Discurso durante a 163ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Crítica ao Partido dos Trabalhadores, devido à oposição aos projetos do Governo, e defesa da reforma do ensino médio.

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Crítica ao Partido dos Trabalhadores, devido à oposição aos projetos do Governo, e defesa da reforma do ensino médio.
Publicação
Publicação no DSF de 04/11/2016 - Página 31
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MOTIVO, OPOSIÇÃO, PROJETO, AUTOR, GOVERNO FEDERAL, DEFESA, REFORMULAÇÃO, ENSINO MEDIO.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, senhoras e senhores que nos ouvem, todos que nos assistem pela TV Senado, eu fiz algumas anotações sobre o que disse a Senadora Gleisi Hoffmann, mas é até bom que ela não esteja mais aqui, porque, como já dizia o filósofo Jô Soares, falar mal ficou para falar nas costas, porque na frente causa um certo constrangimento. Então, vou dizer aqui numa próxima oportunidade...

    O SR. PRESIDENTE (Roberto Requião. PMDB - PR) – A frase, Senador Medeiros, é do Tancredo Neves.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – É do Tancredo, não é?

    O SR. PRESIDENTE (Roberto Requião. PMDB - PR) – O Tancredo Neves aconselhava falar mal pelas costas, porque pela frente é falta de educação.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Muito bem. Então, vamos dar o crédito ao verdadeiro dono da frase. Eu tinha ouvido o Jô Soares dizendo esta frase, mas está aqui me corrigindo o Senador Requião, que é uma enciclopédia. Para os alunos que não conhecem, antigamente havia a Enciclopédia Barsa. O Senador Requião, aqui no Senado, é essa nossa enciclopédia.

    Mas a Senadora Gleisi há pouco dizia... E eu digo que eu sou um admirador realmente da forma como ela se porta na tribuna, porque ela realmente consegue – é uma magia – transformar tudo na forma que ela pressupõe que seja. Eu, sinceramente, não acredito que ela acredite no que diz. Porque, veja bem, o Partido dos Trabalhadores – vou só colocar algumas mudanças históricas que aconteceram no Brasil nas últimas décadas e vamos colocar o comportamento do Partido dos Trabalhadores, que sempre foi um pouco naquela linha: qualquer coisa que não seja eu que invente, yo soy contra.

    Pois bem. Quando o Brasil estava fazendo uma transição do período de ditadura já para o governo civil, surgiu Tancredo Neves, o PT foi contra. Depois, o PT sugeriu o calote da dívida, quando todos eram a favor de que a gente pagasse as contas, o PT era a favor do calote. Depois, no impeachment do Collor, houve uma coalizão de todos os partidos para ajudar o Brasil a sair daquele momento e sair daquela crise política, o único partido que foi contra foi o PT. Depois surgiu o Plano Real. Qual o único partido contra também? O PT. Aí veio a privatização telefônica. Eu me lembro que, na telefonia no Brasil, um telefone custava o preço de um fusca. Era inclusive uma ação, era incluído no imposto de renda quem tinha um telefone.

    Eu me lembro de que no dia em que o meu tio – eu fui criado pelos tios, eu era criança – comprou um telefone, eu cheguei na escola contando que lá em casa tinha um telefone. Até hoje me lembro: 9020 o número do telefone.

    Bem, mas o PT foi contra aquela expansão telefônica no Brasil. Depois, as metas de inflação: o PT foi contra. Mas aí vamos à principal, à pérola: quando Fernando Henrique – e eu vou citar Fernando Henrique porque o Fernando Henrique é um símbolo, eu diria que ele é o monstro nos sonhos do PT, é o bicho-papão na imagem do PT –, quando o Fernando Henrique começou os programas sociais, sabe quem foi contra os programas sociais? O PT. Sabe o que Lula dizia sobre a Bolsa Família, sobre o que depois se tornou a Bolsa Família? Isso é uma forma de cooptação de votos, isso é um curral de voto, isso é querer manietar os pobres. Isso era o que eles diziam.

    Mas depois fizeram o mesmo. Copiaram aquelas coisas todas, não deram o crédito, Cristovam Buarque, que deu boa parte das ideias, não foi citado, aliás, foi demitido por telefone. E assim foi. Esse é o comportamento.

