Discurso durante a 193ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Destaque à realização do Congresso Internacional do Futuro, cujo tema é “Democracia, Comunicação e progresso no mundo digital e sustentável”, promovido pelo Senado Federal.

Autor
Wellington Fagundes (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Wellington Antonio Fagundes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CIENCIA E TECNOLOGIA:
  • Destaque à realização do Congresso Internacional do Futuro, cujo tema é “Democracia, Comunicação e progresso no mundo digital e sustentável”, promovido pelo Senado Federal.
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 10/12/2016 - Página 12
Assunto
Outros > CIENCIA E TECNOLOGIA
Indexação
  • REGISTRO, COMISSÃO ESPECIAL, SENADO, REALIZAÇÃO, PROGRAMA, CONGRESSO INTERNACIONAL, FUTURO, OBJETIVO, DISCUSSÃO, ASSUNTO, DEMOCRACIA, COMUNICAÇÕES, PROGRESSO, RELAÇÃO, MUNDO, TECNOLOGIA DIGITAL, SUSTENTABILIDADE.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, quero aqui cumprimentá-lo, juntamente com o Senador Paulo Paim, e convidá-lo, Senador Raimundo Lira, para, logo que terminemos aqui a nossa sessão, o Congresso do Futuro, que já estamos ali realizando.

    Nesse sentido, senhoras e senhores, como é de conhecimento de V. Exªs, acontece hoje, agora, o último dia do Congresso Internacional do Futuro, cujo tema é "Democracia, Comunicação e Progresso no mundo digital e sustentável." Esse congresso é promovido pelo Senado Federal, através da Comissão Senado do Futuro.

    Neste segundo dia, aqui bem ao lado, no nosso Auditório Petrônio Portella, teremos uma rodada especial de mesas-redondas, com a participação de renomados professores, mestres e comunicadores, todos com um currículo riquíssimo no campo do conhecimento. Vamos discutir a educação, a ciência, a inovação do futuro, com as participações do Senador Cristovam Buarque, que dispensa qualquer apresentação, pela sua incomensurável capacidade de pensar o futuro; e do Ph.D em Direito Internacional, Dr. Kishore Singh. Teremos, também, Isaac Roitman, Doutor em Ciências e Professor Emérito da Universidade de Brasília. Também Rafael Lucchesi, economista, membro do Conselho Nacional de Educação da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

    Em seguida, discutiremos "O futuro da comunicação e seus impactos nas relações humanas", com a presença da jornalista Gabriela Mafort, especialista em novas mídias, internet e inovação, pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Teremos, também, a participação do brilhante Marcelo Tas, jornalista, consultor em comunicação, autor e diretor de TV, atualmente apresentador do programa Papo de Segunda, da GNT, e também colunista da Rádio CBN. Só para registro, Marcelo Tas tem mais de 10 milhões de seguidores em rede social. Fechando a mesa-redonda, teremos a presença do comunicador Mário Almeida.

    Nessa maratona, Sr. Presidente, do conhecimento para a construção do futuro, debateremos o tema "Democracia representativa no mundo digital", mesa-redonda que terá a presença de: Wilson Gomes, Professor de Teoria da Comunicação; também Rousiley Maia, Professora Doutora de Ciência Política pela Universidade de Nottingham, na Inglaterra; e, ainda, Sérgio Braga, com Pós-Doutorado no Institute of Communications Studies, da Universidade de Leeds, e também autor de diversos textos científicos sobre os impactos das tecnologias digitais nas instituições representativas.

    Por fim, na programação, teremos Franklin Luzes Júnior, Diretor de Operações da Microsoft Participações; junto com ele, Antônio Campello, Diretor de Inovação e Excelência Empresarial, responsável global pela inovação corporativa da Embraer; e Paulo Mól Júnior, mestre em economia e especialista em políticas públicas e gestão governamental. Eles vão apresentar "Cases de Sucesso – Ideias Inspiradoras".

    Sem dúvida alguma, Sr. Presidente, quero aqui convidar V. Exªs e todos que nos assistem e ouvem neste momento, para fazer conosco uma visita ao futuro no dia de hoje, uma visita ao futuro no dia de hoje.

    Sr. Presidente, Raimundo Lira, neste primeiro Congresso do Futuro, temos mais de mil participantes inscritos. Fato que, de alguma forma, acabou nos surpreendendo, como afirmei aqui na abertura. Confesso que, por ser o primeiro, não esperava que pudéssemos mobilizar tantos jovens, estudantes secundaristas, acadêmicos, cientistas, professores, todos eles ávidos pelo desafio de construir o futuro.

