Discurso durante a 184ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo acidente ocorrido com o avião que transportava a delegação da Associação Chapecoense de Futebol, de Santa Catarina, na cidade de Medellín, na Colômbia, e que deixou 71 mortos.

Autor
Paulo Bauer (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SC)
Nome completo: Paulo Roberto Bauer
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo acidente ocorrido com o avião que transportava a delegação da Associação Chapecoense de Futebol, de Santa Catarina, na cidade de Medellín, na Colômbia, e que deixou 71 mortos.
Aparteantes
Dalirio Beber, José Medeiros, Valdir Raupp, Vanessa Grazziotin, Waldemir Moka, Zeze Perrella.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/2016 - Página 25
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, ACIDENTE AERONAUTICO, TIME, FUTEBOL, ORIGEM, CHAPECO (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), LOCAL, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA.

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Obrigado, Sr. Presidente.

    Cumprimentando os Srs. Senadores, as Srªs Senadoras presentes na sessão e também na Casa, cumprimentando os telespectadores da TV Senado, os ouvintes da Rádio Senado, ocupo a tribuna neste instante, na condição de Líder da Bancada do PSDB, para aqui me manifestar em nome de todos os catarinenses neste momento de luto, de tristeza que todos nós vivemos em razão do acidente aéreo ocorrido na noite de ontem, nas imediações da cidade de Medellín, na Colômbia, onde muitos conterrâneos nossos, ilustres catarinenses da cidade de Chapecó, e vários jogadores do time Chapecoense, alguns catarinenses, outros provindos de outras cidades e regiões do País, vários jornalistas, perderam a vida num grave acidente aéreo.

    É muito triste para todos nós catarinenses vivermos este momento, porque, na verdade, o time da Chapecoense vinha conquistando a simpatia, o aplauso e o respeito de todos os catarinenses, independente da condição de serem apreciadores e torcedores do futebol ou não.

    Na verdade, a Chapecoense é um time que se destacou no Brasil por ser exatamente de um Município do interior de um Estado que não tem uma vocação muito tradicional e histórica no futebol brasileiro.

    Santa Catarina, como muitos sabem, há dois campeonatos, ou seja, há dois anos, alcançou a oportunidade e a possibilidade de ter quatro times disputando o campeonato nacional na Série A. Foram os times do Avaí, do Figueirense, do Joinville e do Chapecoense. Coisa inédita na história do nosso Estado e inédita na história do futebol brasileiro, considerando que Santa Catarina é um Estado pequeno e, como já disse, onde a tradição do futebol não vai muitas décadas atrás.

    Nós comemorávamos naquele ano a oportunidade de ter quatro times na Série A, como comemoramos a condição e a oportunidade que estávamos tendo agora de ter, no próximo campeonato de 2017, dois times catarinenses, o Avaí, de Florianópolis, e a Chapecoense, que lutou bravamente no campeonato deste ano, mantendo-se e alcançando a nona posição e, inclusive, à frente de times tradicionais e times de expressão nacional que existem há décadas.

    O Chapecoense foi fundado em 1973 e, em 2009, já ficou em terceiro lugar na série D do Campeonato Brasileiro, subindo, por isso mesmo, para a série C. Em 2012, ele alcançou a série B após um terceiro lugar na série C. A passagem pela série B foi apenas isso, uma passagem. No primeiro ano da disputa, em 2013, ficou com o vice-campeonato da competição, alcançando a tão sonhada primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Já na série A, naquele ano de 2004, ficou em décimo quinto lugar, e, no ano de 2015, em décimo quarto.

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Já neste ano de 2016, estava, como eu já disse, em condição e em posição muito mais favorável. Mas também, graças ao seu trabalho, graças ao seu empenho, graças à garra da sua equipe técnica, graças à sua diretoria, formada por gente de Chapecó, eles alcançaram a oportunidade de disputar a Copa Sul Brasileira.

