Discurso durante a 155ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Pesar pela morte do Padre paranaense João Paulo Nolli, aos 35 anos, vítima de latrocínio, em Rondonópoilis (MT).

Críticas à postura do PT ao debater as ações propostas pelo Governo Federal.

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pela morte do Padre paranaense João Paulo Nolli, aos 35 anos, vítima de latrocínio, em Rondonópoilis (MT).
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas à postura do PT ao debater as ações propostas pelo Governo Federal.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Gleisi Hoffmann.
Publicação
Publicação no DSF de 21/10/2016 - Página 22
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, SACERDOTE, LOCAL, RONDONOPOLIS (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), VITIMA, LATROCINIO, ELOGIO, VIDA PUBLICA.
  • CRITICA, DESTINATARIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MOTIVO, OPOSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente e todos que nos acompanham, primeiro quero fazer um registro aqui: há 12 dias um crime chocou a cidade de Rondonópolis, no Estado de Mato Grosso.

    Estou falando, Sr. Presidente, da morte prematura do Pe. João Paulo Nolli, que, aos 35 anos, foi vítima de latrocínio, sendo estrangulado por seus algozes. No dia do assassinato do padre, eu liguei pessoalmente ao Governador Pedro Taques relatando o ocorrido e ressaltando que, infelizmente, nossa cidade estava sendo vítima de violência, algo sem precedentes na história da pacata cidade de apenas 200 mil habitantes, Sr. Presidente.

    O Governador também se sensibilizou com a trágica notícia, colocou-se à disposição e deslocou um verdadeiro aparato policial para a cidade de Rondonópolis, inclusive o Secretário de Segurança Pública, Rogers Elizandro Jarbas, que esteve na cidade. E nós esperamos a total elucidação dessa barbaridade e que os assassinos paguem por esse crime. A morte do Pe. João Paulo não pode ficar impune.

    Sr. Presidente, o sacerdote usufruía de uma enorme admiração e de um carisma inigualável por parte de seus seguidores, principalmente por seu trabalho em prol dos mais necessitados. Ele era exemplo de apoio moral e de fé, homem de obras e de caridade. E morre no ano em que a igreja, por intermédio do Papa Francisco, declara 2016 como o Ano da Misericórdia.

    Sr. Presidente, quem de nós, rondonopolitanos, não encontrou no Pe. João Paulo uma palavra de consolo, conforto e esperança? Foi simplesmente um grande amigo de todos e de cada um dos que se achegavam a ele. Eu mesmo, sempre que podia, estava debatendo os grandes temas da humanidade com ele, pois era um grande estudioso e conhecedor da palavra.

    Portanto, em memória desse grande homem, que entra para a história rondonopolitana, quero deixar registrada uma emblemática frase do Pe. João Paulo, para que também seja eternizada por este Senado da República: "Não tenho medo, porque eu estou com vocês. A fé não nos poupa dos problemas, mas ela nos deixa de pé. Tenhamos fé. Não há nada neste mundo que não passe. Deus tem coisas reservadas para nós. Enquanto isso, lutemos".

    Por fim, Sr. Presidente, minha homenagem pessoal a esse brioso servo de Deus e a sua família, que hoje vive a dor da perda. E para tanto, usando um trecho da carta de Paulo a Timóteo: "Combati o bom combate. Terminei a minha carreira. Guardei a fé. Desde já me está reservada a coroa da justiça, que me dará o Senhor, justo Juiz naquele dia, e não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua aparição."

    Ele, paranaense, Senador Dário, foi para Rondonópolis. As missas do Pe. João Paulo, quando tinham pouca gente, tinham cinco mil pessoas. E, infelizmente, jovem ainda, aos 35 anos, os ladrões acabaram estrangulando e matando o padre.

    E para não deixar barato, ainda no outro dia, outra turma fez um arrastão na cidade, assaltou uma agência bancária. Esses tiveram menos sorte, porque se depararam com a polícia e acabaram morrendo sete de uma vez, seis ou sete. Enfim, é esse o quadro de violência com que infelizmente nós às vezes nos deparamos.

    Sr. Presidente, quero falar de outro tema agora, mas não tenho como não falar também sobre o que falamos aqui há pouco, que é sobre essas reformas todas que estão chegando. Nosso País chegou a um ponto... E aí não vamos culpar. Às vezes as pessoas acham que vamos transformar o PT em Geni – em que pese que, quando é preciso jogar pedra, a gente joga –, mas o certo é que o Brasil está num momento de quebradeira geral. Os Municípios estão arrebentados; os Estados, boa parte não está pagando folhas; e por aí vai. E a União, muito menos.

    Então, essa discussão neste momento, de quem é o culpado, é o de menos. Eu, por exemplo, se perguntarem para mim, eu falo que é o PT e o governo do PT e os outros partidos. Se perguntarem para o PT, provavelmente vai falar que é a economia mundial, e por aí vai. Mas o certo é que nós precisamos sair dessa encruzilhada.

    E vamos fazer o quê? A Senadora Gleisi, agora há pouco, disse que o Banco Central errou em cortar os juros. E essa é uma discussão que vem desde a época do nosso saudoso Presidente José Alencar, que pedia para que cortassem os juros, que abaixassem os juros. E ele morreu dizendo isso. Na cama do hospital, ele pedia para cortar juros, para baixar os juros.

    Eu não tenho dúvida de que isso é pernicioso, porque, se pensarmos que boa parte dos nossos recursos vão todos para pagar juros, então isso é, realmente, uma perniciosidade. Se nós pensarmos que, juntando todos os recursos que foram passados para investimentos, o valor não chega nem perto do que se gastou só com o swap, no ano passado, essa também é uma realidade que nos faz refletir.