    Os ecos do que aconteceu no dia de ontem, no primeiro dia, também nos garantem afirmar que vamos avançar muito nesse propósito.

    Os resultados das exposições acabaram suplantando o maior de todos os otimistas – no caso, a mim mesmo. Avançamos no horário previsto para encerramento em função dos debates que foram travados entre os expositores e a plateia presente. Foram centenas de questionamentos.

    E aqui eu gostaria de agradecer, agradecer muito ao nosso Presidente Renan Calheiros, a toda a Mesa, ao nosso companheiro Bandeira, à Ilana, a todos os profissionais aqui desta Casa que nos ajudaram a organizar isso. Quero agradecer ao Waldir, representante da Consultoria Legislativa, como Secretário da Comissão Senado do Futuro. Quero agradecer também aos Senadores que lá estiveram presentes. Foram inúmeros, mas aqui destaco o Senador Eunício Oliveira, o Senador Elmano Férrer, também o Senador Reguffe, o Senador Garibaldi Alves, que esteve conosco até quase meia-noite, o Senador Cidinho, o Senador Jorge Viana, o Senador Telmário Mota, enfim, agradecer a todos que foram lá nos prestigiar.

    Mesmo movido pela enorme satisfação por conduzir esse congresso internacional, quero aqui registrar, colegas Senadores, Senadoras e Senador Paulo Paim, que aqui é um dedicado estudioso, principalmente das causas sociais, que tudo aquilo que vem sendo tratado será de grande relevância naquilo que nos propusemos a fazer.

    Sigo a compreensão do conhecidíssimo Içami Tiba, médico psiquiatra, colunista, escritor de livros sobre educação familiar e escolar e palestrante brasileiro, que dizia: "Nenhum projeto é viável, se não começa a construir-se desde já: o futuro será o que começamos a fazer dele no presente". Simples, objetivo e direto!

    Sabemos que o momento político é adverso em nossa Nação, mas, como sempre afirmo, essa situação de dificuldade não pode – e não será – motivo para deixarmos de seguir na construção de uma pauta positiva, que olhe para frente e encaminhe sugestões preciosas para o futuro do Brasil e – por que não? – também do mundo, já que temos um potencial, principalmente na nossa biodiversidade, que estamos, inclusive, discutindo também lá no nosso congresso.

    Estou certo de que a vigência temporária desse cenário local não pode significar uma cortina de ferro para as demais situações, especialmente as demandas da sociedade, que está a exigir um momento melhor, mas não deixa de observar, com grande atenção, a necessidade também da construção de um futuro melhor.

    Com esse Congresso, Sr. Presidente, acredito que o Brasil, até pela sua representatividade no contexto geopolítico da América Latina e a própria grandeza e capacidade de intervenção sobre a economia mundial, dá passos firmes e decisivos para assumir, de forma institucional, o debate sobre o futuro.

    Seja pelo viés econômico, pela segurança social, pela responsabilidade que o País tem em função da sua população, da sua importância econômica e da sua importância social, o Brasil começa a adotar uma postura de vanguarda. E o Senado, pela sua real grandeza, está pronto para colaborar nesse sentido, e sabemos do nosso compromisso.

    Os desafios são consideráveis, senão vejamos: em 2030, estima-se que a população mundial seja de 8,3 bilhões de pessoas, pressionando fontes de energia, água, alimentos, uso da terra e extração mineral no meio ambiente, sobretudo no mundo em desenvolvimento.

    Tudo isso estamos a discutir lá: a escassez da água. E o Brasil, que tem a maior reserva mundial de água potável, pode muito contribuir para isso.

    Destacando ainda, quero aqui dizer do envelhecimento da população em decorrência da taxa de natalidade decrescente e também do aumento da expectativa de vida. Mais ainda: a população mundial de pessoas com mais de 65 anos deve dobrar para 1 bilhão, elevando a proporção de idosos de 8% para 13%.

    Portanto, Senador Paulo Paim, que tem tanta preocupação com os aposentados, são números e situações assombrosas a indicar que temos que agir já. Nada pode representar maior problema que não dar respostas agora a essas situações previstas.