    E aí é que Chapecó se tornou mais conhecida e aplaudida não só em Santa Catarina, mas em todo o Brasil, porque nós víamos o nosso Chapecó disputando partidas de futebol em países vizinhos do Brasil, na América do Sul, e sempre com destaque.

    Há poucas semanas, inclusive...

    O Sr. Dalirio Beber (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Senador.

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Em seguida, ouço V. Exª, Senador Dalirio.

    E vimos, inclusive, muitas charges sendo publicadas, porque o nosso Chapecó conseguiu derrotar até o time do Papa Francisco na Argentina.

    Ora, o Chapecó vinha fazendo uma bela campanha, que agora ia para os jogos finais exatamente com o time colombiano em Medellín. Seria um jogo em Medellín e outro jogo no Brasil, já definido como sendo em Curitiba porque as condições do estádio paranaense eram mais favoráveis do que as tímidas condições que o estádio do Chapecó tinha para recepcionar uma partida dessa grandeza.

    Lamentavelmente, o acidente aconteceu e hoje estamos tristes.

    Ouço também o aparte do Senador Dalirio Beber.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Paulo Bauer, apenas para esclarecer ao Plenário que tive um problema antes porque eu disse que este espaço era de cinco minutos, e eu dei-lhe dez e vou dar mais se necessário for. Mas sinto-me aqui na obrigação de abrir uma exceção porque são Senadores de Santa Catarina.

    V. Exª terá o tempo necessário para o seu pronunciamento.

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Muito obrigado, Sr. Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Porque é inegável o que V. Exª está falando em nome do povo brasileiro.

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Muito obrigado.

    Sr. Senador Dalirio, com a palavra V. Exª.

    O Sr. Dalirio Beber (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Na verdade, gostaria muito de parabenizá-lo pela iniciativa de fazer esta homenagem em um momento de profunda consternação que vive a sociedade catarinense, de modo especial a cidade de Chapecó e o oeste do Estado de Santa Catarina. Ou seja, lá no oeste de Santa Catarina, os nossos torcedores, os amantes do futebol aprenderam a gostar de dois times do Rio Grande do Sul. E, felizmente, em função exatamente desse trabalho sério, empreendido por profissionais liberais e empresários, que estruturaram essa Associação Chapecoense de Futebol, fez-se com que o time principal de toda a gente que mora no oeste de Santa Catarina fosse a Chapecoense. E ela fazia por merecer, de fato, esse reconhecimento. Por isso, a tragédia que se abateu sobre o nosso Estado em função da perda de uma equipe por inteiro faz com que os catarinenses estejam vivendo profunda dor. Mas sabemos, também, que isso afetou os brasileiros, os amantes do futebol. Estou aqui ao lado do nosso Deputado Federal Mauro Mariani, que também manifestava essa consternação. Jornalistas, mais de 20 profissionais do rádio e da televisão, ajudavam a difundir, a valorizar e a enaltecer as grandes conquistas do futebol do Sul do Brasil, do futebol catarinense. Tivemos a perda do próprio Presidente da Federação Catarinense de Futebol, uma figura de quase 30 anos de atuação à frente da Federação Catarinense de Futebol, que também desapareceu nesse trágico acidente. Por isso, nós manifestamos nossa solidariedade a todas as famílias enlutadas, a todos os catarinenses, especialmente ao oeste do Estado de Santa Catarina, ao sudoeste do Estado do Paraná e ao noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, que, com certeza, têm inúmeros torcedores desta Associação Chapecoense de Futebol.

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Muito obrigado, Senador Dalirio.

