Discurso durante a 142ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da importância dos investimentos em infraestrutura para o Estado do Mato Grosso..

Comentário sobre a Portaria nº 1.114, do Ministério da Saúde, que habilita a Santa Casa de Misericórdia e Maternidade de Rondonópolis como uma Unidade de Assistência em Alta Complexidade Cardiovascular.

Cobrança ao Governo Federal pelo pagamento do Fundo de Compensação das Exportações aos Estados

Considerações sobre a criação da Universidade Federal de Rondonópolis.

Autor
Wellington Fagundes (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Wellington Antonio Fagundes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Registro da importância dos investimentos em infraestrutura para o Estado do Mato Grosso..
SAUDE:
  • Comentário sobre a Portaria nº 1.114, do Ministério da Saúde, que habilita a Santa Casa de Misericórdia e Maternidade de Rondonópolis como uma Unidade de Assistência em Alta Complexidade Cardiovascular.
GOVERNO FEDERAL:
  • Cobrança ao Governo Federal pelo pagamento do Fundo de Compensação das Exportações aos Estados
EDUCAÇÃO:
  • Considerações sobre a criação da Universidade Federal de Rondonópolis.
Publicação
Publicação no DSF de 22/09/2016 - Página 26
Assuntos
Outros > GOVERNO FEDERAL
Outros > SAUDE
Outros > EDUCAÇÃO
Indexação
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, ESTRADA, FERROVIA, HIDROVIA, CONCLUSÃO, OBRAS, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), DEMORA, LICENÇA AMBIENTAL, RESULTADO, IMPEDIMENTO, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO, FACILITAÇÃO, TRANSPORTE, ENFASE, NECESSIDADE, REFORMA POLITICA, REFORMA TRIBUTARIA, OBJETIVO, REDUÇÃO, TRIBUTOS, CRESCIMENTO, PAIS.
  • COMENTARIO, PUBLICAÇÃO, PORTARIA, MINISTERIO DA SAUDE (MS), ASSUNTO, HABILITAÇÃO, HOSPITAL, SANTA CASA DE MISERICORDIA, MATERNIDADE, MUNICIPIO, RONDONOPOLIS (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ASSISTENCIA, COMPLEXIDADE, CARDIOLOGIA, REALIZAÇÃO, CIRURGIA, IMPORTANCIA, MELHORIA, ACESSO, SAUDE, ELOGIO, ATENDIMENTO, ALOYSIO CAMPOS DA PAZ, FUNDADOR, REDE NACIONAL DE HOSPITAIS DA MEDICINA DO APARELHO LOCOMOTOR.
  • COBRANÇA, GOVERNO FEDERAL, PAGAMENTO, RECURSOS, EXPORTAÇÃO, PRODUTO AGRICOLA, COMPENSAÇÃO, ESTADOS, GARANTIA, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), INCLUSÃO, ORÇAMENTO, LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTARIAS (LDO), REPASSE, VERBA.
  • COMENTARIO, CRIAÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL, RONDONOPOLIS (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), OBJETIVO, DESENVOLVIMENTO, ENSINO, PESQUISA CIENTIFICA, EXPANSÃO, EDUCAÇÃO.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu gostaria, inicialmente, de registrar aqui a presença no nosso plenário do Dr. Luiz Antônio, que é Diretor de Engenharia do Ministério dos Transportes, do DNIT, funcionário de carreira. Registro também a presença do Dr. Orlando Fanaia, que o está acompanhando, assim como do Dr. Laércio. São todos engenheiros de carreira, formados na Universidade Federal de Mato Grosso e que estão à frente tanto da unidade do DNIT em Mato Grosso quanto da Diretoria do DNIT em Brasília.

    Para o nosso Estado, é estratégica essa questão, porque estamos no Centro-Oeste do Brasil, no centro geodésico da América do Sul, no coração do Brasil, um Estado com imensa capacidade de produzir, com uma alta produtividade, precisando de infraestrutura de um modo geral. Por isso tenho lutado tanto aqui. Há a questão das estradas, ferrovias, as hidrovias, que praticamente são incipientes no Brasil. No nosso caso, também é fundamental que possamos trabalhar ainda essa questão, porque, como já disse aqui em outras vezes, é um meio de transporte que Deus já nos deu pronto para ser usado. Hoje, não mais os rios precisam se adaptar às embarcações. A tecnologia disponível possibilita às embarcações se adaptarem às condições de cada rio brasileiro. Claro, a construção de estradas é fundamental.

