Discurso durante a 11ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene destinada a homenagear o décimo aniversário da Lei Maria da Penha.

Autor
Wellington Fagundes (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Wellington Antonio Fagundes
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
  • Sessão solene destinada a homenagear o décimo aniversário da Lei Maria da Penha.
Publicação
Publicação no DSF de 18/08/2016 - Página 29
Assunto
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, CONGRESSO NACIONAL, ASSUNTO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, VIGENCIA, LEI MARIA DA PENHA, AGRADECIMENTO, PRESENÇA, RESPONSAVEL, CRIAÇÃO, LEI FEDERAL, SENADOR, DEPUTADO FEDERAL, REPRESENTANTE, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), GOVERNO FEDERAL, REFERENCIA, ARTIGO DE IMPRENSA, AUMENTO, MEDALHA, OLIMPIADAS, PAIS, PARIDADE, SEXO, COMENTARIO, MULHER, CANDIDATO, ELEIÇÕES, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), NECESSIDADE, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO SEXUAL.

     O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR-MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Eu quero cumprimentar a Senadora Angela Portela por estar presidindo esta sessão e também por sua competência, por sempre defender aqui no plenário as questões ligadas principalmente à educação.

    Da mesma forma, quero cumprimentar a Senadora Fátima Bezerra; a Senadora Regina Sousa; a Depu- tada Federal Luizianne Lins, que acabou de falar agora há pouco; a 2ª Coordenadora-Adjunta de Direitos da Mulher da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, a Deputada Federal Carmen Zanotto; a minha com- panheira como Deputada Federal Fátima Pelaes; representando o Escritório da ONU Mulheres no Brasil, a Sra. Nadine Gasman -- espero ter falado corretamente o seu nome; a Primeira-Dama e colaboradora do Governo do Distrito Federal, a Sra. Márcia Rollemberg -- quero parabenizá-la por estar fazendo um grande trabalho junto com seu marido, o nosso companheiro também como Deputado Federal, depois Senador e Governador do Distrito federal; e a D. Maria da Penha Maia Fernandes, que, aos seus 71 anos de idade, aqui está presente.

Quero lembrar o dia 7 de agosto de 2006, quando foi sancionada pelo então Presidente Lula a Lei nº

11.340. Eu lá estava presente também.

    D. Maria da Penha, eu não sei se Deus lhe deu a dádiva de ter três filhas, mulheres, por tudo o que a se- nhora teve que enfrentar na vida, mas a senhora foi a precursora daquilo que hoje o Brasil reconhece, a Lei Maria da Penha, como uma grande evolução, em respeito às mulheres.

    Ontem eu estava assistindo a uma matéria sobre as Olimpíadas, sobre os países que mais ganham me- dalhas. Eles estão conseguindo isso exatamente porque eles perceberam que a participação das mulheres era uma oportunidade de ganhar mais medalhas nos Jogos Olímpicos. Então, quando surgia um esporte novo, eles capacitavam, principalmente, as mulheres. Isso é uma demonstração da sacada, da inteligência, da capacidade, da inovação de um país em buscar as oportunidades, principalmente com aquelas que poucas oportunidades ainda têm, num mundo tão desenvolvido, em que estamos cada vez mais reféns da tecnologia. O ser humano, daqui a 20 anos, a 30 anos, já não vai saber que tipo de sensibilidade terá. As crianças já não estão mais per- guntando aos pais o porquê das coisas -- “por que, mãe? por que, pai?” Elas pegam o telefone celular e já têm a resposta mais rapidamente. Às vezes nem precisam olhar para a mãe para saber o porquê.

    Agora mesmo no debate presidencial dos Estados Unidos da América, Senadora, um dos países mais desenvolvidos do mundo, pela primeira vez existe a possibilidade de uma mulher ser Presidente.

