Discurso durante a 179ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Satisfação com a posse de Roberto Freire como Ministro da Cultura.

Críticas aos governos do Partido dos Trabalhadores.

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Satisfação com a posse de Roberto Freire como Ministro da Cultura.
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas aos governos do Partido dos Trabalhadores.
Publicação
Publicação no DSF de 24/11/2016 - Página 64
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • REGISTRO, POSSE, ROBERTO FREIRE, MINISTRO, MINISTERIO DA CULTURA (MINC).
  • CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ENFASE, PERIODO, EXERCICIO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu queria ressaltar hoje a posse do Ministro da Cultura, Roberto Freire, e queria aqui aproveitar para fazer uma homenagem.

    Roberto Freire é um dos principais políticos brasileiros e sempre foi um político engajado com todos os movimento de luta pela democracia, pela liberdade, pela cidadania, pela justiça social. Eu queria ressaltar uma coisa interessante sobre Roberto Freire: ele deixou o poder numa situação em que a maioria não larga, ele deixou quando o PT estava no auge. Ele era Líder do governo Lula aqui, no Senado. Quando ele viu que a viola ia virar caco, nos primeiros sinais, Roberto Freire quebrou os pratos com o PT e abriu fora. A partir daí, ele começou. O PPS foi o primeiro Partido, através do Presidente Roberto Freire, que começou a denunciar quem verdadeiramente era Luís Inácio Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores.

    Na minha cidade, inclusive, certa vez, ele foi e começaram a chamá-lo de louco, porque Lula era um mito. E ele avisava: "Esse lulopetismo vai acabar com o Brasil". Parecia um profeta. Não deveria ser chamado de Ministro Roberto Freire, deveria ser chamado de profeta Roberto Freire.

    Na vanguarda do seu tempo, ele também foi um dos primeiros homens públicos a reconhecer o fracasso do modelo socialista, mesmo sendo um histórico do PCB.

    Então, eu posso dizer que foi uma das melhores escolhas que o Presidente Michel Temer poderia fazer e queria deixar aqui o registro desse grande brasileiro chamado Roberto Freire.

    Mas também quero citar aqui, Sr. Presidente, que hoje aqui o clima está quente. Hoje, eu fui chamado aqui até de cão de guarda. E eu não devolvi, e não vou devolver a deselegância, porque imagine se eu devolvesse. Mas aqui é uma Casa de debates de grandes temas, em que a gente tem que manter, acima de tudo, respeito ao povo brasileiro, que quer, Senador Benedito de Lira, que a gente ache uma saída. É nas nossas mãos que está a saída para os Estados, para os Municípios, e o povo brasileiro quer é isso.

    Então, eu sinto que a oposição tem, acima de tudo, feito, sim, provocação o tempo inteiro. E mais: está fazendo escola, Senador Ataídes. O senhor acredita que na audiência do processo do Lula os advogados pegaram a mesma tônica da turma da zaga do governo lá na Comissão do Impeachment?

    O Senador Anastasia ouviu a Comissão do Impeachment do início ao fim. Então, ele sabe do que eu estou falando, porque ele era o Relator. E o tempo inteiro eles tentavam fazer chicana e choradeira, se passando por vítima, criando fatos. Teve um Senador que chegou a dizer que aquilo lá era uma conspiração da direita reacionária com o FBI. Pois bem, os advogados do presidente Lula falaram para o Moro, acusando-o de ser agente da CIA. Então, há um surrealismo em que nós estamos.

    Então, quando eu vejo essas teses todas aqui no plenário, nada me assusta, eu já vi de tudo aqui, nada me surpreende mais. Agora mesmo uma Senadora disse aqui que o governo do PT foi o melhor dos mundos. Mostrou números, com a habilidade que lhe é pertinente, como se nada tivesse acontecido. E todos os males agora passam a ser nesses seis meses.

    Outra coisa que eu não consigo entender, Senador Benedito de Lira, eu já falei: quando a gente aponta o dedo, tem sempre quatro apontados para a gente. Eu estou vendo a zaga, principalmente dos partidos puxadinhos do PT. Porque o PT eu até respeito que faça essa oposição ferrenha. Respeito o Senador Lindbergh, respeito a Senadora Gleisi, o Senador Paulo Rocha, a Senadora Regina, porque são históricos e têm que fazer a defesa do partido mesmo. Mas eu não consigo entender os anexos. Parece que há uma dependência psicológica. Por não terem um projeto próprio, começam a defender as bandeiras do outro que já se estraçalhou.

    Essa história que eu estou vendo toda hora aqui de usar o pobre. Eu nunca ouvir tanto se falar a palavra pobre, Senador Benedito de Lira, como estou ouvindo aqui. É o pobre como biombo. E sabe para quê? Para tentar voltar ao poder.

    Mas eu digo o seguinte: o que eu noto é que isso não se sustenta por causa da incoerência. E que incoerência? É que, há sete meses, a Presidente Dilma estava apresentando aqui uma reforma, uma reforma fiscal. E quais eram os dois pilares dessa reforma? Era a reforma da previdência e o aumento de imposto, a CPMF. E era um entendimento da equipe econômica dela. Agora, neste momento, eles sobem aqui e dizem que, se fizerem a reforma da previdência, vai acabar com os pobres. Até ontem era bandeira do partido, era bandeira do governo. Agora, dizem que vai acabar com os pobres.