    Prosseguindo e também cumprimentando o Deputado Federal Mauro Mariani, Presidente do PMDB de Santa Catarina, que comparece aqui ao plenário do Senado, eu também quero registrar que, além dos jornalistas, da equipe técnica, da diretoria, faleceram no acidente o Presidente da Chapecoense, Sandro Pallaoro, que fazia um grande trabalho, e o técnico do clube, o Caio Júnior, que já havia se destacado como técnico do Grêmio, do Internacional e do Paraná, portanto, uma pessoa conhecida e que antes já havia passado por clubes destacados, como Palmeiras, Flamengo, Grêmio, Bahia, Vitória, Criciúma.

    É preciso, também, que façamos uma homenagem póstuma ao Presidente de Honra da Chapecoense, o Sr. Edir De Marco, e ao Presidente da Federação Catarinense de futebol, Delfim de Pádua Peixoto, um grande amigo meu, que por muitos anos chefiou a Federação Catarinense de Futebol. Sempre que um time catarinense estava disputando um campeonato fora de Santa Catarina, ou mesmo do País, ele estava lá para prestar o seu apoio e o seu aplauso ao desempenho do time e ao desempenho dos jogadores que representavam os times catarinenses.

    Estamos de luto, mas devemos aqui registrar, Sr. Presidente, o nosso agradecimento ao Presidente Michel Temer, que, prontamente, na manhã de hoje, determinou providências tanto no Itamaraty como no Ministério da Defesa. Nós temos já a nossa Embaixada na Colômbia, em Bogotá, plenamente atendendo os acidentados que ainda, felizmente, puderam sobreviver a esse acidente, tomando providências com relação aos que perderam a vida e que precisam ter corpos reconhecidos, precisam ter providências legais para que sejam trazidos ao País os restos mortais.

    Também temos que registrar aqui a atenção do Itamaraty, que, na tarde de hoje, está mandando três diplomatas credenciados e qualificados para auxiliar nos trabalhos que são feitos pelo Consulado do Brasil em Medellín.

    É preciso também registrar que a Força Aérea Brasileira já destacou um Boeing, um avião da Força Aérea para ir à Colômbia levando familiares, levando autoridades, como o Prefeito de Chapecó, para lá na Colômbia tomarem providências – chegará lá hoje à noite. E amanhã de manhã sai um voo, um Hércules 130, da Força Aérea, de Manaus para a Colômbia, exatamente para dar apoio às ações que o Governo da Colômbia realiza no resgate e também trazer os corpos dos falecidos para o Brasil.

    É preciso, por isso, registrar aqui que o Governo Federal tem dado atenção ao problema. E não poderia ser diferente, porque estavam lá na Colômbia pelo Brasil, eles estavam lá para lutar pelas nossas cores, para disputar um campeonato no qual eles, com certeza, iam ser vitoriosos pelo seu trabalho, pela sua tenacidade.

    E é preciso registrar que a imprensa mundial está comentando o fato, a imprensa mundial está se solidarizando, os clubes de todos os lugares do Planeta estão enviando mensagens póstumas às famílias e aos amigos dos que perderam a vida e, inclusive, Sr. Presidente, um gesto muito bonito, o time com o qual o Chapecoense ia disputar, que é o time colombiano, já recebeu manifestações de seus atletas, de seus jogadores, dizendo que fazem questão de entregar o título para o Chapecoense, sem disputar a partida. Isso é realmente uma demonstração de espírito desportivo acima de qualquer crítica, acima de qualquer questionamento. Basta apenas que a Conmebol reconheça essa possibilidade.

    Portanto, aqui hoje não estamos dando nenhuma notícia de ordem política, de ordem governamental, da situação para a oposição. Estamos apenas registrando e lamentando essa triste ocorrência com os nossos queridos amigos catarinenses em terras colombianas.

    Ouço, com prazer, o nosso nobre Senador Zeze Perrella para depois ouvir Senador Waldemir Moka.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu esclareço a todos que, neste espaço, só para que não se criem dúvidas depois, não é permitido aparte.

    Neste caso especial, não tem jeito. É com tristeza que os senhores poderão fazer o aparte.

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Senador Perrella.

