Discurso durante a 128ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentário sobre a impossibilidade da Venezuela de assumir a presidência do Mercosul.

Autor
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SP)
Nome completo: Aloysio Nunes Ferreira Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL:
  • Comentário sobre a impossibilidade da Venezuela de assumir a presidência do Mercosul.
Publicação
Publicação no DSF de 18/08/2016 - Página 54
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL
Indexação
  • COMENTARIO, IMPOSSIBILIDADE, POSSE, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, PRESIDENCIA, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), AUSENCIA, PREENCHIMENTO, PRE REQUISITO, FALTA, DEMOCRACIA, PROBLEMA, ECONOMIA, DEFESA, JOSE SERRA, MINISTRO DE ESTADO, ITAMARATI (MRE).

    O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Social Democrata/PSDB - SP. Sem revisão do orador.) - Eu quero dar uma pequena opinião, uma opinião modesta sobre esse debate que vem, desde ontem, apaixonando o Plenário, a respeito da atitude do Ministro Serra em relação à Venezuela.

    Eu quero dizer, em primeiro lugar, da minha concordância absoluta com a atitude do Ministro de Relações Exteriores, e que não é uma atitude apenas dele, é uma atitude também de outros países do Mercosul, com os quais nós temos as mais estreitas relações e que têm diplomacias respeitáveis e respeitadas: o Paraguai e a Argentina. De modo que não é uma posição isolada ou um capricho do Ministro Serra; é apenas a exigência de que a Venezuela, para poder ser um membro pleno do Mercosul e, portanto, exercer a Presidência rotativa, possa cumprir as exigências a que ela se comprometeu quando pleiteou seu ingresso no bloco.

    Agora, eu quero dizer a minha opinião. Eu considero que a Presidência do Mercosul por uma pessoa como o Sr. Nicolás Maduro é uma desmoralização do Mercosul, é uma desmoralização absoluta do bloco. Ele é um tirano, um tirano que não tem sequer o talento que teve o seu antecessor, de quem ele é criatura. É um homem que mantém preso - e nós recebemos hoje a visita do Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento venezuelano - um opositor, o Sr. Leopoldo López, que foi condenado a 14 anos de prisão, em um julgamento inteiramente manipulado, teleguiado pelo Poder Executivo, mediante o encabrestamento do Poder Judiciário daquele país. Leopoldo López foi condenado contra provas, foi condenado sem que se pudesse apurar contra ele nenhum fato que alicerçasse a acusação. Quatorze anos de prisão! Ele está preso em um lugar isolado, em um prédio ao qual ninguém tem acesso! Não recebe um livro, não recebe um jornal, não pode se informar sobre o que está acontecendo no mundo. Querem levá-lo à loucura! Ele recebe apenas a visita da sua família e do seu advogado uma vez por semana. Esse é o tratamento que se dá a um preso político - esse, sim, um preso político, como há dezenas de outros.

    Um presidente que cerceia a imprensa, que mobiliza esquadrões fascistoides para caçar seus adversários nas ruas, um presidente que controla a Comissão Nacional Eleitoral, que está procrastinando uma decisão que é a única possível para termos o restabelecimento da ordem democrática e a paz na Venezuela, que é o referendo revogatório.

    Temos, na Venezuela, uma situação de duplo poder entre o Executivo, controlado pelo chavismo, e a Assembleia, onde a oposição tem maioria. Estamos num impasse político que somente agrava a crise, que já atingiu pontos estratosféricos, uma inflação que vai para mais de 400% ao ano. A única solução possível para isso seria dar voz ao povo, mediante a convocação do referendo revogatório previsto na Constituição.

    Hoje, o Ministro José Serra recebeu também o Sr. Luis Florido, Deputado que preside a Comissão de Relações Exteriores. E quero lembrar aos meus colegas da oposição que o Ministro Mauro Vieira já havia recebido o Sr. Luis Florido, porque já estava vendo uma mudança de orientação do governo brasileiro diante das evidências da crise da Venezuela, do risco de um desastre humanitário eminente.

    Por isso, Sr. Presidente, eu considero, especialmente neste momento, em que temos que intensificar nossas negociações com a União Europeia, que a presidência do Mercosul nas mãos de uma pessoa que é um personagem ubuesco seria simplesmente a desmoralização do bloco.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/08/2016 - Página 54