Discurso durante a 175ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Comentários acerca da situação econômica nacional, e crítica à gestão do Governo da ex-Presidente Dilma Rousseff.

Crítica ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva por requerer a prisão do juiz Sérgio Moro por abuso de autoridade, e apreensão com os prováveis impactos da revisão da Lei de Abuso de Autoridade no andamento da "Operação Lava Jato".

Autor
Lasier Martins (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RS)
Nome completo: Lasier Costa Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Comentários acerca da situação econômica nacional, e crítica à gestão do Governo da ex-Presidente Dilma Rousseff.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Crítica ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva por requerer a prisão do juiz Sérgio Moro por abuso de autoridade, e apreensão com os prováveis impactos da revisão da Lei de Abuso de Autoridade no andamento da "Operação Lava Jato".
Aparteantes
Lindbergh Farias, Zeze Perrella.
Publicação
Publicação no DSF de 22/11/2016 - Página 8
Assuntos
Outros > ECONOMIA
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, CRITICA, GESTÃO, GOVERNO, DILMA ROUSSEFF, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, INFLUENCIA, CRISE, ECONOMIA.
  • CRITICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, SOLICITAÇÃO, PRISÃO, SERGIO MORO, JUIZ FEDERAL, MOTIVO, ABUSO DE AUTORIDADE, APREENSÃO, HIPOTESE, REVISÃO, LEGISLAÇÃO, ABUSO, AUTORIDADE, INFLUENCIA, ANDAMENTO, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente dos trabalhos, Senador Romero Jucá, Srªs Senadoras, Senadores, telespectadores, ouvintes da Rádio Senado, senhores, o Brasil entrou em tantas crises nos últimos tempos – econômica, ética e política –, que, subitamente, começou a mostrar os mais impressionantes sinais de loucura, e desde logo alguém poderá dizer que a PEC do teto de gastos é um desses sinais.

    De fato, a PEC 55 tem a aparência de loucura, por conter propostas desconcertantes, pois poderá causar prejuízos pessoais a muita gente e paralisação de multas obras, porque vai reduzir gastos. Mas assim o fará por não ter recursos financeiros.

    Ninguém ignora que chegamos a este dramático momento que faz parecer perda de juízo governamental cortando gastos e só prometendo garantia de verbas à saúde e à educação. No mais, condicionando esses ajustes que tem prometido conforme a taxa de inflação.

    Ora, sabemos e temos obrigação de reconhecer que quebraram o País. Não souberam administrar. Houve verdadeiras insânias em gastanças, em previdências, excesso de ministérios e de cargos em comissão, desvios, pedaladas, etc. Más gestões, enfim. Tornaram o Brasil o país mais deficitário da América Latiria, o Brasil do PIB abaixo de zero, só ultrapassado pela pobre e conturbada Venezuela. O Brasil jogado à lona. Gastaram sem controle, sem limites, sem competência, além das conhecidas conivências com as corrupções que se alastraram por todos os lados da Administração Pública. Quando não, foram também partícipes da devassidão criminosa de profundos danos ao País.

    A PEC 55 pode aparentar uma loucura, mas cabe um questionamento, desde logo, sobre a eventualidade de outra solução, se haverá algo mais sensato. E não se tem ouvido qualquer resposta convincente a respeito. Ninguém tem proposto melhor opção, mas muitos se arvoram em tecer críticas e cobrar aquilo que não fizeram nos governos anteriores. Quando muito, perguntam por que não reduzir o pagamento de juros, o que também gostaríamos de ver acontecer – contenção no pagamento dos juros. Mas, aí, qual seria a consequência, se estes juros massacrantes que pagamos foram objeto de contratos acabados com emprestadores? Existem explicações econômicas e contratuais.

    Por outro lado, recorde-se que a explosão da inflação no governo Dilma aconteceu justamente quando baixou os juros. Como é curial na ciência das finanças públicas, os juros funcionam como válvula de escape no controle da inflação. É verdade que os juros sacrificam os mais pobres, enquanto beneficiam aqueles que emprestam com valores indexados – estes são protegidos e ganham dinheiro. Mas nesta hora, Srs. Senadores, baixar juros poderia ser a renovação da aventura do governo Dilma e a volta da inflação.

