Discurso durante a 10ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Críticas à falta de publicidade da pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), que demonstra a liderança de Lula, Ex-Presidente da República, nas intenções de voto para eleições presidenciais de 2018.

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas à falta de publicidade da pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), que demonstra a liderança de Lula, Ex-Presidente da República, nas intenções de voto para eleições presidenciais de 2018.
Aparteantes
Lindbergh Farias, Roberto Requião.
Publicação
Publicação no DSF de 17/02/2017 - Página 36
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • CRITICA, AUSENCIA, PUBLICIDADE, IMPRENSA, PESQUISA, REALIZAÇÃO, CONSELHO NACIONAL DE TRANSPORTES (CNT), RESULTADO, DEMONSTRAÇÃO, LIDERANÇA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, VONTADE, VOTO, CIDADÃO, ELEIÇÃO FEDERAL, CARGO ELETIVO, PRESIDENTE, ELOGIO, GOVERNO, EX PRESIDENTE, OPOSIÇÃO, MEDIDAS ADMINISTRATIVAS, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, colega José Pimentel, que preside esta sessão, que é o 1º Secretário da Casa, Senadoras, Senadores, eu queria cumprimentar todos que me acompanham pela Rádio e TV Senado e, de modo especial, a população do meu Estado.

    Eu quero dizer que estamos passando por um período também de tensão. O Governador Tião Viana, com as autoridades policiais, está muito atento para que não se repita em Rio Branco aquilo que estamos vendo em outras capitais e no nosso Estado aquilo que estamos vendo em muitos outros Estados.

    É claro que a situação de violência é no Brasil inteiro. Houve crimes gravíssimos neste começo de ano, e isso, certamente, nos desperta a responsabilidade do que cada instituição pode fazer.

    Eu acho que o Senado Federal, volto a repetir, poderia votar o novo Código Penal, tirando-o das gavetas da Comissão de Constituição e Justiça, e dar uma satisfação à sociedade, criando mecanismos legais, atualizando o Código Penal, que é da década de 40, trazendo-o para este século XXI, para que as autoridades do Judiciário e das polícias possam fazer o seu trabalho de maneira mais adequada. Eu sei que não é com pena mais dura que vamos ter a solução, mas é também com penas mais duras, principalmente nos crimes contra a vida, que nós vamos salvar vidas e ajudar o País a se encontrar com um ambiente de paz.

    Confio que as autoridades do Estado, os nossos policiais, o Secretário Emylson, o Governador Tião Viana, todos que estão ajudando, a Polícia Militar, a Polícia Civil, o Ministério Público, o Judiciário, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, vão sair vitoriosos nessa empreitada de combater a criminalidade e essas organizações criminosas que atuam dentro e fora dos presídios no Brasil.

    Sr. Presidente, colegas Senadoras e Senadores, fiz minha inscrição para falar da pesquisa que foi divulgada por Confederação Nacional do Transporte e MDA. É uma pesquisa periódica, uma pesquisa que não tem nenhum vínculo com o Partido dos Trabalhadores ou com qualquer movimento social ou sindical. E, estranhamente – no ano que vem, nós já vamos ter eleição –, essa pesquisa desapareceu do noticiário. Eu procurei, hoje, em O Globo – rodei, li. Eu pensei: uma matéria tão importante, do ponto de vista jornalístico, do ponto de vista da informação, não ganhou nenhum destaque. Procurei na Folha de S.Paulo e percebi a mesma coisa: nenhum destaque, nada. Nós estamos com um Governo que veio de um impeachment, Presidente – nós tivemos um golpe parlamentar no Brasil –, e aí sai uma pesquisa que traz a opinião pública, a verdadeira opinião pública, se manifestando sobre as eleições já do próximo ano, e isso não ganha espaço nem nas televisões, nem nos grandes jornais. Eu consegui encontrar um pedacinho no Estadão e uma outra parte mais destacada no Valor Econômico. É estranho.

    Eu luto, defendo e acho que isto é base de uma democracia de verdade: a liberdade de imprensa, mas fica cada dia mais evidente que, pelo menos, alguns veículos estão cumprindo uma agenda que não é a agenda que o País, que o noticiário, que os fatos colocam. Assim, fica cada vez mais evidente que há outros interesses por trás.