    Nesta semana, estive no Vale do Araguaia, visitando muitos Municípios, verificando principalmente a questão da BR-158, que há poucos dias inauguramos.

    Estivemos com o Ministro dos Transportes na cidade de Vila Rica, inaugurando o trecho de Vila Rica até a divisa do Pará, que era um sonho daquela população, mas há um trecho em que foi criada a reserva indígena Marãiwatsédé, e há uma estrada que passa ali há quase 50 anos. A reserva hoje, é um impeditivo, apesar de os índios se manifestarem favoravelmente.

    Espero que, agora, mais do que nunca, o Presidente Michel Temer possa definir uma melhor legislação para promovermos o desenvolvimento daquela região e de outras áreas, como é o caso da 242, que ainda depende das licenças ambientais. A BR-158 até a cidade de Querência já tem o seu asfaltamento pronto. Falta o trecho de Querência até Santiago do Norte, sendo que, de Santiago do Norte até o nortão de Mato Grosso, está todo asfaltado. A demora das licenças ambientais acaba prejudicando muito regiões, como a de Mato Grosso, que estão ainda em desenvolvimento.

    Estamos trabalhando, inclusive, com o apoio de toda a Bancada, fazendo uma relocação de recursos para a construção de uma ponte sobre o Rio Araguaia na BR-080, para interligar mais ainda a Ferrovia Norte-Sul, que é importante, mas é a carga de Mato Grosso que vai abastecer aquela região.

    Eu poderia falar aqui de muitas obras importantes. Ontem, registrei aqui, como Relator da LDO, a nossa preocupação com as obras inacabadas no Brasil, como as da BR-158. Citei o caso do VLT em Cuiabá, uma obra extremamente importante, em que o Governo já investiu mais de R$1 bilhão. Foram compradas as máquinas, os veículos de alta tecnologia, mas não foi colocado o trilho para que os vagões e as máquinas fizessem um transporte de massa eficiente, como vimos no Rio de Janeiro. Espero que encontremos uma solução. Já se passaram quase dois anos do novo Governo, e temos de encontrar uma solução. Não podemos deixar o recurso público ficar desperdiçado.

    Quero me colocar, mais uma vez, à disposição do Governo do Estado. Temos de encontrar uma equação. Já conversei sobre isso com o Presidente Michel Temer. Já estive com o Ministro da Fazenda, Meirelles, e também com o Ministro Dyogo, buscando a solução, a liberação dos recursos do FEX, que é o Fundo de Compensação das Exportações, exatamente para permitir ao Governo do Estado que não só pague os salários dos funcionários, que faça os reajustes necessários, mas que tenha recursos em caixa para fazer essas obras fundamentais para o Estado.

    Sr. Presidente, parece-me não restar dúvidas de que os próximos passos que o Brasil irá seguir, e terá de seguir, tão logo vencidas as eleições municipais, serão de abrir de forma firme e determinada os debates para a construção e consolidação das grandes reformas.

    V. Exª também já abordou muitas vezes aqui esse tema. E estou convencido de que a reforma política - que é a mãe de todas as reformas, como é chamada - precisa ser mais do que simples retalhos da mudança de postura dos processos eleitorais ou, como queiram, do acesso aos cargos eletivos.

    A reforma política que sinto nas ruas será aquela em que precisa estar explicitada e preconizada uma mudança de comportamento da classe política de forma efetiva e consistente, sem meios caminhos, de forma a permitir que o Estado possa cumprir com suas reais funções na defesa dos interesses coletivos de toda a sociedade.

    O Estado brasileiro, hoje, é refém de um modelo político, sem sobra de dúvidas, totalmente ultrapassado, totalmente arcaico. Pesado e inconsistente, divorciado da realidade do cidadão, esse modelo dificulta em muito a promoção das mudanças necessárias em setores vitais.

