Discurso durante a 185ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas às manifestações ocorridas em frente ao Congresso Nacional contra a Proposta de Emenda à Constituição nº 55, de 2016, que institui novo regime fiscal no País.

Pesar pelo acidente ocorrido com o avião que transportava a delegação da Associação Chapecoense de Futebol, do Estado de Santa Catarina, na cidade de Medellín, na Colômbia.

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO SOCIAL:
  • Críticas às manifestações ocorridas em frente ao Congresso Nacional contra a Proposta de Emenda à Constituição nº 55, de 2016, que institui novo regime fiscal no País.
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo acidente ocorrido com o avião que transportava a delegação da Associação Chapecoense de Futebol, do Estado de Santa Catarina, na cidade de Medellín, na Colômbia.
Publicação
Publicação no DSF de 01/12/2016 - Página 35
Assuntos
Outros > MOVIMENTO SOCIAL
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • CRITICA, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, LOCAL, ESPLANADA (BA), DISTRITO FEDERAL (DF), OBJETIVO, PEDIDO, REJEIÇÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), LIMITAÇÃO, AUMENTO, GASTOS PUBLICOS, REGISTRO, DEPREDAÇÃO, PATRIMONIO PUBLICO, AGRESSÃO, VITIMA, POLICIA, REPUDIO, INCOERENCIA, IDEOLOGIA, PARTIDO POLITICO, APOIO, COMUNISMO, COMENTARIO, IMPORTANCIA, RECUPERAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO.
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, MOTIVO, ACIDENTE AERONAUTICO, TIME, FUTEBOL, ORIGEM, CHAPECO (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), LOCAL, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos que nos acompanham pela TV Senado, nós estamos vivendo dias históricos da vida do País, acontecimentos que vão mudar a forma da economia do País. Ontem aprovamos aqui a PEC 55, que é um alicerce. Tem muita gente cobrando... Eu ouvi muita conversa aqui, digo até conversa fiada, porque têm dito assim: "Olha, diziam que, se o Presidente Temer entrasse, a economia estaria estável no outro dia." Não, ninguém disse isso. O que se falou é que precisava haver um norte, que o Brasil precisava caminhar de modo a sinalizar que havia uma saída. Isso é o que está acontecendo. Já aprovamos ontem um alicerce. Se este alicerce tivesse vindo com Cabral, nossa situação seria outra. Por quê? Teríamos devido menos, hoje não estaríamos pagando esses juros exorbitantes e nossa credibilidade seria outra. É por isso que essa PEC é importante.

    Cada um dos lares brasileiros tem uma PEC dessa. Na maioria dos lares brasileiros não se gasta mais do que se arrecada. Mas o que aconteceu ontem aqui? O partido que saiu do poder trouxe, financiou – junto com os anexos, os puxadinhos – um grupo para vir protestar aqui na frente do Congresso. Eu assisti, Senador Eduardo Amorim, a essa manifestação, desde o início. "Manifestação", entre aspas – era uma balbúrdia. Manifestações são como aquelas em que as pessoas iam ordeiras; essas pessoas não têm feito manifestação, essas pessoas têm agredido; e não é de hoje.

    A presença do Senador Cristovam Buarque me faz lembrar aqui que agrediram a família dele durante o processo de impeachment. Isso não é debate político, isso é política menor. Ontem eu via vândalos arrancando aquelas letras douradas na Esplanada dos Ministérios. Vi vândalos tombando carros. E aí veio aqui o Senador Lindbergh e disse: "Eram pessoas infiltradas". Pois bem, vi as fotografias hoje, os vídeos. Pessoas enroladas em bandeira da UNE, uns com máscaras e outros sem máscara, de peito aberto quebraram todas as vidraças do Ministério da Educação, do Ministério das Cidades – patrimônio público. O nosso patrimônio arquitetônico.

    Aliás, Brasília é uma das maravilhas do mundo. Tivemos esse grande arquiteto que passou por aqui, Oscar Niemeyer. O mundo inteiro admira os nossos monumentos. Pois bem, que debate político justificaria uma pessoa pichar, vandalizar a nossa história? Isso não é debate político, isso não é querer política. Debate político é quando alguém tem um argumento, o outro tem outro, e, embora diferentes, eles procuram convergir – ou divergem, não entram num acordo, mas não se agridem.

    Nós estamos sendo agredidos o tempo inteiro com palavras de fascistas, de todos esses "istas" do mundo. Não concordo com você, então, você é fascista; eu não concordo com você, então você é nazista. É a destruição da pessoa do outro, a desconstrução do outro como pessoa para que os meus argumentos... Na verdade, há uma característica: só falam gritando e agredindo. Não sei por quê. Ninguém é surdo. Talvez seja pelo fato de que na época – e fui dessa época – de militância estudantil os microfones e as caixas de som eram muito ruins e tínhamos que ficar gritando, talvez seja isso. Mas a maioria deles sobe aqui para gritar. Então, já começa agredindo pela gritaria; em seguida, com as palavras pesadas. Eu, para tentar convencê-lo, Senador Ataídes, não preciso agredi-lo, não preciso chamá-lo com palavras de baixo calão. Isso é autoafirmação, e autoafirmação é para quem não tem certeza do que diz. E não há como terem certeza do que dizem, porque, a bem da verdade, faltam com a verdade o tempo inteiro.