    Não vamos negar aqui, não vamos quebrar o retrovisor e dizer que não houve avanços, que o PT não fez coisa boa, que o PT não tinha um grande líder. Isso está na cara. Não vamos omitir os bons números. Agora, vamos ser sinceros. A Bíblia diz que o diabo é o pai da mentira, mas é porque, na época em que foi escrita a Bíblia, não tinham conhecido o PT, porque mentem numa desfaçatez tão grande! E aí é o seguinte: eles não colocam o Paulo Rocha para vir mentir aqui, não, porque Paulo Rocha, com aquela barba, esteticamente... Mas eles colocam umas aqui com voz de candura, parecendo modelo de Hollywood. E eles vem aqui e soltam. São os porta-vozes do PT. Colocam a Senadora Vanessa, que tem uma retórica impecável, e vão transformando aqui vinho em água a todo momento. São mágicos! Mas isso é um desserviço sem tamanho à população brasileira.

    Vejamos, por exemplo, o debate da reforma da educação. O que eu vou ler aqui foi do programa do Partido dos Trabalhadores e quem disse foi a Presidente Dilma:

    Propostas de campanha da Presidente Dilma. Ela afirmou em 2014:

Está mais do que claro que precisamos fazer uma grande reforma do ensino médio, começando pelo currículo. É preciso implantar uma mesma base curricular para as escolas do ensino médio, pois só assim será possível estabelecer metas e prazos a serem cumpridos.

Também é preciso repensar o seguinte. Hoje o aluno do ensino médio tem doze matérias, o que já é bastante excessivo. Se reprova em uma, ele tem que fazer as doze novamente. Isso é um desestímulo e uma das causas da evasão nesse nível de ensino.

Nossa proposta é adotar o mesmo sistema do ensino superior, onde o aluno só precisa repetir a matéria na qual foi reprovado. Além disso, é preciso diminuir o número de matérias e atualizarmos alguns temas de estudo, de acordo com as necessidades [...].

Não tenho nada contra sociologia ou filosofia. Mas temos que rever essa carga horária de ensino.

    E por que a Presidente disse isso? Porque essa reforma já vinha sendo debatida há vinte anos no MEC. Então, ela pegou aquilo e trouxe. Só que o que ela usou no programa eleitoral é o que está sendo discutido agora, é o que está solto aí, e que o PT, o PCdoB e puxadinhos estão debatendo contra.

    Mais ainda. Pega aqueles estudantes – e não sei se tem coisa mais perniciosa na educação brasileira –, aquelas figuras sujinhas que têm 40 anos e ficam nos DCEs ali. Aliás, ganham uma sala bonitinha, bem urbanizada da universidade e a transformam em um inferno. Você entra e está pichada, é papel, é a entrada do inferno mesmo. E ali eles ficam, anos após anos. Completam, às vezes, quarenta e tantos anos e ficam lá.

    Essa espécie de estudante também prolifera nas escolas. Eles vivem por essa Ubes, por essa Umes e são peritos nessas frases de efeito. Eles pegam uma reforma dessa – preguiça têm até de ler, dificilmente leem tudo –, eles pegam só os chavões que saem daqui da tribuna, ditos pela Senadora Vanessa Grazziotin, pelos mestres, pegam o que os oráculos dizem e começam a repetir.

    Na minha época, a bandeira dessa turma era universidade pública e gratuita. Se alguém falava sobre universidade pública e gratuita, eles não entendiam, porque o termo era muito complexo, mas eles repetiam aquela retórica naqueles discursos inflamados, cheios de frases de efeito, fazendo uma mistureba de Marx com outros pensadores, sendo que nem mesmo a orelha de seus livros eles haviam lido. E eles proliferam e vão jogando na cabeça das crianças. Aí eles chegam com a seguinte retórica: "Vão acabar com o décimo terceiro, vão escravizar seus pais" – pegam aqueles spams que saem na internet e vão proliferando. Fazem o discurso do medo, o discurso do caos e soltam na cabeça das crianças.

    Agora, eles resolveram pegar como bode expiatório a reforma do ensino. Era tudo que pediam antes – um currículo mais enxuto, um currículo que pudesse dar aos estudantes oportunidade de escolher, de escolher tudo, inclusive nada –, mas eles são contra.

