Discurso durante a 170ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº 10, de 2013, que altera os arts. 102, 105, 108 e 125 da Constituição Federal para extinguir o foro especial por prerrogativa de função nos casos de crimes comuns.

Considerações acerca das eleições presidenciais nos EUA.

Defesa da aprovação da reforma na educação proposta pelo governo do Presidente Michel Temer.

Defesa da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº 241, de 2016, que altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SISTEMA POLITICO:
  • Defesa da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº 10, de 2013, que altera os arts. 102, 105, 108 e 125 da Constituição Federal para extinguir o foro especial por prerrogativa de função nos casos de crimes comuns.
POLITICA INTERNACIONAL:
  • Considerações acerca das eleições presidenciais nos EUA.
EDUCAÇÃO:
  • Defesa da aprovação da reforma na educação proposta pelo governo do Presidente Michel Temer.
ECONOMIA:
  • Defesa da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº 241, de 2016, que altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências.
Publicação
Publicação no DSF de 12/11/2016 - Página 7
Assuntos
Outros > SISTEMA POLITICO
Outros > POLITICA INTERNACIONAL
Outros > EDUCAÇÃO
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • DEFESA, APROVAÇÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), OBJETO, EXTINÇÃO, FORO ESPECIAL, PRERROGATIVA DE FUNÇÃO.
  • ANALISE, ELEIÇÕES, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
  • DEFESA, ALTERAÇÃO, CURRICULO, EDUCAÇÃO, AMBITO NACIONAL, AUTORIA, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC).
  • DEFESA, APROVAÇÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), OBJETO, ASSUNTO, ALTERAÇÃO, REGIME FISCAL, LIMITAÇÃO, AUMENTO, GASTOS PUBLICOS, REFERENCIA, INFLAÇÃO, EXERCICIO FINANCEIRO ANTERIOR.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Meu caro, Senador Paulo Paim, estimados telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, atenciosos servidores desta Casa, senhoras e senhores, o Senador Paulo Paim acabou de mencionar dois aspectos relevantes do debate político e institucional que se instalou nesta fase tão conturbada da vida nacional.

    O ano de 2016 vai encerrar, penso, com uma demonstração clara do fortalecimento das instituições democráticas. E a questão abordada pelo Senador – e neste ponto temos muita convergência, Senador Paim – diz respeito ao foro privilegiado.

    Essa matéria merece ser cuidadosamente examinada pelos colegas Parlamentares, seja na Câmara Federal, seja aqui, seja nas assembleias legislativas. E eu, de fato, penso que, para que sejamos todos iguais e para que a lei seja igual para todos, especialmente esta é a frase, a lei é igual para todos, na medida em que temos uma distinção de tratamento, do ponto de vista do processo, não estamos dizendo que a lei é igual para todos. Para alguns ela é protetiva, para outros, vai para a vala comum.

    Então, o foro privilegiado, compartilho, e sempre compartilhei desta tese, é extremamente relevante. Mas, o foro tem que atingir a todos. Diria que temos que radicalizar nessa matéria, Senador Paim, radicalizar no sentido de não permitir que o foro sirva de subterfúgio para proteção de pessoas que são marcadamente envolvidas em processos, e que alguns deles, envolvidos nessa Operação Lava Jato, possam figurar e estão figurando na lista do Juiz Sérgio Moro.

    Tenho um caso do meu Partido, e, antes de dizerem que eu esteja aqui cometendo uma injustiça, tenho que começar pela minha casa. Um Deputado do meu partido de Santa Catarina se abrigou no foro privilegiado como Secretário de Estado, do Estado de Roraima, e ele acabou obtendo abrigo e proteção para evitar o prosseguimento de julgamentos, denunciado que foi na Operação Lava Jato. Assim como este Deputado de Santa Catarina, Deputado Pizzolatti – preciso falar o nome, porque não vou omitir –, também, da mesma forma, a ex-Presidente da República tentou fazer do ex-Presidente Lula Ministro de Estado exatamente para dar-lhe abrigo e evitar uma eventual prisão determinada pelo Juiz Sergio Moro.

    Por isso que trago um caso do meu Partido para não dizerem que a Senadora –...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Poderíamos dizer dos nossos Partidos.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... dos nossos partidos –; a Senadora está tendo dois pesos e duas medidas. Não! Para um e para outro a minha posição é a mesma. Se eu sou a favor do fim do foro privilegiado, não posso tergiversar com quem quer que seja, com um irmão, com um parente, com um correligionário, que tenha um cargo eletivo. Não dá. Por mais penoso e doloroso que seja. Ou somos coerentes ou temos que sair da política.