    Esses jovens que estão indo para essa chamada luta estão sendo enxotados das universidades. Na universidade do meu Estado, em Rondonópolis, no Mato Grosso, os outros estudantes, que queriam estudar, deram um basta e falaram: "Não, aqui não, nós queremos estudar".

    O maior conselho que recebi na minha vida, Senador Eduardo Amorim, foi quando eu era desses sujinhos que andam com a boina de Che Guevara nos corredores das universidades. Eu já estava quase para ser jubilado. Eu fui a um congresso da ONU e quem estava lá como ministro paralelo da educação do PT se chamava Cristovam Buarque de Holanda. Ele fez uma fala, de que talvez não se lembre mais. Ele disse: "A educação não vai bem". Isso há 20 ou 30 anos. Ele disse: "A educação não vai bem, é verdade. Mas e vocês? Nós estamos em pleno período de aula. O que vocês estão fazendo para melhorar a educação? É importante a política universitária." Foi nessa linha. Eu fiquei refletindo sobre aquelas palavras. Eu voltei, entreguei o centro acadêmico e fui terminar o meu curso.

    Boa parte dessas pessoas passam 15 anos, 20 anos... São os chamados jovens profissionais, que ficam aliciando em nome de uma luta política que eles não sabem bem o que é. É simplesmente para tentar se autoafirmar, preencher o seu vazio interno e nada construir. O resultado é o que vimos ontem, o ataque à polícia.

    Os policiais, ontem, Senador Eduardo Amorim, foram esfaqueados, levaram pedradas na cabeça e, obviamente, jogaram bombas de gás lacrimogênio, mas os discursos de Jandira Feghali na Câmara dos Deputados e dos Senadores da Base do Governo – aliás, os Senadores que insuflaram esses estudantes a agredir a polícia. Isso é um pecado, porque daqui a pouco... Quem nos protegia ontem aqui era a polícia; se a polícia continuar sendo atacada, daqui a pouco ela vai cruzar os braços e falar: "Olha, leva tudo".

    Nós precisamos ter uma outra relação com a polícia, seja ela de que farda for. Aliás, hoje, nós temos um projeto que eu gostaria de pedir aos meus pares... É um projeto acordado com o governo passado, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e outras entidades, que vai ser votado aqui, e peço até aprovação para inversão de pauta.

    Mas, continuando o que eu dizia agora há pouco, o que a gente tem visto é que um partido que perdeu o poder tenta, a todo custo, voltar. E tem a incoerência como base do seu discurso, porque o Lula está quase preso, todos os líderes estão quase presos – quase não, todos os líderes já estão presos. Todos os tesoureiros já estão presos. E eu não gosto de ficar falando aqui, apontando o dedo para os outros, mas só estou rememorando, para que a gente saiba qual a história desses que estão atacando aqui a todo momento. São vestais com teto de vidro. É uma incoerência total. Incoerência porque acusam todo mundo sobre a questão dos direitos individuais, mas há poucos dias comemoravam, celebravam aqui o grande líder humanista Fidel Castro, que já foi tarde.

    Não se pode negar a importância histórica de Fidel Castro. Foi um dos entes do século XX, assim como foi Hitler, como foi Mussolini, como foram tantos outros. Mas foi uma personalidade política extremamente perniciosa para os direitos individuais; matou milhares de opositores. Ele entrou com um discurso de democracia e, assim que se estabeleceu no poder, implantou a mais terrível ditadura.

     E aí eu vejo Alice Portugal, Jandira Feghali e essa turma toda evocar a grande pessoa que fez tanto pelos seus conterrâneos. Fez tanto, que boa parte da população de Cuba está nos Estados Unidos. Mas não quero perder tempo, porque já perdemos muito tempo com essa figura.

    Outra coisa, e aí já me encaminho para o final, Senador Eduardo Amorim. Nós estamos em um momento em que precisamos fazer com que o cachorro mije no poste e não o contrário. Nós estamos vendo que as nossas instituições estão sendo agredidas e quem está saindo por herói é quem quebra prédio, é quem queima carro, é quem agride a imprensa. Nós precisamos começar a ter uma linha neste País...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – ... em que estradas sejam lugares que não possam ser invadidos; que locais públicos, como hospitais, escolas, também não. E que as pessoas possam ter um limite entre o que é manifestação e o que é arruaça.

    Dito isso, agradeço o tempo, Senador. Mudando de assunto, faço aqui minha homenagem a todos os catarinenses. Quero encaminhar os meus sentimentos por aquela tragédia que aconteceu. Vi os vídeos impactantes, assisti ao jornal ontem à noite. E, realmente, é um momento em que a gente tem de homenagear os jogadores da Colômbia, do Nacional de Medellín, que propuseram que o título fique com a Chapecoense. Eu queria até sugerir à Sul-Americana que desse o título para os dois, que os dois fossem declarados campeões.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Isso já faz parte da história. E que esses jogadores pudessem ser homenageados com esse título. Também quero ressaltar aqui a justa homenagem que o Senador Zeze Perrella fez, sugerindo aos times brasileiros que possam emprestar jogadores à Chapecoense, para que a Chapecoense não desapareça do mapa do futebol brasileiro.

    Muito obrigado, Sr. Presidente, pelo tempo concedido.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/12/2016 - Página 35