    E eu repito: o pobre só tem sido usado como biombo. Na verdade, durante todos os 13 anos, foram com os players, foram com os campeões. Nós perguntamos para o Tombini qual era o critério para que o BNDES fizesse tanto aporte. Ele falou: "A gente escolhia os campeões". E foi com os campeões que o PT e o Governo do PT se deitou. Não foi na cama dos pobres, não foi na rede dos pobres, foi lá nas mesas regadas com caviar. Eu não sou contrário a isso. Eu não tenho preconceito contra rico.

    Senador do meu Estado, que aqui está nos prestigiando, Osvaldo Sobrinho, eu sou de uma família que podia ter pobre igual, mas mais pobre não tinha. Mas meu pai ensinou uma coisa, eu nunca tive preconceito contra rico, nunca tive. Eu espero que todo mundo fique rico porque pobreza é a pior coisa que tem.

    Mas o que não dá para entender é essa incoerência. Na hora que chegaram ao poder, enxotaram os companheiros de primeira hora e poucos escaparam. Escapou o Paulo Rocha, que era companheiro, mas porque se elegeu, e por aí. Mas os outros foram enxotados. E cito aqui a Senadora Serys Slhessarenko, que foi enxotada; tomaram o mandato dela. E foram se regar com Marcelo Odebrecht, com essa turma toda.

    E por falar em Marcelo Odebrecht, o Armagedon está vindo. Acabo de ler no Twitter que o Armagedon está vindo. Então, a turma que subiu hoje aqui para comemorar a desgraça do Geddel fique tranquila porque está vindo um tsunami aí.

    Então, eu não consigo entender é que, todo arrebentado, com telhado de vidro, suba a todo momento aqui na tribuna para falar mal dos outros. E isso tem ficado chato. Eu tenho dito que o discurso é tão chato, que enche até bola de vidro. É uma coisa terrível. Enquanto a gente podia estar discutindo uns temas maiores, estamos aqui nessa cantilena.

    E eu falei: cada vez que vier aqui um Senador contar mentira sobre o Governo, eu vou também fazer o contraponto e rememorar, porque recordar é viver. Vim contar como é que foi o PT no governo e o que o PT tinha prometido. O PT dizia: "Acabar com a corrupção e melhorar com a vida da gente". E, agora, tem constantemente subido aqui para bancar o paladino da moralidade.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – O certo – e já caminho para o final, Sr. Presidente – é que tentam a todo custo, nesse discurso... Erraram no governo e agora estão errando no discurso de volta ao poder. Acham que falando mal do Temer, apontando o dedo para os outros, vai ganhar a sua base. Porque eu digo: o partido perdeu o primeiro amor, perdeu os movimentos sociais, perdeu as ruas, e agora tenta buscar apontando o dedo, uma metralhadora de acusação para todos os lados.

    Ah, esse Presidente é ilegítimo. Como? Vocês votaram nele! Votaram nele! Quem votou na chapa da Dilma votou no Temer. Mas o engraçado é o seguinte, nós é que estamos aqui defendendo. Por quê? Porque nós temos preocupação com o País, essa é que é a grande realidade. Não se trata do Temer, não se trata de fulanizar, se trata de que o Brasil está arrebentado.

    Eu fico preocupado é que esse Partido que diz amar tanto os pobres não está preocupado. Realmente, em momentos de dificuldade, quem se arrebenta é o pobre. O rico fica protegido da inflação porque tem como investir. Mas o Partido não se condói e está aí tentando destruir o Governo o tempo inteiro. E aí não foge muito da retórica, pois foi contra Tancredo, contra a Constituição, contra o Plano Real, contra todas as bandeiras. É muito egoísmo!

    Aqui não cabe demonizar o Partido; tem gente decente no Partido. Mas, convenhamos, eu sinto aqui, quando alguns Senadores sobem à tribuna, o prazer que têm de falar mal dos outros, o prazer que têm de pregar o caos, de pregar o terrorismo. Não se constrói um país dessa forma. Por isso é que o Partido que outrora cabia numa Kombi e que depois passou a ser o maior Partido do País está voltando, agora, a caber num Fusca. Cabe a nós simplesmente lamentar a perda de um grande Partido e também o discurso falso, mentiroso, que o tempo inteiro tenta pregar aqui.

    Agora digo o seguinte: hoje vi aqui pedirem a prisão de um monte de gente, a queda de outros. Então, vou dar uma de petista e pedir a Sérgio Moro: Dr. Sérgio Moro, se já tem elementos, não vamos fazer acepção de pessoas, a justiça é para todos. Se tem elementos, decrete essa prisão, o povo brasileiro está esperando. Se a Lava Jato não produzir a prisão do chefe, vai simplesmente perpetuar...

(Interrupção do som.)

    O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) – Senador José Medeiros.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Já concluindo, Sr. Presidente, fechando realmente.

    Faço de novo um apelo a Sérgio Moro: se já tem elementos, prenda o Lula, senão o senhor vai demonstrar que faz acepção de pessoas e que cadeia é só para o andar de baixo.

    Estou fazendo essa provocação aqui porque hoje vieram falar de Romero Jucá, ontem vieram falar de Zeze Perrella. Então, é o seguinte: já que é dessa forma, vamos dançar conforme a música daqui para a frente.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/11/2016 - Página 64