Discurso durante a 146ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação com os resultados do PSDB no pleito eleitoral de 2016.

Autor
José Aníbal (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SP)
Nome completo: José Aníbal Peres de Pontes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Satisfação com os resultados do PSDB no pleito eleitoral de 2016.
Aparteantes
Cristovam Buarque, José Agripino.
Publicação
Publicação no DSF de 05/10/2016 - Página 29
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • COMENTARIO, RESULTADO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ELEIÇÃO MUNICIPAL, IMPORTANCIA, CONFIANÇA, POPULAÇÃO, DEMOCRACIA, PAIS, EXPECTATIVA, EFICIENCIA, GOVERNO, MELHORIA, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, DISTRIBUIÇÃO DE RENDA, REDUÇÃO, DESEMPREGO, LIMITAÇÃO, GASTOS PUBLICOS, CONTROLE, INFLAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, CRITICA, GESTÃO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MOTIVO, CORRUPÇÃO, DEPREDAÇÃO, FINANÇAS PUBLICAS, CRISE, ECONOMIA NACIONAL.

    O SR. JOSÉ ANÍBAL (Bloco Social Democrata/PSDB - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o número de partidos políticos no Brasil é tão elevado que o Senador Otto Alencar, que acaba de se pronunciar desta tribuna, querendo falar dos Municípios onde o Partido dele teve candidato, referiu-se à quantidade de partidos. Ele queria falar 162 Municípios e disse 162 partidos, porque são tantos que, quando se pensa em número, pensa-se em número de partidos no Brasil.

    Ele tem toda razão nas propostas que fez aqui, e eu vou abordar isso rapidamente logo em seguida.

    Sr. Presidente, neste domingo, o Brasil retomou para si o direito à esperança, o que é importante. Sem ela não se pode viver. Com coragem, com decisão e, principalmente, com discernimento, o brasileiro derrotou o populismo rancoroso e divisionista do PT e seus satélites, mas não só.

    S. Exª o povo, como dizia o saudoso Deputado Ulysses Guimarães, ao hipotecar novamente a sua confiança na democracia, mandou às favas o cínico discurso do golpe e reencaminhou seus portadores para o cercadinho ideológico em que habitam as expressões mais extremadas, mais equivocadas e mais exóticas do espectro político.

    Os eleitores pragmaticamente confirmaram os mandatos daqueles prefeitos que vinham desempenhando bem o seu papel na gestão de nossas cidades e deram um aviso cristalino à classe política.

    Aqui eu queria destacar a eleição em primeiro turno do Prefeito Firmino Filho, de Teresina, que é jovem e pela quarta vez eleito Prefeito de Teresina, e também do João Doria, Prefeito da capital de São Paulo. Queria dizer também que o PSDB está disputando o segundo turno em oito outras capitais do Brasil, envolvendo a do meu Estado de origem, Rondônia. E dizer também que, em São Paulo, foram eleitos em primeiro turno os candidatos do PSDB em Santos, à reeleição, em São José dos Campos, em Piracicaba, em Campinas - PSB coligado com PSDB - e em Marília, onde um grupo político que hegemonizava o poder no Município há 34 anos finalmente foi deslocado do poder com a vitória do nosso candidato.

    Na realidade, essas eleições deixaram claro, Sr. Presidente, que o povo quer um governo eficiente, que melhore a vida das pessoas, que não diga "sim" ao que não vai fazer e que seja capaz de dizer "não" quando realmente não pode fazer, que distribua renda ou que contribua para a distribuição de renda através de uma ação indutora da administração, da gestão municipal, mas que se livre e livre a gestão do patrimonialismo, do corporativismo, da incompetência e da corrupção.

    Os eleitores não deixaram de rejeitar os portadores de uma agenda cultural e de costumes que, longe de ser um avanço, é muito mais a contraface radical do reacionarismo mais tacanho. O povo demonstrou grande maturidade. Cabe a nós, como representantes, dar consequência prática ao desejo de mudança.