    Este é um dos dilemas que deixa o Governo atual sem melhor opção – ao menos até agora – sobre o que fazer, senão controlar gastos, também como uma das fórmulas de sensibilizar ou seduzir investidores e, ao mesmo tempo, como sustenta o Governo, infundir confiança aos empreendedores e, a partir daí, propiciar a necessária retomada do crescimento. Esta extremada medida do Governo poderá também servir de aprendizado daquela lição que as donas de casa conhecem muito bem: gastar conforme o que se ganha e economizar quando se passa a dever é indispensável. É o caso do Brasil de hoje, por demais endividado. Só neste ano o País chegará a R$172 bilhões de déficit, inevitavelmente forçado a este doloroso transe, verdadeiro sofrimento a que foi conduzido por más gestões do dinheiro público.

    E agora o Brasil terá de aprender a viver mais controlado e mais fiscalizado nos seus gastos, no uso do sagrado dinheiro dos impostos, que tanto oneram os brasileiros em geral há tanto tempo.

    Mas, Srs. Senadores, há outras loucuras em curso, neste Brasil de insanidades. Neste Brasil arrasado economicamente, das indústrias paradas ou demitindo como forma de sobrevivência, neste Brasil dos 12 milhões de desempregados. E, agora, neste Brasil dos poderosos apanhados pela lei, dos sobressaltos àqueles que se apropriaram do patrimônio público e com contas a prestar. Há outras perplexidades surgindo, Senador Aloysio, outras loucuras a que o País está assistindo.

    Aí está uma delas, a mais recente, que até parece piada, mas é verdade. Um episódio com sinal de desespero e de jus sperniandi, na tentativa de fugir das barras da lei, do cerco do Judiciário, de onde se tem aproveitado tantos resultados, particularmente na chamada República de Curitiba.

    Vejam a notícia surgida no fim de semana e pasmem: Lula, por seus advogados, pede a prisão do Juiz Sérgio Moro. É ou não mais uma das grossas loucuras deste Brasil de perturbações?

    Justamente Lula, que aparelhou com gente desonesta a arruinada Petrobras; que viu e colaborou para que seu partido se desviasse de seus princípios básicos e de seus ideais, sendo ele próprio um dos beneficiários dos desvios, conforme incontáveis acusações; o Lula, comandante maior do Petrolão, conforme reiteradas delações premiadas de seus ex-amigos, entre eles, com ênfase delatora, seu ex-amigo e ex-companheiro Delcídio do Amaral, que sabia de tudo, que contou o que sabia e, por isso, recebeu o benefício da prisão domiciliar; o Lula crivado de acusações de protagonismo nos crimes de corrupção, nas delações de Nestor Cerveró, de Pedro Corrêa, de Fernando Soares, de Fernando Schaim, de Léo Pinheiro, da OAS, e outros; o Lula do tráfico de influência, que cruzava os ares sobre o Atlântico a caminho de Moçambique e de Angola, ou andando pelos países semiditatoriais da América do Sul, no jatinho de Marcelo Odebrecht, vendendo obras para sua empreiteira mais protegida e com as benesses do BNDES, do BNDES dos financiamentos suspeitos de obras superfaturadas, que não nos deixaram investigar por CPI aqui no Senado; o Lula das milionárias e fantasiosas palestras, que nunca soube comprovar; o Lula que promoveu e defendeu seus principais ministros, José Dirceu e Palocci, hoje presos; o Lula que inventou Dilma, para azar do Brasil; o Lula proprietário camuflado do sítio em Atibaia e do triplex do Guarujá, no Edifício Solaris, da Cooperativa dos Bancários, empreendimento que deu golpe em dezenas de famílias, que pagaram e não levaram seus imóveis; o Lula do enriquecimento...

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – ... do sobrinho; o Lula do enriquecimento do Lulinha; o Lula de tantas coisas suspeitas ainda sob investigação; o Lula, que só não está preso por excesso de cautela do magistrado, temente de reações populares violentas dos seguidores do ex-Presidente, porque denúncias contra ele é o que não têm faltado. Enfim, o Lula de extensa folha de irregularidades...

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – V. Exª me concede um aparte?

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – Pois não, Senador Lindbergh.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Olha, eu estou escutando aqui e estou esperando V. Exª falar do escândalo de hoje, que envolve o Ministro Geddel Vieira Lima.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – Posso falar.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Nada. Nada, não é?

