Comunicação inadiável durante a 173ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Homenagem a seu pai, Ramez Tebet, falecido em 17 de novembro de 2006, natural de Três Lagoas (MS), cidade da qual foi prefeito, tendo ocupado durante sua vida diversos cargos públicos, entre eles o de Presidente do Senado Federal.

Autor
Simone Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Simone Nassar Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Homenagem a seu pai, Ramez Tebet, falecido em 17 de novembro de 2006, natural de Três Lagoas (MS), cidade da qual foi prefeito, tendo ocupado durante sua vida diversos cargos públicos, entre eles o de Presidente do Senado Federal.
Aparteantes
Lasier Martins, Rose de Freitas.
Publicação
Publicação no DSF de 18/11/2016 - Página 10
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, ELOGIO, VIDA PUBLICA, RAMEZ TEBET, PAI, ORADOR, EX PREFEITO, TRES LAGOAS (MS), EX SENADOR, EX GOVERNADOR, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), EX PRESIDENTE, CONGRESSO NACIONAL.

    A SRª SIMONE TEBET (PMDB - MS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Sr. Presidente.

    Srªs Senadoras, Srs. Senadores, em especial minha querida população do Estado de Mato Grosso do Sul, há quase dois anos completos, eu ocupo esta tribuna para falar do Brasil. Hoje peço permissão a V. Exªs, ao Brasil e ao meu Estado para falar de meu pai, para falar do ex-Senador Ramez Tebet. Hoje se completam dez anos de sua morte, e o que devo dizer, antes de tudo, é que esses não foram dez anos de ausência, mas dez anos de uma presença cada vez mais grata e cada vez mais plena.

    Em minhas conversas com antigos servidores desta Casa, do Senado Federal, muitas vezes falamos dele. E, muitas vezes, esses servidores e seus contemporâneos o recordam como o Senador que assoviava, pois era assim que ele percorria os corredores desta Casa, principalmente o Túnel do Tempo, como é conhecido o corredor que nos leva do plenário aos nossos gabinetes ou dos nossos gabinetes a este plenário.

    Em seu caminho cotidiano do gabinete para o plenário, ele caminhava devagar e, volta e meia, interrompia as melodias que o inspiravam para praticar a outra arte que mais apreciava: a conversa. Ao encontrar um colega, um amigo, um servidor, um simples conhecido, seu movimento natural era tomá-lo pelo braço. Sim, muitas vezes, o tema da conversa era política; mas, na maioria das vezes, não. E sempre começava a conversa, o diálogo com uma pergunta: "Como vai, amigo?", "Como vão as coisas?", "Como vai a vida?".

    Ramez Tebet era apaixonado pela vida, e foi essa paixão que o conduziu por todos os caminhos, inclusive o da política.

    Filho de imigrantes, brasileiro de primeira geração, imagino que o Ramez Tebet menino jamais poderia imaginar aonde os seus passos iriam levá-lo ou qual o papel viria a desempenhar na sua querida cidade natal, Três Lagoas. Foi lá que ele começou sua vida pública: como prefeito de sua cidade. Talvez Ramez Tebet menino não pudesse imaginar que os desígnios de sua vida estavam entrelaçados com os destinos do seu Estado, nosso querido Estado de Mato Grosso do Sul. Ali, foi deputado estadual constituinte, relator da Constituição estadual, vice-governador e Governador do Estado. Talvez Ramez Tebet menino não pudesse imaginar que estaria um dia nesta Casa, como Senador da República, Ministro de Estado, Presidente do Senado Federal. Talvez Ramez Tebet menino não pudesse imaginar que, ainda jovem – embora não tão jovem –, seria um dos primeiros militantes na campanha das Diretas Já.

    Durante o tempo que lhe foi dado por Deus, estudou apaixonadamente, lutou por este País, cultivou fecundas amizades. Casou, plantou sementes, deixou quatro filhos e pôde acompanhar, pelo menos, os primeiros passos de seus netos. Ao lembrar os dez anos de sua partida, é essa plenitude que quero homenagear.

    Os que o conheceram dele guardam algumas características: para uns, a vocação para o diálogo; para outros, a firmeza de suas convicções sempre democráticas, que também sempre permitiam que ele pudesse compreender o momento em que vivia e as convicções dos seus adversários.

(Soa a campainha.)

    A SRª SIMONE TEBET (PMDB - MS) – Outros, advogados, promotores de Justiça, como ele foi, lembram-se até hoje dele pelo amor, pela característica que ele tinha do amor pela Justiça.

    E eu, como filha, não apenas como filha, mas como sua filha política, lembro a grande característica – que eu poderia aqui mostrar para o Brasil e para o querido Estado de Mato Grosso do Sul: a característica da esperança. A esperança e a certeza inquebrantáveis, que ele tinha em seu coração, de que o hoje, pelo trabalho comum, pode ser melhor que o ontem; e o amanhã, sem dúvida, será melhor que o hoje.

