Discurso durante a 138ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogio ao Senador Armando Monteiro pelo seu trabalho como Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo da Presidente Dilma Rousseff.

Defesa do estabelecimento de um pacto nacional para superar a crise do País.

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
INDUSTRIA E COMERCIO:
  • Elogio ao Senador Armando Monteiro pelo seu trabalho como Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo da Presidente Dilma Rousseff.
GOVERNO FEDERAL:
  • Defesa do estabelecimento de um pacto nacional para superar a crise do País.
Aparteantes
Armando Monteiro.
Publicação
Publicação no DSF de 14/09/2016 - Página 28
Assuntos
Outros > INDUSTRIA E COMERCIO
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • ELOGIO, ARMANDO MONTEIRO, SENADOR, MOTIVO, ATUAÇÃO, MINISTRO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIA E DO COMERCIO EXTERIOR (MDIC), GOVERNO FEDERAL, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • DEFESA, ESTABELECIMENTO, PACTO, OBJETIVO, CRISE, POLITICA NACIONAL, ECONOMIA NACIONAL.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado pelo "brilhante", Excelência.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos os que nos acompanham pela Agência Senado, o Governo Michel Temer, que tem apenas três meses de existência, já tem demonstrado algumas medidas interessantes.

    Neste momento, está na China o Ministro Blairo Maggi, visitando toda a região do oriente, buscando abrir mercados para o Brasil, buscando, neste momento, a geração de emprego, buscando, enfim, uma saída. Neste momento em que o Ministro está lá, a sua equipe também está trabalhando aqui, justamente buscando diminuir os gargalos e os obstáculos.

    Por falar em obstáculos, não poderia deixar de fazer justiça aqui a um grande Ministro que tivemos, o Ministro Armando Monteiro, nosso Senador e companheiro aqui. Na sua gestão, eu, mesmo sendo oposição à época, elogiava a sua postura, porque era uma postura sem preconceito, bem naquela filosofia que, certa vez, Ronald Reagan disse: "Entre países, não existem amizades. Existem interesses comerciais." O Ministro, mesmo trabalhando em um governo com um viés ideológico bolivariano - que se afinava com alguns países e com outros, não -, buscou os interesses do Brasil.

    Por isso, Senador Armando Monteiro, quero fazer essa homenagem a V. Exª, porque começou essa discussão da convergência regulatória, de buscar tirar as barreiras que obstaculizavam o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos.

    Talvez muitos pensem que as barreiras só sejam tarifárias, só sejam sanitárias, mas existem muitas outras, Sr. Presidente, Telmário Mota. Existem barreiras subliminares, algumas de normas diferentes. Foi justamente essa facilitação que buscou o Ministro fazer, sem preconceito algum, buscando o interesse nacional e mercados para o Brasil. É isso que gera emprego e divisas.

    Por isso, deixo aqui também esse registro de que simplesmente, assim como não podemos admitir que falem que, daqui para a frente, é o caos, também não podemos dizer que os que passaram não fizeram coisas bem feitas. Cada um deixa a sua contribuição.

    Queria fazer esse registro muito importante para a vida nacional, que foi o trabalho do Ministro Armando Monteiro no Ministério do Desenvolvimento.

    Passamos por um momento agora, pós-impeachment, doloroso. Ninguém, nem mesmo os que estavam na oposição desejavam que o Brasil passasse por este momento, embora houvesse a retórica de dizer: "Olhe, aqueles que perderam a eleição queriam que terminasse o Governo". Não é verdade, ninguém queria isso. Queria que a Presidente terminasse o seu mandato, que o Brasil resolvesse os seus problemas, mas, infelizmente, não foi assim que aconteceu. A própria população foi às ruas e não houve como aquele governo continuar.

    Neste momento, o que temos que buscar não é mais o retrovisor, temos que buscar um grande pacto nacional, um grande pacto de reconstrução, para que o Brasil possa ir à frente. E aí passa aquele momento em que, quando você tem um paciente que está em extrema gravidade de saúde, tem que tomar remédio; e nem sempre esses remédios são doces, às vezes, os remédios têm que ser amargos.