    É preciso tocarmos com rapidez as reformas de que o Brasil precisa e que são indispensáveis para sairmos da situação que o Senador Otto Alencar caracterizou muito bem aqui: desemprego, falta de expectativa quanto à mudança, mas desejo de que ela aconteça. Os desempregados não podem esperar. As famílias que estão perdendo renda para a inflação também não podem esperar. As finanças públicas destroçadas também não podem esperar. Esse é o sentido de urgência da nossa ação. Temos agora essa mudança na Constituição estabelecendo teto para gastos públicos. É um avanço, mas é preciso ir além.

    Nós tivemos hoje, aqui, Sr. Presidente, o Presidente do Banco Central, que com muita propriedade distribuiu um documento da Diretoria do Banco Central, dizendo que é fundamental criar as condições para o crescimento em bases sustentáveis.

    O Brasil não aguenta mais aquilo que lhe dão com uma mão pequena e lhe retiram com uma mão grande. A ex-Presidente, com uma mão pequena, deu vários benefícios, inclusive na conta de luz, e logo depois os tirou com a mão grande, impondo um aumento de mais de 50% na mesma conta de luz; criou programas para os quais sabia que não havia recursos necessários a sustentá-los, pelo menos na forma como propuseram. Agora esses programas retrocedem, porque o recurso carece.

    Esse tipo de gestão oportunista, populista, demagógica levou a esta situação em que nós estamos hoje. Isso não caiu do céu. Isso foi resultado de gestão temerária, incompetente, pela qual nós estamos pagando e vamos continuar pagando.

    O que é extraordinário é que aqueles poucos que ainda os defendem, como hoje na CAE: “Não, nada está melhorando. As coisas não se resolvem”. Mas é claro! O que eles deixaram foi uma devastação nos fundos de pensão, nas empresas totalmente depredadas por má gestão e corrupção e nas contas públicas.

    Vamos trabalhar duro! Já estamos trabalhando! Algumas coisas já foram feitas. É preciso fazer mais, com mais sentido de urgência, para que a gente possa, já no início do ano que vem, ver um ambiente diverso que vá apontando na direção da retomada do crescimento. O tombo foi muito forte, foi muito grande e a população mostrou claramente o repúdio àqueles que nos levaram a esta situação.

    No Estado de São Paulo, o PT perdeu praticamente todas as cidades que administrava, pelo menos as mais importantes. São Bernardo, já perdeu, São Paulo, já perdeu, São José dos Campos, já perdeu, várias outras, ainda vão perder, Santo André... Enfim, o PT está reduzido a uma expressão marginal em São Paulo, mas também é assim no Brasil. Enquanto nós crescemos 25,1% do ponto de vista de eleitores, Sr. Presidente, o PT perdeu 60,9% dos seus eleitores, caiu de 17,5 milhões para 6,8 milhões. Isso é uma debacle que testemunha, mais do que qualquer conversa ou reflexão, a repulsa do povo brasileiro a um Partido que nos mergulhou em uma situação que permanece grave. Não vamos nos iludir. E é importante acentuar que isso é resultado da gestão desastrosa, ruinosa e corrupta. E os eleitores deram o recado aos eleitos. Eles querem gestões transparentes, eficientes, mas com acento fundamental na promoção da igualdade, na melhoria de condição de vida, na atenção à saúde, aos idosos, aos jovens, na criação de oportunidades.

    O eleitor brasileiro está muito atento, e o Senador Cristovam Buarque sabe disso, o Senador Agripino, também, assim como o Senador Raimundo Lira. Os brasileiros estão muito atentos. Eles têm disposição de esperar, desde que sintam que nós estamos fazendo a nossa parte. E têm disposição de dar crédito aos novos eleitos, desde que vejam as suas boas intenções.

    O Brasil deu uma demonstração forte de compromisso com a democracia. As tendências mais radicais, mais descomprometidas com a democracia foram rejeitadas. Propostas conservadoras também não progrediram. Então, é preciso que todo esse recado das urnas esteja presente em nós.