    E é exatamente por isso, Senador Paim, que o senhor se lembrou bem dessa descrença, dessa falta de credibilidade que a classe política desfruta, não apenas aqui no nosso País. Essa é uma crise do mundo, dos Parlamentos, das classes e dos sistemas políticos do mundo que não souberam corresponder às expectativas da sociedade, seja pelo comportamento inadequado, aquilo que um político precisa ter; seja na participação dessas maracutaias que a gente está vendo, a toda hora, surgirem; e em todas as outras mazelas do Parlamento; ou quando se fazem leis em que a sociedade tem que pagar, e que não são leis bem explicadas, são leis mal feitas, com objetivos que estão debaixo dos panos, debaixo do tapete, e não são transparentes.

    Até nisso, às vezes ingenuamente, a gente diz: "Que bonito! Que lei bonita!" Mas, atrás, pode estar uma pegadinha ou um interesse que não pode ser revelado, porque ele é um interesse escuso.

    A transparência, a necessidade de total controle e fiscalização dos Poderes é fundamental, mas também nós não podemos imaginar que o Parlamento tem que ficar sob essa pecha de que estamos sendo nós os únicos responsáveis ou os únicos que têm conta em cartório. Não, nós precisamos, para que a lei seja igual para todos, que as demais instituições no País, que têm responsabilidade, estejam no mesmo quadro, na mesma exigência. Que também para elas o foro privilegiado não exista! Radicalizar, que eu digo, é como V. Exª citou: na França, apenas o Presidente da República tem foro privilegiado. Por que nós não eliminamos para todos se nós quisermos de fato radicalizar?

    Eu acho que nós temos que encarar esses problemas como eles são, e não de acordo com o nosso interesse particular e a nossa forma de ser. E não fala aqui, Senador, uma Parlamentar de primeiro mandato que está querendo fazer média com a população, com o Ministério Público, com a sociedade organizada. Não, eu estou falando aqui por absoluta convicção – por absoluta convicção!

    E é exatamente por isso que, ao aprovar as dez medidas de combate à corrupção, também entendo que, nesse aspecto, nós não podemos deixar de fora nenhuma instituição. Por que então só nós temos que prestar satisfação à sociedade e à Justiça? Será que o Poder Judiciário ou Ministério Público são instituições compostas apenas por anjos ou por pessoas que não cometem deslize de comportamento? Seria muito bom para as instituições que também elas se preocupassem, porque, às vezes, nem sempre as suas respectivas corregedorias são capazes, por força do corporativismo, de apontarem um colega que desviou a conduta.

    Então, nesse caso, Senador, se é para, de fato, passar o Brasil a limpo, nós temos que tornar essa questão uma questão de fato igual para todos. Porque senão será uma desigualdade imaginar que só esta instituição, a instituição legislativa, tem pecados. Só esta! Mas o Executivo, o Judiciário – o Ministério Público não é um poder no espectro da composição da pirâmide democrática, mas aliado e defensor da sociedade –, todas as instituições precisam estar sob esse mesmo guarda-chuva em relação ao foro privilegiado.

    Lembro-me bem de que, quando essa matéria, na Câmara, há muitos anos, chegou a ser tratada, falava-se também que juízes, promotores ou procuradores deveriam se manifestar apenas nos autos, falava-se na Lei da Mordaça. Eu lembro-me bem disso. E foi vencido.

    Uma PEC, também, foi sepultada pela pressão da sociedade. E a mesma sociedade que foi às ruas – eu tenho a certeza – terá o sentimento de que poderá de novo ir às ruas para manifestar que foro privilegiado não pode também privilegiar castas ou instituições especificamente, deixando apenas que o Parlamento não tenha foro privilegiado, seja o Presidente do Senado, o Presidente da Câmara, Deputados e Senadores.

    É assim que eu entendo essa matéria: ou é para todos, ou mantenha do jeito que está, mas, do jeito que está, já sabemos que não pode permanecer, Senador Paulo Paim. Então, penso que nós temos que tratar da matéria com o rigor, com a isenção e com a responsabilidade que a sociedade que está nos acompanhando e nos vigiando requer de todos nós.

