Discurso durante a 196ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da rejeição da Proposta de Emenda à Constituição nº 55/2016, de autoria do Presidente Michel Temer, que institui o Novo Regime Fiscal.

Autor
Ângela Portela (PT - Partido dos Trabalhadores/RR)
Nome completo: Ângela Maria Gomes Portela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Defesa da rejeição da Proposta de Emenda à Constituição nº 55/2016, de autoria do Presidente Michel Temer, que institui o Novo Regime Fiscal.
Publicação
Publicação no DSF de 14/12/2016 - Página 267
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • DEFESA, REJEIÇÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), AUTORIA, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OBJETO, LIMITAÇÃO, ACRESCIMO, GASTOS PUBLICOS, NATUREZA SOCIAL, EQUIVALENCIA, INFLAÇÃO, EXERCICIO FINANCEIRO ANTERIOR, ALTERAÇÃO, REGIME FISCAL, RESULTADO, DESEMPREGO, CONGELAMENTO, INVESTIMENTO PUBLICO, EDUCAÇÃO, SAUDE, POLITICA SOCIAL.

    A SRª ANGELA PORTELA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Durante o primeiro turno de votação dessa PEC, chamei a atenção para o fato de que ela concretiza o projeto de desmonte do estado social brasileiro, fruto de um amplo acordo nacional.

    Esse acordo permitiu que a Constituição de 1988 estabelecesse um sistema de proteção, que efetivamente começou a sair do papel durante os governos do PT, a partir de 2003.

    Não é por outra razão que, a despeito de avanços que ainda se fazem necessários, vimos se reduzir substancialmente a pobreza extrema e a fome.

    Esse acordo social e a ação dos últimos governos que permitiram o aumento considerável dos investimentos em educação e saúde.

    Pois é esse sistema que o governo sem voto de Michel Temer pretende destruir, mantendo os recursos orçamentários praticamente apenas para a satisfação das elites financeiras.

    Sob o argumento falacioso de que precisa controlar o déficit fiscal, a PEC 55 vai aprofundar a recessão, uma vez que vai inibir drasticamente a capacidade de o estado funcionar como indutor da economia.

    Em uma economia deprimida a presença do estado é ainda mais importante.

    Pessoas sem emprego e sem esperança de conseguir um, irão pressionar o sistema de assistência social e de saúde.

    Mas com despesas congeladas por vinte anos, como poderemos atender os que mais precisam?

    Educação pública, em todo mundo civilizado, é vista como investimento no futuro do país.

    Mas a PEC também congela o futuro do Brasil.

    A votação, patrocinada por um governo sem voto, apenas para agradar sua base econômica, ocorre sem que a maior interessada - a sociedade - seja chamada a opinar.

    Mas como se não bastasse o absurdo da proposta em si, o governo pretende votar essa PEC em meio a uma crise política sem precedentes.

    Um governo sem votos, atolado em denúncias de corrupção, que envolvem sua base parlamentar, seu núcleo político e o próprio presidente, quer votar uma medida de enorme crueldade social.

    Definitivamente, o momento não é para isso.

    O governo não reúne condições morais e políticas para continuar à frente do país, mas pretende engessar as políticas públicas pelos próximos 20 anos!!!

    E como se isso fosse pouco, ainda pretende aprovar uma reforma da previdência que condena as pessoas pobres a trabalhar até o final da vida.

    O Senado tem a oportunidade histórica de recuperar um pouco de sua credibilidade política e dar um basta na tramitação dessa proposta absurda.

    A sociedade não aceita cortes de direitos, enquanto vê seus representantes envolvidos em tanta lama.  

    Faço um apelo: não podemos votar essa PEC, pelo menos enquanto não forem elucidadas as gravíssimas denúncias de corrupção que envolvem o governo.

    É o mínimo que podemos oferecer ao Brasil, nesse momento.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/12/2016 - Página 267