Discurso durante a 164ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da campanha Novembro Azul, a qual chama a atenção para a necessidade de prevenção do câncer de próstata.

Considerações acerca da relevância da Operação Lava Jato no combate a corrupção no País.

Registro da visita de S.Exª ao Líbano, em missão oficial para celebração dos cinco anos da força-tarefa marítima executada pelas Nações Unidas nas águas territoriais libanesas.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Registro da campanha Novembro Azul, a qual chama a atenção para a necessidade de prevenção do câncer de próstata.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Considerações acerca da relevância da Operação Lava Jato no combate a corrupção no País.
DEFESA NACIONAL E FORÇAS ARMADAS:
  • Registro da visita de S.Exª ao Líbano, em missão oficial para celebração dos cinco anos da força-tarefa marítima executada pelas Nações Unidas nas águas territoriais libanesas.
Publicação
Publicação no DSF de 08/11/2016 - Página 5
Assuntos
Outros > SAUDE
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Outros > DEFESA NACIONAL E FORÇAS ARMADAS
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, CAMPANHA NACIONAL, PREVENÇÃO, CANCER, HOMEM, OBJETIVO, REDUÇÃO, NUMERO, MORTE, PAIS, AUMENTO, REALIZAÇÃO, EXAME, ANTECIPAÇÃO, DESCOBERTA, AUXILIO, TRATAMENTO, DEFESA, SAUDE, POPULAÇÃO, COMBATE, DOENÇA.
  • ELOGIO, LIDERANÇA, SERGIO MORO, JUIZ DE DIREITO, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), EXPECTATIVA, DELAÇÃO PREMIADA, EMPREITEIRO, AUXILIO, REALIZAÇÃO, BUSCA E APREENSÃO, QUEBRA DE SIGILO, CONTA BANCARIA, CONDENAÇÃO, AUTORIDADE PUBLICA, CRIME, LAVAGEM DE DINHEIRO, RECONHECIMENTO, SOCIEDADE, ATUAÇÃO, MAGISTRADO, COMBATE.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, MISSÃO OFICIAL, CELEBRAÇÃO, FORÇAS NAVAIS, MOTIVO, REALIZAÇÃO, PATRULHA, AGUAS TERRITORIAIS, PAIS ESTRANGEIRO, LIBANO, COMANDO DA MARINHA, EXILIO, MARINHEIRO, OFICIAIS, PAIS, OBJETIVO, PROIBIÇÃO, ENTRADA, ARMAMENTO, ESTABELECIMENTO, PAZ, REGIÃO, CONFLITO, ORIENTE MEDIO, RECONHECIMENTO, GENERAL DE EXERCITO, IRLANDA, ATUAÇÃO, CAPACIDADE PROFISSIONAL, MARINHA, BRASIL, ELOGIO, EMPENHO, TROPA, CUMPRIMENTO, MISSÃO, ANUNCIO, ENCONTRO, DESCENDENTE, LOCAL, SÃO PAULO (SP), APOIO, ITAMARATI (MRE), TROCA, INFORMAÇÃO, COMERCIO, COMPRA E VENDA, AVIAÇÃO DO EXERCITO, DEFESA.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente desta sessão, Senador Paulo Paim, nossos telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, hoje, especialmente na primeira fase deste meu pronunciamento, eu me dirijo aos homens. Já tive oportunidade de aqui promover uma sessão especial para marcar os 80 anos da Sociedade Brasileira de Urologia, à época presidida pelo Dr. Aguinaldo Nardi e, agora, pelo Dr. Archimedes Nardozza. Naquela época, a cerimônia foi exatamente para ajustar os 80 anos da Sociedade Brasileira de Urologia a medidas de prevenção, campanhas preventivas e para chamar a atenção para a relevância no Brasil também do Novembro Azul.

