Discurso durante a 197ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Alerta para os efeitos do crescente número de pacientes com doença renal crônica no País.

Autor
Eduardo Amorim (PSC - Partido Social Cristão/SE)
Nome completo: Eduardo Alves do Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Alerta para os efeitos do crescente número de pacientes com doença renal crônica no País.
Publicação
Publicação no DSF de 15/12/2016 - Página 16
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • APREENSÃO, AUMENTO, QUANTIDADE, PACIENTE, DOENÇA CRONICA, PAIS, COMPROMETIMENTO, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), CRITICA, EXISTENCIA, DEFASAGEM, REPASSE, RECURSOS FINANCEIROS, UNIDADE DE SAUDE, COMENTARIO, EXCESSO, CUSTO, MANUTENÇÃO, INFRAESTRUTURA, ASSISTENCIA MEDICA, EQUIPAMENTOS, INEFICACIA, ATENDIMENTO, PREJUIZO, DOENTE, REGISTRO, GARANTIA CONSTITUCIONAL, SAUDE.

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Moderador/PSC - SE. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Sr. Presidente.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvintes da Rádio Senado, espectadores da TV Senado, agora digitalizada, e todos que nos acompanham pelas redes sociais, o número de pacientes com doença renal crônica no nosso País está crescendo e, pela grande mudança epidemiológica, demográfica e nutricional nos últimos 30 anos, lamentavelmente, continuará aumentando. Este fato interfere diretamente na vida dos pacientes e de suas famílias, no Sistema Único de Saúde e em todas as esferas de governo.

    No início deste ano, eu, a Senadora Ana Amélia, o Presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante e o Presidente da Federação Nacional de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil estivemos em audiência com o Ministro da Saúde – à época – Marcelo Castro, com o objetivo de ampliar o debate e buscar soluções no tocante aos problemas enfrentados por doentes renais crônicos, a exemplo da defasagem dos repasses do Sistema Único de Saúde para clínicas de hemodiálise.

    Sr. Presidente, semana passada, em meu gabinete, recebi o atual Presidente da ABCDT, Dr. Luis Carlos Pereira, e o tesoureiro da instituição, Dr. Leonardo Barberes, e, com grande tristeza e preocupação, fiquei sabendo que, de fato, nada mudou; muito pelo contrário.

    Para que as senhoras e senhores tenham uma ideia da dimensão do problema, a defasagem financeira em relação ao que é pago e o custo efetivo da sessão de hemodiálise chega atualmente a mais de 30%. Entretanto, como se isso não bastasse, a situação é agravada pelos constantes atrasos no repasse do pagamento da terapia renal substitutiva pelos gestores estaduais e municipais às clínicas.

    Sou médico e sei que a carência na área da saúde é muito grande. Diariamente, milhares de pacientes procuram atendimento adequado e, lamentavelmente, o que a maioria encontra é uma espera de meses por uma consulta. Em alguns casos, chegam a esperar anos em uma fila para ter atendimento especializado.

    Entretanto, Sr. Presidente, colegas Senadores, nos serviços de diálise a realidade costuma ser um pouco diferente. Isso, porque os pacientes renais crônicos são atendidos, em sua grande maioria, em clínicas particulares que prestam serviço ao SUS e são muito bem reguladas pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa. Sem dúvida, é necessário que a legislação seja realmente rigorosa, uma vez que o tratamento de hemodiálise é muito sensível e sem a estrutura necessária os pacientes podem vir a óbito.

    No entanto, Srªs e Srs. Senadores, a manutenção de toda a estrutura de uma clínica de hemodiálise é extremamente onerosa, pois, além do quadro de funcionários composto por médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, assistente social, técnicos de enfermagem, administradores e profissionais de serviços gerais, a maioria da matéria-prima e dos equipamentos são importados e, obviamente, seguem a variação de câmbio da moeda norte-americana.

    Como não poderia ser diferente, as clínicas estão sobrecarregadas financeiramente e já não conseguem mais arcar com a diferença do valor pago pelo Governo. São mais de 700 clínicas de diálise que prestam serviço ao SUS e estão em imensas dificuldades financeiras; algumas inclusive já fecharam as portas e muitas outras fecharão as suas portas em breve. O atendimento poderá ser interrompido e, dessa maneira, mais de 110 mil pacientes estão sendo ou poderão ser prejudicados.

    O quadro é grave, e é grave em todo o País. Só para citar o exemplo do meu Estado, Sergipe, para piorar a situação, não se faz um transplante sequer há pelo menos seis anos. Diante dessa triste realidade, muitas pessoas morreram à espera de um transplante de rim. Imaginem, Srªs e Srs. Senadores, se as clínicas parassem de atender aos pacientes do SUS. A realidade é que, diante do quadro que se estabeleceu após quatro anos sem reajuste no valor da sessão de hemodiálise, o cenário é assustador.

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Moderador/PSC - SE) – O cenário é extremamente assustador.

    Sr. Presidente, há cerca de dois meses, foram avaliadas as planilhas de custo da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante, da Sociedade Brasileira de Nefrologia e do Ministério da Saúde. Na ocasião, os técnicos do próprio Ministério chegaram ao valor de R$231,58. No entanto, o Ministro da Saúde anunciou um reajuste de 8,47% a partir de janeiro, portanto, não cobrindo os custos.

    As perguntas são: até quando as clínicas de diálise deste País vão conseguir subsidiar a terapia renal substitutiva? Porque, de fato, é o que vem acontecendo em todo o País.

    Onde serão atendidos os novos casos para tratamento pelo SUS, já que boa parte das clínicas não estão recebendo...

(Interrupção do som.)

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Moderador/PSC - SE) – Só mais alguns minutos, Sr. Presidente.

    ... já que boa parte das clínicas não estão recebendo novos pacientes? A situação é grave, repito.

    E a última pergunta: os brasileiros que, por desventura, venham a desenvolver uma doença renal crônica estão sendo atendidos ou estão sendo condenados à morte?

    Antes de terminar, porém, gostaria de lembrar que, na nossa Constituição, a Constituição Cidadã, o art. 196 é claro ao dizer: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação."

    Portanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, embora...

(Interrupção do som.)

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Moderador/PSC - SE) – ... tenhamos plena consciência da situação pela qual passa nosso País, não podemos deixar de reconhecer que algumas prioridades não podem deixar de ser consideradas, uma delas, com toda certeza e convicção, é o acesso à saúde e à educação do nosso povo e da nossa gente.

    Sem saúde, Sr. Presidente, não há presente; e sem educação com certeza não teremos futuro.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/12/2016 - Página 16