    Por exemplo, a carga horária mínima no Brasil, hoje, é de 800 horas anuais. O que a reforma do ensino está propondo? Que a grade seja ampliada, gradativamente, para 1,4 mil horas até chegarmos ao ensino integral. Nos últimos anos, quase todas as campanhas dessas pessoas pediam carga horária integral, mas agora elas são contra. E qual é a vantagem disso? Qual é a vantagem de haver uma carga horária integral? Nos países em que já existe esse sistema, há evidência de que isso melhora o desempenho dos alunos. Por quê? Em determinado momento, eles estão fazendo, por exemplo, as disciplinas do currículo mínimo; em outro momento, estão fazendo música, estão fazendo outras atividades.

    Como as escolas estão caindo aos pedaços, como está tudo arrebentado, é de se perguntar: "Medeiros, como vem falar em uma utopia dessas, sem que não tenhamos nem o básico hoje?" Nós temos que ter isso como meta, porque a grande verdade é que nós estamos gastando em muita coisa que não traz nada de benefício para o ensino. Essa é a grande verdade! Há muita coisa no meio que não está chegando ao fim. Eu ouvi prefeito dizendo o seguinte, Senador Roberto Requião: "Eu tenho que atingir o índice mínimo de gastos, mas eu não sei como fazê-lo. Está findando o ano, e eu tenho que cumprir essa meta. Eu acho que vou comprar parquinhos". E ele comprou carretas de parquinhos de plástico para colocar nas escolas. Dá para se ver que nós não temos bem um rumo. E agora nós temos um rumo de como começar a gastar.

    Hoje, alunos cursam 13 disciplinas obrigatórias nos 13 anos. E como isso vai ficar nessa reforma? O que se propõe? Que só parte da grade será igual para todos; a outra metade vai abranger essas disciplinas que as crianças, os alunos vão poder escolher.

    O ensino médio é dividido, hoje, em geral, em três anos. Como é que pode ficar? As escolas poderão adotar um sistema de créditos em algumas disciplinas, do jeito que a Presidente Dilma estava sugerindo no programa eleitoral e como é no ensino superior.

    Hoje, as redes só contratam... aqui está o gargalo, o nó górdio da reforma. Esses dias, subiu uma Senadora aqui e falou efusivamente: "Isso é um absurdo, porque exatamente vão acabar com a educação brasileira". Não vou citar o nome dela para não pensarem que é a Senadora Fátima, mas ela disse aqui o seguinte: "Pais, os seus filhos vão ser ensinados por qualquer um daqui para frente". Com todo o respeito, mas, na mesma linha do Tancredo Neves, eu vou ter que dizer aqui: a Senadora Fátima mentiu aqui, na tribuna. Não é verdade que qualquer um vai dar... O que está se dizendo na reforma é que o notório saber jurídico vai ser avaliado, e não só necessariamente os com licenciaturas vão poder atuar. E eu vou falar a verdade: eu sou licenciado em matemática, dei aula por vários anos, mas eu vejo que uma aula de matemática dada por um engenheiro ou, eventualmente, até por um arquiteto é muito mais rica, porque, enquanto eu vou estar descrevendo as fórmulas na sua parte técnica, ele vai dar uma dimensão do todo. Então, não podemos desconsiderar o notório saber. Aliás, a nossa Corte Suprema pressupõe: "conduta ilibada e notório saber jurídico". Ela não está pedindo: "Traga-me um diploma de direito". Nós já tivemos um médico Ministro do Supremo Tribunal Federal. Então, está-se pintando o caos aqui dizendo: "Seus filhos vão ser ensinados por qualquer um". Na verdade, os pais já sabem. Como está a nossa educação hoje, nós já não encontramos professores de exatas na maioria das escolas; nós temos inúmeros professores dando aula de outras disciplinas. Eu cansei de dar aula – pasmem, eu sou formado em matemática –, no fundamental, de ciências. Sabe por quê, Senador Roberto Requião? Porque não achavam professores para dar biologia. Tive que estudar como um louco a estrutura celular, a estrutura de uma célula para poder dar uma aula. Então, isso já existe; no Brasil, já existem n professores com notório saber jurídico aí dando aula em outras disciplinas; isso já é uma realidade.