    Assim como o Outubro Rosa é um mês dedicado ao câncer de mama, com acendimento de luzes na cor rosa do prédio do Congresso, do Supremo, do Palácio do Planalto, dos edifícios e monumentos mais importantes do País, o Novembro Azul, da mesma forma, trata de chamar a atenção da sociedade brasileira, da população, especialmente dos homens do nosso País, para uma necessidade igual na prevenção do câncer de próstata.

    Para se ter uma ideia da relevância desse problema, Senador Paulo Paim, eu vou lhe dar uma informação aterradora: a cada 40 minutos – a cada 40 minutos! –, morre no Brasil um homem vítima de câncer de próstata. O mais impressionante é que 90% desses óbitos, Senador Paulo Paim, poderiam ser evitados se houvesse a prevenção: um exame de PSA, que é fundamental para a investigação, e o exame de toque, que é feito pelos especialistas nessa matéria, os médicos urologistas.

    Exatamente por isso, estou ocupando esta tribuna.

    Hoje, pela manhã, o Instituto Lado a Lado pela Vida começou a promover mais uma campanha do Novembro Azul: "Cuidar da saúde também é coisa de homem", "De Novembro a Novembro Azul". E é exatamente esse o objetivo dessa campanha que o Instituto Lado a Lado pela Vida está promovendo hoje no Sindilegis, aqui ao lado do Congresso Nacional. Esse instituto é presidido pela combativa militante em defesa da saúde Marlene Oliveira. Então, eu estive lá exatamente para chamar a atenção do que aqui voltarei a dizer.

    Nos Estados Unidos, as autoridades recomendam o exame de PSA aos homens como a mamografia, no caso do câncer de mama, que deve ser feita a partir dos 50 anos pelas mulheres. Hoje, está comprovado que, cada vez mais, reduz-se a idade das mulheres com câncer de mama. O Senado fez aqui uma exposição de mulheres vítimas de câncer, e encontramos ali mulheres com 23 anos, 28 anos, 32 anos, 35 anos, vítimas de câncer de mama e que, tratadas na época oportuna, sobreviveram e foram curadas da doença. Em relação ao câncer de próstata, da mesma forma: as autoridades americanas disseram que o PSA tem de ser feito a partir dos 50 anos para os homens. O ator Ben Stiller participou de um programa em que disse que, se não fosse sua iniciativa de buscar fazer um exame de PSA, ele não estaria vivo hoje, porque, aos 46 anos de idade, ele foi fazer o exame, e foi constatado que estava com início de câncer. Por isso, ele disse que não é possível esperar os 50 anos de idade para os homens. Isso naquele país que é tão rico, a maior economia do mundo. De fato, esse depoimento do Ben foi extremamente ilustrativo da necessidade da prevenção, quando se pode prevenir, do tratamento, quando se pode tratar, e da cura, quando se pode curar.

    Esses são os caminhos que temos de perseguir e, por isso, faço essa exortação aqui, para me engajar no Novembro Azul. Por isso, estou aqui com o símbolo do Novembro Azul, que é parecido com o símbolo do Outubro Rosa: uma fita azul, no caso. E o mote da campanha é um vasto bigode, celebrativo das questões relacionadas aos homens.