    Agora, o que fazer? E essa pergunta não é minha. Tenho de fazer justiça a ele, que está sentado aqui, o Senador Cristovam. Ele sempre pergunta: "Mas o que fazer? O que vocês vão pôr no lugar?"

    Nós estávamos esses dias num debate com dois militantes na CAE, a Profª Laura e o Prof. Jessé. Eles faziam um proselitismo terrível, como se este Governo estivesse acabando com o País por causa da Proposta de Emenda à Constituição nº 241. E a pergunta simples e provocadora que o Senador Cristovam fez foi: "E o que vocês sugerem?" Não sugeriram nada.

    Então, às vezes, a postura de simplesmente criticar, de simplesmente ser estilingue, é o que critico. Eu não tenho feito tanta crítica em relação à corrupção do PT, do governo do PT, mas tenho criticado essa vocação natural para estilingue e para choradeira geral quando estavam de vidraça. Se respingava um negócio, era uma choradeira tremenda, diziam que eram vítimas. É uma facilidade de se vitimizar, de fazer o papel de coitado e de, ao mesmo tempo, ser draconiano com os outros, que é uma coisa de louco.

    Hoje mesmo um professor da minha cidade colocou assim... Alguém citou, disse que citaram o Senador Aloysio, e ele colocou a foto do Senador Aloysio, como se ele já estivesse condenado, e colocou assim: "mentor do Senador José Medeiros". Não vou entrar nesse mérito. Mas como é que ele esquece que boa parte do Partido está presa? E eu nunca fui acusar, nunca fui colocar no meu Facebook, comemorar a prisão de ninguém. Mas ele colocou a foto do Senador Aloysio, só faltou colocar moldura e acusar, porque ele foi citado no negócio. Eu não vou entrar no bate-boca menor de dizer que fulano e beltrano estão presos. Mas é desse tipo de discussão que tenho falado. O Partido caiu em descrédito nacional por isso; por não lidar bem, intelectualmente, com a honestidade. Falta uma honestidade intelectual para o debate.

    Ontem, eu ouvi uma Senadora aqui dizer o seguinte: "Os senhores estão sabendo" – falou aqui – "que o seu filho agora poderá ser ensinado por qualquer um? Porque essa PEC, que está destruindo o ensino brasileiro, está dizendo que vai poder ter notório saber". Gente, isso é de uma maldade! Porque, se fosse uma pessoa sem instrução, tudo bem, mas é uma educadora.

    A Constituição Federal diz o seguinte: que uma pessoa, para ocupar um cargo na Suprema Corte, no STF, precisa ter conduta ilibada e notório saber jurídico. O que significa notório saber jurídico? A própria palavra já diz: ele tem que ter notório conhecimento daquilo. Vou dar um exemplo. O meu sogro trabalhou a vida inteira com tratores, desde menino. Meu sogro tem até a 8ª série, mas ele sabe fazer curva de nível, sabe fazer tanques, sabe montar e desmontar o motor de um trator lá no campo até, sabe as medidas do comando das válvulas de cor, de cabeça. Ele tem notório saber. Uma pessoa dessas poderia ou não dar aulas num curso de mecânica, por exemplo. Poderia! Tem notório conhecimento, notório saber.

    Agora, há pouco, o Senador Cristovam disse o seguinte: "Falta muito professor de matemática, de física, de química. E por que nós não podemos ter um engenheiro, que tem notório conhecimento nessas áreas, dando aula para essas crianças?" E, eventualmente, com muito mais propriedade do que eu, que sou formado em Matemática, mas não conheço engenharia. Sabe por que, Senador Dário? Porque o engenheiro – e aproveito para fazer homenagem aos meus parentes que estão aqui, tios da minha esposa e a minha tia também, Ana Aline, ali sentada, que são engenheiros –, veja bem, poderá dar aula de matemática e, por exemplo, na aula de geometria, dar exemplos muito clássicos, muito próprios da experiência que está ali no dia a dia da criança. Quando for dar aula de matemática, pode falar sobre mobilidade urbana, pode falar sobre asfalto, sobre pontes, com muito mais propriedade do que eu, que tenho licenciatura em Matemática, Senador Cristovam.

    Então, como é que eu posso vir aqui, na tribuna do Senado Federal, e dizer: "Pais, cuidado!" – ontem, eu vi aqui – "Cuidado, porque estão querendo fazer uma PEC para destruir o futuro de seus filhos. Porque, agora, qualquer um vai dar aula para os seus filhos". Isso não se pode fazer, nós não podemos fazer. E eu não posso ficar calado. Então, quando eu venho aqui e digo que boa parte da credibilidade do Partido se foi pelo discurso mentiroso, é por isso, por causa desses discursos. Porque eu fui levado para as ruas, quando era menino, para protestar contra a globalização, e, de verdade, nós não sabíamos o que era globalização.