    O Parlamento não pode se autonomizar com relação ao que está sendo manifestado pela sociedade. Ao contrário, ele tem que se comprometer cada vez mais com aquilo que está sendo dito pela sociedade não só nas urnas, como no cotidiano em que, com grandes dificuldades, os brasileiros esperam que nós façamos a nossa parte para que o Brasil possa melhorar o quanto antes.

    O Presidente do Banco Central hoje deixou claro, a todo o momento, um forte compromisso em segurar a inflação, que é o pior dos impostos para os trabalhadores, e, dentro das condições que estão sendo criadas com indicações aqui e acolá, começar um processo de redução da taxa de juros dentro daquilo que for considerado suportável, afinal esse Partido e essa Presidente que foi recentemente destituída brincaram com a inflação. A inflação é como o alcoolismo: você o combate todos os dias, mas, se der algum gole, ele toma gosto e volta. Você não pode dar gole nenhum. Ao contrário, você tem que manter a abstinência, fazer as coisas certas, organizar as contas públicas e fazer programas que sejam sustentáveis e que atendam principalmente àqueles que mais precisam da ação do Governo, e não programas sustentáveis para acobertar má gestão e corrupção. Isso o Brasil não tolera mais. E viva a democracia tão presente nessas eleições de dois dias.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Senador, um minuto.

    O SR. JOSÉ ANÍBAL (Bloco Social Democrata/PSDB - SP) - Senador Cristovam.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Permite um aparte?

    O SR. JOSÉ ANÍBAL (Bloco Social Democrata/PSDB - SP) - Pois não.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Primeiro eu quero dizer que é pior do que o alcoolismo. O alcoolismo afeta o fígado e o cérebro. A inflação afeta todo o organismo social.

    O SR. JOSÉ ANÍBAL (Bloco Social Democrata/PSDB - SP) - É verdade.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - Todo! A economia e as relações entre as pessoas, tudo. Por isso é preciso barrar a maior das mentiras e das corrupções...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - ... a corrupção da inflação, que rouba todo o mês um pedaço do dinheiro, e a mentira ao dizer que é possível gastar mais do que se arrecada. Tem dois mais dois, mas a gente gasta cinco. E a maneira de dizer é que a gente gasta cinco, mas só vale quatro. E as pessoas pensam que estão com cinco. Bem, esse é o primeiro. Segundo, eu quero lhe dizer que o senhor tem razão em sua análise e que, para mim, não foi apenas a corrupção que derrotou o Partido dos Trabalhadores. Foi a corrupção, foi o acomodamento, foi a arrogância, foi não ouvir tantos alertas que fizemos aqui de que isso ia acontecer, foi o fato de o aparelhamento, que não é exatamente igual à corrupção, ser o que leva à corrupção, mas também tem uma característica intrínseca: é o fato de achar que o que interessa é o Estado, e não o público; não perceber a evolução em marcha do mundo, com a robótica, com a globalização; e que, para ser progressista, é preciso estar em sintonia com o espírito do tempo. Ninguém pode se dizer progressista de esquerda se está pensando em meados do século passado. Tudo isso junto é que provocou, domingo, um golpe eleitoral. O PT fala tanto em golpe parlamentar... Eu acho que eles deveriam dizer que receberam um golpe eleitoral. Os dois dentro da Constituição, perfeitamente dentro da Constituição. Não estou assumindo o título de golpista ou dizendo que foi golpe, mas foi um golpe eleitoral, se eles chamam o outro de golpe parlamentar. E, aí, vem uma coisa grave: ainda não pediram desculpas, ainda não reconheceram os erros. A impressão que passam é que, do mesmo jeito que mais de dois terços dos Parlamentares votaram pelo impeachment, e dois terços é que estão errados, não o Governo...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) - ... a ideia agora é que os eleitores estão errados, e não o comportamento de um governo ao longo de 13 anos - 13% de um século, mais de 10%, 11% ou 12% de toda a história da República. E não há um reconhecimento dos erros, não há uma autocrítica e nem há, ao mesmo tempo, um pedido de desculpas pelos erros cometidos, pelas omissões. Só que, dito isso, Senador, creio que precisamos começar a pensar em como trazer uma proposta progressista nova. Aquela foi enterrada. E não foi só a do PT, não; também a de todos nós que nos consideramos de esquerda - se for a esquerda velha, eu fico à vontade, porque sempre fui crítico dela - foi enterrada. Está na hora de trazermos uma coisa nova, e não creio que venha por dentro do PT. Não creio muito na ideia de vir por dentro, a não ser daqui a 20 ou 30 anos. Tem que ser alguma coisa de fora que possa reaglutinar as pessoas na busca de um projeto alternativo para o Brasil.

