Discurso durante a 154ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento do Senhor Antônio Sobral, engenheiro civil de Teresina.

Comemoração do Dia Nacional do Piauí, celebrado em 19 de outubro, e defesa da importância de maior atenção ao estado por parte do Governo Federal, a fim de desenvolvê-lo.

Autor
Elmano Férrer (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/PI)
Nome completo: Elmano Férrer de Almeida
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo falecimento do Senhor Antônio Sobral, engenheiro civil de Teresina.
HOMENAGEM:
  • Comemoração do Dia Nacional do Piauí, celebrado em 19 de outubro, e defesa da importância de maior atenção ao estado por parte do Governo Federal, a fim de desenvolvê-lo.
Publicação
Publicação no DSF de 20/10/2016 - Página 73
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, EMPRESARIO, INDUSTRIA, CONSTRUÇÃO CIVIL, TERESINA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), ENCAMINHAMENTO, VOTO DE PESAR, APRESENTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.
  • COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, ESTADO DO PIAUI (PI), DEFESA, IMPORTANCIA, GOVERNO FEDERAL, AMPLIAÇÃO, ATENÇÃO, REFERENCIA, ENTE FEDERADO, OBJETIVO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

    O SR. ELMANO FÉRRER (Bloco Moderador/PTB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente, queria comunicar à Casa que requeri oficialmente uma homenagem de pesar pelo falecimento de um grande amigo, o Engenheiro Civil Antônio Sobral, que ontem, tragicamente, sofreu um acidente e veio a falecer aos 69 anos de idade.

    É um excelente profissional, empresário da indústria da construção civil. Prestou relevantes serviços a Teresina, quando éramos prefeito da cidade, oportunidade em que foi Superintendente do Desenvolvimento Urbano da Região Sul da cidade de Teresina, e também como profissional e empresário da indústria da construção civil.

    Nesse requerimento de homenagem que solicitamos à Casa oficialmente, prestamos, nessa oportunidade, uma homenagem à sua digníssima esposa, a Srª Neide Sobral, aos seus filhos, André, Luiz Cláudio, Luiz Sérgio, Sobral Filho, e à sua filha querida, Juliana. Então, a todos o nosso reconhecimento e nosso preito de gratidão a tudo que ele representou no Estado e na cidade de Teresina.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje é o dia consagrado ao Estado do Piauí. O dia de hoje, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é marcado por profundo simbolismo para o nosso querido Estado do Piauí. Acompanhando a emancipação do Brasil, a Câmara Provincial de Parnaíba declarou, em 19 de outubro de 1822, a sua independência da Coroa Portuguesa.

    Esse grito de liberdade não veio sem luta. Os eventos que sucederam àquele 19 de outubro culminaram na mais sangrenta batalha da história do Piauí – a Batalha do Jenipapo –, em 13 de março de 1823. Foi um marco da resistência heroica dos piauienses, maranhenses e cearenses contra as tropas portuguesas, às margens do Riacho Jenipapo, na vila de Campo Maior.

    A história do Piauí, entretanto, é muito mais que isso. O Dia do Piauí é o dia do berço do homem americano, com os vestígios de sua presença há mais de 50 mil anos, na Serra da Capivara. Nossa história passa por séculos de ocupação indígena, dizimada pela colonização portuguesa, que culmina em um processo de desbravamento sui generis.

    Diferente dos demais Estados brasileiros, ocupados a partir do litoral, de suas praias, a ocupação do Piauí deu-se do interior para o litoral.

    A partir do século XVII, fazendas de gado se espalharam pelo Sertão nordestino, e, assim, os portugueses oriundos da Bahia e de Pernambuco chegaram ao Sertão piauiense.

    Essa colonização às avessas foi determinante para que, nos séculos seguintes, o Piauí enfrentasse dificuldades mais agudas que seus vizinhos em seu desenvolvimento econômico.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o festivo Dia do Piauí, celebrado hoje, serve para homenagear nosso povo acolhedor, ordeiro e trabalhador, mas é também uma boa oportunidade para refletirmos sobre nossas carências e anseios, para pensarmos nosso futuro.

    Infelizmente, o Piauí ainda não alcançou sua plena emancipação social e econômica. Apesar dos avanços nas últimas décadas, os índices de desenvolvimento do Estado continuam abaixo dos da maioria dos Estados da Federação.

    Frequentemente ouvimos referências ao potencial de crescimento do Piauí. Para cada uma delas, podemos lamentar uma triste constatação.

    "O Piauí tem um verdadeiro mar de água doce em seu subsolo!" – mas uma imensa parcela de sua população continua refém das operações carros-pipa a cada período de estiagem. Hoje, 57% dos Municípios do meu Estado, que compreende 128 cidades, já se encontram em situação de emergência por causa da seca.