    Eu queria também, Senador Paim, mencionar aqui o que está acontecendo no País, hoje, e também nos Estados Unidos. Lamentavelmente, embora nós estejamos em um regime democrático e aquela seja a nação mais democrática do mundo, o clima é o mesmo – o clima é o mesmo! E por que eu digo que o clima é o mesmo na nação mais democrática do mundo? Porque, lá nos Estados Unidos, como aqui no Brasil, a decisão das maiorias não está sendo respeitada. As minorias querem impor, a qualquer preço e a qualquer custo, a sua vontade. Por que não aceitaram o resultado da vitória do Sr. Donald Trump? Eu não estava apoiando a candidatura do Presidente vitorioso, e seria muito fácil agora dizer que estava. Não, eu preferia que uma mulher fosse Presidente, mesmo que não fosse a melhor candidata mulher nos Estados Unidos, mas com experiência e com a sua forma de ser... E aí nem é a questão de gênero, mas a visão de que, como tinham os Estados Unidos mostrado ao mundo o primeiro Presidente negro da sua história, também seria simbólico para as mulheres – que são um grande número de eleitoras no mundo inteiro, e aqui no Brasil somos maioria – que também uma mulher, pela primeira vez na história dos Estados Unidos, chegasse à Presidência. Mas o resultado não foi esse. O resultado: quem ganhou foi o Trump.

    O sistema eleitoral americano não é democrático? Isso é a sociedade americana é que tem que decidir, não somos nós brasileiros. E, se o sistema é esse, ele tem que ser respeitado, a menos quando mudar o sistema, em que a população tenha parte. Por enquanto, o sistema lá é de uma votação indireta: votam eleitores e votam os delegados. É assim há quanto tempo? Há quanto tempo é assim o sistema eleitoral americano? E agora vemos, em muitas cidades americanas, protestos da esquerda norte-americana ou de grupos que não aceitaram o resultado contra o Presidente da República, ou seja, contra o desejo da maioria. É um desejo tão incrível da maioria, que a maioria americana que votou – a maioria que eu falo é a que votou – não só elegeu Trump, Senador Paim, mas também fez maioria: o Partido Republicano, de Trump, fez maioria na Câmara e no Senado! Isso não é pouca coisa!

    Temos que enxergar a realidade e ter com a democracia aquele princípio: a decisão da maioria tem que ser respeitada. E é isso o que não está acontecendo lá nem aqui. Por que aqui? Porque a maioria na Câmara dos Deputados e a maioria do Senado Federal fizeram um processo de afastamento de um Presidente da República, um processo de impeachment, e esse processo continua sendo atacado, mesmo que aqui tenha havido 61 votos favoráveis ao afastamento. E 61 de 81 Senadores não é maioria? O Colégio Eleitoral que a lei e a Constituição mandam está aqui dentro. Se um dia nós quisermos submeter isso a um referendo popular, nós temos que mudar a lei, mas, por enquanto, a lei é essa. E nós temos que dançar conforme essa música, essa música é a Constituição, que determina como é um processo de impeachment.

    Esses mesmos grupos agora se instalam sob uma narrativa de que a PEC do teto dos gastos públicos é uma PEC muito ruim, mas sabem por que existe essa PEC? Ela é exatamente o remédio para aquele mal que foi deixado como uma doença grave e aguda pelo governo que foi afastado do poder. Endividamento, gastos extraordinários, criaram 44 empresas estatais. Para onde foi esse dinheiro? O que fazem essas empresas? Eu não sei, não conheço nenhuma delas e o que estão fazendo. Foi um aparelhamento do Estado brasileiro de uma forma tão irresponsável que nós estamos com um endividamento muito agudo, e foi obrigado agora a acertar as contas.

    Qualquer família média do nosso País sabe que não se pode gastar mais do que se recebe em casa como salário. Isso vale para a receita de uma pequena, de uma média ou de uma grande empresa também. Quando a receita começa a cair, você precisa imediatamente puxar o freio dos gastos e cuidar de equilibrar as contas. É uma coisa tão singela. Dois mais dois continuam sendo quatro e não cinco, como muitos querem ver. No Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro e em vários Estados do Nordeste, em Minas Gerais, alguns até, governados que foram pelo Partido que foi afastado do poder, não estão conseguindo dinheiro para pagar o décimo terceiro salário dos servidores dos Estados e também dos Municípios.

