Pronunciamento de Lídice da Mata em 08/09/2016
Discurso durante a 136ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Homenagem a Nair Goulart, líder sindical e ativista na luta pelos direitos das mulheres, que faleceu na capital baiana na manhã de 7 de setembro de 2016.
- Autor
- Lídice da Mata (PSB - Partido Socialista Brasileiro/BA)
- Nome completo: Lídice da Mata e Souza
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM:
- Homenagem a Nair Goulart, líder sindical e ativista na luta pelos direitos das mulheres, que faleceu na capital baiana na manhã de 7 de setembro de 2016.
- Publicação
- Publicação no DSF de 09/09/2016 - Página 107
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, LIDER, SINDICATO, LUTA, IGUALDADE, DIREITOS, MULHER, CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA MULHER (CNDM), MUNICIPIO, SALVADOR (BA), ESTADO DA BAHIA (BA), APRESENTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.
A SR- LÌDICE DA MATA (Bloco Parlamentar Socialismo e Democracia/PSB - BA. Sem
apanhamento taquigráfico.) -- Sr. Presidente, Sr a s e Srs. Senadores, centenas de pessoas estiveram nesta quinta-feira (8/9) no Jardim da Saudade, em Salvador, para prestar as últimas homenagens a Nair Goulart, líder sindical que faleceu na capital baiana na manhã de 7 de setembro, dia da Independência do Brasil. Ela se foi no momento em que o País atravessa uma grave crise, com ameaça de retrocesso e de perda de direitos dos trabalhadores pelos quais ela tanto lutou.
A história de vida de Nair Goulart emociona. Nascida em Dores do Indaiá (MG), em 1951, aos
12 anos já trabalhava como empregada doméstica para ajudar a família. Foi no grupo de jovens da igreja que conheceu vários militantes de esquerda, passou a ler clássicos da literatura e a se dedicar mais sobre a luta de classes entre trabalhadores e patrões.
Sua vida política teve início na década de 1970, em Divinópolis, também nas Minas Gerais. 0
Brasil vivia a fase mais repressiva da ditadura militar, mas Nair mergulhou de corpo e alma em favor da liberdade.
De Minas, mudou-se para São Paulo em 1977, fugindo de perseguição da Polícia Federal. Na
capital paulista, trabalhou na metalúrgica DF Vasconcelos e passou a perceber o quanto as mulheres sofriam discriminação e preconceito no mercado de trabalho.
Foi pioneira na luta sindical por melhores condições de trabalho e, mais tarde, quando
trabalhava na Calos, continuou a protestar contra essas injustiças. A maioria dos operários na linha de montagem das rodas eram mulheres, que justamente tinham os mais baixos salários da fábrica. A luta continuou. Nair participou de importantes momentos, como o 1 o Congresso de Mulheres Trabalhadoras Metalúrgicas de São Paulo, além de ter sido a primeira mulher eleita diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Neste, viveu um período riquíssimo na luta pela democracia, com as Diretas-Já.
Já no Estado Democrático, foi nomeada pela Presidência da República para o primeiro
Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Depois, foi eleita secretária de Políticas para Mulheres da Força Sindical e presidente do Comitê de Mulheres Trabalhadoras das Américas. Participou ativamente do processo de organização das centrais sindicais, especialmente na fundação da Força Sindical.
No ano 2000, transferiu-se para a Bahia para organizar a Força Sindical no Estado. E, como ela mesma costumava dizer, não foi nada fácil organizar esta entidade que hoje reúne 168 sindicatos no Estado, e que ela presidia.
Nair Goulart também era presidente adjunta da CSS - Confederação Sindical Internacional.
Filiada ao PSB da Bahia, muito ajudou na organização e na mobilização das mulheres, foi propagadora da Lei Maria da Penha - estimulando as mulheres a denunciar todo caso de violência.
Companheira valorosa, ela fará muita falta nesse momento de luta para preservar o direito
dos trabalhadores. O movimento de mulheres da Bahia perde um dos seus ícones - já que a luta da mulher trabalhadora foi a sua principal referência. Seu exemplo de resistência, de luta e de conquistas continuará estimulando todas nós mulheres.
Quero abraçar solidariamente seus amigos, familiares, companheiros da Força Sindical,
especialmente seu filho Tiago e nosso companheiro Deputado Bebeto Galvão, que continuará sua representação na Força Sindical no Estado.