Discurso durante a 190ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Critica à Proposta de Emenda à Constituição nº 55, de 2016, que altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências.

Autor
João Capiberibe (PSB - Partido Socialista Brasileiro/AP)
Nome completo: João Alberto Rodrigues Capiberibe
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Critica à Proposta de Emenda à Constituição nº 55, de 2016, que altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências.
Publicação
Publicação no DSF de 09/12/2016 - Página 17
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • CRITICA, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), ASSUNTO, ALTERAÇÃO, REGIME FISCAL, LIMITAÇÃO, AUMENTO, GASTOS PUBLICOS, REFERENCIA, INFLAÇÃO, EXERCICIO FINANCEIRO ANTERIOR, MOTIVO, DESEQUILIBRIO, ORÇAMENTO, PAIS, EXCESSO, PAGAMENTO, JUROS, DIVIDA PUBLICA, FALTA, INVESTIMENTO, SAUDE, EDUCAÇÃO, NECESSIDADE, PEDIDO, CONGRESSO NACIONAL, REALIZAÇÃO, AUDITORIA, DIVIDA, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), COBRANÇA, RESPOSTA, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), PREJUIZO.

    O SR. JOÃO CAPIBERIBE (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - AP. Sem revisão do orador.) – Obrigado, Sr. Presidente. Eu queria apenas lembrar que, de fato, o Estado brasileiro gasta e gasta muito, mas há um desequilíbrio nesses gastos. Aqui se fala dos gastos excessivos do Estado brasileiro, mas, se compararmos os gastos com as necessidades essenciais da sociedade, como saúde e educação, vamos descobrir o seguinte: que, no Orçamento do ano passado, 2015, e deste ano, saúde e educação vão gastar, no máximo, 8% do Orçamento público, o que não me parece um exagero. O exagero está – e aqui ninguém fala... Era isso que eu gostaria que fosse explicitado para aqueles que acompanham esta sessão do Senado sobre a PEC 55. Eu gostaria que os que defendem a PEC esclarecessem como é dividido o bolo orçamentário, porque, se em educação e saúde se gastam 8% e Previdência, 22%, é preciso saber para onde vai o grosso do dinheiro. E o desequilíbrio dos gastos não está nesses gastos essenciais. Está no pagamento de juros da dívida pública.

    O que vai acontecer? A PEC não fala... Se a PEC falasse em congelar os gastos com a dívida pública, eu votaria a favor. Se a gente colocar uma emenda nessa PEC para limitar os gastos com juros, está aqui um que vai militar em defesa da PEC. Mas a PEC não diz nada.

    Na verdade, a PEC protege o endividamento público na hora em que ela permite a atuação das empresas não dependentes. As empresas não dependentes, Sr. Presidente, são independentes de qualquer fiscalização, são empresas públicas sem que o Estado brasileiro, o Tribunal de Contas da União, o Senado Federal ou a Câmara Federal possam exercer qualquer tipo de fiscalização.

    E isso está na PEC. Está na PEC para ser aprovada e legalizada essa ação financeira, de emissão de títulos das dívidas dos Municípios, dos Estados e da União.

    Portanto, os gastos realmente exagerados que o Brasil tem é com o pagamento de juros: 43% vão para o pagamento de juros. Isso precisa ficar claro aqui, os que defendem a PEC têm que deixar claro: 43% do Orçamento público, do dinheiro dos impostos do cidadão, são para pagar a dívida, e apenas 8% são para saúde e educação.

    Se há um desequilíbrio é a para a gastança com os juros da dívida pública. E essa dívida precisa, sim, ser auditada. Está na Constituição Federal, e o Congresso Nacional não toma iniciativa para auditar essa dívida, para esclarecer a sociedade brasileira.

    Sr. Presidente, quero aqui manifestar minha indignação em relação ao Banco Central. Nós fizemos uma audiência pública para discutir os prejuízos causados pelos contratos de swap cambial. O Banco Central se recusou a participar, recusou-se a vir ao Senado Federal para dizer por que, em 2014 e em 2015, o Banco Central teve um prejuízo de R$210 bilhões; esse dinheiro vai para a dívida pública, esse dinheiro é colocado no Orçamento da União para todos os pagadores de impostos pagarem.

    E o Banco Central se recusa a explicar para o Parlamento qual é a causa da dívida pública. Há um requerimento de nossa autoria que foi aprovado na Comissão de Transparência e Governança Pública, que está sobre a mesa, para que o Tribunal de Contas audite esses prejuízos, quais as causas desses prejuízos com a operação de swap cambial.

    Portanto, aqui, peço àqueles que defendem a PEC nº 55: se introduzirem um teto de gastos para a dívida pública, podem contar com o meu voto.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/12/2016 - Página 17