    V. Exª gostaria de fazer um aparte, Senador Paulo Paim?

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Wellington Fagundes, não pedi o aparte, mas estava na expectativa de que o senhor me desse a oportunidade, porque não queria atrapalhar o seu raciocínio perfeito sobre a questão do futuro. Quero mais é cumprimentar V. Exª, que, na Presidência da Comissão, chega a ser aqueles teimosos. Eu sou teimoso também, quero estar junto com V. Exª. V. Exª insiste, vem, chama; negociou comigo, inclusive, alguns dias. "Olha, segunda-feira de manhã, hoje eu faço lá, na tua Comissão de Direitos Humanos, tu fazes aqui, para nós darmos visibilidade correta para a tua Comissão". A sua Comissão aponta para o futuro, o Senado do futuro, o Congresso do futuro, o futuro das nossas vidas, dos avanços em todas as áreas – como lembrou bem V. Exª –, na infraestrutura, na tecnologia, na educação, na formação, e, como também lembrou – e agora fui à tribuna –, do futuro das nossas vidas quando envelhecermos. Queria mais é cumprimentar V. Exª. V. Exª fecha o ano com um gol, não diria de placa, gol de ouro com esse seminário internacional para discutir o conjunto da política como instrumento de garantir um futuro melhor para a humanidade, porque o congresso é internacional. Então, Senador Wellington Fagundes, aceite aqui os meus cumprimentos, fico feliz de ver a garra, a tenacidade com que V. Exª está defendendo essa proposta. Também o Senador Raimundo Lira, quando pega uma proposta, vai ao fim – vai ao fim, eu digo, com um objetivo. Ele presidiu a Comissão do Impeachment. Eu posso ter discordância, mas ele presidiu como um Presidente, como um estadista, em nenhum momento foi tendencioso. Eu não estava lá, mas acompanhei todo o debate. E aproveito este momento para dizer que – permita-me só uma frase, e eu termino –, mesmo aqui neste momento difícil do nosso Congresso, pela decisão liminar do Supremo, em que o Jorge Viana ia assumir a Presidência, perguntaram-me, e eu disse: "Jorge Viana, se assumir a Presidência, pode ter certeza de que assumirá como Presidente do Congresso, e não como Presidente de um partido". É assim que tem que ser a postura e é assim que V. Exª está agindo naquela comissão: como Presidente de uma comissão, eu diria, de direitos humanos também, em nível internacional. Porque quem se preocupa com o futuro se preocupa com os direitos humanos. Parabéns a V. Exª.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) – Quero agradecer imensamente, Senador Paulo Paim.

    Lá, estamos discutindo também a questão da insegurança alimentar. Em um País como o Brasil, que exporta muito e é vocacionado para ser o maior exportador de alimentos do mundo, ainda temos pessoas que não têm acesso à alimentação, Senador Raimundo Lira. Então, há insegurança alimentar. E, às vezes, também, a ciência e a tecnologia dos laboratórios multinacionais não permitem que o cidadão possa ter acesso a remédio porque o custo é muito alto.

    Aqui já vimos várias vezes o Senador Reguffe falar – eu também sou autor de uma PEC – que não é possível, não podemos concordar que no Brasil tenha que se cobrar imposto de remédio humano mais caro do que o remédio veterinário. Eu sou veterinário. Claro que é importante a produção da proteína animal, do cuidado com os nossos animais, mas, acima de tudo, nós temos que nos preocupar também com a vida do ser humano.

    Por isso, Senador Paulo Paim, estive esta semana no meu Estado de Mato Grosso, na aldeia dos índios xavantes, lá na região da BR-070, próximo à cidade de Primavera, onde dois índios praticamente foram assassinados em atropelamentos. Uma carreta praticamente foi em cima de um índio, porque os índios ali estão passando necessidade e param os carros para pedir alimento, para cobrar alguma coisa, uma vez que a BR passa dentro da reserva indígena dos xavantes, em Meruri. Eles nos convocaram para uma reunião. Por quê? Há escassez da caça, hoje, em uma área de Cerrado de apenas cinco mil hectares. Já estão confinados e não têm praticamente como produzir.

    Há quatro ou cinco anos fizemos um convênio com o Governo do Estado, quando o Senador Blairo Maggi era o Governador. Fomos lá e levamos trator, sementes. Fizemos a parceria com os produtores e tivemos uma safra abundante. Mas, de repente, foi lá a Funai e disse que não: "Os índios não podem fazer parceria; não podem produzir alimento com parceria."