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – Senador, eu não terminei o meu discurso.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – É, porque o senhor só está falando aqui do Lula. Eu volto a dizer: o que existe contra o Lula é uma caçada, uma perseguição contra o maior Presidente da história deste País. É o Lula do Bolsa Família; o Lula que duplicou as escolas técnicas federais; o Lula que fez uma inclusão gigantesca neste País.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Agora, V. Exª se cala neste Governo do Temer, em que o Ministro... O escândalo está aqui, e V. Exª só falando do PT, só falando de Lula, sem uma prova, só ilações. Eu questiono: apresente-me uma prova concreta contra Lula. O que há são abusos. Aquela condução coercitiva absurda, porque era ilegal, porque só pode haver condução coercitiva depois de ter sido intimado duas vezes; a divulgação de uma interceptação telefônica ilegal... Desculpe-me, Senador Lasier, fazer este aparte a V. Exª, mas, quando se fala do Governo Temer ou de alguém do PSDB, V. Exª se cala. Nada! Nada! É um discurso numa linha só. Volto a dizer: o senhor falou do Lula e não trouxe uma prova sobre nada porque não há prova alguma contra o Lula. Há uma campanha de perseguição, porque não querem que o Lula seja candidato em 2018.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Porque estão destruindo tudo o que o Lula conseguiu construir: a ampliação dos investimentos na área social... Nós saímos de 13% para 17% do PIB em gastos sociais. Foi por isso que a desigualdade caiu. E este Governo que o senhor está apoiando está desconstruindo tudo. O senhor falou da PEC 55. Essa PEC 55 é criminosa porque retira recursos da educação e da saúde pública. Então, eu quero aqui protestar e fazer a defesa do Presidente Lula. Eu creio que V. Exª, de outra vez, poderia apresentar alguma prova contra ele e não ficar só nesse discurso. V. Exª deveria se dirigir ao escândalo do dia. Nós aqui, da oposição, estamos pedindo o imediato afastamento de Geddel Vieira Lima, que não pode continuar como Ministro. E me impressiona a posição do Presidente Temer, que foi avisado pelo ex-Ministro Calero. Ele foi avisado.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Há uma discussão aqui sobre prevaricação do Temer. Eu acho que V. Exª devia abordar, de forma mais ampla, essa conjuntura e a crise que estamos vivendo no dia de hoje, que é uma crise que atinge outro ministro do núcleo duro do Governo Temer. Na verdade, é do seu Estado o outro membro, Eliseu Padilha. Se for olhar, o Governo Temer são Temer, Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e Moreira Franco. É este o Governo que está aí. Eu queria uma manifestação de V. Exª sobre esse escândalo envolvendo outro ministro do Governo Temer.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – Senador Lindbergh, desde logo, eu quero lhe dizer que eu não sou do Governo Temer nem do governo Lula.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Mas está apoiando tudo do Governo Temer, até essa PEC.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – Não, o senhor está enganado. Eu tenho apoiado o que é bom e verberado contra o que é ruim. Agora, V. Exª parece que não ouviu o rol interminável, que poderia ser ainda mais extenso, sobre a história de Lula.

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – Parece que o senhor ignora, fecha os ouvidos com respeito ao currículo, ao retrospecto de Lula, repleto de infrações que o Brasil inteiro conhece e clama para que uma providência seja tomada.

    Senador Perrella.

    O Sr. Zeze Perrella (Bloco Moderador/PTB - MG) – Obrigado, Senador Lasier. Parece-me que o fato de que qualquer outra irregularidade que acontece ou de que se suspeita no Governo é tudo o que o PT quer para dizer que todo mundo é farinha do mesmo saco, porque o Lula, hoje, é unanimidade nacional. Não é perseguido, não. Existe prova, sim. E ele vai ser indiciado. O Ministério Público e a Polícia Federal estão fazendo um trabalho fantástico.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Zeze, Zeze, não fale do Lula assim, Zeze.

    O Sr. Zeze Perrella (Bloco Moderador/PTB - MG) – Estou falando agora.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Você tem de responder sobre aquele helicóptero.

