Pronunciamento de Rose de Freitas em 08/11/2016
Discurso durante a 165ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Registro da importância da campanha Novembro Azul no combate e prevenção do câncer de próstata.
- Autor
- Rose de Freitas (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
- Nome completo: Rosilda de Freitas
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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SAUDE:
- Registro da importância da campanha Novembro Azul no combate e prevenção do câncer de próstata.
- Publicação
- Publicação no DSF de 09/11/2016 - Página 58
- Assunto
- Outros > SAUDE
- Indexação
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- COMENTARIO, IMPORTANCIA, CAMPANHA NACIONAL, MES, NOVEMBRO, OBJETIVO, PREVENÇÃO, COMBATE, CANCER, ORGÃO HUMANO, HOMEM, DEFESA, CONSCIENTIZAÇÃO, REALIZAÇÃO, EXAME MEDICO, CRITICA, BUSCA, TRATAMENTO MEDICO, POSTERIORIDADE, CRISE, DOENÇA.
A SRª ROSE DE FREITAS (PMDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, eu agradeço e digo que é muito importante aqui, como autora, ao lado da Senadora Ana Amélia, que nós venhamos registrar que essa luz que ilumina o Congresso Nacional brasileiro desde o dia primeiro deste Novembro Azul é um gesto de mobilização popular, de conscientização, representado por este Parlamento, e que tenho certeza de que vai, assim como o nosso Outubro Rosa, demonstrar ao País a preocupação, a luta pela vida, o simbolismo da esperança de muitos homens e o alerta dos Parlamentares do Congresso Nacional, também alertando todas as mulheres, que estão empenhados na luta da prevenção e combate do câncer de próstata. Todos enlaçados pelo laço azul, que mundialmente representa a causa que aqui nós aprovamos.
O Novembro Azul, Sr. Presidente, destaca, exatamente, o fomento de ações que venham despertar o interesse das pessoas em buscar a prevenção, ainda com um certo preconceito a ser tratada publicamente, e a iniciativa que, muitas vezes, fica restrita ao sentimento ou à chamada que o médico tem que fazer sobre o seu paciente sobre a necessidade de buscar a prevenção e ter um diagnóstico que precocemente possa falar e prevenir sobre esse tipo de câncer.
Era isso que eu queria dizer.
Mas eu queria dizer também que é preciso ir além da questão da consciência que eu, já em outras oportunidades, frisei aqui, que é relevante: nós precisamos chegar à prática do exame; o exame para a saúde masculina, especialmente a partir dos 50 anos, e que agora já se passa a alertar que não somente a partir dos 50 anos, porque casos estão sendo registrados a partir de 40 anos.
Um dos principais problemas é que o homem descobre muito tarde essa doença – muito tarde! – muitas vezes por conta dessa resistência que ele tem em fazer um exame que é simples. Agora, com toda a campanha que está sendo feita, ele quer fazer somente o PSA, e esse exame do PSA não é suficiente. Ele sozinho não vai dar o diagnóstico necessário para que o médico possa identificar, ainda bem precocemente, o câncer. É preciso fazer o exame de toque, que, aí sim, junto com o PSA, vai, com precisão, identificar a doença.
O Instituto Nacional do Câncer fez um alerta importante e participou conosco, quando nós aprovamos essa lei aqui na Casa, participou de todos os atos, de todos os debates, mostrando à população que o câncer de próstata é o segundo mais incidente entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele, que em algumas regiões no Brasil causa uma situação extremamente grave. Ele é ainda mais delicado quando se constata que cerca de três quartos dos casos no mundo afetam homens a partir dos 65 anos, um índice alarmante.
Eu ainda queria dizer que, de acordo com o Inca, no Brasil, o aumento dos casos pode ser explicado pela evolução dos métodos de diagnóstico, pela melhoria da qualidade do sistema de informações, que é o que nós estamos fazendo aqui com o alerta do Novembro Azul. Exatamente pelo aumento da expectativa de vida, as pessoas se preocupam menos em fazer esse exame, em procurar um médico, em sanar as suas dúvidas e, sobretudo, em abandonar o preconceito. O preconceito a lutar para preservar a sua vida não é uma atitude inteligente.
Somente no ano de 2016, estima-se que serão diagnosticados 61,2 mil novos casos, Senador Aloysio, da doença no País, ou seja, 28,6% de novos casos. Em 2014 e 2015, foram 68 mil novos casos. Em 2014, 70% dos diagnósticos de câncer em homens brasileiros eram na próstata. Esses números precisam estar na cabeça de cada um. Para termos uma ideia do que estamos falando, no ano anterior, em 2013, o Inca confirmou a morte de nada menos do que 13.772 pacientes por câncer de próstata.
Médicos especialistas alertam que alguns tumores podem crescer rapidamente, o que compromete os demais órgãos do corpo, podendo levar até à morte. Por outro lado, boa parte desses tumores cresce lentamente e leva até 15 anos para atingir apenas 1cm, sem apresentar qualquer sinal, qualquer incômodo, durante a sua vida, o que pode não representar uma ameaça à saúde do ponto de vista pessoal. Nunca é bom esperar!
