Discurso durante a 127ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do transcurso dos aniversários de fundação dos municípios de Parnaíba e Teresina, no Estado do Piauí.

Autor
Ciro Nogueira (PP - Progressistas/PI)
Nome completo: Ciro Nogueira Lima Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Registro do transcurso dos aniversários de fundação dos municípios de Parnaíba e Teresina, no Estado do Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 17/08/2016 - Página 98
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIOS, PARNAIBA (PI), TERESINA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI).

    O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, as duas maiores cidades do Piauí estão próximas em suas datas de aniversário e muito mais ainda porque ambas são locomotivas do desenvolvimento de nosso Estado.

    Parnaíba antes, no dia 14, e Teresina dois dias depois, em 16 de agosto, fazem aniversário, porém, mantendo sempre a juventude, a jovialidade, a modernidade. Se o tempo não para, pelo menos para nós humanos e não eternos, para as cidades ele lhes fazer bem. É capaz de alterar feições urbanas, de mudar suas culturas, fazeres e patrimônios, renovar gerações e garantir o respeito pelo passado e o que de bom e belo ele nos legou.

    As duas cidades certamente olham para o futuro com mais confiança. Digo isso porque, no passado e no presente, muitos fizeram e fazem ações para dar a Parnaíba e Teresina as bases de um porvir mais próspero e socialmente mais justo.

    Parnaíba completará 171 anos de emancipação política. Muito mais história, porém, traz consigo a cidade de Nossa Senhora da Graça, do cajueiro de Humberto de Campos, do Porto das Barcas, das charqueadas e do comércio direto com a Europa no Século XIX, terra de Renato Castelo Branco, precursor da publicidade moderna no Brasil, de Evandro Lins e Silva, um monumento do saber jurídico brasileiro. Terra natal de João Paulo dos Reis Velloso, luminar do pensamento econômico brasileiro.

    Parnaíba, a cidade de Simplício Dias da Silva, um dos líderes da independência do Piauí e de Alberto Tavares Silva, duas vezes governador do Piauí, duas vezes integrante do Senado da República e um precursor das ideias de um Piauí grande, integrado ao Brasil pela economia, cultura e história.

    Se o passado grandioso recomenda que lembremos de Parnaíba por sua importância histórica e pelos tantos filhos ilustres, o presente de muito trabalho e avanços econômicos recomenda que olhemos com esperança e otimismo o futuro dessa nossa querida cidade.

    Em outras ocasiões, lembrei da importância econômica dessa cidade litorânea piauiense. Sua influência sobre outras cidades do Piauí, Maranhão e Ceará, com uma população superior a 500 mil pessoas. Isso faz de Parnaíba um polo para investimentos, a torna um centro regional de serviços de saúde e educação, de comércio e de produção de conhecimento, sem se mencionar o fato de que seu mercado segue crescendo.

    O crescimento de Parnaíba dá-se pela ação de governo, é evidente, mas muito mais pelo trabalho de gente comum que se entrega ao esforço diário de produzir, de empresários que apostam e arriscam seus recursos em negócios os mais variados, de homens e mulheres que todos os dias acordam cedo e dormem tarde porque é preciso construir uma vida melhor para si, para seus filhos, para sua cidade.

    Srªs Senadoras, Senhores Senadores, dentro deste mesmo espírito de fazer uma cidade melhor, está a minha amada Teresina, capital do meu Piauí.

    Teresina é, ela mesma, fruto da ousadia de um homem, o presidente José Antônio Saraiva, da Província do Piauí, baiano de Santo Amaro da Purificação, e que, aos 29 anos, fundou a cidade e fez dela a primeira cidade planejada em solo brasileiro para ser uma capital.

    Na terça-feira, 16 de agosto de 2016, essa ousadia de Saraiva, completa 164 anos. Em mais de um século e meio, a cidade que nasceu num traçado retilíneo foi ganhando outros contornos, tanto físicos quanto sociais, econômicos e culturais.

    O fato de ter sido planejada para ser a capital de uma província e depois de um Estado brasileiro não fez nem faz de nossa Teresina um lugar sem aquele calor humano que abraça toda gente que por lá chega.