    Concedo, com muita honra, a palavra ao Senador Cristovam.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Eu estava aqui à espera do momento em que o senhor quisesse. Se quiser agora, tudo bem. Eu quero, primeiro, dizer que me dediquei aqui, Senador Dário, há um tempo, a analisar as atas dos debates aqui dentro antes da aprovação da Lei Áurea e publiquei o livro Dez Dias de Maio...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Foi longe.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Dez Dias de Maio em 1888. Foram dez dias só. E ali, havia muitos que diziam que isso ia destruir a economia brasileira, a abolição da escravatura, porque os escravos iriam embora, e a lavoura ficaria abandonada. Muitos – todos que eram contra, quero dizer. Ouvi um discurso, durante o debate sobre o Plano Real aqui, dizer que o Brasil seria destruído com aquelas regras que pareciam, de fato, exotéricas: ter duas moedas ao mesmo tempo; uma que não variava de preço, e a outra que se desvalorizava. E isso é um perigo para o entendimento da população. Isso está valendo no caso do notório saber. É crime deixar uma sala de aula sem aula de matemática, de física, de química, de biologia, de português, por falta de professor. Isso é um crime. E nós cometemos este crime diariamente. Faltam, incluindo o ensino fundamental e o médio, 400 mil professores. As crianças vão para casa. E há professores ou profissionais capazes de dar aula. Um bom jornalista, é claro que ele pode dar um curso de português. Vão dizer: "mas não igual a um licenciado". Provavelmente, não. Mas e se não houver o licenciado? E, aí, eu quero lembrar que subi nessa tribuna, muitas vezes, para defender o Programa Mais Médicos. E o que diziam contra o Mais Médicos? Que eles não tinham o diploma brasileiro de médico, ou seja, era um notório saber. E eu dizia: eu prefiro esses médicos formados no exterior a deixar esse povo doente sem médico. E a Senadora a que o senhor se refere – eu não sei quem falou aqui contra – provavelmente defendeu o Mais Médicos; muito provavelmente defendeu que um médico sem ter o diploma brasileiro pudesse atender um doente brasileiro. E ela estava certa, tanto que deu certo. O Mais Médicos é um sucesso. Viajem por aí e vocês vão ver como o povo está contente que haja esses médicos de fora os atendendo, porque eles não tinham ninguém. Isso vale para uma criança na hora de ter um bom jornalista dando aula de português. Imaginem outro caso: jovens que emigraram, ficaram dez anos nos Estados Unidos, aprenderam inglês, voltaram para cá e estão desempregados. Por que não os põem para dar aula? "Ah, mas não é igual a um licenciado." Não, não é, mas é melhor do que nenhum. E, às vezes, é melhor que o licenciado. Por que não, gente? E tem gente que é contra isso. Não faz sentido. Mas nós entramos em um tempo em que não precisa fazer sentido para se tomar posição. Isso é um absurdo. As posições são tomadas com base em narrativas, com base em discursos, com base em raivas, e não com base no que mais interessa à população, às crianças e ao Brasil. Então, essa ideia do notório saber... Eu faço a mesma comparação com a reforma agrária, que é colocar trabalhadores sem-terra em terras sem trabalhadores que um latifundiário deixa ali cercadas. Uma sala de aula sem professor é um latifúndio ocioso, um latifúndio improdutivo. Tem de fazer a reforma, a "reforma agrária" – entre aspas – da educação: colocar trabalhadores preparados, doutores em Biologia, aposentados, e engenheiros que têm tempo livre para dar aulas. Por que não? Porque os sindicatos não estão querendo. E, ao não quererem isso, não estão a serviço da educação. Tem de ter sim. Eu até admito – e coloquei uma emenda – uma definição para notório saber. Notório saber não pode ser o primo do diretor da escola. Faz-se um critério. Deixem os alunos decidirem, depois de duas, três aulas, se querem ou não. Deixem os alunos terem direito de destituir o professor de notório saber que chega lá e vai dar aula. Eu acho que é uma estupidez e uma posição anti-Brasil e antifuturo reclamar desse item da proposta. Mas quero falar também um pouco dos juros. Todo mundo fala dos juros: quer baixar juros, quer subir juros. Gente, eu não sei qual é a taxa de juro certa. Eu não tenho as informações suficientes. Para isso, há um conselho chamado Copom. Eu posso dizer: "Esses caras são desonestos, não são certos, são incompetentes." Mas não tenho conhecimento disso. Agora, é com base nas informações que levam em conta o juro na Rússia, que levam em conta a desvalorização da moeda na Inglaterra, que levam em conta muitas variáveis que se chega a uma taxa. Eu não sei qual é a taxa certa, mas sei que essa taxa deve levar em conta três fatos que fazem com que, no Brasil, ela seja alta, independentemente da vontade: primeiro, é a inflação. As pessoas falam em 14,5%. Não é. Você tem de descontar disso a inflação. Se a taxa de juros é 14,5%, menos uma inflação de 10%, então, ela é 4,5%, porque ninguém empresta para receber, no dia que recebe, menos do que valia.