    Bom, ainda tem muita gente que pensa que é possível construir barreiras numa reserva indígena que está próxima da cidade. Não se constrói barreira para um vírus hoje. O vírus sai lá de qualquer continente e chega aqui através do avião, através dos pássaros, enfim. Os índios que lá estão necessitam, sim, de energia. Eles necessitam, sim, de escola. Aliás, muitos inclusive já são doutores e estão lá indignados porque os seus irmãos índios estão... As crianças estão nascendo, e há problema de saneamento básico.

    Na minha cidade, Rondonópolis, temos lá a reserva dos bororos, onde estávamos tendo uma mortalidade infantil muito grande. Por quê? Porque eles estavam bebendo água contaminada do rio, contaminada pelo efeito do agrotóxico, pelo efeito da cidade.

    Conseguimos um recurso, Senador Raimundo Lira, de apenas R$250 mil. E lá, com esse recurso, furamos um poço artesiano e levamos a energia monofásica. Funcionou o poço, água abundante, passamos a ter a geladeira para manter as vacinas.

    E, é claro, o índio também quer a televisão, quer melhores condições, porque a cidade começou com eles há 80 anos. Agora, dizer que os índios têm que estar lá confinados, sem direito àquilo que temos todos nós que somos a sociedade "desenvolvida", entre aspas... Porque toda a nossa biodiversidade, se temos banco genético nas nossas florestas, são exatamente os nossos índios que estão lá a preservar.

    Por isso, eu quero aqui finalizar, mais uma vez, chamando a presença de todos para acompanhar os debates de hoje. Mas eu quero só concluir dizendo que fiz um compromisso lá, eu e o Deputado Valtenir, de convocar a Funai, o Ministério Público, o Ministério da Justiça e o DNIT para que a gente possa encontrar uma solução, seja de cobrança do pedágio oficialmente, seja de assistência aos índios pela Funai.

    E aí, Senador Paulo Paim, quero inclusive convidá-lo para esta audiência, porque os Xavantes são lutadores, são guerreiros, são exigentes, são cobradores, mas certamente com direito, porque eles são os primeiros aqui com direito à nossa terra.

    Eu quero aqui agradecer aos palestrantes, aos expositores que estiveram conosco no primeiro dia, quando tratamos de vários temas essenciais e, em conclusão, se mostrou a clareza da necessidade de adoção de novos modelos de desenvolvimento. Com certeza, na semana que vem, discutindo o presente, trarei para este Plenário uma síntese mais aprofundada de tudo aquilo que se mostra essencial para um futuro melhor para todos.

    Quero aqui agradecer e convidá-los a todos, todos aqueles que nos assistem, que estão em qualquer recanto deste País, no mais longínquo recanto. Se tiverem internet, vocês podem acessar da televisão. Agora, a partir do encerramento desta sessão, tudo será transmitido ao vivo. Daqui até às 8h ou 19h, estaremos lá intensamente discutindo tudo isso que aqui anunciei.

    E quero convidá-los, Senador Raimundo Lira, Senador Paulo Paim, a nos prestigiar lá até para que aquelas pessoas que de tão longe vieram sintam que valeu a pena, porque o Senado da República também está buscando discutir esse tema tão relevante para as futuras gerações.

    A comissão Senado do Futuro, quero deixar bem claro, não tem a pretensão de discutir o futuro do Senado. Ela foi instituída para discutir o futuro das nossas novas gerações; discutir a possibilidade de podermos deixar para as nossas novas gerações um mundo melhor, um mundo em que se possa falar do nosso desenvolvimento, mas, acima de tudo, do desenvolvimento socioeconômico ambientalmente correto.

    Muito obrigado, Senador Raimundo Lira.

    O SR. PRESIDENTE (Raimundo Lira. PMDB - PB) – Senador Wellington Fagundes, eu quero, aqui da Presidência, me congratular com esse trabalho excepcional que V. Exª está fazendo à frente da Comissão Senado do Futuro...

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Raimundo Lira. PMDB - PB) – ... realizando este congresso internacional, Congresso do Futuro, o que mostra o empenho de V. Exª em chamar atenção da geração presente para as medidas, as providências que nós temos que tomar, para resguardar o nosso País e o mundo de modo geral para as futuras gerações.

    Se nós tivemos o privilégio de viver neste mundo até com certa abundância de recursos naturais, nós temos a obrigação de, por uma questão de patriotismo, de humanidade, lutar para preservar esses recursos para as futuras gerações. Parabéns, Senador Wellington Fagundes.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Moderador/PR - MT) – Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/12/2016 - Página 12