    Eu falei aqui, ontem, que essa pesquisa mostra que o povo não é bobo. Vejam: quem, neste País, tem sofrido um massacre, uma perseguição maior do que o ex-Presidente Lula, com um noticiário negativo de manhã, tarde e noite, atingindo o ex-Presidente, sua família, seus parentes, seus amigos, seu Partido, seu movimento, seu legado? Ninguém! Eu acho que, na história do País – nós estamos vivendo a era da revolução tecnológica, Senador Lindbergh –, ninguém nunca sofreu um ataque tão violento, tão continuado, tão longo como o Presidente Lula. Qual é a resposta do povo brasileiro? Faz-se uma pesquisa na véspera da eleição, porque nós já estamos no ano que é véspera do ano da eleição, e quem se destaca, quem cresce? O Presidente Lula.

    Sabe por quê, Presidente Pimentel? Porque diante do caos econômico, do caos político, das enganações, o povo não é bobo e lembra-se dos bons tempos, aqueles do Presidente Lula, quando o Brasil tinha prosperidade, quando o aposentado podia se aposentar depois de trabalhar e fazer o seu recolhimento previdenciário. Agora, há uma ameaça de ele trabalhar e não poder se aposentar. Preocupa-me.

    A oferta de emprego era tão grande que quem tinha alguma formação, quem tinha muita qualificação escolhia onde queria trabalhar, e aquele que não tinha formação nenhuma também tinha oportunidade de trabalho. Foram gerados, no governo do Presidente Lula e Dilma, 22 milhões de empregos.

    O SR. PRESIDENTE (José Pimentel. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - CE) – Senador Jorge Viana, sem querer interromper, mas registrando: a Previdência pública urbana, que é a contributiva, de 2009 a 2015, foi superavitária. O que nós arrecadávamos dava para cobrir todas as despesas e sobrava dinheiro. Em 2007, conforme V. Exª registra, faltaram R$22,4 bilhões para fechar essa conta; já em 2009, cobriu esse déficit e sobraram R$3,6 bilhões; em 2012, sobraram R$33,2 bilhões; em 2015, depois da pauta bomba, sobraram R$5 bilhões; e, em 2016, isso que era positivo foi transformado num déficit de R$46 bilhões.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Então, veja só, Sr. Presidente Pimentel, V. Exª que foi Ministro da Previdência: eles desmontam as indústrias, desmontam as atividades produtivas, desempregam. Aí a Previdência fica deficitária tem R$47 bilhões, como ocorreu no ano passado, e qual é a solução? Danificar os aposentados, tirar direitos dos aposentados.

    É óbvio, em vez de ter R$22 milhões de empregos com carteira assinada, você oferece o desemprego; em vez de ter um crescimento da nossa indústria, você desmonta a indústria; em vez de ter um crescimento do comércio, você desmonta o comércio. E o resultado que nós temos é que foi divulgado agora o PIB do ano passado, a maior queda do PIB da história do nosso País: 4,6%, oficial do ano passado. Três anos, começou com a recessão, agora vivemos uma depressão econômica. Senador Requião, que trabalha muito esse tema, Senador Lindbergh Farias, uma depressão econômica pode levar ao que nós vimos em Vitória.

    O que aconteceu na cidade de Vitória? Estava a Rose aqui, nossa querida Senadora, o Ricardo Ferraço, o Magno Malta. O Ferraço, com quem eu converso muito fala: "Jorge, é uma das mais altas rendas per capita do País", ou seja, é a cidade das pessoas mais ricas do Brasil. É um dos Estados mais ricos também pela exportação, pela maneira que trabalha o seu comércio, inclusive o eletrônico, o Espírito Santo. O que aconteceu? A polícia parou, ficou nos quarteis, aquartelada e, em dez dias, nós tivemos mais de 100 assassinatos no meio das ruas, saques em lojas e parecia uma coisa absurda. Isso é resultado do que pode ocorrer se nós não tomarmos uma providência no País que tem mais de 5.500 Municípios, imagine nos lugares de maior dificuldade.