    Neste dia de tamanha saudade, mas igualmente de presença e de plenitude, a minha primeira reação, ao caminhar pelo mesmo Túnel do Tempo por que ele passava com seu assobio suave e sua conversa, foi a de...

(Interrupção do som.)

    A SRª SIMONE TEBET (PMDB - MS) – ... agradecer a Deus pela oportunidade que tenho de transpor também este mesmo túnel.

    Quando eu ainda era menina, transpunha outros túneis, nos mesmos trens da vida que nos levavam – eu de mãos dadas com ele –, de Três Lagoas para a nossa capital, no antigo trem da Rede Ferroviária Nacional, mas também para outros mundos, para outros quintais.

    O balanço do trem e as suas mãos firmes me acalentavam e me davam esperança. Foram muitas as estações comuns. Também eu tive o privilégio de trilhar a estação de ter sido Prefeita de Três Lagoas, deputada estadual, vice-governadora e governadora por alguns dias e chegar até este mesmo pedaço de chão, a esta tribuna, de onde ele também falava de si e, principalmente, do Brasil.

    Com o maior prazer, concedo o aparte ao Senador Lasier e depois à minha querida amiga Senadora Rose.

    O Sr. Lasier Martins (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – Senadora Simone, eu quero cumprimentá-la duplamente. Em primeiro lugar, por nos trazer à lembrança aqui, a figura de Ramez Tebet. Eu não tive a satisfação de conviver com ele neste Senado, porque eu ainda estava longe do Senado, mas o acompanhava muito constantemente pela televisão, uma vez que eu era assíduo telespectador da TV Senado já há muitos anos. Uma pessoa a quem aprendi a admirar pela retidão, pelo patriotismo, pela integridade moral, pelo idealismo marcante, como um dos melhores Senadores desta Casa. Cumprimento V. Exª pela lembrança que está fazendo. Em segundo lugar, por seu papel de filha agradecida e que relembra o seu pai.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Lasier Martins (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – E eu acrescentaria um detalhe a mais: nós vemos em V. Exª uma grande seguidora dele, que tem muito a nos dar como Senadora, como política, pelo exemplo que tem nos transmitido aqui. V. Exª tem aqueles mesmos predicados, aquelas mesmas virtudes. E não temos dúvidas em dizer que já, no momento, Ramez Tebet é muito bem representado e tende a ver na filha um crescimento ainda extraordinário, imprevisível na sua extensão, mas seguramente com aquelas mesmas qualidades. Obrigado.

    A SRª SIMONE TEBET (PMDB - MS) – Eu que lhe agradeço, Senador Lasier. E, se me permitir, gostaria de incorporar o aparte de V. Exª ao meu pronunciamento.

    Com muito prazer, Senadora Rose.

    A Srª Rose de Freitas (PMDB - ES) – Colega de Bancada Simone Tebet, eu tive o prazer de conviver com o seu pai. E digo que a sua chegada a esta Casa me trouxe uma grande curiosidade, visto a estatura política de seu pai, por ele ter sido tão importante para aquela quadra da história do Brasil. Quando eu soube que a filha de Ramez Tebet estava no Senado – e, por coincidência, era a época em que eu estava chegando – eu pensei: como será a filha dele? E que surpresa agradável, muito agradável! Dizem que os frutos vêm das suas árvores, frondosas... E a lembrança do seu pai nos reporta a um tempo em que a política era feita com todos os sentidos voltados para ela. O seu pai, além de íntegro, de grande político e Parlamentar, era um sábio, era um professor. Esta Casa não tem professores, mas tem aqui uma aluna muito disciplinada, valiosa, que não só rememora e homenageia o seu pai com muita justeza – e nos permite com muita humildade participar deste momento –, mas que tenho certeza de que, com o tempo, será também uma professora e deixará um grande legado para a história política do País. Parabéns pela filha e pelo pai.

    A SRª SIMONE TEBET (PMDB - MS) – Eu que agradeço Senadora Rose de Freitas, já terminando, porque V. Exª me permitiu aqui colocar mais um adjetivo na história do currículo de meu pai. Não poderia jamais deixar de dizer que ele era um grande professor, aposentado, inclusive, pela Universidade Federal do meu Estado e eu estava cometendo esse lapso.

    Realmente faltam grandes professores, professores que passaram por esta Casa para nos dar o norte neste momento tão conflitoso da história do País.

    E eu gostaria de encerrar as minhas palavras com o aparte de V. Exª para dizer que, pelos caminhos do túnel do tempo de meu pai, de sua vida, ele caminhava devagar e assoviava. Quero dizer que guardarei por toda a vida os sons de seus passos e o som desse assovio.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/11/2016 - Página 10