Pela ordem durante a 188ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Pesar pela morte do poeta, escritor e teatrólogo maranhense Ferreira Gullar, no dia 4 de dezembro de 2016, no Rio de Janeiro, aos 86 anos.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pela morte do poeta, escritor e teatrólogo maranhense Ferreira Gullar, no dia 4 de dezembro de 2016, no Rio de Janeiro, aos 86 anos.
Publicação
Publicação no DSF de 06/12/2016 - Página 5
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, ENCAMINHAMENTO, VOTO DE PESAR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, POETA, ESCRITOR, TEATRO, ARTE DRAMATICA, PARTICIPANTE, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL), NASCIMENTO, MARANHÃO (MA).

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, eu sei que V. Exª vai comungar comigo. Eu estou encaminhando um voto de pesar – e podemos assinar juntos – pelo falecimento de Ferreira Gullar, poeta, dramaturgo, tradutor, memorialista, escritor, crítico de arte, biógrafo, ensaísta brasileiro, um dos fundadores do neoconcretismo. Ferreira Gullar morreu após estar internado há 20 dias.

    Eu vou ler apenas algumas partes. O currículo dele é longo, Sr. Presidente. É sinal de que merece todo o nosso carinho e todo o nosso apoio. Eu vou pegar mais a parte final, em que ele ganhou o concurso de poesia, entre os tantos prêmios que recebeu – aqui há uma lista –, promovido pelo Jornal de Letras, com o seu poema "O Galo", em 1950. Os prêmios Molière, Saci e outros tantos prêmios do teatro, em 1966, com "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", que é considerada uma obra-prima do teatro moderno brasileiro.

    Em 2002, foi indicado por nove professores dos Estados Unidos, do Brasil e de Portugal para o Prêmio Nobel de Literatura. Em 2007, seu livro Resmungos ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção do ano. O livro, editado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, reúne crônicas de Gullar publicadas no jornal Folha de S.Paulo no ano de 2005. Foi considerado pela revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. Foi agraciado com o Prêmio Camões em 2010. Em 15 de outubro de 2010, foi contemplado com o título de Doutor Honoris causa na Universidade do Rio de Janeiro.

    Em Imperatriz, ganhou em sua homenagem o Teatro Ferreira Gullar. Em 1999, é inaugurada, em São Luís, a Avenida Ferreira Gullar.

    Em 20 de outubro de 2011, ganhou o Prêmio Jabuti outra vez.

    Enfim, Sr. Presidente, são tantos prêmios que ficaria aqui, no mínimo, até às 15h, falando da história desse poeta. Eu prefiro usar o termo poeta, pois sou apaixonado por poesias.

    Lembro também que, em 2011, a obra "Poema Sujo" inspirou o vídeo instalação "Há muitas noites na noite", dirigida por Silvio Tendler. Em 2015, o poema inspirou uma série documental, também denominada "Há muitas noites na noite", com sete episódios, 26 minutos cada, exibido, inclusive, na TV, em janeiro de 2016, também dirigida por Silvio.

    Ferreira foi postulante eleito da cadeira 37 na Academia Brasileira de Letras, tendo obtido na votação 36 dos 37 votos possíveis, derrotando, assim, os outros candidatos, em apenas 15 minutos, com uma abstenção que permanece anônima devido à queima das fichas após o resultado da urna em 9 de outubro de 2014, tendo votado 19 acadêmicos por presença física e 18 por cartas.

    A cadeira dele tem como patrono o poeta inconfidente mineiro Tomás Antônio Gonzaga e foi ocupada anteriormente por personalidades como Silva Ramos, Alcântara Machado, Getúlio Vargas, Assis Chateaubriand, João Cabral de Melo Neto e recentemente pelo ensaísta e curador Ivan Junqueira, amigo de Gullar.

    Sr. Presidente, aqui eu termino, e me permita só que, na hora de endereçar aos familiares, eu só leia um dos poemas dele.

    Registro aqui o exemplo da universalidade do poeta, tão bem expresso em seu poema "Meu povo, meu poema":

Meu povo, meu poema

Meu povo e meu poema crescem juntos

como cresce no fruto

a árvore nova

No povo meu poema vai nascendo

como no canavial

nasce verde o açúcar

No povo meu poema está maduro

como o sol

na garganta do futuro

Meu povo em meu poema

se reflete

como a espiga se funde em terra fértil

Ao povo seu poema aqui devolvo

menos como quem canta

do que planta.

Ferreira Gullar.

    Era isso, Sr. Presidente, que eu queria encaminhar a V. Exª, como voto de solidariedade e de pesar à família.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/12/2016 - Página 5