    E o Jornal Nacional, de sábado, tratou do assunto. "Os exames devem ser feitos a partir dos 45 anos de idade, mas quem tem história familiar tende a ter tumores de forma mais precoce e quem tem, portanto, um pai ou um irmão com câncer de próstata, o primeiro exame deve ser feito após os 40 anos de idade”, explicou Miguel Srougi, professor de urologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Aos 45 anos de idade, o corretor João Batista escapou por pouco. Quando a doença foi diagnosticada, o câncer já estava avançado e quase se espalhando para outros órgãos e foi graças aos dois exames que ele pôde se tratar a tempo. “O tratamento, normalmente, quanto mais avança a enfermidade, o tratamento se torna mais pesado”, relevou João Batista Rodrigues. O professor Miguel Srougi também ressaltou que uma das barreiras para a prevenção ainda é a resistência de muitos homens e o preconceito também em relação à prevenção. O medo de ter que revelar publicamente que ele pode ser fraco, tendo uma doença como o câncer, leva a essa atitude que, como se diria, é pior a emenda que o soneto. Ele não vai por medo, para não dizer que se sente fragilizado e aí acaba podendo morrer por conta de a doença não ter sido prevenida e não ter sido tratada na hora oportuna. Esse sentimento prevalece contra o tabu, contra o toque ou o tabu contra fazer exames de prevenção. O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil, e é com foco nessa campanha do Novembro Azul que nós estamos aqui abordando esse tema em relação à relevância que tem. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 61 mil novos casos só em 2016. Embora nós não tenhamos estatísticas confiáveis, o fato é que esse número pode ser bem maior do que os 60 mil novos casos. Antes uma doença de idosos, hoje o tumor maligno da próstata atinge homens cada vez mais jovens, assim como acontece em relação ao câncer de mama com as mulheres. Como qualquer câncer, quando detectado no início, a chance de cura é maior, mas, quando ele se espalha, o estrago costuma ser irreversível. O diagnóstico precoce permite um grande leque de opções de terapia, que pode ser desde simplesmente acompanhar, observar esses doentes sem precisar fazer algum tratamento, evitando as complicações das terapias mais agressivas, até nos casos de alto risco, a cirurgia e a radioterapia, que são os tratamentos consagrados. Isso é o que diz o professor de urologia do hospital A.C.Camargo Gustavo Guimarães. Muitos homens ainda têm dúvidas sobre qual é o exame mais eficiente para identificar a doença, se o de sangue, conhecido como PSA, ou o exame de toque. Quem responde é a estatística. Se o paciente faz apenas um desses exames, a chance de falha do diagnóstico é de 20% em relação ao PSA e de 40% em relação ao toque. Já se os dois são feitos juntos, o índice positivo de competência e de possibilidade de identificação é muito maior, e aí as chances de cura bastante maiores.

    Eu queria renovar os meus cumprimentos ao Instituto Lado a Lado pela Vida por liderar essa campanha do Novembro Azul, que é de combate ao câncer de próstata.

    Temos feito aqui, no Senado, várias iniciativas em relação a esse tema e vamos continuar trabalhando para salvar a vida de muitos homens, especialmente os jovens que podem enfrentar a doença.

    Senador Paulo Paim, eu estava acompanhando a entrevista que o Juiz Sérgio Moro deu para marcar os primeiros dois anos da Operação Lava Jato e levei um susto, sinceramente, quando li a declaração dele, que foi a manchete do jornal: "'Jamais entraria para a política', afirma Sérgio Moro". Com a manchete lida assim, secamente, qual é a primeira imagem que eu, como sou hoje uma Parlamentar, tive? Por que ele declarou isso? Será que foi com o objetivo de dizer que essa atividade não é digna? Que nessa atividade há muita gente que é corrupta? Estamos com uma péssima avaliação da sociedade. Eu disse: "Mas o juiz é inteligente, é um juiz preparado, é um juiz que respeita muito os Poderes". Por que ele teria declarado isso, a não ser para criticar a classe política? Pois é preciso ler não apenas a manchete – eu, que fui jornalista, sei disso. É preciso ler não apenas a manchete, porque a manchete diz uma parte apenas da verdade, é o resumo, Senador Paim. Ele foi indagado: "Sairia candidato a algum cargo eletivo? Ou entraria para a política?" Foram as perguntas. "Não, jamais. Jamais.", foi a declaração do Juiz Sérgio Moro. E aqui vem a explicação que ele próprio dá nessa resposta:

Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política. Acho que a política é uma atividade importante, não tem nenhum demérito, muito pelo contrário, existe muito mérito em quem atua na política, mas eu sou um juiz, eu estou em outra realidade, outro tipo de trabalho, outro perfil. Então, não existe jamais esse risco.