    Agora, quem planta vento colhe tempestade. Fizeram uma ação política que rompeu com os fundamentos da democracia, tiraram um Governo legítimo, que enfrentava dificuldade, que cometia erros, que tinha oportunidade de consertar e ser julgado na eleição. Colocaram um Governo e, o mais grave, se não quisesse colocar a avaliação do presidente Lula, que está, na espontânea, com 30% a 32%, dependendo do cenário, veja bem, o outro, grande fiel depositário dos votos da última eleição, Senador Aécio Neves, que junto com seus companheiros e o PMDB articularam o impeachment, perdeu o capital político que tinha. Hoje está perdendo para o Bolsonaro, que é representante da – não é da nova direita – direita radicalizada do País, porque agora nós temos uma direita assumida, aquela intolerante, aquela que quer matar, aquela que não admite a controvérsia, que não admite uma convivência democrática, mas o mais grave – para poder dar a palavra ao Lindbergh – é que Aécio perde para o Bolsonaro, o Governador Alckmin perde para o Bolsonaro e da queda da popularidade do Governo Michel Temer ninguém fala. Em outubro de 2016, Michel Temer tinha 14% de aprovação e 36% o desaprovavam. Agora passou para 10% os que o aprovam e passou para 44% os que desaprovam.

    Eu não sei se essa base tão grande que nós temos no Congresso de apoio vai se sustentar até o ano que vem, porque a eleição vai ser ano que vem. Eu não sei se a fidelidade vai ser ao Governo que está aí ou ao povo brasileiro, que está dizendo que não quer esse Governo que está aí.

    Ouço o Lindbergh.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Quero cumprimentar V. Exª, Senador Jorge Viana, que está comentando, apesar da grande mídia, dos grandes jornais...

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Eu vou ler aqui algumas matérias, que foram nas colunas do Merval, do Vinicius da Folha e também do Toledo, do Estadão, que fazem nas suas colunas comentários, mas os jornais, lamentavelmente, não deram importância.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Pois bem, há essa pesquisa aqui. Eu vou dar só o primeiro cenário: Lula 30,5%, Marina 11,8%, Bolsonaro 11,3%, Aécio 10%. Eu estranhei, hoje pela manhã, porque eu vi um pronunciamento do Senador Aécio, uma entrevista, falando sobre essa pesquisa. Ele dizia duas coisas: que a falta de popularidade do Temer não importa, que isso é irrelevante. Como irrelevante? Eu estou entendendo que, desde o golpe, eles, de fato, desconsideraram o voto popular.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – V. Exª lembra o discurso do Presidente do PMDB aqui?

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – O Senador Romero Jucá fez um discurso que chocou até o Presidente Renan, que presidia a sessão, eu estava como Vice-Presidente sentado ali. Ele disse que o governo não tinha condição de seguir porque era um governo que estava impopular, que a presidente Dilma não tinha apoio do povo e não tinha mais base aqui no Congresso.

    Usou o argumento da impopularidade para justificar o impeachment e V. Exª, agora, lembra muito bem que o Aécio está dizendo que isso não tem importância nenhuma. Ou seja, a opinião pública não tem importância nenhuma?

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Um presidente da República, um governador, um prefeito tem que estar sempre avaliando a voz das ruas, a opinião do povo, mas tem um segundo ponto que, de fato, me espantou. Ele disse o seguinte: que o Lula não era competitivo. Como, Aécio? Lula não é competitivo? Competitivo é Aécio, que está atrás do Bolsonaro? Que está com 10%? Ele tinha 35%, em 2015, entraram nessa aventura do impeachment, do golpe, paralisaram o País, criaram essa confusão. A gente sabe a situação da economia, uma recessão profunda, já são 8% em dois anos. Então, ele diz que o Lula não é competitivo? Lula está chegando a mais de 40% no segundo turno. Há um cenário com Lula com 42%. Eu não quero tomar muito tempo de V. Exª, mas queria dizer que o jornal Valor Econômico trouxe, também, uma pesquisa qualitativa, que falava de uma saudade, de uma nostalgia do Lula. Isso não é uma saudade abstrata, Senador Jorge Viana. É a memória de um período em que houve inclusão social, em que houve distribuição de renda, em que houve crescimento econômico. Eu encerro dizendo, por exemplo, que agora a Av. Paulista está ocupada. Eu quero trazer a minha solidariedade ao MTST, ao Guilherme Boulos. Por que está ocupada? Porque desvirtuaram o Minha Casa, Minha Vida completamente. Acabaram com a Faixa 1. O Guilherme Boulos ontem dizia: "Transformaram um programa de moradia popular em programa de crédito imobiliário." Então é por tudo isso, pelo desmonte dos direitos, do Estado de bem-estar social, que o Presidente Lula está crescendo nas pesquisas. Eu cumprimento V. Exª pelo pronunciamento.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Eu agradeço e incorporo com muita satisfação o aparte de V. Exª.