    E tem que ficar tudo como está? É assim que querem destruir o resto que sobra da economia, das finanças e da responsabilidade fiscal? É isso que querem? O caos? Com todo o respeito, democracia pressupõe a liberdade de expressão, de manifestação. Respeito as manifestações que hoje estão ocorrendo no País, mas é preciso... E aí está um erro do Governo, pois o Governo não está sabendo fazer uma comunicação adequada sobre a necessidade, o que significa isso.

    E isso coube apenas ao Ministro do Supremo Tribunal Federal Roberto Barroso, ao negar, em um despacho, uma petição encaminhada pelo PT, pelo PCdoB, pelo PSOL e por outros partidos de oposição pedindo a suspensão da tramitação da PEC 241, agora convertida em PEC 55. Eu já li na tribuna esse despacho do Ministro Roberto Barroso, que é lapidar em matéria de definição do que é a responsabilidade fiscal. A Lei de Responsabilidade Fiscal é uma exigência imperiosa de um governante sério e não tem ideologia. Foi exatamente isso, em outras palavras, que escreveu o Ministro Roberto Barroso.

    E é exatamente por isso que nós precisamos entender a responsabilidade de um governante, para evitar que os nossos aposentados deixem de receber – os aposentados da União, porque o ajuste que está sendo proposto é para a União. Os Estados já estão quebrados, financeiramente falando; esse ajuste é para a União.

    Eu digo que o Governo não está sabendo comunicar à sociedade a relevância disso, mas, mesmo não sabendo comunicar à sociedade, uma pesquisa feita e apresentada hoje mostra que a maioria da população é favorável ao ajuste fiscal, ao acerto de contas, para dar uma melhorada nas condições de o próprio Governo continuar fazendo investimentos em áreas fundamentais como educação e saúde.

    E o mantra repetido aqui de que isso vai causar problemas na educação e na saúde não se sustenta. O Relator, Senador Eunício Oliveira, ao apresentar o seu relatório, na Comissão de Constituição e Justiça, foi muito claro: está mentindo quem diz que vai prejudicar educação e saúde. Estou usando as palavras do próprio Relator Eunício Oliveira. E ele tem responsabilidade, porque é ele que está assinando um parecer para consubstanciar o parecer favorável que foi votado e aprovado por 19 votos a 7 na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal.

    Eu respeito os protestos da oposição, e não há outro caminho a não ser respeitar as manifestações. Nós temos que continuar sendo assim: ouvir respeitosamente e responder desta forma.

    Mesmo que o Governo não tenha sido feliz e capaz de dar uma explicação didática à população, especialmente aquela que muitos grupos dizem representar... E eu fico preocupada: mas representam o que, se permitiram chegar a 12 milhões de desempregados? São 12 milhões de desempregados! Então, representam quem? Que grupos? Grupos do poder? Aqueles que estavam pendurados na árvore do poder, com os mandatos, com os cargos, com tudo isso, tirando vantagens do Estado brasileiro, que se exauriu, perdeu força? Esses grupos?

    A sociedade, como lá nos Estados Unidos, está silenciosa. A sociedade é a maioria do povo brasileiro, é quem está pagando a conta por esse descalabro, por esse desajuste, por essa desorganização econômica que levou aos 12 milhões de desempregados, a uma inflação alta e à falta de crédito e de descrença no próprio futuro do País.

    Esta PEC, segundo o próprio Ministro do Supremo Tribunal Federal, é um assegurador do futuro das próximas gerações. Não é a Senadora Ana Amélia que está falando isso, é o Ministro do Supremo Tribunal Federal Roberto Barroso.

    É exatamente por isso que a PEC obteve o apoio majoritário da população, favorável à necessidade de ajustar as contas. Porque as famílias brasileiras sabem, nas suas casas, que, se não se fizer isso... Na época do apagão da energia, nós tivemos que fazer o quê, para superar aquela fase do apagão da energia? Reduzir drasticamente o consumo de energia elétrica. Neste momento, Brasília, a Capital da República, pela primeira vez na sua história, tem que fazer um racionamento de água, para não faltar água! E nós vamos reduzir já. Hoje de manhã, pedi... E cuido de não escovar os dentes e deixar a torneira correndo a água: põe a água necessária e fecha a torneira. É uma contingência. Agora nós vamos culpar o Governador pelo racionamento? É a natureza que está nos mostrando que nós temos que não ser perdulários nem com a energia nem com a água que nós consumimos. E nos governos são assim. Com a natureza da má gestão, feita por um tsunami que aconteceu no Brasil em relação aos gastos públicos, não podemos que agora não aceitem o necessário e amargo remédio que é fazer esse ajuste.