    O risco, evidentemente, é o de ele ser candidato a algum cargo, porque a notoriedade obtida pelo Juiz Sérgio Moro, é claro, o evidencia como uma figura neste vazio, que nós todos reconhecemos – nós mesmos Parlamentares –, o vazio de lideranças novas, que possam obter da sociedade brasileira a crença, a confiança e a esperança, sobretudo, em construir um País melhor, com novas cabeças, com novas ideias, com novos pontos de vista sobre a sociedade brasileira.

    A resposta dele, depois de lida no que ele declarou, me confortou, porque ele faz um reconhecimento da relevância que tem a atividade política.

    É preciso também lembrar aí a relevância que teve o trabalho da Operação Lava Jato até este momento. Há evidentemente uma enorme curiosidade sobre quais os resultados da delação premiada que os executivos da Norberto Odebrecht e o comando dessa empresa, que está na Operação, aceitaram fazer. Há uma grande expectativa de quais serão as novidades que podem aparecer. Os números são extremamente relevantes: foram 52 acusações contra 241 pessoas por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Condenação: 110 foram condenados, com penas de mil anos – a soma de todas as condenações, é claro. Valores recuperados – essa notícia também é importante – e que podem aumentar: R$3,6 bilhões. Quase 70 detentores de foro privilegiado estão sob investigação no Supremo Tribunal Federal, como marechais da política, empreiteiros, executivos de estatais, doleiros, marqueteiros, lobistas, na cadeia ou em prisão domiciliar. Mapeamento do suborno: estimado em R$6,2 bilhões. Muitas apreensões, quebra de sigilo, rastreamento de operações bancárias envolveram R$1 trilhão.

    Acordos de investigação conjunta com 34 países. Nove em cada dez sentenças da primeira instância foram confirmadas em instâncias superiores, o que dá validade, credibilidade e confiança ao trabalho da República de Curitiba, liderada pelo Juiz Sergio Moro, com o apoio da Polícia Federal, de modo exemplar, e também com o apoio do Ministério Público Federal e do próprio Supremo Tribunal Federal na acolhida das denúncias feitas na primeira instância.

    No caso, a estatística relacionada à Lava Jato é, na verdade, para a sociedade brasileira, já cansada de tanta impunidade, Senador Paim, um conforto, uma resposta de que há uma saída, há uma luz no fim do túnel. Este Brasil certamente precisa ser melhor, depois de encerrada a Operação Lava Jato.

    Para terminar, Senador Paim, quero informar que estou voltando de uma missão muito honrosa para mim, já que integro a Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal. Participei dessa missão a convite do Ministro da Defesa, Deputado Raul Jungmann, e também do Comandante da Marinha, Almirante Eduardo Leal Ferreira.

    Essa missão oficial foi ao Líbano para verificar a celebração dos cinco anos da força-tarefa marítima executada pelas Nações Unidas nas águas territoriais libanesas. Essa força-tarefa vem sendo comandada, há cinco anos, pela Marinha brasileira, no momento através da Fragata Liberal. Mais de 200 homens – marinheiros, suboficiais, oficiais – estão ali, naquela operação, há cinco anos. Ficam, em média, oito meses naquele exílio de serviço, fazendo patrulhamento das águas territoriais, sob o comando da Unifil, sigla em inglês para a Força Interina das Nações Unidas naquela região do Oriente Médio, na fronteira do Líbano com Israel.

    O objetivo da Unifil é o estabelecimento de uma paz com estabilidade. Várias nações estão ali presentes, e o Brasil é o único país fora da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que tem esta missão de alto relevo: comandar a força-tarefa marítima, fazendo o patrulhamento das águas territoriais libanesas, num esforço não só das Nações Unidas, mas também por uma solicitação feita pelo próprio governo do Líbano, logo depois de iniciada a instalação dessa unidade, a Unifil, que é a força das Nações Unidas que está ali, interinamente, para assegurar a paz na região de conflito, que envolve Israel, Líbano e Síria. Isso é realmente uma zona de alta tensão e de alta preocupação para todos nós.