    A simples dimensão do Estado e a definição efetiva do seu papel perante a sociedade, para se ter uma ideia, estão ligadas diretamente ao modelo político e, por certo, convencionado na necessidade de uma mudança estrutural. Mas temos de avançar também sobre a reforma trabalhista e previdenciária. Aliás, uma precisa andar muito próxima da outra.

    As novas condicionantes mundiais também exigem que o Brasil promova a reforma tributária; uma reforma tributária, Sr. Presidente, que possa facilitar a vida principalmente do pequeno e médio empresário no Brasil. A carga de tributos sob os ombros do contribuinte é muito pesada. Em 2015, conforme a Secretaria da Receita Federal, chegou a 32,66% das riquezas produzidas, medida pelo Produto Interno Bruto. Traduzindo em números: de R$5,99 trilhões de riquezas, R$1,92 trilhão virou apenas e tão somente imposto.

    Essa conta é perversa. Se não temos capacidade para reduzir o tamanho do Estado sem deixar de dar a devida prestação de serviço ao cidadão, precisamos fazer o Brasil crescer para que essa relação entre carga tributária versus riquezas seja cada vez melhor equacionada.

    Há, felizmente, conforme podemos perceber, uma grande vontade da classe política, em especial aqui no Senado, de avançar nas reformas, até porque, do contrário, o Estado brasileiro estará fadado a enfrentar crises e mais crises como a que estamos vivendo desde então.

    As reformas terão um longo caminho a percorrer. É bom que se diga: não se faz reformas a toque de caixa. Elas exigem um profundo debate e, evidentemente, com seus principais personagens que estão reunidos no conjunto da sociedade.

    Aliado a isso, Sr. Presidente, faz-se necessário e imprescindível que o Governo instalado do nosso Presidente Michel Temer assuma a ponta. A interinidade tinha suas implicações, mas agora o cidadão que está lá na ponta cobra soluções para suas demandas. Demandas que são justas, diga-se de passagem, porque, como disse, ele paga impostos, e a carga tributária é considerável; aliás, é muito grande.

    Precisamos que o Governo mostre sua força de forma a se articular para que possamos votar não apenas as reformas, mas os projetos necessários e fundamentais, como o caso da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que depende da apreciação de apenas três destaques para a conclusão do processo legislativo. Já votamos aqui o relatório, de minha autoria, mas ainda dependemos desses três destaques, porque, claro, a LDO é extremamente importante. Nela, entre outras coisas, estão assegurados alguns avanços para a execução orçamentária da União de interesse e direito do cidadão, que cobra respostas e oportunidades a serem geradas pelo poder público. Conforme disse ontem aqui nesta tribuna, temos a questão da saúde, para a qual asseguramos, neste relatório, mais R$11 bilhões de investimentos para o próximo ano. Ou seja, tudo que será gasto neste ano, em 2016, mais o acréscimo de R$11 bilhões para o próximo ano.

    E falo com satisfação sobre esse tema, especialmente porque a saúde pública precisa ser tratada com absoluta prioridade, porque com a vida, Sr. Presidente, não se pode brincar. A vida do cidadão é o patrimônio maior que o Estado pode ajudar a preservar.

    Nessa linha, trago aqui, Sr. Presidente, uma boa notícia para o meu Estado, o Estado de Mato Grosso e, particularmente, para Rondonópolis. Hoje, foi publicado no Diário Oficial da União a Portaria nº 1.114, assinada pelo Secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Dr. Francisco de Assis Figueiredo, que habilita a Santa Casa de Misericórdia e Maternidade de Rondonópolis como uma Unidade de Assistência em Alta Complexidade Cardiovascular. Ou seja, a população de Rondonópolis e da região sudeste do Estado de Mato Grosso pode passar a ter à sua disposição os serviços de cirurgia cardiovascular, procedimentos de cardiologia intervencionista, cirurgia vascular e procedimentos endovasculares extracardíacos para os pacientes do SUS.