    Neste momento, vem para responsabilidade do Congresso Nacional a aprovação de medidas difíceis, medidas que até o próprio Ministro Joaquim Levy já aventava que precisavam ser aprovadas. São reformas difíceis, e é por isso que me preocupo quando alguns, simplesmente na busca do discurso do quanto pior, melhor, tentam insuflar as massas, já plantando a cultura do medo.

    Há poucos dias, no meu Estado, Senador Aníbal, fui abordado num pequeno Município, onde um senhorzinho de quase cem anos - noventa e poucos anos - estava desesperado, porque disseram que ele perderia a aposentadoria. Isso é uma maldade, porque o debate político não pode tomar, como reféns, pessoas simples que nem sempre têm as condições e as informações necessárias para se defender. Imagine uma pessoa com cem anos, que tem, como única fonte de renda, a sua aposentadoria, e alguém vir e dizer que ele vai perder, numa mentira clara. Então, essa política é que nos preocupa.

    Outra coisa: a política da divisão. Isso não traz mais voto para o Partido dos Trabalhadores, nem o deixa em melhor posição - esse negócio de dividir nós e eles -, somos todos nós. Quando a coisa ia bem, o País estava todo com o PT, a própria oposição apoiava e tudo. Agora, depois que os programas não deram certo, é óbvio que vem a oposição, mas nunca demonizando. Você não pode demonizar o outro; que combata os argumentos, mas não podemos ir na política da demonização.

    Vi um Senador ontem aqui dizer para o Presidente Renan Calheiros, antes de uma medida provisória chegar, que não ia aprovar. Não sabe nem o que havia nela! Essa é a grande preocupação. Não é a preocupação com o Brasil, é a preocupação com a política, e a política pequena, e isso é ruim. Isso é ruim não para o Partido dos Trabalhadores, isso é ruim para todos nós, porque a sociedade brasileira não quer que continue essa discussão da política em si mesma, ela quer saída. "Ah, vai acabar com o direito dos trabalhadores!" O direito mais sagrado dos trabalhadores é o emprego, e esse já está arrebentado.

    Vi a Presidente Dilma aqui nesta tribuna, nessa cadeira ali, dizer: "Olhe, existem fungos na árvore de democracia". Digo o contrário: geralmente, em árvore, o que dá é cupim, Senador Hélio José. O que digo é o seguinte: o grande cupim, a grande quantidade de fungo deu foi no emprego, no poder de compra dos brasileiros. Então, neste momento, é aquela parte da história em que os partidos têm que se sentir grandes, fazer coisas para realmente resgatar a autoestima nacional e, para isso, temos que reconstruir. E reconstrução só se faz juntos. Temos, como exemplo, o Japão, após a bomba de Hiroshima e Nagasaki, que se reconstruiu.

    Nessa semana, nós tivemos o resultado do Ideb - essa é outra bomba. Precisamos reconstruir nossa educação, precisamos reconstruir nossas bases, a economia e tudo. Temos um País para reconstruir! E, para isso, nós precisamos daquela linha que o Blairo Maggi está fazendo, daquela linha que o Senador Armando Monteiro fez: não ter preconceito contra ninguém, mas buscar comércio, buscar fazer com que o nosso empresariado queira investir aqui.

    Eu me preocupo muito, Senador Armando Monteiro, quando nossa indústria toda está indo para o Paraguai, quando nossos empregos todos estão indo lá para o Paraguai. Sabe por quê? Porque lá eles não têm um discurso ideológico sobre a questão trabalhista. Nós não podemos ter vacas sagradas; ninguém aqui, eu creio que nenhum empresário é a favor de trabalho escravo, ninguém é a favor de tirar direitos dos trabalhadores, mas nós temos alguns gargalos que precisamos resolver, sim. Nós precisamos flexibilizar alguns obstáculos, porque não é possível continuar.