    O SR. PRESIDENTE (Romero Jucá. PMDB - RR) – Senador Lindbergh, V. Exª já usou da palavra.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não faça isso. Não faça isso

    O SR. PRESIDENTE (Romero Jucá. PMDB - RR) – Senador Lindbergh, por favor. V. Exª já usou da palavra. Agora respeite o aparte do Senador Zeze Perrella.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Zeze Perrella (Bloco Moderador/PTB - MG) – Senador Lindbergh, o fato de ele ter sido um grande Presidente não dá direito a ele de ser ladrão.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – V. Exª não tem condições de conversar sobre isso com o Presidente Lula.

    O SR. PRESIDENTE (Romero Jucá. PMDB - RR) – Senador Lindbergh, peço a V. Exª.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Pelo amor de Deus, Senador Zeze Perrella!

    O SR. PRESIDENTE (Romero Jucá. PMDB - RR) – Senador Lindbergh.

    O Sr. Zeze Perrella (Bloco Moderador/PTB - MG) – Eu não tenho o meu rabo preso, Lindbergh.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Tem.

    O Sr. Zeze Perrella (Bloco Moderador/PTB - MG) – Eu não tenho processo. Eu não tenho rabo preso.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não tem? Explique o negócio do helicóptero.

    O Sr. Zeze Perrella (Bloco Moderador/PTB - MG) – É essa a razão da minha bronca com o seu Presidente irresponsável.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Explique isso.

    O Sr. Zeze Perrella (Bloco Moderador/PTB - MG) – Eu estou explicando. V. Exª pode ouvir?

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ. Fora do microfone.) – Posso.

    O Sr. Zeze Perrella (Bloco Moderador/PTB - MG) – Eu fui inocentado. Não fui denunciado nem pela Polícia Federal e nem pelo Ministério Público. Não consto no processo nem como testemunha. O meu helicóptero foi devolvido, e V. Exª sabe muito bem disso, muito bem disso.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Porque essa Justiça é uma vergonha seletiva.

    O Sr. Zeze Perrella (Bloco Moderador/PTB - MG) – Eu devo ser o cara mais importante do Brasil. Eu não estou em petrolão, Senador, como V. Exª.

    O SR. PRESIDENTE (Romero Jucá. PMDB - RR) – Senador Lindbergh, V. Exª, pelo Regimento...

    O Sr. Zeze Perrella (Bloco Moderador/PTB - MG) – Eu não estou em mensalão, e V. Exª nunca vai me ver lá.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – V. Exª é conhecido pelas falcatruas.

    O Sr. Zeze Perrella (Bloco Moderador/PTB - MG) – Eu não sou do seu bando, Senador e nem da sua quadrilha.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – V. Exª é conhecido pelas falcatruas...

(Interrupção do som.)

    O SR. PRESIDENTE (Romero Jucá. PMDB - RR) – Eu peço aos pares para nos atermos às formas regimentais, por favor.

    Com a palavra, para concluir o seu aparte, o Senador Zeze Perrella. Depois, a palavra volta ao Senador que está na tribuna.

(Interrupção do som.)

    O Sr. Zeze Perrella (Bloco Moderador/PTB - MG) – Todo mundo conhece o seu passado e conhece o meu. Eu não tenho um processo na minha vida, meu irmão, um sequer. Aponte-me um. Eu nunca fui condenado a nada. Sou político há 20 anos. Vivo do meu trabalho e das minhas empresas, diferentemente de vocês que sugam o Governo.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Você não é condenado por essa Justiça seletiva.

    O SR. PRESIDENTE (Romero Jucá. PMDB - RR) – Com a palavra o Senador...

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Foi um absurdo o caso do helicóptero ter sido arquivado...

(Interrupção do som.)

(Intervenções fora do microfone.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – Obrigado, Sr. Presidente.

    Sr. Presidente Jucá, para me encaminhar ao final do meu pronunciamento.

    Quero enfatizar bem, Senador Lindbergh, que eu não fui mandado para cá por mais de dois milhões de votos... Senador Lindbergh...

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – Senador Perrella, permita-me concluir.

    Eu não fui mandado para cá por mais de dois milhões de votos para defender ex-Presidente falcatrua ou Presidente negligente. Eu estou aqui para representar aquilo que a população do meu Estado quer: o restabelecimento da verdade neste País tão degredado, tão depredado, tão anarquizado nesses últimos tempos.

