!

    Saúde, a desvinculação, querem acabar com o SUS. E por aí vai, Sr. Presidente. A que ponto nós chegamos!

    No campo da educação, o que é que houve de avanço nesse período?

    Eu me socorro de Juscelino Kubitschek. Juscelino Kubitschek disse, numa frase histórica: “Eu farei em 5 anos o que eles não fizeram em 50”. Aqui é o inverso, em cinco meses, ele vai destruir o que o povo brasileiro fez ao longo dos últimos 50 anos. É isso que está acontecendo. Isso porque não passou o impeachment ainda. Depois, se passar - eu espero que não passe -, aí virá o resto das maldades, que ele não apresentou até o momento porque está com medo de perder alguns votos de Parlamentares, mas já anuncia.

    Veja bem, há uma gravação no YouTube, que está nas redes sociais, de um representante da Fiesp e da CNI - ele sabe que estou falando a verdade, senão eu não estaria falando aqui -, que disse o seguinte: “O certo, em vez de ter horário para o almoço, é o trabalhador comer com uma mão e trabalhar com a outra”. Aí ele diz: “O bom mesmo é trabalhar 80 horas por semana", o que dá mais de 12 horas por dia. Depois diz ainda, quando o repórter pergunta para ele: "Mas você acha que todos os direitos podem ser cedidos pelo trabalhador?" Ele diz: “Todos, sim, se o trabalhador concordar em ceder, por que não?” Mas, claro, a ameaça do desemprego faz com que ele realmente, de repente, tenha que abrir mão de parte dos seus direitos.

    Mas, Sr. Presidente, eu apenas quis falar isso a V. Exª para dizer que eu estive em Caxias do Sul, minha cidade natal, falei sobre tudo que falei aqui, para uma plateia lotada de líderes dos trabalhadores da área rural, urbana e servidores públicos. O evento contou com o apoio de 11 entidades e o tema foi: "O Futuro da Previdência e das Aposentadoria no Brasil". É claro que falamos também da CLT, Sr. Presidente, naquele debate, e de tudo isso que relatei aqui, inclusive a questão do trabalho escravo, da terceirização, da desvinculação do PIB do salário mínimo, que eles também querem, pois não querem mais o salário mínimo que nós tiramos de US$60 - V. Exª acompanhou isso. Eu fiz até greve de fome quando era Deputado - e chegamos a um salário mínimo de US$300.

    Temos todos os dados da Anfip, que demonstram, Sr. Presidente, que bastaria cobrar dos grandes devedores da dívida ativa e nós arrecadaríamos R$1,5 trilhão a mais. E com a dita reforma que estão anunciando, eles falam que economizarão US$65 bilhões, cassando a aposentadoria do aposentado por invalidez e cassando o direito daqueles que estão no auxílio-doença.

    Sr. Presidente, se houvesse uma fiscalização séria, como levantam os auditores e analistas, nós arrecadaríamos da elite deste País, que são os grandões - por que não falam daqueles que devem? Façam uma lista dos maiores devedores e só vai dar capa preta, como a gente fala, só vai dar grandão, só vai dar tubarão. Ali não vai ter lambari, não -, 250 bilhões a mais neste País. Mas isso ninguém fala. Isso não está no conjunto da obra, que pega o sistema financeiro e os magnatas deste País.

    Os dados estão aqui. Peguem o meu discurso! Se alguém tiver dúvida, pegue o meu discurso e olhe: "O Paim disse isso. Será que não é verdadeiro?" Confiram os números. Vão ali, vão à Anfip, vão à Fenafisp, peguem os jornalistas, peguem os auditores. Está tudo em livro isso aqui. Aí não pode cobrar. Agora, tirar o salário mínimo do trabalhador, tirar a aposentadoria dele, terceirizar a atividade-fim, acabar com a CLT, é isso que está por trás do golpe.

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - O golpe é isso. O golpe não é contra a Dilma, não! O golpe é contra o senhor e a senhora, porque é isso que eles querem fazer.

    Sr. Presidente, quero agradecer muito às entidades de todo o Brasil que estão nos convidando para esses debates. Aqui, no caso, agradeço muito o convite do Sindiserv, o Luciano Roque Piccoli, Presidente em exercício; o trabalho brilhante da Márcia Carvalho, que organizou o evento. Além do Sindiserv, participaram o Sindisaúde; o SindiComerciários; SindBancários; o Sinpro; o Sindilimp; o Sindjus; o Sintep/Serra; o CPERS/Caxias; a Associação dos Sindicatos Rurais da Serra; o Ministério do Trabalho, Gerência de Caxias do Sul; O Sindirodoviários; o Sindicato dos Jornalistas; o Sindicato dos Metalúrgicos, e ainda as centrais sindicais estavam lá também representadas, a CUT, a CTB, a Nova Central, a Força Sindical, e outras.

    Quero dizer também que estive, Sr. Presidente, no lançamento do Comitê Popular e Sindical da candidatura de Raul Pont e Silvana Conti para a Prefeitura de Porto Alegre. Fizemos um belo evento. Desejo a eles todo o sucesso. Tenho andado em todos os Estados, nas capitais e pelo interior do meu querido Rio Grande do Sul. A indignação é grande; indignação e medo pela ofensiva dos setores conservadores nunca vista na história, nem na época da ditadura.

    Estive num outro encontro regional no Vale dos Sinos, na cidade de Sapiranga, onde me reuni com trabalhadores de todos os setores liderados, no caso, pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Calçado.