    O Brasil já inovou. Já tivemos e temos uma Presidente. Estamos num processo de impeachment. Estava representando o meu partido, o PR, numa reunião com o Ministro Ricardo Lewandowski, em que discutíamos o processo de impeachment.

    Mas lá no debate norte-americano, a imprensa questionou, e ouvi a própria candidata dizer que os Es- tados Unidos ainda vão demorar, provavelmente, de 400 anos a 500 anos para dar às mulheres condições de igualdade. E, aqui no Brasil, mesmo tendo uma Presidente da República -- e espero que o tempo não seja maior do que esse --, a previsão é exatamente essa, de mais 400 anos ou 500 anos para as mulheres terem as mesmas oportunidades, se as mulheres fizerem o que vocês estão aqui fazendo, ou seja, se buscarem mostrar ao Brasil e ao mundo a necessidade de conscientização de que ninguém consegue se não tiver oportunidades. E as oportunidades são conseguidas exatamente quando procuramos e lutamos por algo.

Por isso, quero parabenizá-la.

    Antes de vir para cá, eu conversava com um assessor meu e dizia que queria vir porque queria marcar presença. Recebi uma ligação da minha esposa, que me disse: “Vá lá pelo menos para tirar uma foto”. Então, Se- nadora Angela, sentei-me ali e disse: “Vou tirar uma foto”. Ela disse: “Não, você precisa falar um pouco”. E o meu assessor disse: “Você vai lá? Lá é lugar de mulheres”. Às vezes, até numa brincadeira ainda existe machismo por parte das pessoas.

Eu quis estar aqui, mas não com uma fala preparada, quis muito mais transmitir o meu sentimento.

    Quando vamos entregar casas de programas habitacionais, eu faço questão de entregar as chaves da casa a uma mulher, porque só a mulher, que tem a sensibilidade de gerar um filho, essa dádiva divina, sabe o quanto representa uma casa para a solidez de uma família. E recebo aplausos. As mulheres realmente sempre estão ali e sempre em maioria. Quando vamos entregar casas, normalmente 70% do público é de mulheres. Às vezes os homens estão lá, ou estão em casa assistindo à televisão, ou estão em outros lugares. Mas a mulher,

não. Ela está ali porque sabe da importância daquilo para a sua família.

      É com essa responsabilidade que eu penso que podemos construir um Brasil melhor, um Brasil com mais oportunidades, com mais educação, para que os nossos filhos, as futuras gerações, ainda possam imaginar que o ser humano não deixará de ser humano -- quem sabe? --, se buscar transmitir carinho, amor, ternura, o que, sem dúvida nenhuma, quem nos dá é a mulher. O colo da mãe nunca podemos esquecer -- e eu perdi a minha mãe há pouco tempo. O colo do pai é diferente. O colo da mãe, a mão da mãe, o carinho da mãe é algo que não se pode perder.

    Quero parabenizá-la, Senadora Angela Portela, todas as Senadoras e todas as Deputadas.

    Pude constatar, como Presidente do meu partido no Estado de Mato Grosso, que ainda temos muitas dificuldades para buscar o espaço da mulher. Eu me lembro de que uma lei que votamos aqui era machista. A lei que votamos dizia que os partidos teriam que reservar 30% das vagas para mulheres. Esquecemos nós que poderia haver um partido com maioria de mulheres. Depois, pela propositura das Parlamentares, mudamos a lei. Hoje estão garantidas 30% das vagas para pelo menos um dos sexos. Daqui a pouco -- quem sabe? --, pode haver no Brasil um partido em que haja predominância de mulheres.

    Parabéns a vocês! Que vocês possam continuar com essa fibra, com essa força. Que construamos um Brasil mais humano, uma humanidade com mais sensibilidade. Vocês são e serão responsáveis por isso.

Parabéns, D. Maria da Penha, pela sua luta, pela sua força, pelo simbolismo da sua luta no Brasil e em outros países pelos direitos das mulheres. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/08/2016 - Página 29