    A inflação, no Brasil, não só é alta, mas tende a ser alta. O Copom, esse Conselho, leva em conta a inflação esperada nos próximos meses para dizer qual é a taxa de juros que vai permitir a uma pessoa que tem dinheiro emprestar; se não, ela não empresta, sobretudo na globalização, porque pode mandar para o exterior. Aí, diz: "Mas lá, no exterior, toda a taxa de juros é mais baixa". É porque não tem inflação. A inflação é 1%, zero até. Segundo, depois da inflação, o tamanho da dívida. Para um país que não tem dívida, é fácil ter taxa de juros baixa. Isso vale para cada pessoa. Uma pessoa que não tem nenhuma dúvida escolhe o banco que lhe cobre menores juros, mas, se você vai se endividando, se endividando, se endividando, você tem de ir para um agiota. Nós estamos recorrendo a agiotas por causa da dívida alta. Alguns dizem: "Mas o Brasil tem dívida menor que outros países". Aí, vem o terceiro item: a credibilidade. E o Brasil, nós brasileiros não temos credibilidade financeira. Nós não temos credibilidade pela própria dívida, pela inflação, mas por outra coisa: nós temos, na nossa história, exemplos de calotes. O Brasil já deu calotes. Não faz vinte anos, foram dois, se não me engano. O Sarney deu um calote.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Houve outro calote, e isso fica na história dos investidores. O senhor emprestaria a alguém a quem o senhor já emprestou e não lhe pagou? Não, a não ser que sejam juros muito altos, porque, aí, você diz: "Eu vou pegar juros muito altos, porque, em um mês, eu já pego meu dinheiro e me livro desse cara". É isso o que está acontecendo.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – O que vier depois é lucro.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – É, o que vier depois é lucro. É isso. Pega muito alto, porque aí já ganhou alguma coisa. É assim que nós estamos agindo. Só há um jeito de baixar juros consistentemente. Lembrem-se de que a Presidente Dilma baixou, mandou o Presidente do Banco Central baixar. E o que é que houve? Pouco depois, teve de subir, por causa desses três fatores: a inflação, a história de inflação; o tamanho da dívida; e a história de calotes, de baixa credibilidade. Então, eu acho que, se a gente não baixar a taxa de juros, a economia não volta a crescer. Mas, se não enfrentarmos a dívida, se não enfrentarmos a inflação, não retomamos a credibilidade e, aí, a taxa de juros não cai, porque, por decreto, ela volta a subir rapidamente. Era isso que eu queria dizer sobre o assunto da taxa de juros, e daí essa ideia da PEC do teto. É uma maneira de controlar a inflação, porque, se você não gasta, desaparece uma pressão inflacionária. É dizer para todo mundo que "olhe, nos próximos 20 anos...". Está na Constituição, não é uma lei. Por isso que é Constituição, porque, se for lei, a gente junta aqui 41 e, pronto, muda. Agora, não. Constituição vai demorar. Precisa disso para dar credibilidade. E, finalmente, o fato de reajustar só pela inflação para que suba um pouquinho quando a economia voltar a crescer é para dizer: "Olha aqui, a gente vai começar a pagar a dívida para poder retomar a credibilidade", como qualquer pessoa que está com o nome sujo, para retomar a credibilidade, tem de pagar a dívida.

    Você não retoma a credibilidade só rolando a dívida, nunca. Rolando a dívida, você fica em dia, não vai preso, não entra – é Serasa, que se chama? – nesse sistema de endividados, ninguém diz que você está não pagando, mas ninguém diz que você é bom pagador. Existe uma diferença entre ser devedor, depois que venceu o prazo; ser bom pagador, que é quem paga; e ser um mau pagador, sem estar ainda inadimplente – este é o que rola, rola, rola a dívida. Não é pagador, é rolador. O Brasil é um rolador, hoje, um rolador de dívida. A gente tem de começar a pagar. Mas há quem diga: "Não, vamos deixar de pagar." Como o senhor lembrou, eu pergunto: o que fazer? Há uma solução: vamos estatizar os bancos? Não funciona mais isso. Seria um desastre para o Brasil. A gente caminharia para uma Coreia do Norte, estatizando banco. A França fez isto, num regime democrático, mas por pouco tempo: pôs ordem e voltou. Nós não teríamos condições de pôr ordem nisso. Qual é a outra? Não pagarmos a dívida. Outro calote? Em 30 anos, três calotes? Ninguém mais vai emprestar ao Brasil. Os empresários não vão mais respeitar o Brasil. Fazer uma revolução socialista? Os países socialistas têm sido os mais responsáveis com as finanças, sabia disso? Se você olhar a história por aí, nos países socialistas, a inflação não existia. A inflação é uma característica de países capitalistas mal administrados, mal gerenciados. Mas os socialistas, não. Eu não sei agora com essas crises todas, mas Cuba passou 50 anos com a moeda valendo o mesmo. Eu não sei se sabem, mas, desde a revolução cubana até a última vez em que eu estive lá – acho que no ano 2000 –, a passagem de ônibus valia o mesmo preço, e não era por causa de subsídio ou não, é porque havia uma estabilidade. Eu morei, por dois anos, num país pequeno da América Central chamado Honduras, que não era socialista. Era um país pequeno, e não havia inflação. A moeda de Honduras chamava-se lempira, e ainda é. Lá não muda. Esse negócio de mudar o nome de moeda é uma característica brasileira. Raros países mudam. Dois lempiras equivaliam a um dólar, por décadas! Essa ideia de que o dólar vai subindo existe em alguns países outros, alguns até pior – a Venezuela, hoje, está muito pior do que o Brasil. A gente ia chegar lá, a gente estava caminhando para aquilo –, mas é uma característica muito latino-americana do desenvolvimentismo irresponsável e do Brasil, especialmente. É uma história nossa de décadas – décadas! – que nós conseguimos barrar em 1994, com o Plano Real. Perdemos o controle nos últimos anos. E aí eu quero concluir – desculpe-me, meu querido Senador, estar falando tanto –, dizendo que eu estou favorável a essa PEC do teto, mas eu tenho medo. Aqui está o teto, mas aqui estão os gastos. Eu temo que a gente não desligue os gatilhos que pressionam isso aqui para ir subindo. Se eles forem subindo, um dia arrebentam, e aí a gente vai ter uma crise constitucional, porque, para pôr ordem, vai ter de mudar a Constituição ou rasgar a Constituição, o que é pior ainda. Por isso, tem de vir junto com o teto a reforma da Previdência. Desarmar alguns gatilhos. Eu quero até dizer que, ontem, eu conversei com o Senador Renan e disse que nós Senadores deveríamos fazer um gesto e dizer que, durante o período da PEC do teto, nós não vamos aumentar os nossos salários de Senadores aqui; não aumentar nem pela inflação.