    Senador Lasier Martins, eu ouvi de um empresário, essa semana, que, para cada funcionário dele que ele manda embora, tem um advogado por fora que manda insuflar, para que o empregado entre na Justiça, Senador Armando Monteiro, para que se resolva, de uma vez por todas, para ele acertar aquilo na Justiça, porque ele disse que está cansado de acertar todos os direitos certinho e ser demandado depois, vezes e vezes, na Justiça. Quer dizer, nós não podemos compactuar que quem dá emprego seja tratado como bandido.

    Eu ouço, sempre que falo desse assunto aqui: "Ah, você é um chaveirinho do grande empresário, do grande capital". Não sou.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Sou simplesmente um sujeito que nasceu no sertão de Caicó, de uma família muito pobre, mas meu pai ensinou a não ter preconceito contra quem tem dinheiro, a não ter preconceito contra quem produz empregos e nós precisamos avançar nesse debate.

    Concedo, com muita honra, a palavra ao Senador Armando Monteiro.

    O Sr. Armando Monteiro (Bloco Moderador/PTB - PE) - Meu caro Senador José Medeiros, eu quero agradecer a V. Exª essa referência generosa que V. Exª faz ao trabalho que fizemos lá no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e creio que, tirando algumas apreciações, vamos dizer, de natureza política, eu teria que sublinhar que o que fiz no Ministério eu fiz com o apoio fundamental da Presidente, porque, à época, essas iniciativas foram sempre respaldadas pela Presidente. Mas eu queria ficar com a parte do pronunciamento de V. Exª que me parece muito importante que é a necessidade de a gente se despir de certos preconceitos. Alguém já disse bem: é mais fácil desintegrar um átomo do que quebrar um preconceito. E o Brasil só vai avançar se nós tivermos a capacidade de dialogar amplamente no sentido de fazermos e construirmos uma visão minimamente convergente sobre essa agenda de modernização institucional do País e saiba V. Exª que, para essa agenda de interesse do País, eu estarei sempre alinhado independentemente das posições políticas circunstanciais. Congratulo-me com o pronunciamento de V. Exª e agradeço, mais uma vez, as referências que V. Exª fez ao nosso trabalho.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Muito obrigado pelo aparte, Senador Armando Monteiro, ao passo que quero registrar a presença aqui no plenário de dois Deputados do meu Estado: o Deputado Federal Adilton Sachetti e o Deputado Federal Nilson Leitão, também conhecido carinhosamente como Nilson Peppa...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - ... e o nosso Vice-Governador, Carlos Fávaro, Presidente do meu Partido no Estado, que muito nos honra com sua presença.

    Para finalizar, Sr. Presidente, também há uma agenda que estou vendo ser muito criticada aqui, que é a agenda da privatização.

    O Brasil começou a demonizar alguns termos. Então, privatização, de repente, virou outra vaca sagrada, e parece que falar em privatização é algum crime - um crime de lesa-pátria.

    E isso atrapalhou tanto, que a Presidente Dilma, quando precisou fazer algumas concessões, privatizar alguns setores, teve que fazer as chamadas "privatizações envergonhadas", que eram aquela coisa híbrida.

    O nosso Estado mesmo foi prejudicado com algumas rodovias, porque fez o sistema híbrido. O Governo não teve como arcar com a sua parte, acabou atrapalhando todo o investimento, e hoje a população acaba pagando pedágio em uma rodovia que até agora não foi duplicada, porque falta a contrapartida do Governo.

    Mas são esses os desafios que se impõem e em que precisamos avançar...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - ... até porque estamos sentados, neste momento, em cima de uma bomba, porque os Municípios e os Estados, Senador Telmário Mota, estão com extrema dificuldade de honrar seus compromissos.

    Aí me preocupo, porque não se vê um horizonte muito próximo para ajudar nessa situação e, cada vez mais, vemos as pautas políticas, às vezes, se sobrepondo aos reais interesses da Nação.

    Por isso, fica aqui este meu apelo, para que possamos sair desse conflito, virar essa página e reconstruir, cada um, sua história política, mas, acima de tudo, preocupado com as reais prioridades, que são o interesse do Brasil.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/09/2016 - Página 28