Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de aplauso à Rádio Gaúcha de Porto Alegre, que completa 90 anos de existência, e saudação à Rádio Senado por seus 20 anos.

Crítica à situação de abandono do parque olímpico conforme denúncia veiculada pelo Fantástico.

Comentário sobre a operação Lava Jato.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Voto de aplauso à Rádio Gaúcha de Porto Alegre, que completa 90 anos de existência, e saudação à Rádio Senado por seus 20 anos.
DESPORTO E LAZER:
  • Crítica à situação de abandono do parque olímpico conforme denúncia veiculada pelo Fantástico.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Comentário sobre a operação Lava Jato.
Publicação
Publicação no DSF de 09/02/2017 - Página 30
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > DESPORTO E LAZER
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Indexação
  • VOTO DE APLAUSO, EMPRESA DE RADIO E TELEVISÃO, LOCALIDADE, MUNICIPIO, PORTO ALEGRE (RS), RIO GRANDE DO SUL (RS), MOTIVO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, EXISTENCIA, IMPORTANCIA, DIFUSÃO, INFORMAÇÃO, REGIÃO, SAUDAÇÃO, EMISSORA, RADIO, SENADO.
  • CRITICA, SITUAÇÃO, PARQUE, PRATICA ESPORTIVA, OLIMPIADAS, LOCALIDADE, RIO DE JANEIRO (RJ), OBJETO, DENUNCIA, IMPRENSA, PERDA, RECURSOS PUBLICOS, POSSIBILIDADE, INVESTIMENTO, SAUDE, EDUCAÇÃO, AMBITO ESTADUAL, DESAPROVAÇÃO, ABANDONO, OBRAS, MOBILIDADE URBANA.
  • COMENTARIO, ASSUNTO, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), APROVAÇÃO, JUDICIARIO, MINISTERIO PUBLICO, COMBATE, PUNIÇÃO, CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente desta sessão, Senador Antonio Carlos Valadares, caros colegas Senadoras e Senadores, nossos telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado: ontem celebramos e rememoramos, numa exposição, a história da Rádio Senado, que completou, no dia 29 de janeiro, 20 anos de idade.

    Fizemos uma festa para toda a equipe da nossa estimada, competente, dedicada e responsável Rádio Senado.

    Hoje também há um aniversário importante, já referido aqui por Senadores que me antecederam, de uma emissora de rádio, na qual tenho o grato prazer de ter trabalhado em algum momento da história da minha vida, da minha carreira: a Rádio Gaúcha, onde trabalhei por praticamente duas décadas dos 33 anos que trabalhei na empresa, no Grupo RBS.

    A Rádio Gaúcha está quase centenária. Quase porque ela faz 90 anos e daqui a pouco fará cem anos. Quero aproveitar para saudar a todos os visitantes, jovens, homens e mulheres que estão presentes, assistindo a esta sessão aqui no Senado.

    A Rádio Gaúcha, em Porto Alegre, tem um alcance nacional, como reconheceu há pouco o nosso Presidente Cássio Cunha Lima, não só por estar hoje na internet, mas também pelo alcance que tem na sua frequência, nas comunidades do Rio Grande do Sul e em vários Estados. Especialmente quando transmite partidas de futebol envolvendo a dupla Grenal, ela tem ainda uma audiência muito maior, em função do interesse que o esporte representa para a comunidade.

    Então, aproveito o início deste meu pronunciamento breve, para saudar os 90 anos da Rádio Gaúcha, na pessoa de um querido e fraterno amigo, Daniel Scola, com quem trabalhei durante muito tempo, e de uma figura que foi muito importante também no programa Gaúcha Atualidade, Armindo Antônio Ranzolin. Quero também renovar meus cumprimentos a todos que fazem a grandeza dessa emissora, que é a companheira também dos gaúchos, "a fonte da informação", como se vê em seu slogan. Fiz também um voto de louvor a essa celebração.

    Mas estou ocupando hoje a tribuna do Senado Federal para tratar de uma importante e vergonhosa denúncia que o Fantástico de domingo retrasado fez. Se eu chegasse aqui hoje com esta nota de cem reais e, diante dos nossos telespectadores – esta nota de cem reais não é uma nota falsa, é uma nota verdadeira –, tivesse a ousadia de rasgá-la na frente das câmeras da TV Senado ou do microfone da Rádio Senado, a maioria diria: "Mas a Senadora não está bem do juízo: rasgando dinheiro!" E essa seria a conclusão mais adequada sobre o meu gesto de pegar esta nota e rasgá-la, botando-a na lata do lixo.