    O Sr. Zeze Perrella (Bloco Moderador/PTB - MG) – Obrigado, Presidente. Senador, eu quero me solidarizar com todo o povo catarinense. Eu particularmente perdi muitos amigos naquela tragédia. Com muitos daqueles jogadores, inclusive o treinador, eu tive o privilégio de trabalhar. Então, quando acordei hoje e vi aquela notícia, realmente foi uma coisa muito triste. Levo o meu abraço para todo o pessoal de Santa Catarina. Eu postei hoje, nas minhas redes sociais, um apelo a todos os clubes do Brasil, os 20 clubes da primeira divisão, para que cada um desses clubes possa emprestar e pagar um salário de 20 atletas para que a gente possa recomeçar o futebol lá em Chapecó. Essa tragédia marcou todos nós. Eu, como dirigente de clube que fui a vida inteira, fiquei realmente... É uma notícia muito triste, muito triste. E a maneira que nós temos de... É óbvio que isso não vai amenizar nenhuma vida perdida, mas digo que nós podemos fazer isso hoje, eu acho, com todos os clubes do Brasil.

    Esse é o apelo que eu faço a todos esses dirigentes do Brasil. Eu vou encampar essa campanha para que nós possamos ajudar o futebol de Santa Catarina, o futebol de Chapecó. Meu abraço a todos os familiares, a todas as pessoas que estão sofrendo com esse terrível episódio. Hoje foi um dos dias mais tristes da minha vida. Um abraço, Senador, e obrigado pelo aparte.

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Obrigado, Senador Perrella.

    Com muito prazer, ouvimos o aparte do Senador Moka.

    O Sr. Waldemir Moka (PMDB - MS) – Senador Paulo Bauer, eu fico imaginando a tristeza do Estado de Santa Catarina, do Brasil como um todo, mas especificamente da população de Chapecó. Eu tenho um grande amigo, que tenho certeza de que também é seu amigo, o Zonta. Quando ele era Deputado Estadual, vivia falando: "Olha, o Chapecoense está chegando!" Ele vivia falando isso. Então, eu fico imaginando a tristeza. E, assim como a do Zonta, fico imaginando a tristeza de V. Exª, da população de Santa Catarina. Eu particularmente conheço muito bem o seu Estado. Fui casado com uma catarinense, a Aninha, já falecida. Tenho uma ligação afetiva mesmo com a família dela, e tenho certeza de que todos eles estão sofrendo muito, porque isso é uma tragédia que eu não sei se houve igual no mundo esportivo ou no Brasil. Eu acho que é uma coisa para se lamentar num momento em que Chapecó levava o nome do Brasil mundo afora, numa disputa importante. Eu quero lamentar, solidarizar-me com V. Exª e, em nome de V. Exª e, se me permitir, também em nome do Zonta e trazer os pêsames a todos os familiares dos jogadores e também do pessoal da imprensa e dos dirigentes, a todos aqueles que lamentavelmente não tiveram como escapar dessa que eu acho que é uma tragédia que sensibilizou o País como um todo, o Brasil, o Estado de Santa Catarina. Insisto em dizer que fico imaginando a tristeza da cidade de Chapecó. Sinceramente, lamento e sinto muito, Senador Paulo Bauer.

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Agradeço a manifestação de V. Exª.

    Tenha a certeza de que eu, o Senador Dário Berger e o Senador Dalirio Beber, que nos reunimos na manhã de hoje para elaborar uma nota de pesar, que, na oportunidade adequada, será submetida a este Plenário, vamos transmitir aos catarinenses as manifestações de V. Exª, do Senador Perrella e também agora do Senador José Medeiros, a quem concedo o aparte.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Muito obrigado, Senador Paulo Bauer. Eu o cumprimento por trazer este assunto que hoje deixou muito tristes todos os brasileiros, principalmente a população de Santa Catarina. Eu até faço um pedido ao Ministério da Saúde para que disponibilize pessoas que trabalham com a questão psicológica, psiquiatras, pessoas que possam dar amparo para aquele Estado e, ao mesmo tempo, também parabenizo o Senador Zeze Perrella. Que posição, que decisão sábia, Senador Zeze Perrella! É muito importante. O time de Chapecó vinha muito bem no campeonato, iria ser campeão. Então, V. Exª toma uma medida extraordinária.