    Sr. Presidente, quero dizer que vamos aqui lutar para que, logo agora, em seguida, o ministro possa também fazer e buscar a habilitação da Santa Casa, porque esse serviço já está lá pronto, instalado há muito tempo, e hoje os pacientes de toda a região sudeste têm de se deslocar de Rondonópolis para Cuiabá para fazer esse procedimento, sendo que todo o equipamento está lá, está pronto. Ou seja, isso é apenas uma questão de burocracia. E claro que o Ministério junto com a Secretaria Estadual pode, então, fazer essa habilitação para que os profissionais que estão lá preparados possam salvar vidas. Um deslocamento de Rondonópolis a Cuiabá, duzentos quilômetros, é feito normalmente pelas pessoas mais carentes, do SUS, de carro, e esse trecho de Rondonópolis a Cuiabá é um dos trechos mais conturbados do trânsito de Mato Grosso, um dos trechos em que, inclusive, mais acontecem acidentes frontais no Brasil, dado o volume de carretas competindo com os veículos pequenos. Portanto, essa habilitação é fundamental.

    Quero saudar aqui o Dr. Kemper, que, embora seja dentista, cirurgião bucomaxilar, faz parte, junto com outros médicos, da direção administrativa da Santa Casa. É uma pessoa que sempre lutou muito pela melhoria da Santa Casa.

    A Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis é tradicional e funciona há décadas sob a batuta e a tutela dos rotarianos, mas com a ajuda de toda a comunidade. Hoje já temos funcionando lá o serviço de oncologia. Aliás, fiz emendas no Orçamento para que as pessoas portadoras de câncer pudessem também ser atendidas por esse serviço na nossa cidade.

    Desde o primeiro tijolo colocado na Santa Casa... Eu estive ainda no lançamento daquela obra muito tempo atrás e hoje a Santa Casa tem 12 andares, mas nem todos concluídos. Então, a nossa luta também é para concluir a Santa Casa, porque é o serviço mais acessível para a população da nossa cidade. Aliás, a Santa Casa presta um serviço de qualidade a um custo muito baixo para a Prefeitura de Rondonópolis, para o Governo do Estado e, claro, também para o Governo Federal. Então, nós precisamos é dinamizar mais esse trabalho feito pela Santa Casa de Misericórdia da nossa cidade, a cidade de Rondonópolis.

    Eu quero, Sr. Presidente, ainda dizer que hoje nós tivemos aqui uma sessão em homenagem ao Hospital Sarah Kubitschek, da qual V. Exª participou.

    Eu fui paciente do Sarah Kubitschek. Sofri um acidente na cidade de São José do Povo, um acidente pitoresco, porque aconteceu numa arena de rodeio. O rodeio é um esporte muito tradicional no meu Estado. Lá, infelizmente, fui atropelado por um touro e acabei quebrando um fêmur, numa fratura muito grave e me desloquei para o Sarah Kubitschek daqui, onde pude ter um atendimento exemplar. O Dr. Campos da Paz, com sua ternura, com sua capacidade, com sua dedicação, estava sempre a fazer a revisão, visitando os apartamentos, conversando com os pacientes. Eu fui um dos pacientes que tiveram a oportunidade não só de conhecer mas de receber os cuidados do Dr. Campos da Paz.

    Por isso, quero aqui também me somar a todos vocês do Distrito Federal, ao Senador Hélio, a V. Exª, Senador Cristovam Buarque, por reconhecer a figura humana que foi o Dr. Campos da Paz. Ele deixou um grande legado, porque a Rede Sarah Kubitschek atende vários Estados, parece-me que hoje há dez hospitais em vários Estados brasileiros. Então, é um exemplo de organização, um exemplo de aplicação correta dos recursos públicos. Todos os profissionais que trabalham lá trabalham com esmero, porque todos foram treinados, capacitados pela política administrativa e humana do Dr. Campos da Paz. Todos os anos faço emenda ao Orçamento para que o Hospital Sarah Kubitschek possa ter esse atendimento.

    Registro que Mato Grosso é um Estado de onde vêm muitos pacientes. Eu gostaria até de poder um dia sonhar com a possibilidade de termos uma unidade do Hospital Sarah Kubitschek no Estado de Mato Grosso.

    Aliás, o Tribunal de Contas de Mato Grosso foi construído com a tecnologia de arquitetura do Hospital Sarah Kubitschek. Então, o Hospital Sarah Kubitschek, além do atendimento aos pacientes, conseguiu, inclusive, desenvolver uma tecnologia de construção de engenharia no Brasil muito moderna. E outros órgãos públicos também atendem nessa área.