    O SR. JOSÉ ANÍBAL (Bloco Social Democrata/PSDB - SP) - Muito bom.

    Muito obrigado, Senador Cristovam.

    O Sr. José Agripino (Bloco Social Democrata/DEM - RN) - Permite-me um aparte também, Senador.

    O SR. JOSÉ ANÍBAL (Bloco Social Democrata/PSDB - SP) - Como sempre, mais esclarecedor do que eu próprio.

    Senador José Agripino.

    O Sr. José Agripino (Bloco Social Democrata/DEM - RN) - Senador José Aníbal, é muito oportuno seu pronunciamento, abrangente e tópico, em cima do fato. Eu gostaria de, sem me alongar muito, fazer duas considerações. Primeira: V. Exª falou da perda de 60% dos votos ou das prefeituras do PT. É preciso que se avalie o seguinte: alguns partidos cresceram. O partido de V. Exª cresceu, o meu partido cresceu. Por enquanto, 8% em matéria de votos comandados por prefeituras do Democratas, mas, com o segundo turno, isso vai crescer, vai passar de 8%. Mas o fato é que o PT perdeu 60%. Foram 60% de adeptos do PT que deixaram de votar no PT. Perdeu do próprio eleitorado, que se mudou; mudou para outras siglas. O Senador Cristovam fala sobre o novo modelo. Esse modelo vai ser construído. Agora, o eleitor falou agora... Senador José Aníbal, o seu Estado - e eu estive na Paulista mais de uma vez - fez as maiores concentrações dessa recente manifestação contra o governo do PT. A maior multidão foi a do dia 2. Foram três milhões de votos dados ao candidato contra o PT, que foi derrotado logo no primeiro turno, um fato inédito. A maior multidão falou no voto. Foi a maior multidão, junta, que se manifestou claramente por ideias e por posturas e que deu uma demonstração ao Brasil do que não quer. Pode até ser que acerte ou que não acerte no que quer...

(Soa a campainha.)

    O Sr. José Agripino (Bloco Social Democrata/DEM - RN) - ... mas o que não quer já mostrou claramente. Então, o fato que V. Exª coloca é que essa tese do golpe faleceu no dia 2 de outubro. Ela faleceu! Que não se fale mais em tese de golpe. Ela foi referendada. A tese foi rejeitada pelo voto. Não houve golpe, houve preferência. A população do Brasil manifestou-se claramente a favor da substituição do governo. Não houve golpe, houve substituição movida pelos ditames constitucionais, e o povo acabou de referendar - acabou de referendar! - aquilo que nós fizemos neste plenário. E que nunca mais se fale em uma tese que faleceu no dia 2: a tese do golpe pregada pelo PT, que não tem o que dizer.

    O SR. JOSÉ ANÍBAL (Bloco Social Democrata/PSDB - SP) - Muito obrigado, Senador José Agripino.

    Eu queria, Sr. Presidente, para terminar, dizer que nós vemos, numa conversa que começou com o discurso do Senador Otto Alencar, com o aparte do Senador Raimundo Lira, agora com a minha fala, o Senador Cristovam, Senador José Agripino...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ ANÍBAL (Bloco Social Democrata/PSDB - SP) - ... que há um bom ambiente para conversa. Nós não podemos travar a conversa. Nós não podemos - muito menos - criminalizar, dificultar. Agora, é conversar e tentar essa sintonia cada vez mais apurada com a sociedade brasileira. O Brasil precisa disso, e nós precisamos disso como representantes da população.

    Muito obrigado pelos apartes e pela oportunidade.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/10/2016 - Página 29