    Educação e artes eram obrigatórias em todo o sistema de ensino. Como é que vai ficar? As disciplinas não deixam de ser obrigatórias no ensino médio, e a carga horária fica a cargo das redes da escola. O que pediam era a autonomia. Pois bem, está se dando. E dizem: "Não queremos". E aí invadem as escolas.

    E essa turma torce tanto o discurso! O que é difícil é a mentirada.

    Eu subi aqui e falei para os pais tomarem muito cuidado ao deixarem suas filhas dormirem nessas escolas, porque tem uso de drogas e tem... eu falei para terem muito cuidado ao deixarem as filhas nesse lugar e os próprios filhos também – os filhos homens. Eu falei isso antes. Depois de uns dias, morreu um lá no Paraná. Já prestei meus sentimentos à família do aluno Lucas. Então, é um lugar que não é saudável para essas crianças.

    E mais: se fosse pelo menos uma causa justa, mas não é uma causa justa. Eles estão sendo enganados, vêm aqui com palavras de ordem e estão criando pop star no meio. A filha de um militante do Partido dos Trabalhadores fez um discurso, que viralizou, e trouxeram a menina para cá como se fosse o novo ícone de manifestação dos estudantes. Então, colocaram os estudantes para trabalharem contra si mesmos.

    É muito importante fazer debate? É, mas vamos falar diante de uma realidade mais próxima, de uma honestidade intelectual, pois o debate que está sendo feito aqui é uma verdadeira pregação. Há poucos dias, eu fui a um debate desses, Senador Requião, e pensei que ia apanhar. Se eu tivesse a verve e – vamos dizer assim – a sabedoria retórica de V. Exª, acho que teria apanhado. Eu falo com menos efusão, falei mais baixo um pouquinho, mas quase apanhei. Eu tive de me levantar e pedir à segurança do Senado que segurasse um rapaz que queria me agredir. Fui vaiado. Por quê? Porque discordei. Imagine se fosse V. Exª lá falando na linha do que eu estava falando. E eu queria agradecer aqui à EBC. Eu estava defendendo o Governo, e fizeram uma matéria extremamente depreciativa. O rapaz se levanta – e eu tive de me levantar para não ser agredido –, e a EBC coloca da seguinte forma: "Senador, descontrolado, põe professor para fora da comissão". Então, o debate que tem sido feito aqui não tem sido... E por que não tenho ido mais a essas comissões? Porque não adianta; eu vou lá para ser vaiado, então, é melhor deixá-los falando sozinhos. Eu gosto de fazer debate, sim, mas dentro de um nível de discussão de ideias. Eu já saí do ensino fundamental em que, quando você discordava do outro, ia lá e dava-lhe uma bolacha, um pedala Robinho no pé da nuca. Aqui, os debates têm de existir, mas têm de ser dentro de um certo nível. Então, eu não vou fazer isso.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Esses esclarecimentos são muito importantes. Aqui, eu falo para os pais: muito cuidado com seus filhos. Eu tenho, inclusive, procurado verificar o currículo para os meus filhos. Eu sempre olho os livros para ver, inclusive, o conteúdo didático, porque há muito professor que se converteu a uma certa linha e não consegue... Ele não faz isso nem de má-fé, pois acha que está fazendo um bem ao mundo, mas ele está fazendo uma pregação que não tem a tolerância nem do contraditório e não consegue dissociar-se disso.

    Eu sempre repito aqui que fui levado, na minha adolescência, para a praça para protestar contra a globalização. Um dia, me pararam e me fizeram uma pergunta que me inquietou. A partir daquele dia, comecei a ter mais cuidado com as coisas. Perguntaram-me: "Você sabe o que é globalização?" Eu não tinha a mínima ideia do que fosse, mas estávamos eu e um monte de colegas lá na praça protestando contra a globalização. É um terreno fértil, pois as crianças estão em um momento de autoafirmação, em um momento em que elas querem até, de repente, virar uma celebridade instantânea, como virou a filha do militante do Partido dos Trabalhadores, hoje havendo YouTube e tudo o mais. Elas são presas fáceis na mão de quem não conseguiu se sustentar no poder.