    Por que a gente não faz esse gesto? Congelemos nossos salários. Já é um bom salário. Seria um gesto para o Brasil. Colocar nessa PEC uma emenda que diga – aí não só para Senador – que todos que ganham o teto no Judiciário, no Legislativo, no Executivo acho que não tem teto porque lá é menor, não vão querer reajuste nem mesmo pela inflação. É uma ideia sobre a qual eu falei ontem com o Senador Renan. Eu acho que, em vez de a gente ficar catando para cada um de nós assinarmos, o Presidente do Senado deveria liderar isso, ele próprio. Daria mais força e daria melhor simbolismo diante do Brasil. A Presidência do Senado defende que o teto salarial do Brasil não subirá nem mesmo pela inflação. Talvez isso ajude a trazer credibilidade. E, ao trazer credibilidade, ajuda a baixar os juros. E, ao baixar os juros, melhora o crescimento. Aí melhora a pior das tragédias brasileiras hoje que se chama desemprego, que é a grande, grande mesmo, maior tragédia. Os 22 milhões ou estão no desemprego procurando emprego ou estão no desemprego sem nem mais procurar emprego. Então, Senador Medeiros, desculpe eu ter tomado tanto tempo do seu tempo, mas é isso que eu queria dizer sobre juros e sobre notório saber. Eu creio que é preciso, sim, não deixar criança sem aula. Isso é uma tragédia e um crime. E procurar os melhores que sejam capazes de serem professores. O melhor é um bom matemático com licenciatura; depois desse – se não tem, porque, se tivesse, não haveria vaga –, é um bom matemático, mesmo sem licenciatura; depois, até quem não é matemático, como o seu sogro, de quem o senhor estava falando, que pode ter uma capacidade. Como eu estava dizendo, Senador, sobre o Mais Médicos: subi muito aqui para defender o Mais Médicos. E o que diziam os que eram contra? Que não tinham o diploma brasileiro. Eu dizia: eu prefiro o Mais Médicos sem diploma brasileiro a nenhum médico. E isso vale também para a sala de aula. Eu prefiro um professor a nenhum professor. É um crime não ter um professor. É lamentável que seja sem licenciatura, mas entre lamentável e crime, eu fico com o lamentável.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – V. Exª pediu um aparte, Senadora Gleisi?

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Eu queria sim. Eu estava aqui ouvindo o Senador Cristovam falar sobre a questão dos juros e da economia, e eu não podia, Senador Cristovam, deixar de fazer uma observação. Na realidade, o que nós estamos tendo no Brasil é o aumento da taxa real de juros. Por quê? O que é a Selic? É a inflação mais a taxa de juros. A partir do momento em que a inflação cai, se eu não mexer com a taxa de juros, se eu não baixar a taxa de juros, o meu juro real aumenta, o que é uma perversidade para uma economia depressiva como a nossa. Eu não estou falando da taxa nominal, é da taxa real. O Banco Central não está diminuindo o juro, o Banco Central está aumentando o juro. Esse é o problema. E, ao aumentar o juro numa economia em depressão, coloca-se a economia mais depressiva. O que estamos dizendo? A taxa de juros não é, hoje, um instrumento para debelar a inflação, porque a inflação que estamos tendo não é uma inflação de demanda, quando as pessoas estão consumindo muito, estão comprando muito. Nós tivemos, por um erro feito em 2015 – e isso nós reconhecemos aqui...

(Soa a campainha.)

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... em que os preços administrados foram, de uma hora para outra, reajustados, gasolina, energia etc. Então, veio uma carga muito forte disso. E houve também o preço das nossas commodities, o câmbio... Isso tudo ajudou para a inflação. E nós estávamos dando o remédio errado, aumentando a taxa de juros para dizer o seguinte: "Temos de dar segurança para o capital que venha para cá". O problema é que o capital que vem para cá com uma taxa de juros estratosférica como essa não vem para produção, não vem para investimento. Aliás, o que está vindo agora – e está vindo capital – não é para investimentos novos, Senador Cristovam; é para comprar ativos. A compra de ativos não coloca recursos em circulação, só passa propriedade. Então, é muito preocupante. Por que eu sou tão crítica a isso? Nós tivemos uma reunião da CAE com o Presidente do Banco Central, o Dr. Ilan, e ele disse que estavam estudando e achava que já podia decrescer a taxa de juros. Eu, sinceramente, esperava no mínimo meio ponto ou um ponto percentual, tanto que, para mim, essa entrevista do Luiz Carlos Mendonça de Barros, hoje, no Estadão é muito significativa, quando ele diz que o Banco Central se acovardou. Ele disse que a inflação dos últimos quatro meses está em 4%, e o Banco Central insiste em pegar a inflação dos últimos doze meses, que não é uma inflação de demanda. Então, em uma economia doente, nós estamos dando um remédio que vai matar o paciente. E, com a PEC dos gastos, vamos retirar dinheiro do Estado de circulação. Então, veja só a perversidade: o privado não está pondo dinheiro, porque não tem e está com medo, não está fazendo investimento; há desemprego e as pessoas não estão consumindo; os serviços estão caindo. Quem vai colocar dinheiro na economia para ela reagir? E o Banco Central faz um corte tacanho desse?! Serve a que esse 0,25 ponto percentual? Então, essa é a nossa preocupação. Nós tínhamos de ter mais ousadia, pelo menos, na política monetária.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Permite ainda, Senador? (Pausa.)