Por isso, estou nesta tribuna para registrar dados importantes, como os do Centro de Referência da Saúde do Homem, no Estado de São Paulo, por exemplo, Senador Aloysio – Estado mais rico da Nação –, que revela que 60% dos homens só procuram tratamento quando a doença já está em estágio avançado. Isso em São Paulo, onde a notícia é farta, os meios de comunicação, onde a metodologia da informação está ao alcance de todos e em qualquer lugar.
Um estudo científico apresentado em 2013 e 2014 pelo médico uro-oncologista Sergio Riguete Zacchi, Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade do Espírito Santo (Ufes), revelou que o Espírito Santo, meu Estado, encontra-se entre os sete Estados brasileiros com a maior incidência de câncer de próstata, com estimativa de 1.580 casos de câncer de próstata por ano, refletindo uma taxa de incidência de 88,72% em cada 100 mil habitantes.
Na capital do Estado, Vitória, presume-se, Senador, que essa taxa seja de 107,21 a cada 100 mil habitantes, correspondendo a 170 casos.
Pesquisas mostram que cerca de 6 em cada 10 casos são diagnosticados antes dos 40 anos de idade, com homens com mais de 65 anos, e, agora, raramente, como citei antes, já se encontra na faixa dos 40 anos de idade.
O exame físico que citei há pouco, que sofre maior resistência e maior preconceito, também conhecido como exame de toque, dura de 10 a 15 segundos. Não há nenhuma justificativa. Não há porque ter vergonha, preconceito ou criar algumas histórias na cabeça de que aquilo afeta a masculinidade de alguém. Esse exame é indispensável. É preciso consultar o médico, procurá-lo para diagnosticar se não existem lesões que precisam ser observadas e acompanhadas de perto.
Por isso, a conscientização de que estamos falando sobre a gravidade da doença é muito importante, é necessária, Sr. Presidente, para acabar com esse preconceito ainda existente na sociedade. Ainda existem muitos homens que, apenas com a menção ao exame, reagem um pouco raivosamente, dizendo que jamais o farão. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, estima-se que 25% dos doentes portadores do câncer de próstata ainda morrem devido à doença, o que equivale a dizer que essas pessoas não vão ao médico, não fazem o exame e resistem, até a sua própria morte.
Outros 20% dos portadores de doenças são diagnosticados em estado avençado, o que citei como sendo o que gera o óbito, porque quando se chega ao médico já não é mais possível fazer o tratamento, só restando a internação e o diagnóstico final.
Apesar do declínio citado e percebido nas últimas décadas, principalmente por conta de políticas de rastreamento da doença que ainda não têm a divulgação que merecem, a maior conscientização na população masculina se faz absolutamente necessária.
É preciso também que as mulheres conheçam do assunto para que tenham a oportunidade de tratar do assunto em família, perguntando a seu pai, a seu esposo, a seu filho a respeito.
Portanto, quero dar esta contribuição que estou dando agora. A contribuição de quando aprovamos a lei, divulgamos e começando a fazer em Brasília essa campanha. E hoje, nacionalmente, tive até a oportunidade de ver no Jornal Nacional a divulgação da importância de se fazer o exame.
Temos essa vontade de que tudo isso cresça na proporção necessária, para a conscientização das pessoas, não apenas dos homens, mas de todo País, desta Casa, do Brasil, com a participação das mulheres, filhas, mães, avós. Que todas as companheiras não deixem que seus maridos, companheiros, irmãos abracem o preconceito; que eles tenham vontade de preservar a vida e, jogando esse preconceito fora, tenham vontade de vencer, vencer a doença, vencer a resistência e fazer o exame.
A prevenção, como já está escrito em todos os lugares, é o melhor remédio para todos os males, principalmente para esse. E cabe a todos nós fazer a nossa parte em busca da qualidade de vida.
Eu quero registrar também que há o compromisso, que deve ser público e deve estar dentro do Poder Executivo, nas administrações, de estar todo dia procurando motivação para colocar esse assunto não só nas faculdades, como também nas comunidades, como também nos postos de saúde o material ao alcance das pessoas para que elas possam falar: "Câncer de próstata: precisamos tocar nesse assunto". Essa é a nossa campanha. Não há por que nós nos omitirmos.
E eu ocupo esta tribuna, Sr. Presidente, exatamente para lembrar que as luzes do Congresso Nacional estão acesas. Espero que todos os Parlamentares desta Casa possam levar para os seus Estados essa campanha e conscientizar a população do risco que se corre ao não prestar atenção aos exames que têm de ser feitos, tanto o de toque, como o exame PSA, que é o exame de sangue, para que se possa detectar essa doença o quanto antes e, assim, salvar a própria vida.
Muito obrigada.