    Então, finalizando, Sr. Presidente, quero também dizer que estou indo ainda hoje para Mato Grosso, onde vamos participar das nossas campanhas eleitorais, num momento democrático. A eleição municipal é a eleição mais importante que acontece no Brasil, porque é na eleição municipal que o cidadão escolhe o gerente da cidade, escolhe o seu prefeito e os vereadores. Portanto, é uma eleição fundamental para a vida, para o dia a dia.

    V. Exª colocava aqui há pouco, na questão da educação, que o Governo criou muitos programas e deu a incumbência e a responsabilidade para os prefeitos administrarem. Às vezes, não mandou o recurso necessário.

    Ontem à noite, fui a uma audiência com o Presidente da AMM, Neurilan, que é o prefeito de uma pequena cidade...

(Soa a campainha.)

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) - ...e presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios. Lá, nós conversávamos tanto com o Ministro Diego, do Planejamento, como com o Ministro da Indústria e Comércio sobre alternativas para as regiões, como as novas fronteiras agrícolas. Isso porque hoje nós temos, através da Lei Kandir, essa capacidade de exportação dos nossos produtos desonerados. Ou seja, não é correto mesmo o País exportar imposto, mas o Estado produtor da matéria-prima, como é o caso de todo o Centro-Oeste brasileiro, inclusive Brasília, exporta seus produtos, as commodities agrícolas, os produtos agrícolas, e não recebe nada do imposto. Ou seja, o ICMS, que deveria ficar para o Estado e para as prefeituras poderem bancar esses programas, infelizmente não fica. Aí, foi criada a Lei Kandir, com a obrigação de o Governo devolver essa desoneração, e não vem fazendo da forma como previsto na Lei Kandir. Ou seja, o Governo hoje tem uma dívida muito grande com esses Estados produtores. E o Fundo de Compensação das Exportações (FEX) também não é suficiente. Aliás, estava atrasado. O governo passado, o governo da Presidente Dilma, colocou em dia; ou seja, pagou 2014, 2015. Este ano de 2016, ainda temos a expectativa de o FEX de 2016 ser pago pelo Governo. Já falei com o Presidente Michel Temer, com o Ministro da Fazenda e também com o Ministro do Planejamento, que garantiram pagar isso, o que é fundamental para esses Estados.

    Aliás, Sr. Presidente, como Relator da LDO, pela primeira vez, isso está constando na Lei de Diretrizes Orçamentárias e no Orçamento proposto, porque foi um acordo que fizemos, tanto com o Presidente quanto com os ministros, de colocar na proposta orçamentária. E já está no Orçamento. O Governo cumpriu conosco, e já estão previstos para o ano que vem os recursos do FEX; ou seja, R$1,950 bilhão, que é o que o Governo tem obrigação de devolver. Inclusive previmos também a correção para o ano que vem.

    Com isso, espero... Estamos aqui, mesmo em Mato Grosso, o Governador Pedro Taques nos tendo como adversários... Aliás, entendo que fomos eleitos para trabalhar pelo Estado e aqui nunca me coloquei numa posição de adversário; sempre me coloquei numa posição de somar, de buscar ajudar o Governo do Estado, como estamos fazendo inclusive não só em relação ao FEX como com outros recursos que já alocamos no Orçamento da União.

    Então, eu quero agradecer imensamente aqui a paciência de V. Exª e quero convidá-lo - V. Exª tem uma dívida comigo! - a ir a Rondonópolis, porque nós criamos lá, estamos já na fase final de criação da Universidade Federal de Rondonópolis. V. Exª já me orientou bastante nisso. O projeto já passou agora na Comissão de Constituição e Justiça. Apenas falta agora o parecer do Ministério da Fazenda e do Ministério do Planejamento. Também já tive audiência com os dois Ministros, que mandarão isso para a Câmara dos Deputados, para que a Câmara dos Deputados, então, remeta esse projeto de criação da Universidade Federal aqui para o Senado.