    Senadora, esse debate é bom. Veja bem, o Mendonça de Barros disse que o Banco Central se acovardou. Então, o Mendonça de Barros sabe o tamanho do leão que está ameaçando a pessoa que se acovarda. Eu não sei, não sei. Eu não tenho ideia se a taxa de juros certa é de 14,5%, 14% ou 15%. Eu não tenho informações. Por isso, é preciso um conselho sério que a gente respeite. Agora, veja bem: a relação da taxa de juros com a inflação é um ponto, a senhora tem razão, a inflação está caindo, mas há três outros aspectos. Primeiro, é a inflação na frente. A gente não sabe qual é a inflação na frente. Eu não sei. A gente estuda, analisa, mas não tem certeza.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Uma economia em queda não projeta inflação de demanda.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Tem inflação, não é de demanda; tem inflação, porque a taxa de juros não é só para frear demanda. Deixe eu dizer, veja bem. Há outros dois fatores que eu falei aqui há pouco. Há o fator da dívida, o tamanho da dívida. Os juros não são só para frear demanda, são para atrair capital; e, hoje, a senhora tem razão, são só para rolar dívida. Isso é que é lamentável. O dinheiro que está entrando é para rolar a dívida. Acontece que, se não rolar a dívida, nós entramos no calote, o que é um desastre completo. Então, precisa rolar a dívida. Como qualquer devedor grande e sem credibilidade – que é outro ponto –, tem que ir ao agiota. Essa taxa de juros é de agiota, mas nós somos clientes de agiotas.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não, ela é que aumenta a nossa dívida.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Não...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – A nossa dívida é aumentada pela taxa de juros. É a despesa maior do Orçamento hoje.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Estou de acordo. Ela aumenta no papel...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Se nós baixássemos um ponto percentual, nós já cairíamos 8 bilhões em despesas.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Se baixássemos 1%, poderia ser que não tivesse... Quantos bilhões a senhora disse?

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Uns 8 bilhões, no mínimo.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Podia ser...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – O que já seria muito importante...

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Veja como é fácil na narrativa. Podia ser que caísse em 8 bilhões, mas esses 8 bilhões não viriam para cobrir o que temos de pagar hoje.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não... deixaria de colocar mais dinheiro na dívida, deixaria de aumentar a dívida.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Não tem como deixar de...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Veja, nós vamos cortar de saúde e educação...

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Senadora, não.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... para não cortar a taxa de juros, Senador.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Não, não. Não falou... Senadora, não sei...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – É uma loucura isso que nós estamos fazendo.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Não, não. Senadora, a senhora já colocou uma outra variável, que é a da educação e da saúde; pode ser de outro lugar.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Mas vão cortar.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Mas vamos votar...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – A PEC 241 é isto: é para preservar pagamento de juro e serviço da dívida.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Sim, mas não diz que é da educação e da saúde. Não diz.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Mas vai ser de onde? Da agricultura? Da ciência e tecnologia? Da assistência social? Porque vai ser escolha de Sofia.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Eu fiz uma...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Quem é que eu vou matar?

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Não, mas isso acontece. Imagine uma pessoa – eu até ia falar sobre isto...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Mas eu preferia matar no sistema financeiro, então.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Não, Senadora. Vamos tentar algo real: imagine uma pessoa que tenha dívida para pagar o seu carro...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – ... e paga a mensalidade da escola. Aí, ela não tem dinheiro para pagar a prestação do carro. Há algumas alternativas. Uma – e esta eu serei contra – é: pagar a mensalidade do meu carro e tirar o menino dessa escola boa e colocar em uma escola ruim. Essa é uma alternativa, que não defendo. Há outra: não pagar a dívida, e aí se perde o carro, e não tem como levar o menino para a escola. O Brasil está nessa situação hoje. Há uma terceira: vender esse carro, pegar um piorzinho e baixar um pouquinho a qualidade da escola – um pouquinho, para ficar com o carrinho, porque preciso para levar o menino, e para o menino ter uma escola razoável. A gente vai ter que fazer escolha de Sofia, Senadora. Não tem jeito! Agora, eu quero retomar outro ponto ainda, que é a aritmética. Nessa ideia de que baixando 1% diminui, diminui se você conseguir esses 8 bilhões para pagar o que vence este mês – e não consegue. Quem deve muito cai no agiota. O Brasil caiu na agiotagem, e eu não posso prender os agiotas, eu não posso dizer que não preciso dos agiotas, porque eu preciso para pagar a mensalidade do carrinho lá. Então, quanto é? Eu não sei. Aí eu respeito se a senhora diz que sabe quanto é esse Mendonça de Barros, mas eu não sei o tamanho do leão. Se eu não sei o tamanho do leão, eu não sei se o Banco Central se acovardou ou não. Quando a Presidente Dilma baixou, a senhora mesmo reconhece que foi um erro.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não. De baixar, não. Eu reconheço que aumentar foi um erro. Nós não tínhamos força política para segurar.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – E ela cometeu esse erro por quê?

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – De aumentar? Porque nós não tivemos força política.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Então, mas não temos hoje!

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não...

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – E agora tem? Só porque mudou Dilma, e veio Temer, a gente tem como...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não disseram que nós íamos ter mais possibilidades? O que o Temer falou? Que que vocês falaram aqui quando tiraram a Presidenta Dilma? Que nós íamos ter uma crise de confiança.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – É. É isso.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – E essa crise de confiança ia possibilitar a gente colocar o Brasil no rumo do desenvolvimento econômico.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – É. Exatamente.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – E onde é que está? Aí o Banco Central não consegue enfrentar o sistema financeiro e baixa 0,25%?

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Não. Eu vou dizer onde está. Eu vou dizer onde está, mas a senhora não quer fazer...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Usa dessa confiança que está tendo, então.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Não, não. A confiança não vem da cara do Temer, até porque eu não votei nele. Quem votou nele é quem votou na Dilma. A confiança virá...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não. Quem votou e quem pôs o Temer lá não foi a Dilma agora; foi o Congresso. V. Exª ajudou.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Não vamos discutir. Está bom, não vamos discutir.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Desculpe-me, Senador Cristovam.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Quando botaram o Temer, foi cometendo uma mentira para o povo: "Olha, esse Temer a gente diz que é Vice, mas ele não é Vice. Ele está aqui só para trazer o voto do PMDB". Mas vamos...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não. Ele é Vice, só que ele não tem o direito de mudar o programa que foi eleito nas urnas. O programa que foi eleito nas urnas não é a PEC 241.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Mas eu não vim aqui defender o Temer. Eu quero dizer o seguinte: essa credibilidade não vem da cara do Temer. A cara do Temer é a cara da Dilma, gente; ficaram dez anos juntos.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – E mudaram por quê? Não era para dar credibilidade? Para que vocês mudaram? Por que vocês fizeram o impeachment?