    Se os outros clubes acompanharem, vai ser uma coisa linda do futebol brasileiro. Ao mesmo tempo, saúdo V. Exª por ter lembrado da posição do time da Colômbia, do Nacional de Medellín, que vinha numa crescente – inclusive, é o último campeão da Libertadores –, e os jogadores tomaram essa decisão de homenagear seus companheiros com o título. Achei lindo demais. Diria que é o ápice do fair play tanto essa decisão do Senador Zeze Perrella quanto a do Nacional de Medellín. É uma coisa extraordinária. No resto, só cabe a cada um de nós deixar a homenagem a todos esses jogadores, aos jornalistas, ao nosso grande Mário Sérgio, que acabou também falecendo. Agora, resta uma dúvida ainda sobre o goleiro Danilo, que esperamos esteja vindo. Veio uma notícia de que ele teria falecido; outra notícia de que teria sido transferido de hospital. Desejamos que tenhamos ainda uma notícia de que ele esteja vivo. Muito obrigado, Senador.

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Obrigada, Senador José Medeiros.

    Apenas acrescento que Chapecó está localizada no oeste catarinense. É uma região onde predomina o minifúndio, onde a produção agrícola é a base econômica, onde se destaca a atividade agroindustrial. Pouquíssimos brasileiros, na vida, deixaram de consumir alguma vez produto de Chapecó, porque lá está a Aurora, lá está a Sadia, lá está a unidade da Perdigão, lá está a unidade de Chapecó. Os produtos de Chapecó estão na casa de todos os brasileiros com muita frequência.

    E a cidade, por ser muito trabalhadora, por estar distante dos grandes centros do País, via no Chapecó o motivo da sua alegria, o motivo da sua vibração. Nos momentos de jogos de futebol, aquele estádio lotava, aquele verde da camisa do Chapecó contagiava a todos e fazia com que cada um se sentisse um jogador, sentisse-se o autor do gol e se sentisse o autor daquela defesa. Por isso, era muito bonito, Senador Valdir Raupp, ver aquele movimento, aquela manifestação que o futebol proporcionava para toda a comunidade e, porque não dizer, para todo o Estado e todo o esporte nacional.

    Ouço com prazer o aparte de V. Exª.

    O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) – Senador Paulo Bauer, quero me solidarizar, neste momento de tristeza do povo catarinense. Eu sou um catarinense lá do sul do Estado de Santa Catarina, estou fora já há 37, 38 anos, mas o nosso coração, nesta madrugada, ficou, sem dúvida, machucado, dolorido. Eu embarcava em Porto Velho, às duas horas da manhã. Quando abri a internet, já estava a notícia de que o avião havia caído lá em Medellín. Estive em Medellín com a minha filha, que é arquiteta – ela queria conhecer Cartagena e Medellín, para conhecer a história do povo colombiano –, ainda este ano.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) – Passou-me um filme na cabeça, porque conheço a topografia daquela região. De forma que quero me solidarizar, neste momento de tristeza, com as nossas mais profundas e sinceras condolências ao povo catarinense, às famílias dos jogadores, dos dirigentes, enfim, de toda aquela delegação que tragicamente, na sua grande maioria, perdeu a sua vida nessa madrugada. As nossas mais sinceras condolências ao povo catarinense. Muito obrigado.

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Obrigada, Senador Valdir Raupp.

