Discurso durante a 132ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 117 anos do aniversário de fundação do município de Campo Grande (MS).

Autor
Pedro Chaves (PSC - Partido Social Cristão/MS)
Nome completo: Pedro Chaves dos Santos Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Comemoração dos 117 anos do aniversário de fundação do município de Campo Grande (MS).
Publicação
Publicação no DSF de 25/08/2016 - Página 30
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, CAMPO GRANDE (MS), ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS).

    O SR. PEDRO CHAVES (Bloco Moderador/PSC - MS. Sem revisão do orador.) - Caríssimo Sr. Presidente, Paulo Paim, Srªs e Srs. Senadores, o nosso boa-tarde.

    Hoje estou usando a tribuna para louvar a minha querida cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, que, depois de amanhã, completa 117 anos.

    Vou contar um pouquinho da história de Campo Grande.

    Em meados de 1872, José Antônio Pereira formou uma comitiva composta de cinco pessoas. Ele saiu à procura de campos para criar gado e matas para lavoura, rumo ao sul de Mato Grosso. Após meses de caminhada, José Antônio Pereira chegou à confluência de dois córregos, conhecidos como córregos Prosa e Segredo. Construíram um rancho coberto de buriti, derrubaram uma pequena mata que existia entre os dois córregos, prepararam a terra para o plantio de milho e arroz e, alguns meses depois, regressaram para Minas Gerais para buscarem a sua família.

    Após meses de afastamento daquela Iocalidade, chega José Antônio Pereira, com uma numerosa caravana de 11 carros de bois, carregados de víveres, mudas e sementes e um lote de gado de cria, acompanhado de sua esposa, filhos, genro, sobrinhos e amigos, num total de 62 pessoas.

    Após seu regresso, preservando a área que havia delimitado para a sede do arraial, determinou as posses das primeiras fazendas. Novas caravanas foram chegando. O entusiasmo dos primeiros habitantes contagiava a todos, pois diariamente chegavam mais pessoas para aumentar as atividades do povoado. Atendendo ao apelo dos habitantes, no início de 1889, chegou o mestre José Rodrigues Benfica, que abriu a primeira escola da nova terra.

    No dia 26 de agosto de 1899, o Presidente do Estado de Mato Grosso, Coronel Antônio Pedro Alves de Barros, assinou decreto que elevou à condição de vila a pequena paróquia de Campo Grande. Para nós, campo-grandenses, esse decreto representa a certidão de nascimento de nossa cidade, e o dia 26 de agosto é o dia em que comemoramos seu aniversário.

    Naquele longínquo 26 de agosto de 1899, os 600 habitantes da recém-emancipada Vila de Campo Grande não comemoraram sua emancipação. Parece estranho, porque era a emancipação e não comemoraram. Por que não comemoraram? Porque eles não souberam do fato. Não havia rádio, telefone ou telégrafo. O serviço postal regular só seria instalado por lá no ano seguinte. Qualquer documento enviado de Cuiabá, que era a capital do Estado, tinha de navegar pelos rios Cuiabá, São Lourenço e Paraguai para chegar a Corumbá, outros dias para singrar o Rio Miranda e mais dias subindo, a cavalo, a Serra de Maracaju para, só então, alcançar a pequena Vila de Campo Grande.

    Aqueles campos férteis e vastos, outrora partilhados por índios paiaguás, caiapós, guaicurus, terenas e caiuás, transformavam-se lentamente em fazendas, dando início ao processo de produção de carnes e de grãos que o Estado de Mato Grosso do Sul vivencia hoje. Foi ali, meus caros telespectadores, na confluência de dois córregos, Prosa e Segredo, que se instalaram as primeiras famílias, que se levantaram as primeiras casas e se plantaram os primeiros sonhos de uma cidade que se ergueu apesar das dificuldades, das distâncias e dos desafios.