    Tenho certeza de que vou contar aqui com o apoiamento de todos os Parlamentares, ainda mais de um Senador como V. Exª, que conhece profundamente e sabe a importância que tem uma universidade para uma região como aquela. Mato Grosso tem 900 mil quilômetros quadrados, e temos apenas a Universidade Federal, com sede em Cuiabá. Então, a criação de mais essa universidade, com autonomia, em Rondonópolis, sem dúvida nenhuma, será muito importante para promover o desenvolvimento naquela região sudeste.

    Mas a nossa luta no futuro será ainda, dada a dimensão do Estado do Mato Grosso, de criar a universidade federal da cidade de Sinop, na região norte de Mato Grosso. Inclusive estamos também agora - eu falava do processo eleitoral, e hoje saiu a pesquisa de Sinop, e a Vice-Prefeita, do nosso Partido, a Rosana Martinelli, está em primeiro lugar, com mais do que o dobro do segundo e do terceiro colocado. O Ibope apresenta a Vice-Prefeita, candidata a prefeita, com mais de 50% da intenção dos votos. E ela também tem lutado muito, esteve aqui comigo em várias audiências, na questão não só da criação da universidade do "nortão" de Mato Grosso como também do aeroporto da cidade de Sinop -, nós estamos trabalhando inclusive a concessão do aeroporto, porque Sinop é uma cidade moderna, é uma das cidades que mais se desenvolve no Brasil hoje.

    Assim como também no futuro vamos lutar, e já há um projeto de minha autoria, para a criação da universidade do Araguaia, com sede em Barra do Garças, que contempla também não só o Araguaia como também o Pará e parte de Goiás. Ou seja, essa região, sim, é uma região de nova fronteira agrícola e que também tem condições de expandir muito a produção. Por isso, a gente tem lutado tanto na questão da infraestrutura e, claro, da educação. Lá já temos o Instituto Federal de Educação Tecnológica. Aliás, Mato Grosso hoje tem 19 Institutos Federais de Educação Tecnológica, e V. Exª sabe a importância que representa também o ensino profissionalizante no Brasil.

    Então, eu quero aqui agradecer, mas cobrar o convite de V. Exª na cidade de Rondonópolis, para que V. Exª possa inclusive fazer uma palestra para os professores sobre como conduzir uma nova universidade, já que V. Exª foi reitor da nossa querida Universidade de Brasília (UnB), onde eu tive a oportunidade de ver os meus dois filhos se formando, nessa universidade tradicional do Brasil. E essa universidade deve muito a V. Exª, com a sua capacidade de gestão frente àquela universidade.

    O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Senador, primeiro, meus cumprimentos pelo seu discurso muito vinculado ao que um Senador precisa fazer, que é a sua região. Quero dizer que o senhor tem um público muito especial aqui. São alunos do ensino fundamental do Colégio Santa Dorotéia, que estão atentos ali vendo o nosso trabalho. Depois, tentar trazer o senhor para uma coisa e falar depois do Sarah.

    Eu tenho insistido com o Governador Pedro Taques, embora faça meses que não falo com ele. Nessa última semana, estive em 16 cidades do Paraná falando para um público que vive da riqueza da soja, lembrando para eles que já tivemos riquezas muito grandes em outras regiões de outros produtos, que de repente foram embora. A última dessas riquezas foi no Norte do Brasil, em Belém, em Manaus, que foram cidades riquíssimas graças à seringueira. Um dia levaram a seringueira para a Malásia e aquela região ficou pobre. Não vai demorar, é questão de uma, duas, três décadas para que a China, que é a grande compradora da nossa soja, passe a fabricar na África. Inclusive, provavelmente, com empresários brasileiros. Aí a região vai sofrer.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) - Nós já temos empresários de Mato Grosso lá, que foram convidados, inclusive, Sr. Presidente, com todo o financiamento, com equipamento doado pelo governo africano, para que empresários mato-grossenses possam produzir soja lá.

    O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Na metade do caminho para a China, se for a África oriental.