    Aqui, também há uma pregação sobre a reforma do ensino, porque as escolas estão ocupadas. Um Senador trouxe aqui uma oportuna gravação de uma das peças mais importantes da campanha eleitoral de 2014 com ninguém mais, ninguém menos, com a própria voz, do que a ex-Presidente Dilma Rousseff falando sobre a necessidade dessa reforma do ensino médio brasileiro. Ela defendendo e fazendo...

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Poderiam colocar as palavras da ex-Presidente Dilma na boca do Ministro Mendonça Filho, o Ministro da Educação, que estariam exatamente iguais, porque o projeto da reforma, que está há 20 anos sendo discutido, é praticamente o mesmo de que Dilma estava falando. E não é por conta de ideologia, é a mesma coisa. Essa mudança não tem nada de ideologia, ela tem de necessidade urgente, porque, a cada ano, os nossos alunos do exame do Enem revelam uma deficiência no aprendizado. E eu não culpo os alunos. Quem é que pode numa carga de 13 matérias encher a cabeça de conteúdos que não são capazes de uma absorção de todas essas 13 matérias? O número é até fatalístico: 13 matérias. Dilma, na campanha de 2014, falou com toda clareza, inclusive sobre o curso de sociologia no ensino médio.

    Assim, gente, vamos ter um pouco mais de cuidado em relação à coerência com o que nós estamos fazendo. Vamos ter mais respeito com o desejo da sociedade brasileira. Vamos respeitar o que a sociedade brasileira precisa no ordenamento jurídico, na questão econômica, na questão política e na questão social. Senão, nós vamos continuar com aquela cantilena, aquela repetição, aquela narrativa do golpe, a narrativa de que a PEC é um remédio amargo, a narrativa de que é a PEC da morte... Imaginem: PEC da morte! Então, todos os remédios que nós aplicamos, que nós tomamos não são para curar a doença; todos os remédios são para morrer?! E esse é o remédio. Tomamos o remédio, porque é necessário; quando a doença nos ataca, precisamos de um medicamento. Só a fé – de que vai ser curado só pela fé – é importante? É, mas ela sozinha não resolve. Nós temos que usar o medicamento. E, no caso da economia brasileira, do desajuste a que nós chegamos, com esses 12 milhões de desempregados, nós temos que tomar um remédio amargo. Senão, é o caos. E é exatamente essa a responsabilidade que nós temos que ter aqui nesta Casa e na Câmara Federal. E, sobretudo, nós temos que respeitar o desejo da maioria, e a maioria quer que se faça isso.

    Eu prefiro que os nossos estudantes sejam mais preparados hoje do que em um curso com volume de matérias com que seja impossível você ter um aprendizado adequado às necessidades do País. Nós só fazemos a revolução através de uma educação de qualidade, não uma educação movida por ideologias sectárias, movida por interesses ideológicos, mas uma educação movida pelo interesse nacional, por aquilo que o Brasil mais precisa: uma educação de qualidade.

    Eu queria agradecer muito ao Senador Paulo Paim pelo tempo que me deu – já tocou a campainha – e dizer, Senador Paulo Paim, que, na questão do foro privilegiado, nós vamos continuar batalhando, assim como em relação às questões relacionadas às medidas de combate à corrupção. Temos que fazer esse enfrentamento.

    E também há a questão do abuso de autoridade.

    Acho que está na hora não de debater essa matéria, mas de discuti-la de maneira adequada. Acho que talvez possa ser prematuro um tema dessa natureza, numa hora de enfrentamento, com a Operação Lava Jato em curso.

    Não posso sair da tribuna sem dizer que a Operação Lava Jato é um sopro de esperança na vida nacional em relação à tentativa de mitigar, de reduzir a impunidade. É exatamente a impunidade que está alimentando essa questão do trato diferenciado – nem todos são iguais perante a lei, se se mantiver o foro privilegiado. É preciso exatamente mitigar a impunidade. A Lava Jato é essa esperança das instituições, dada à sociedade brasileira.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/11/2016 - Página 7