    "O potencial turístico do litoral piauiense é imenso, temos o Delta do Parnaíba e lindas praias na conhecida rota das emoções!" – mas nossa rede hoteleira ainda é modesta e o esgotamento sanitário, abastecimento de água e de energia ainda são precários.

    "Temos alguns dos sítios arqueológicos mais importantes do mundo!" – e não dispomos de recursos sequer para vigilância e manutenção de seus parques.

    "O Piauí é a última fronteira agrícola do Brasil!" – mas nossa produtividade no agronegócio poderia ser muito maior se dispuséssemos das condições adequadas de infraestrutura.

    "Somos abençoados com o maior potencial de geração de energia eólica e solar da Federação!" – e continuamos com investimentos pífios em fontes renováveis de energia.

    "A mineração no Estado do Piauí é o futuro!" – e pouquíssimos investimentos públicos e privados estão em curso para explorar nossas abundantes riquezas minerais.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o povo piauiense está cansado de esperar! Chega de sermos uma eterna promessa de desenvolvimento, basta deste amanhã que nunca chega. Já é hora de transformarmos nosso potencial em riqueza efetiva, em qualidade de vida, em oportunidades de trabalho, em bem-estar social!

    Até algumas décadas atrás nosso Estado era refém da sua vocação para a agricultura e a pecuária de subsistência. Mas isto mudou. Hoje temos novas vocações em desenvolvimento nas áreas industrial, tecnológica, agrícola. Somos um polo respeitável em saúde. Temos um dos melhores sistemas de ensino do País, como mostram os resultados do Enem, em que nossas escolas sempre ocuparam posição de destaque no âmbito nacional.

    Mas o Piauí precisa de muito mais. Precisa, sobretudo, de uma maior atenção por parte do Governo Federal.

    Há muitos anos repito: o Brasil tem uma dívida histórica com o Piauí. Nosso Estado tem ficado à margem dos grandes investimentos em infraestrutura no nosso País.

    Sr. Presidente, precisamos de mais estradas e ferrovias para escoar nossa produção. Somos o único Estado banhado pelo mar que não dispõe de um porto. E a construção do nosso porto de Luís Correia transformou-se em uma novela que se arrasta há décadas! Nossos sete aeroportos regionais continuam como uma promessa.

    Precisamos de maciços investimentos em saneamento e abastecimento de água. Hoje Teresina é a 23ª capital do Brasil em esgotamento sanitário, apenas cerca de 20% de suas residências são atendidas. No interior do Estado, a situação é ainda pior: dos 224 Municípios piauienses, 204 não possuem rede de esgotamento sanitário!

    Os números falam por si só. Em todo o Piauí, a rede de esgoto alcança somente 9,5% da população. As perdas nos sistemas de distribuição de água, por incrível que pareça, chegam a mais de 50%!

    Nossa rede de distribuição da energia elétrica é ineficiente e deficitária, e, muitas vezes, tem sido o maior empecilho à instalação de novas indústrias.

    Necessitamos de mais recursos para as nossas instituições de ensino básico e superior e para a ampliação e qualificação da nossa rede de saúde pública.

    Lamentavelmente, tantas mazelas são o resultado do esquecimento a que sempre fomos relegados. O reflexo direto desse esquecimento é a grande quantidade de Municípios no Estado com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) muito abaixo da média nacional.

    A verdade, Sr. Presidente, é que os investimentos no Brasil, ao longo dos últimos anos, não foram pautados levando-se em conta o IDH dos Estados e Municípios. E este deveria ser um critério preponderante na definição e no planejamento das políticas públicas, pois seria um caminho na direção do equilíbrio entre os entes federativos, do combate às desigualdades de nosso País e da promoção da justiça social.

    Sr. Presidente, temos envidado esforços junto ao Governo Federal na busca de apoio a diversas ações que trarão dignidade, segurança e qualidade de vida ao povo piauiense. É o caso, por exemplo, da proposta de implantação da Adutora do Sertão, que livrará 51 Municípios do Semiárido piauiense da dependência de carros-pipa, levando água de excepcional qualidade a 600 mil piauienses sedentos de justiça social. Uma vez implantada, esta adutora representará o fim do problema secular da seca no nosso Sertão, e estaremos diante do resgate da dívida histórica do Brasil para com o nosso Estado.

    Sr. Presidente, o maior patrimônio de uma nação é o bem-estar do seu povo. E o povo piauiense precisa do apoio decisivo do Poder Público para superar as barreiras ao seu desenvolvimento e, enfim, cumprir seu destino de explorar seu imenso potencial de crescimento.

    Eram essas, Sr. Presidente, as palavras que gostaríamos de fazer na noite de hoje.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/10/2016 - Página 73