    Eu fiquei muito orgulhosa, especialmente por ter percebido, na companhia do Comandante da Marinha, Almirante Leal Ferreira, e do Contra-Almirante brasileiro Claudio Mello, o respeito do General irlandês Michael Beary em suas referências, durante a reunião que tivemos na sede da Unifil, que fica exatamente a cerca 30km da fronteira com Israel, onde estão instalados vários países integrando essa Força Interina das Nações Unidas: a Espanha, a Índia, a França, Bangladesh, a Indonésia, a Itália, a Alemanha, a própria Irlanda e muitos outros países que integram essa força-tarefa. E há o respeito que o comando da Unifil tem sobre a atuação profissional, competente, comprometida e séria da unidade da Marinha, do grupo da Marinha, lá nessa operação de patrulhamento das águas territoriais libanesas.

    Ouvir as palavras ditas pelo General Michael Beary foram para mim extremamente gratificantes, bem como ver o respeito que um oficial de um país como a Irlanda tem sobre o trabalho comprometido, como eu disse, dos nossos oficiais da Marinha brasileira. São oito meses ali exilados, os marinheiros, mas com muito empenho, mesmo longe da família, vivendo os problemas de um mar, às vezes, agitado, de expectativas do que pode acontecer amanhã, das incertezas e de uma viagem que, no retorno – são 30 dias ao sair do porto do Líbano até o Rio de Janeiro. Então, eu fiquei muito orgulhosa de ver o empenho de cada um dos marinheiros ali presentes.

    Esta Fragata Liberal é uma fragata que tem quase de 40 anos, foi remodelada, mas parece uma casa nova, dado o cuidado que os nossos marinheiros mantêm sobre essa embarcação. O lema dos marinheiros é: "Nosso barco, nossa alma", que é dito pelo Ministro da Defesa cada vez em que se encontra com a tropa da Marinha, a bordo ou fora de bordo.

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – E o que mais impressiona, Senador Paim, é que o Líbano tem 4 milhões de habitantes – 4 milhões de habitantes! É muito menor que a população do Rio Grande do Sul, que tem mais de 11 milhões de habitantes. E 8 milhões de descendentes de libaneses vivem no Brasil – 8 milhões! Portanto, o dobro da população do Líbano está no Brasil, através de famílias que são os seus descendentes.

    E por isso vai ser realizado, em São Paulo, nos dias 27 e 28, o que eles convencionaram chamar de "A Diáspora Libanesa na América Latina". Foram convidados descendentes de libaneses do México à Argentina. E o total desses descendentes de libaneses, nessa região da América Latina, estima-se em 17 milhões de descendentes, dos quais, claro, o Brasil tem 8 milhões.

    E o encontro vai ser feito em São Paulo, com apoio do Ministério das Relações Exteriores, para discutir... Há muito interesse bilateral no comércio, na questão de troca de informações; muito interesse na compra de Super Tucanos, que são aviões de grande qualidade e eficiência. Os Estados Unidos são os maiores compradores desses aviões tucanos, fabricados pela Embraer. E o Líbano tem interesse, serão entregues; já compraram blindados brasileiros. E eu penso que, não só na área de defesa, que é uma área muito importante para o País, mas em outros setores da economia, o comércio bilateral poderia ser intensificado entre o Líbano e também o Brasil. O Líbano está por assinar, Senador Armando Monteiro – o senhor que entende de comércio, foi o nosso Ministro atuante na área do comércio exterior –, está discutindo um acordo com o Mercosul. E eu penso que seria um momento muito relevante, dentro do Oriente Médio, para que um país como o Líbano pudesse ser a porta de entrada até em relação aos países árabes, por exemplo. Porque lá vimos, quando sai a embarcação – essa fragata da Marinha brasileira estaria ancorada no porto –, um mar de automóveis, todos brancos, carros japoneses, fabricados no Japão, que vão do centro de distribuição para a Arábia Saudita. E todos os carros são brancos, porque, com o sol inclemente, se os carros fossem pintados de outras cores, o sol prejudicaria enormemente a coloração e a conservação de um automóvel, por mais qualidade que tivesse. E essa foi a explicação também dada.