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Vou dizer: pela PEC do teto, que a senhora não quer votar.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Pela PEC do teto?!

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – É, porque, sem isso, não volta a credibilidade.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Ah, então, está bem. Então, eu queria que vocês disputassem uma eleição com a PEC do teto.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Vai perder.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Eu adoraria.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Vai perder.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Claro que vai perder, porque...

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Mas sabe como?

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... a população não quer abrir mão dos direitos que conquistou.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Eu vou perder...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Eu não estou aqui para mentir para a população, Senador. Não pode.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Ah, não, só para falar a verdade.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não pode. Não pode aprovar a PEC do teto, a PEC 241....

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Desculpe-me, Senadora...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Ela contraria a Constituição de 1988.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Desculpe-me, mas não vai se mudar a Constituição com a PEC?

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Como nós vamos mudar?

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Mas eu quero pegar uma coisa que me toca muito, eu quero...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Nós não temos a legitimidade Constituinte para mudar.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Ah, desculpe-me, mas não tem como, Senadora?

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não temos a legitimidade Constituinte, não.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Não, Constituinte,não...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Vamos fazer uma alteração retirando recursos de áreas essenciais...

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Mas, Senadora, desde que a senhora está aqui, a senhora já votou em quantas reformas da Constituição?

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Em emendas...

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Então...?

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... que eu vou lhe dizer que eu não acho que são relevantes como essa, que mexe na essência.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – E a senhora não tinha legitimidade?

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – No Estado do bem-estar social brasileiro.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – E a senhora não tinha legitimidade, quando votou nas reformas e reformas e reformas?

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Eu sou contra as mudanças constitucionais do jeito que elas são feitas aqui, com o tanto de PEC que nós fazemos, mas, se são pontuais, vá lá.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Muito bem, é um direito. Agora...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Nós estamos mexendo na essência do Estado de bem-estar social que nós construímos.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – A tudo isso a senhora tem direito. Agora, tem uma palavra a que não tem direito: isso de que é mentira. Olhe, mentira é dizer que a gente pode continuar fazendo porto, estrada, escola, saneamento e tudo. Não pode! Vai ter que fazer escolhas. A senhora fala como se escolha fosse uma coisa errada. Isso aqui existe, esses 81, para fazer escolhas. Agora, nós nos acostumamos, no Brasil, que não tem que fazer escolha. A gente promete aumentar salário dos juízes, dos professores, fazer escola, fazer saneamento, fazer estrada, dar R$250 bilhões de isenção fiscal a empresário para vender carro, como se o dinheiro fosse fácil. Caímos na realidade.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Nós podíamos começar a mudar por aí. Por exemplo, eu acho essa uma boa discussão. Nós vamos ter agora – até conversei com V. Exª – uma audiência pública na CAE, na terça-feira, e uma das questões é progressividade tributária. E também a discussão sobre todos esses benefícios.

(Soa a campainha.)

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Agora, eu pergunto: nós temos correlação de forças aqui? O primeiro lobby que se forma aqui é de empresários para não deixar isso acontecer. Agora, contra aposentado, como aposentado não faz lobby nesta Casa, o aposentado que ganha um salário mínimo, como estudante de escola pública de segundo grau não consegue nem fazer lobby nesta Casa, é onde nós vamos cortar.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Senadora, veja o problema da verdade ou não. É capaz de não a gente não ter força; se a gente não tiver força, é porque a gente não merece pegar o dinheiro. Tem que acabar com isso; como a gente não tem força, a gente pega um pouquinho para a gente e dá para os outros também. Está na hora de a gente querer saber: o Brasil quer ou não investir em educação? Se quer, tem que ter coragem para dizer onde não vai investir.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Mas não pode tirar da Previdência para investir em educação.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Não, não da Previdência. Eu não disse que é da Previdência...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não pode tirar da agricultura, da ciência e tecnologia. É o que vai acontecer.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – De algum lugar. A senhora está dizendo que não dá para tirar de nenhum lugar?

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não. Das despesas hoje, eu queria saber de onde nós vamos tirar.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Eu vou lhe mostrar. Aliás, veja...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não tem nada para o andar de cima.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Senador, ela quer dizer que vai tirar da educação...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não vão tirar dos ricos.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – ... e da Previdência.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Só um momento. Senadora...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Não está para discurso.

(Soa a campainha.)

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Vocês não vão retirar dos ricos. O que é que está vindo de reforma aqui para retirar dos ricos?

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Ah, os ricos...

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Senadora.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Diga: vai mexer na tributação? Não vai mexer na tributação.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Senadora, se não fizer isso, como, aliás, Fernando Henrique Cardoso propôs aqui um projeto, é porque não tem força. A gente vai enganar o povo? Vai dizer: "Olhe, vocês não estão tendo força, venham para a rua". Eu vou brigar. Agora, não diga que não tem dinheiro para a educação não, porque eu fui o relator de uma comissão liderada pela Senadora Angela, na qual mostrei que dá para multiplicar por muito. Agora, garanto que as pessoas não vão querer aprovar aquilo que eu fiz. Estou de acordo com a senhora. A gente pode não ter força.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Senador Cristovam.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – É capaz de a regra do teto sacrificar o povo, se o povo não se mobilizar.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Vai sacrificar o povo.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Pode ser, mas, se não for isso, sabe o que a gente vai fazer?