    E por que eu uso esta figura de rasgar o dinheiro e botar na lata do lixo para começar a falar? Para comentar a denúncia feita pelo Fantástico, mostrando o descalabro, o desrespeito e a irresponsabilidade de gestores públicos que jogaram na lata do lixo uma fortuna avaliada em alguns milhões de reais. Refiro-me ao Parque Olímpico do Rio de Janeiro. Milhões de reais que faltam à saúde e à segurança do Rio de Janeiro. Milhões de reais que faltam para o pagamento da folha dos servidores do Rio de Janeiro. E, quando vi aquela mesma denúncia da nossa irresponsabilidade mostrada no mundo inteiro, pelas televisões mundiais, eu senti muita vergonha.

     Não é admissível que se seja perdulário, com esse grau de irresponsabilidade com o dinheiro público. O Parque está abandonado às moscas; piscinas sujas; tudo abandonado, parecendo mais uma ruína, e isso apenas quatro meses depois do grande evento no qual atletas brasileiros, olímpicos e paralímpicos, tantas alegrias deram ao Brasil. Nós tivemos, quatro meses depois da glória, dos louros dos campeões olímpicos e paralímpicos, a vergonha de recolher o campeonato mundial da irresponsabilidade, com um evento que deixou como legado exatamente a demonstração de que tudo ali foi um ato de absoluto descompromisso com o dinheiro público, de absoluto descompromisso com a responsabilidade da gestão. Cinco meses depois, os sinais do abandono de obras de mobilidade, que caminham a passos muito lentos. Linhas, ligação de metrôs, mobilidade na cidade: isso seria um grande legado.

    Trinta anos os cariocas esperaram por esse grande evento. Nada, ou pouca coisa, saiu do papel. Realmente, nós estamos, com esse gesto... E, para concluir essas obras, serão necessários mais R$500 milhões! Como R$500 milhões, se as obras estão abandonadas?

    É muito triste ver o que aconteceu em tudo aquilo, em todas as obras mostradas, em relação ao veículo leve sobre trilhos, ao metrô e ao Parque Olímpico.

    A estrutura do Parque Olímpico, coração dos jogos, não está sendo usada, ou usada muito pouco. Aberto desde janeiro como área de lazer nos finais de semana, o espaço, que chegou a receber 100 mil pessoas por dia, nos jogos, mostra sinais de total abandono.

    É muito triste você ver, na imprensa internacional, o relato de uma tragédia vergonhosa como essa. Não é uma tragédia que deixa mortos, mas é uma tragédia que nos leva a uma reflexão sobre a nossa, eu diria, tolerância com a irresponsabilidade de agentes públicos, que não pensaram, talvez, no pobre que precisou de um hospital; que não pensaram no dinheiro que poderia ir para o hospital, para melhorar o atendimento médico, oferecer medicamentos e assistência à saúde, à moradia, à mobilidade urbana; não se preocuparam com isso quando tiveram a megalomania de fazer um espetáculo que foi importante, sim, para o nosso País, uma festa muito bonita, mas cujo legado foi a demonstração dessa enorme irresponsabilidade com esse dinheiro, que foi jogado, lamentavelmente, na lata do lixo. E, se não há dinheiro para pagar aos servidores, como haverá dinheiro para continuarem esses investimentos?

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Então, nós criamos a ideia, talvez a falsa ideia, de que havia dinheiro de sobra para esses investimentos.

    Na verdade, nós estamos agora pagando o preço, muito caro, de uma deterioração da imagem do Brasil no exterior, no mundo inteiro, não só pelas consequências da Lava Jato. E aí o sinal é positivo, porque estamos combatendo a corrupção, a impunidade, com um Poder Judiciário mais atento, que está agindo com celeridade. Torço e espero que o Ministro Luiz Edson Fachin, em memória ao Ministro Teori Zavascki, consiga aquilo que ele prometeu: dar celeridade a esse julgamento. O Juiz Sérgio Moro está lá discretamente fazendo o seu trabalho; a Polícia Federal, na investigação, e o Ministério Público, comandado pelo Dr. Rodrigo Janot, estão fazendo o seu papel, como recomenda a Constituição brasileira.

    Não fosse isso, nós teríamos mais aqui que lamentar do que festejar uma operação como essa, que é uma esperança da população brasileira, que foi às ruas para pedir o fim da corrupção. E agora nós estamos na expectativa de que exemplos como esse não se repitam, para que nós não tenhamos, perante o mundo, a ideia de que continuamos sendo um país que não é sério, naquela famosa e cantada frase de um ex-Presidente francês: "O Brasil não é um país sério". Os brasileiros não aceitam o grau de responsabilidade que foi mostrado pelo Fantástico, e nós temos que lamentar e cobrar dos nossos governantes, dos nossos líderes, cada vez mais, compromisso e responsabilidade com o dinheiro público.

    É exatamente por conta disso, Senador Reguffe, que nós estamos mergulhados nesta profunda crise, que atinge a União, os Estados e os Municípios.

    Muito obrigada, Sr. Presidente.

(Soa a campainha.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/02/2017 - Página 30