    Agora, o discurso que está aqui é esse discurso de golpe. Eu concordo com o Senador Requião: houve um golpe, sim, na população brasileira, houve um golpe, porque, realmente, o que foi vendido no programa eleitoral, dois dias depois, não foi entregue. Eu tenho que fazer justiça também a esse decano, porque ele sempre se contrapôs aqui, e eu respeito quem tem posição, quem tem lado e não se amedronta de falar, mas o único golpe que houve foi esse. O resto foi a conjunção política, em que se reuniu tempestade perfeita: perda da base política, perda das ruas e aí governo cometendo um crime atrás do outro. Aliás, o maior réu na justiça brasileira é o governo, incluindo os estaduais. Então, houve o alinhamento perfeito para que o governo caísse, com condições criadas pelo próprio Partido dos Trabalhadores.

    Já marchando para o final, eu tenho que fazer este reparo aqui. Hoje, o Partido dos Trabalhadores – retiro novamente, e não porque está na minha frente, desse bojo o Senador Roberto Requião, porque ele vinha fazendo essa crítica muito antes – , através de seu principal líder, defendia que, para a salvação do governo Dilma, para a salvação econômica, fosse colocado Henrique Meirelles. Aliás, Henrique Meirelles já tinha sido seu Ministro. Eles defendiam medidas muito parecidas com essas que estão sendo colocadas agora.

    Sobre o pé na jaca de que a Senadora Gleisi falou aqui, realmente, o governo da Presidente Dilma enfiou o pé na jaca. Eles fizeram o PAC 2, que era um programa de compra de patrols, que tinha o fito de acelerar a economia, de aquecer a economia. Eles compraram patrol para todos os Municípios. Qual prefeito que não quer receber uma patrol? Eles compraram patrols moderníssimas, computadorizadas, e mandaram para os Municípios, gastando bilhões, em um País que estava em derrocada. O que os empresários fizeram? Só compraram lá fora e transferiram para cá. Há prefeitos no meu Estado que não dão conta de fazer a revisão dessas máquinas, mas foram bilhões. Depois, liberou geral o programa dos caminhões, criando dois problemas: encharcaram o mercado e endividaram o País. Agora, os caminhoneiros estão quebrados e não estão conseguindo pagar as dívidas. Eles fizeram um programa luxuoso de creches. Quem não quer creches? O País precisa de creche, mas fizeram creches luxuosas. O que fizeram? Hoje há um cemitério de creches inacabadas, com uma dívida também vultosa. E por aí foram. Então, foi uma gastança, e a Presidente enfiou o pé na jaca. A Senadora disse que não sabia e que só em 2015 foram descobrir a crise, o que é outra inverdade – não vou ficar falando que é mentira, porque é uma palavra um pouco pesada.

    Quando Tombini foi à CAE, eu perguntei para ele se o Banco Central acompanhava a saúde financeira, as contas do Governo? Ele respondeu que acompanhava. Eu perguntei: "Vocês já tinham a sinalização de que a economia não ia bem, vocês avisavam o governo?" Ele não respondeu. Eu tive a réplica e reperguntei: "Vocês avisavam o governo ou não?" Ele falou: "Bem, Senador, com tudo o que acontece na economia, nós mandamos as circulares e tal..." Ele não quis falar que avisavam o governo, mas avisaram.

    A Presidente Dilma tinha acabado de dizer que não sabia...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – ... que tudo o que ela falou, na campanha, é porque ela não sabia e que não dava para prever. Aqui, no dia, sentada nessa cadeira, ela disse também: "Nós não temos como prever se a economia vai estar boa ou não. Eu não tenho uma bola de cristal". Tem. Tem. O Banco Central é a bola de cristal da economia.

    Então, agora estão defendendo. Principalmente o Senador Lindbergh tem defendido, e toda a ex-zaga do governo da Presidente Dilma tem defendido esse modelo de Keynes. Eles falam todo dia aqui: "Keynes, Keynes, Keynes", de que você tem que gastar mais, para poder fazer aquecer.

    Tantos outros economistas faziam o contraponto: "Você, em determinado momento, pode fazer um gasto para aquecer, mas você não pode ficar aquecendo o tempo inteiro. Ela, em determinado momento, tem de caminhar com as pernas".

    Então, esse é o debate que nós estamos travando aqui...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – ... mas é difícil de enfrentar, quando você lida com um sofisma atrás do outro. E o que é sofisma? Vou dar o nome popular: é mentira, mentira pura.

     No mais, muito obrigado, Senador Requião.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/11/2016 - Página 31