    É essa sua melhor característica: Teresina acolhe, abraça, faz com que ali se fixem brasileiros de todos os lugares, principalmente aqueles vindos de mais perto, do Maranhão, que começa logo ali, na margem oposta do rio Parnaíba, na vizinha cidade de Timon. Recebeu com o mesmo carinho também nossos irmãos e irmãs cearenses, pernambucanos, baianos, paraibanos, potiguares, sergipanos, alagoanos, paulistas, mineiros, fluminenses e capixabas. De braços abertos, Teresina acolheu paraenses, goianos, mato-grossenses, amazonenses, gaúchos, paranaenses e catarinenses. Estão todos lá: uma mistura de culturas e gentes formando nosso povo teresinense.

    Não poderia ser diferente para uma cidade nascida pelas mãos de um baiano, com ajuda de um padre deputado provincial em Oeiras, Mamede Lima. Erguida em suas primeiras obras por um mestre-de-obras de origem portuguesa, Isidoro França e depois governada sucessivamente por presidentes da Província do Piauí, nem sempre nascidos nas terras banhadas pelo rio Parnaíba.

    Teresina que também acolheu, é verdade que em menor quantidade, estrangeiros que deixam nela seu legado, sendo o mais vistoso deles a Igreja de São Benedito, que se ergue imponente no centro da cidade. Resultado do trabalho e da dedicação de homens negros escravizados, de homens vindos do Ceará na terrível seca de 1877 e de uma determinação visionária do padre italiano Serafim de Catânia, cujo nome muito apropriadamente está na mais importante avenida de Teresina.

    Cidade católica, credo da maior parte de sua população, teve a honra de abrigar como seu pastor o grande clérigo católico Dom Avelar Brandão Vilela, irmão de um dos mais destacados homens a integrar esta casa, o senador Teotônio Vilela. Dom Avelar, que saiu de Teresina para ser arcebispo e depois cardeal primaz do Brasil, foi sucedido por Dom José Freire Falcão, cearense, indicado depois arcebispo e cardeal em Brasília, cujo atual arcebispo é Dom Sérgio Rocha, que também passou por Teresina.

    Bem vemos, apenas pelos exemplos de clérigos católicos, que Teresina é um lugar para onde vão pessoas da mais elevada estirpe.

    Está evidente nossa vocação para receber bem.

    Mais de um século e meio de história produziu tantas passagens por esta cidade, como a de Coelho Neto, o poeta maranhense que deu a Teresina o cognome que até hoje orgulha o povo de minha terra: Cidade Verde, que também teve entre seus moradores um soldado chamado Luís Gonzaga, aquele que viria a ser o Rei do Baião, servindo no 25º Batalhão de Caçadores.

    Passou na Cidade Verde não somente o poeta Coelho Neto e o Rei do Baião, mas também outros tantos brasileiros de boa cepa, que de Teresina se permitiram voar mais longe, como fez o poeta caxiense Salgado Maranhão, recentemente homenageado como o título de cidadão piauiense pela Assembleia Legislativa.

    Tantos outros cidadãos piauienses habitam nossa Teresina sem nela terem nascido, vindos de longe, do Piauí mais distante, do restante do Brasil, fazendo nossa cidade verde olhar para o futuro com seu espírito de ousadia e otimismo.

    Temos razões de sobra, sim, para olhar com esperança, confiança, fé e otimismo o futuro. Teresina tem 850 mil moradores e no entorno dela somam-se pelo menos mais 500 mil pessoas em raio de 100 quilômetros de distância. Gente que trabalha, produz, estuda, consome, faz disparar uma engrenagem de progresso social, econômico, cultural e humano.

    Estamos diante de uma cidade com vocação para agregar mais pessoas e fazê-las bem-sucedidas e nisso temos nossa maior fé.

    Vamos seguir em frente, Teresina, porque nunca fomos de esperar pelo futuro. Se ele não nos chega, nós o inventamos. Foi assim com Saraiva 164 anos atrás, será assim pelos anos que virão.

    Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/08/2016 - Página 98