    Sr. Presidente, eu nasci em Campo Grande, numa vila chamada Vila Carvalho, um bairro operário e bucólico, que fica muito próximo dos córregos Prosa e Segredo, onde foi fundada a cidade de Campo Grande. Nas águas desses córregos pesquei e me banhei milhares de vezes, ainda quando suas águas eram cristalinas e piscosas e a velha Maria Fumaça passava nas suas imediações duas vezes por dia, levando e trazendo sonhos.

    Tive a felicidade de ver a cidade se levantando pelas mãos de um povo batalhador e ordeiro, que veio de longe, de Minas, de São Paulo, do Rio Grande do Sul, do Nordeste e também de países como a Bolívia, Paraguai, Portugal, Espanha, Armênia, Turquia, Síria, Líbano e Japão. Gente que compartilha em paz, na mesma roda ou mesa, as comidas regionais, como o tereré, que é o chimarrão gelado, o chimarrão, a chipa - o nome é chipa, mas, na verdade, é o pão de queijo -, o sobá, que é a comida tradicional japonesa, massas, quibe e muito churrasco com mandioca.

    Homens e mulheres, no início do século passado, viram surgir grandes conquistas de nossa terra. Citamos neste sentido as estradas boiadeiras, ligando o sul de Mato Grosso com São Paulo e Paraná, o correio e o telégrafo, as edificações do Exército, bem como a chegada festiva dos trilhos da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, na manhã do dia 31 de agosto de 1914, conectando Campo Grande com outras capitais e cidades importantes do Brasil. Infelizmente, a estrada de ferro tornou-se uma verdadeira sucata, um tipo de transporte importantíssimo e de retorno extremamente rápido.

    Gente que apoiou a Revolução Constitucionalista de 1932 e fez de Campo Grande a capital dos rebelados, num sonho que durou menos de três meses. Pessoas que, como eu, participavam ativamente dos footings aos domingos, nas ruas centrais da Cidade Morena, como é chamada Campo Grande, que se divertiam no Relógio da Rua 14 de julho, ouviam as músicas nacionais e internacionais, principalmente as polcas paraguaias que brotavam das águas coloridas da fonte luminosa da Praça Ari Coelho de Oliveira, ou que iam ao Estádio Belmar Fidalgo, torcer pelo Comercial ou pelo Operário e, depois, davam uma discreta passada pelo clube mais tradicional de Campo Grande, o Rádio Clube, ou pelos bares Cinelândia, Bom Jardim e um bar chamado Gato que Ri. Até diziam: Gato que Ri, bolso que chora, porque eram muito caras as refeições naquele local. Que, à noite, assistiam a bons filmes nos cinemas Alhambra, Santa Helena e Rialto.

    Gente que até hoje não se esquece de fazer uma visita gastronômica ao Mercado e à Feira Central, na esplanada da ferrovia, palco de muitas histórias de encontros e despedidas. Gente que, em 1977, realizou afinal, por meio da Lei Complementar n° 31, o desejo de ser dona de seu próprio destino, criando o Estado de Mato Grosso do Sul.

(Soa a campainha.)

    O SR. PEDRO CHAVES (Bloco Moderador/PSC - MS) - Pessoas que viram o asfaltamento da BR-163, que liga Campo Grande a São Paulo, Cuiabá, que viram o café, o milho, a soja e o gado se espalharem pelo cerrado, que viram o crescimento da agroindústria e do turismo.

    Gente que realizou a antiga aptidão do pequeno povoado de José Antônio Pereira e o transformou num vibrante polo de desenvolvimento do Centro-Oeste que é hoje Campo Grande. Gente que no seu dia a dia construiu essa história.

    Parabéns, Campo Grande, por seus 117 anos de vida e tantas outras histórias. E parabéns, campo-grandenses, por terem construído e continuarem construindo cotidianamente essa capital que é orgulho de todos os campo-grandenses e sul-mato-grossenses.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/08/2016 - Página 30