    Se o Senador Lindbergh desejava – e ele tem razão – que eu dissesse que está errado o que aconteceu com o Ministro Geddel, eu também acho que deve ser tomada uma providência pelo Presidente da República, porque é notório o tráfico de influência. E estou esperando por uma resposta.

    Agora, seguindo, o que eu precisava ainda dizer aqui é que o ex-Presidente Lula...

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – ... sobre o qual eu fiz aqui uma relação extensa e não terminativa de tudo aquilo que ele fez com relação à irregularidade, para dizer o mínimo, já deveria ter sido declarado réu há muito tempo, mas, agora, para espanto geral da Nação, quer que seja réu o magistrado que o está processando, um descomunal deboche e uma provocação ao mais festejado magistrado do Brasil, que vem colocando na cadeia poderosos delinquentes contra o patrimônio público e não apenas ele.

    O Juiz Sérgio Moro, autor de tantas condenações, mas convindo observar que as suas sentenças – e isso pouca gente tem dito – vêm sendo referendadas pelos Desembargadores do Tribunal Federal da 4ª Região. Juiz exemplar, que tem se constituído em um dos mais corajosos brasileiros no seu nobre ofício de aplicador do Direito.

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – Pois esse magistrado correto e aplaudido, homem do Direito, é atacado agora por alguém da mais torta conduta. Estamos diante da mais insolente, despropositada e insana inversão de valores. O bandido querendo botar na cadeia o mocinho; o juiz ameaçado pelo réu. Aqui bem caberia parafrasear aquele histórico repto do imperador romano Cícero, nas Catilinárias: "Lula, até quando abusarás da nossa paciência?"

    Só faltava isso nessa sucessão de loucuras e depressões que vive o Brasil, o Brasil herdado de Lula e seus escolhidos. Atacar o juiz que vem fazendo justiça torna a atitude de Lula uma atitude desesperada de quem vê a proximidade do fim das suas enganações. Também – quem sabe? – uma ação encomendada de colaboração ao esquema...

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – ... de campanha contra alegados abusos de autoridade, uma tese circulante e ameaçadora para conter a Operação Lava Jato de qualquer jeito, com o apressamento desse inoportuno projeto.

    Srs. Senadores e brasileiros que nos acompanham pela TV Senado em todo o Brasil, brasileiros que precisam continuar atentos e participantes deste momento histórico, voltem às ruas para que não haja recuo na depuração ética do Brasil contra a criminalidade endêmica que ocorria com o dinheiro público nos últimos anos!

    Pode haver aqui, no Congresso, quem apoie a estranha urgência da revisão da Lei de Abuso de Autoridade, mas há também quem discorde por entender que não é hora. Depois de tantos anos sem preocupação com essa lei, não será agora, às pressas, a hora de nela mexer, mas de se esperar que tantas coisas em andamento se esclareçam e que não se tente sabotar o curso da Operação Lava Jato de tantos avanços em favor da regeneração do Brasil das falcatruas.

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – A Operação Lava Jato tornou-se verdadeira e respeitada instituição que não pode ser desmoralizada, porque, justamente, ela veio para moralizar o Brasil.

    A precipitada ressurreição dessa lei vem dando sinais de segundas intenções para tentar inibir magistrados, procuradores, promotores de Justiça e Polícia Federal, quando o trabalho das autoridades vem recebendo massivo e candente apoio pelo Brasil todo.

    Ora, deixemos que trabalhem na depuração ao encontro daquilo com que o povo brasileiro sonhava há décadas, cansado de ver as riquezas e verbas do País escoarem-se pelo ralo da corrupção. Além de desmascarar os saqueadores da República, a Lava Jato vem recuperando milhões e milhões roubados, acordos de leniência, flagrantes de improbidade,...

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RS) – ... acordos de colaboração, condenações e tantas consequências, aliás, raras na contundência das ações policiais e judiciais.

    Não é admissível que se queira agora melar uma gigantesca lavagem do Brasil. Nesta hora, boicotar a Lava Jato seria a maior das loucuras consentidas neste caótico Brasil, à espera de uma renovação histórica de costumes e de transparência.

    É o valor que todos os brasileiros de bem devem defender com a máxima bravura, porque poderá não haver uma nova oportunidade.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/11/2016 - Página 8