    Também ouço o aparte que me solicita a Senadora Vanessa Grazziotin, também catarinense, representante aqui do Estado do Amazonas.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Como o Senador Valdir Raupp, também migrei com minha família de Santa Catarina para o norte do País e, há quarenta anos, estou basicamente em Manaus. Senador Bauer, V. Exª falava sobre o oeste catarinense. Eu quero dizer do orgulho de ter nascido no oeste catarinense e fazer parte de uma dessas milhares, centenas de famílias que constroem a agricultura através do minifúndios naquela região. Sou de uma cidade vizinha a Chapecó, de Videira, e eu imagino a comoção. Se o Brasil inteiro, se o mundo inteiro está comovido com esse acontecimento, imagine como está Santa Catarina, Senador Paim, como está o oeste catarinense. O oeste catarinense é uma somatória de Municípios que formam um único Município, uma região de uma migração europeia, italiana, alemã, bastante significativa, de uma gente simples e trabalhadora. Então, eu quero dizer que o mundo hoje está em luto, mas Santa Catarina, o oste catarinense em particular. O meio esportivo está em luto hoje. Eu não me recordo, Senador... Aliás, parece que esse foi o maior de todos os acidentes no mundo esportivo. É lamentável. Nós ficamos pensando que nos deslocamos de avião todas as semanas, andamos em avião. Eu ando com aviões muito menores do que aquele pela Amazônia brasileira e estamos aqui. Então, se não há algo muito maior... Há vídeos que estão na internet de jogadores muito jovens. Um deles recebeu um presente, que foi a notícia de que seria pai, de que sua esposa estava grávida. É algo assim de tocar o coração, mas a forma que a gente tem de agir, neste momento, é dar força e mostrar a nossa solidariedade aos familiares e a toda gente de Santa Catarina. Um abraço a V. Exª e a toda a Bancada, Senador Bauer.

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Muito obrigada, Senadora Vanessa.

    Com certeza, Senador Paim, neste plenário, o sentimento é muito forte porque, além dos três Senadores catarinenses eleitos pelo Estado – no caso, o Senador Dário Berger, o Senador Dalirio Beber e eu –, nós temos três Senadores que representam outros Estados, mas que são catarinenses de nascimento, como é o caso da Senadora Vanessa Grazziotin, do Senador Valdir Raupp e do Senador Ivo Cassol, e ainda temos de sobra mais dois meio-catarinenses, que são o Senador Acir Gurgacz e o Senador Moka, que têm esposas. No caso do Senador Moka, a sua ex-esposa, falecida, era catarinense. Então, nós temos aqui um ambiente que realmente pode e tem motivos de sobra para se sentir muito triste numa data como hoje.

    Agradeço, Presidente, pela sua deferência e pela concessão do tempo a mais para que nós pudéssemos comentar o fato. Santa Catarina agradece ao Brasil inteiro, a todos os brasileiros pelas condolências, pela solidariedade, agradece ao Presidente da República e a todas as autoridades que estão prestando atenção a esse assunto, a essas providências.

    Obviamente, vamos aplaudir todos aqueles que puderem, de alguma forma, auxiliar e colaborar para que o futebol vença essa falta e continue fazendo com que os brasileiros possam viver campeonatos e viver vitórias. Quem sabe, numa outra oportunidade, num outro dia, a mesma Chapecó consiga disputar, outra vez, em algum lugar do mundo, com brilhantismo, um campeonato internacional defendendo as cores do nosso País.

    Muito obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Cumprimento o Senador Paulo Bauer pelo seu pronunciamento. V. Exª falou pelo Senado da República. V. Exª, o Senador Dário Berger e o Senador Dalirio Beber representam o Senado da República, e a dor de vocês é a nossa dor, é a dor do povo de Santa Catarina, é a dor do povo brasileiro. E a nota que vocês três fizeram, eu quero dizer que vocês podem, com certeza, dizer que essa nota é liderada pelos três, mas é de todo o Senado da República.

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC) – Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/2016 - Página 25