Fala da Presidência durante a 131ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento de Jorge Caetano Pires, chefe de gabinete de S.Exª e ex-dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, no Rio grande do Sul.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo falecimento de Jorge Caetano Pires, chefe de gabinete de S.Exª e ex-dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, no Rio grande do Sul.
Publicação
Publicação no DSF de 23/08/2016 - Página 24
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, CHEFE DE GABINETE, ORADOR, DIRIGENTE SINDICAL, TRABALHADOR, METALURGICO, MUNICIPIO, CANOAS (RS), RIO GRANDE DO SUL (RS), ELOGIO, VIDA PUBLICA, APRESENTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) - Agradeço muito à Senadora Gleisi Hoffmann, que permitiu que eu lesse o voto de pesar de um grande amigo meu, que foi meu Chefe de Gabinete. Ele ainda estava trabalhando no meu gabinete, mas infelizmente morreu no dia de hoje.

    A família está naturalmente chocada. Eu disse que faria uma homenagem aqui, na abertura dos trabalhos, e a faço neste momento, como já fiz, inclusive, com um minuto de silêncio na sessão da manhã, promovida pelo movimento sindical em homenagem às mulheres.

    Nos termos do art. 218, inciso VII, do Regimento Interno do Senado Federal, requeiro voto de pesar pelo falecimento do companheiro Jorge Caetano Pires, que está sendo velado, neste momento, em Canoas. Com 73 anos, ele faleceu nesta segunda-feira, na minha cidade, lá no Rio Grande do Sul.

    Jorge sempre foi um militante histórico do movimento sindical e popular e do Partido dos Trabalhadores. Ele esteve sempre ao meu lado, desde a década de 70, quando, ao lado de outras lideranças, caminhávamos e organizávamos a luta dos trabalhadores da cidade de Canoas e região, sempre para defender, segundo ele, as condições de trabalho e salário e exigir, inclusive, na época, o fim do regime militar. Ele foi um guerreiro do povo brasileiro.

    No início dos anos 80, esteve na fundação da CUT e foi também dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas. Logo em seguida, integrou a comitiva brasileira que participou de congresso mundial de trabalhadores em Cuba.

    Ele tem uma foto, na mesa do gabinete, em que está dialogando com Fidel, e ele sempre falava isso com muito orgulho.

    Em 1986, foi um dos coordenadores da minha primeira campanha vitoriosa à Assembleia Nacional Constituinte. O Jorginho, como era chamado, estava lá. Desde então, atua ativamente em nosso escritório político no Estado, sendo funcionário do meu gabinete. Eu diria que ele foi fundamental em todas as minhas eleições, desde 1986 até o segundo mandato no Senado.

    Em 2003 e 2004, assessorou nosso mandato quando fui Vice-Presidente aqui, no Senado, na área sindical, quando, sob sua coordenação, realizamos inúmeras teleconferências em parceria com o Interlegis.

    Jorge Pires foi responsável pela instalação de 25 conselhos políticos de nosso mandato no Estado do Rio Grande do Sul.

    Enfim, Senadora Gleisi Hoffmann, se eu fosse falar da história do Jorginho, como era chamado, levaria horas e horas. Mas deixo aqui meu carinho, minha homenagem. Meu gabinete, os amigos, não só os meus, como os dele, os amigos da Forjasul, da Tramontina, os amigos da Micheletto, enfim, de todas as empresas em que convivemos e trabalhamos, não só em Canoas, mas em todo o Estado, todos conheciam o Jorge.

    Jorge, vai com Deus! Eu sei que você está no alto.

    Gleisi, no sábado, eu estava numa atividade regional no Vale dos Sinos quando alguém me disse: "Paim, o Jorge quer muito te ver." Parecia que ele queria me ver antes... Nós éramos muito ligados. Eu terminei a atividade à noite e fui à casa dele. Peguei na mão dele e conversei com ele segurando em sua mão, ele já muito frágil. Eu falei para ele da sua história, da sua vida e da sua luta e que ele tinha todo o direito de descansar. Claro que com "descansar" eu queria dizer para ele repousar, mas buscando sempre a esperança da recuperação.

    Depois de falar um pouco da história bonita que fizemos juntos, eu senti que ele foi soltando a minha mão. Vi que ele estava se despedindo. A companheira dele me disse: "Não, ele disse que precisava falar contigo hoje, hoje, hoje, hoje". Ela calculava que ele ia morrer no domingo. Os médicos já o haviam desenganado. Ele não faleceu no domingo, mas nessa segunda, quando eu já estava aqui em Brasília.

    Então, despedi-me do Jorginho com o carinho que ele merece. Sei que Deus chama na hora certa. Chegou a hora de chamá-lo. E eu fico bem, sabendo que ele estava sofrendo muito. Estava com uma doença grave. Estava fazendo quimioterapia - tinha que fazer - muito forte. Foi uma agressão muito forte ao corpo dele. Mas ele está lá no céu.

    Vai com Deus, Jorginho. Deus vai iluminá-lo. Sei que, lá de cima, você vai torcer pelas grandes causas do povo brasileiro. Você era um homem que dava a vida pela democracia. De lá de cima, você vai torcer sempre pela democracia. Amém!

    Senadora Gleisi Hoffmann, com a palavra.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/08/2016 - Página 24