    Pois bem. É preciso se preparar para o pós-soja, o pós-agronegócio, como São Paulo fez. São Paulo foi a única região que teve o auge do café. Quando o café caiu, eles se industrializaram. Acho que é difícil industrializar outras regiões fora de São Paulo para a metalmecânica, mas tem um campo aberto para a alta tecnologia. Tem de transformar Mato Grosso numa espécie de Silicon Valley, como na Califórnia. Vocês têm, como citou há pouco, os institutos de tecnologia. No Paraná, eles têm institutos - e fico até feliz, porque foi quando fui Ministro - que foram transformados em institutos de nível superior e que hoje estão produzindo. Os empresários do agronegócio têm de começar a colocar dinheiro para financiar jovens brilhantes no que se chama hoje de startups, um pequeno grupo de três jovens que se sentam à frente do computador e começam a inventar um novo equipamento de tirar pressão, por exemplo, ou até na área de biologia, para pesquisar remédios. Tem de fazer isso, Senador. O senhor, como representante do Mato Grosso, precisa ficar atento, olhar anos à frente e começar a se preparar para o pós-agronegócio.

    Dito isso, eu quero dizer que, na sua campanha municipal, tome cuidado para não repetir o acidente que teve com o touro. Não sei se vou cometer uma indiscrição, mas o Senhor contou que foi uma espécie de acidente de político, o senhor foi cumprimentar o público que estava nas arquibancadas e esqueceu que o touro era da oposição. (Risos.)

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) - Exatamente.

    O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - E o touro obrigou o senhor a ficar meses se tratando.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) - Foi a oposição que soltou o touro.

    O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Felizmente, havia o Sarah.

    Hoje nós prestamos uma bela homenagem aqui a diversas pessoas que trabalham com portadores de deficiência, especialmente ao Dr. Aloysio Campos da Paz e à Drª Lúcia, que o substituiu depois do falecimento dele. Foi uma homenagem muito tocante. Fico feliz que o senhor tenha trazido isso à lembrança.

    Dito isso, Senador, só me resta...

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) - Sr. Presidente, corroborando com o que V. Exª colocava, essa audiência que tivemos no Ministério da Indústria e Comércio foi exatamente nesse sentido. O Prefeito Neurilan...

(Soa a campainha.)

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) - ...levava exatamente o que V. Exª coloca, porque ele é de uma região garimpeira, de garimpo de diamantes, que se exauriu. Então, ficou hoje uma região muito carente exatamente porque não se encontrou alternativa. A mesma coisa será com o Estado de Mato Grosso se a gente não buscar uma alternativa, como V. Exª sugere. Aí é o papel do Ministério da Indústria e Comércio.

    Amanhã estaremos inclusive indo para Sinop, junto com o Ministro da Agricultura, com a Federação da Agricultura, o pessoal da Aprosoja, o Presidente Endrigo, onde teremos um grande evento.

    Em Sinop, hoje também há instalada a unidade mais moderna da Embrapa, com toda a capacidade de pesquisa. Isso é fundamental e é para onde precisamos direcionar, principalmente, os recursos das nossas emendas parlamentares. Nesse aspecto, estou trabalhando muito com a questão da Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste), que foi muito importante para o Centro-Oeste, depois foi extinta e agora, recriada. Ela tem essa fundamental importância de promover exatamente isso, através dos recursos do FDCO, do FCO, com mais contrapartida que podemos colocar.

    Eu, como Relator da LDO, já coloquei e estão previstos R$50 milhões que queremos investir no Estado de Mato Grosso. Inclusive, outros Parlamentares, como V. Exª, com certeza, alocarão recursos para que Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul também tenham esses recursos, para, quem sabe, até criarmos um programa regional, porque todo Município divide um com o outro, todo Estado divide um com o outro, ou seja, problema de iguais é também problema de Mato Grosso, a solução de Goiás também é solução de Mato Grosso, assim como a solução de Brasília é a solução para o Brasil inteiro.

    Então, acho que é esse o aspecto que eu espero e vou contar com V. Exª para que façamos a universidade federal de Rondonópolis, uma universidade moderna, que venha ao encontro da sociedade para promover exatamente o desenvolvimento, não só o ensino, mas também a pesquisa, a extensão e tudo isso que V. Exª tem muita experiência para nos ajudar em Mato Grosso. Então, a cobrança é pública e faremos aqui de forma reiterada para que V. Exª esteja presente, não uma vez, quem sabe, várias vezes, para contribuir com a nossa universidade.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/09/2016 - Página 26