    Aquele porto de muita dinâmica de comércio internacional pode ser também um ponto para chegada dos nossos produtos brasileiros, seja na área alimentícia – carnes, grãos –, enfim, uma série de outros, além daqueles que já mencionei na área da defesa, que também, como V. Exª sabe, são de alta qualidade. Os blindados já chegaram lá, e agora estão esperando os aviões Tucanos.

    A expectativa do Ministro Raul Jungmann, seu conterrâneo lá de Pernambuco, é de que haja agora também uma força-tarefa terrestre, porque hoje só há uma força-tarefa da Marinha que lidera há cinco anos, exatamente o que eles chamam de força-tarefa marítima, que faz o patrulhamento das águas para evitar entrada de armamentos.

    Nesse tempo em que estão lá, houve duas ações extremamente importantes que são ações solidárias, humanitárias. Uma delas foi socorrer náufragos que estavam na iminência de morrer, mais de 160 migrantes que estavam saindo do norte da África rumo aos países europeus. E ali, não fosse o trabalho da Fragata Liberal, poderia ter acontecido uma tragédia de proporções incalculáveis com a morte desses migrantes. A única forma nessa missão de força-tarefa, a única ação – além da sua finalidade que é o patrulhamento das águas territoriais libanesas para controlar a entrada de armas – é fazer ações humanitárias. Fora disso, não se pode fazer nenhuma ação. Então, o que eles fizeram foi uma ação humanitária de alto alcance, de pouca visibilidade, mas de relevância.

    E também houve um caso de um militar de outro país, porque não havia helicóptero em outra embarcação, que foi, graças ao trabalho da força-tarefa da Marinha brasileira, salvo. Ele estava com princípio de ataque do coração, e chegou no hospital em Beirute a tempo de ser socorrido e não morreu.

    Eu fiquei realmente, Senador Armando Monteiro, Senador Paim, feliz. Como brasileira, a gente não dá valor... Aliás, a gente não tem informação suficiente da condição de soberania do Brasil, da condição que os profissionais das Forças Armadas possui.

    À Marinha brasileira, no que eu vi na força-tarefa marítima do Líbano, junto à Unifil, deve-se um respeito enorme, pela capacidade, pelo profissionalismo e pelo nível de conhecimento. Todos falam inglês fluentemente e têm um preparo operacional extraordinário.

    E até perguntei a um comandante da Unifil, um general irlandês, se o resultado das eleições nos Estados Unidos poderia, de alguma maneira, ter algum impacto sobre essas operações, porque, claro, os interesses extra Nações Unidas são grandes, como nós todos sabemos, o caso da Rússia e o caso dos Estados Unidos.

    E ele disse apenas o seguinte: "Nós apenas temos preocupação é com o orçamento da Unifil, que seja mantido. Caso contrário, poderá haver, sim, problemas, porque a força-tarefa tem sido, em função de vários países integrarem essa força, digamos, o estabilizador de paz nessa região." Então, a permanência da Unifil lá é, eu diria, crucial e, para isso, devemos assegurar os orçamentos necessários.

    Faço esse relato para agradecer a oportunidade que eu recebi do Ministério da Defesa para poder pessoalmente ter conferido o respeito que o mundo e aquela região, em particular, têm à Marinha do Brasil, que é uma das instituições, e aí se justifica a posição perante a sociedade brasileira. Quais são as instituições mais respeitadas na visão da sociedade? Uma delas são as Forças Armadas. Então, estão agindo profissionalmente, na caserna, fazendo o dever de casa e honrando o Brasil.

    Muito obrigada, Senador Paim, pelo tempo que me concedeu, que foi além dos 20 minutos.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/11/2016 - Página 5