    A audiência pública de Sapiranga foi a quinta regional que realizei no Estado, depois de ir a todos os Estados do País, e, no segundo roteiro, já estou no décimo Estado.

    Estive em Porto Alegre, Erechim, Passo Fundo e Santa Maria, em regionais. Em todos os encontros, os trabalhadores têm deixado claro que não vão aceitar nenhum golpe nos seus direitos, tanto na questão da previdência de aposentados e pensionistas, quanto nos direitos dos trabalhadores.

    Em todos os encontros aprovamos uma carta de repúdio a todas as mudanças apresentadas pelo Governo interino. Lá é dito, de viva voz: "Golpe, não!" Golpe nem na Dilma, nem, muito menos, segundo eles, nos direitos dos trabalhadores e dos aposentados.

    Estavam presentes, no evento, representantes de todas as centrais sindicais: o representante da CUT, companheiro Claudir Nespolo; o Júlio Lopes, da CTB; o João Pires, da Nova Central; o Presidente do Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga, Júlio Cavalheiro Neto; o Deputado Estadual Tarcísio Zimmermann; e o advogado trabalhista Gilson Pinheiro, que fez uma bela exposição sobre os ataques à Previdência.

    Todos falaram, Sr. Presidente, da importância de uma grande mobilização e que - os Senadores e Deputados têm que ter claro que isso vai ser uma campanha nacional e não há como não se falar a verdade - aqueles que votarem contra os interesses dos trabalhadores, em reformas como essa, da Previdência, e em reformas trabalhistas que venham a retirar direitos, seja de onde for - da área pública, da área privada ou da área rural -, claro que terão uma campanha contra si mesmos, ali, ali e ali, em 2017 e 2018, já que eles não são candidatos agora. Mais isso é natural. É uma questão até de sobrevivência, não é? Eu não posso votar naquele que aqui vem e vota contra nós. Isso ficou claro, pelo que eu ouvi, Sr. Presidente. E eles lembraram muito aquela fase da Constituinte, com os cartazes "traidores do povo". E eles estão dispostos, se continuar essa avalanche contra os trabalhadores, a retomar aquela campanha, cidade por cidade, em cima do cartaz "traidores do povo", que ajudou muito a construir a Constituição cidadã.

    Uma coisa eu reconheço do Governo interino, Sr. Presidente. Eu, que só fiz críticas, faço aqui um elogio: o Governo interino conseguiu unificar o movimento sindical. Todos estão contra ele agora: Força Sindical, CUT, CTB, UGT, Conlutas... Enfim, ele conseguiu unificar todas as centrais, todas, e todas as federações e confederações. Eu não conheço uma federação... Se houver, digam-me, até para eu fazer justiça. Se existir um sindicato, uma federação, uma associação, uma confederação que esteja do lado dessas medidas propostas por esse governo interino, digam-me, que eu faço a ressalva. Eu não achei nenhuma. E olha que eu tenho viajado o Brasil - não vou dizer o mundo -, Estado por Estado, e tenho feito encontro regionais. Não encontro um único sindicalista, não importa a matriz ideológica, que esteja do lado deste Governo, pelas propostas que está apresentando. Não estou nem entrando na questão de impeachment ou não impeachment. Mas não há um que eu possa dizer que entendi estar a favor das iniciativas deste Governo interino.

    Quero dizer, Sr. Presidente, que anuncio aqui, já, para a região de Pelotas, que a próxima audiência pública será no dia 2 de setembro, na cidade de Pelotas.

    Cumprimento também a cidade de Santa Rita, onde estive para o lançamento da candidatura da Profª Margarete Ferretti e do seu vice, Antônio César Bairros. Foi um belíssimo evento. Estavam lá milhares de pessoas.

    Participei, depois, do lançamento da campanha do Flávio, em Porto Alegre. Participei também da discussão da campanha da Edineia, em Canoas. Tanto o Flávio quanto a Edineia são dois jovens lutadores que se dedicam a combater os preconceitos e que querem a melhoria da qualidade de vida de todo nosso povo; dois jovens, um em Canoas, outro em Porto Alegre. Inclusive, fizeram questão de ter o meu número, porque o meu número, como Senador, é 131. Eles o usaram no complemento, claro - falei do meu número aqui e não vou falar do número deles. Eles pegaram o mesmo final, sempre na perspectiva de acompanhar esse trabalho que estamos fazendo aqui.

    Por fim, Sr. Presidente, só quero cumprimentar a todos, a todos os candidatos a vereador, a vereadora, independentemente de partido. Quero cumprimentar os candidatos a prefeito. Claro que, em Canoas, dou apoio aos candidatos apoiados pelo prefeito que ora sai e que fez um belo mandato, o Prefeito Jairo Jorge.

    Mas entendo, Sr. Presidente, que não dá para entrar no discurso dos setores mais conservadores para que a população não faça política. Tem que fazer política, sim. Se vocês não fizerem política, os poderosos a fazem. E eles não estão preocupados com os salários de vereador, de prefeito, de Deputado, mas, sim, com as maracutaias que eles podem fazer, tendo ao seu alcance os mandatos que a democracia pode dar, pelo voto direto, a cada cidadão.

    Era isso, Sr. Presidente. Agradeço a tolerância de V. Exª aos meus pronunciamentos no dia de hoje.

    Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/08/2016 - Página 30