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Vai sacrificar.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – A gente vai mentir. Sabe como a gente vai mentir? "Olha aqui, a gente aumenta os salários de 100 para 120, mas só vale 100. Quando você for ao mercado, você dá os 120, mas só leva no valor de 100". Tem que acabar com essa mentira.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Aliás, a senhora usou a palavra certa, é preciso uma coisa neste País: acabar com a mentira na política. Só isso.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – É acabar com o PT? Mas não dá.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - DF) – Acabar com a mentira é tão importante como acabar com a corrupção.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – V. Exª tem um espírito fascista e autoritário: quer acabar com Partido político. Eu não posso respeitar o que V. Exª fala desta tribuna e nem o que V. Exª falou neste plenário.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – V. Exª não respeita posição nenhuma que seja contrária ao que a senhora pensa...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Eu não respeito posições fascistas.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) – Senador, Senadores...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Eu disse o seguinte...

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) – Senador...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Eu respeito a direita, eu respeito... Posições fascistas, não!

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Não, o que acontece é o seguinte...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Acabar com o outro, acabar com o outro...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Vocês mentem, mentem e mentem!

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Acabar com o outro não é posição política digna!

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Vocês perderam o poder, porque mentem!

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Acabar com os outros não é posição política digna...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Vocês mentem! O País não aguentou mais...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não é acabando com os outros que nós vamos avançar, Senador.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Vocês pararam... E eu estou com a palavra, eu não dei a palavra para a senhora.

    O lance é o seguinte...

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) – Senador José Medeiros.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Só um minuto para concluir. Sabe o que acontece?

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) – Só um minuto...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Sabe o que acontece? Autoritário, Senadora Gleisi, é quando vocês estavam no governo, passaram o tempo inteiro no governo, a senhora estava do lado da Presidenta Dilma, a senhora era uma das mulheres mais poderosas do País. Eu nunca vi um discurso da Senadora Gleisi sobre juro. Quem falava sobre juro era José de Alencar, meu Deus do céu! A Senadora Gleisi estava ali no ouvido da Presidente, podia mudar essa situação. Não falou, mas agora é o Temer que está no poder...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não, em 2012, 7,25%...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Então, nada presta, nada presta, nada presta! A reforma da educação não pode. E esse discurso da PEC 241... Tudo o que nós temos dito. Duas coisas que não entram nesse daí: a educação e a saúde. Mas a senhora toda vez que sobe aqui, a senhora quer torcer o discurso, para dizer sabe o quê? Para dizer para o povo brasileiro: "Vão acabar com o dinheiro para a saúde e para a educação!" Gente! Desculpem eu falar isso...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Fora do microfone.) – Posturazinha autoritária, bem isso.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Não é autoritarismo, Senadora Gleisi Hoffmann, mas é por mentir tanto que vocês estão perdendo a credibilidade. Vocês vão ter que entrar em um... Aumentar a taxa de juros para alguém ir para o PT. Por quê? Porque mentem demais.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Perderam a credibilidade, jogaram no mato quatro anos de poder. Aí pode me chamar de fascista, de golpistas, todas essas inflamações que vocês jogam para a gente. Todos esses "istas" aí, mas não cola, porque quem jogou no mato... Vocês foram o Eduardo Cunha da política, vocês jogaram no mato... Eduardo Cunha ia ser Presidente do Brasil, jogou no mato, por ele só. Alguém derrubou Eduardo? Não, Eduardo se derrubou. Quem derrubou a Presidenta Dilma? O próprio PT, meu Deus do céu! O acordo todo mundo sabe...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Fora do microfone.) – Ele era aliado do...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Era para a Presidenta Dilma ficar quatro anos lá, só esquentar a cadeira. Ela não entendeu e resolveu ficar oito. Começou a briga lá dentro. Eles se arrebentaram sozinho. O grupo de um lado... Eu não sei se a senhora estava no grupo de Dilma ou no grupo de Lula, mas eu sei que eles se dividiram. Casa dividida não se sustenta. E agora a culpa é minha? Eu que sou fascista? Passaram-se 13 anos e não deram um título de reforma agrária e agora querem encher a Esplanada aqui com os sem-terra de dizer que...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Fora do microfone.) – Que reforma agrária...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Não deram, não fizeram reforma agrária. Último título foi Fernando Henrique que fez....

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Fora do microfone.) – Que isso? Que mentira!

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Não fez, não deu título nenhum. Deu agora no apagar das luzes!

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Fora do microfone.) – Não é verdade, não é verdade!

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – No seu governo, o José Rainha até preso foi. Então, não fizeram. Não fizeram na economia...

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Fora do microfone.) – Isso não é verdade!

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Eu estou falando a verdade. Isso aí são os sem-terra que dizem.

    A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Fora do microfone.) – Eu vou trazer os títulos da reforma agrária...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Agora, no apagar das luzes.

    O maior problema deste País se chama regularização fundiária. Se eu for ao Piauí, está lá a maior lástima de regularização fundiária, assim como no Pará, no Mato Grosso, em tudo o que é lugar. Aí vem aqui querer culpar os outros e dizer que nós derrubamos o governo. Caiu por si só.

    Muito obrigado, Senador.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) – Esse foi o debate mais longo que eu já presidi aqui no Senado, com apartes e pronunciamentos.

    Onde está o Senador Cristovam Buarque, que estava aqui? Ele já tinha reclamado dizendo que era o orador da vez.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Fora do microfone.) – Ela já gastou o tempo dele.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/10/2016 - Página 22