    Eu queria então fazer aqui um rápido comentário sobre a coluna do José Roberto de Toledo no Estadão. Ele diz: "A pesquisa foi uma má notícia para Temer e ainda pior para o PSDB." Diz no Estadão o colunista: "Tucano mais bem colocado nas intenções de votos para Presidente, Aécio Neves foi ultrapassado por Jair Bolsonaro na pesquisa espontânea (7% a 2%)". Parece até aquele Brasil-Alemanha, 7 a 1. Sete a dois.

    É grave, porque V. Exª está falando de 2015, e eu queria falar de 2014. O Senador, nosso colega, cuja ausência eu lamento – mas estamos fazendo aqui um debate puramente político –, teve quase a metade dos votos do Brasil. E para onde foram esses votos? Quase a metade. Entrou, talvez, numa canoa furada. Embarcou num projeto que está sendo um desastre para o País – um desastre para o País –, que é um Governo que não passou nas urnas, que não pode adotar as medidas, e está refém do que se chama de mercado. E olha que eu sempre sou ponderado e serei sempre. Eu quero trabalhar na solução para o nosso País. Nunca vou trabalhar para derrubar governo de ninguém.

    Mas eu estou fazendo um registro, porque eu pensava que ia ver no noticiário, porque se fosse o resultado mostrando o crescimento de alguém do PSDB, de alguém do PMDB, de alguém do Democratas, estaria na capa dos jornais. Todos os analistas da GloboNews, todos os comentaristas de tudo que é jornal estariam gastando o dia inteiro fazendo comentário sobre essa pesquisa.

    Essa pesquisa foi feita por uma organização, que é a Confederação Nacional do Transporte, que é do Sistema S, mas tem vínculos com esse modelo de política econômica e de governo que está aí. Não é uma pesquisa feita por organizações ligadas à esquerda, ou ao PT, ou mesmo ao movimento sindical ou social.

    Aí vem aqui também o Vinicius Torres, da Folha de S.Paulo – e eu o cumprimento por pelo menos dedicar uma parte do espaço que tem a comentar a pesquisa –, que diz: "Lula venceria a eleição de Presidente contra qualquer candidato. Aécio Neves, Geraldo Alckmin estão na sombra das trevas de Jair Bolsonaro." Diz o colunista Vinícius Torres: "Lula por ora está mais vivo que os tucanos."

    Eu queria aqui ler também o próprio Merval Pereira, que é um importante comentarista, e é quem de certa forma dá o tom no noticiário da Rede Globo de televisão. Ele também faz comentários. Eu acho que é importante que os colunistas possam pôr, e ele faz esse registro. Aqui, no caso, ele fala inclusive que a novidade é que tradicionalmente o adversário do PT, no caso o PSDB, é sempre, tradicionalmente, mas que o Jair Bolsonaro aparece em segundo lugar em todas as pesquisas, empatado com a Marina, que está um pouco à frente. A minha colega e conterrânea, Senadora Marina, aparece sempre à frente um pouquinho, mas, do ponto de vista da margem de erro, ela está tecnicamente empatada com o Bolsonaro, que está tecnicamente empatado ou um pouquinho à frente de Aécio Neves e Geraldo Alckmin. Então, aqui nós temos uma posição do próprio comentarista Merval Pereira, que na sua coluna trata desse assunto.

    Eu acho que um assunto como esse – eu registro e parabenizo os colunistas que trataram – deveria receber uma atenção maior da grande imprensa. Esse impeachment, dizem, foi feito para atender à opinião pública. Ora, se perguntarem a qualquer brasileiro de qualquer lugar, Senador Paulo Rocha, em que período do Brasil ele lembra que houve prosperidade, que houve geração de emprego, que houve política de inclusão social, que houve política de crescimento econômico, de desenvolvimento da nossa indústria e do nosso comércio, ele vai dizer: "O governo Lula". Que período você lembra do Brasil em que os mais pobres tiveram, pela primeira vez, uma mão estendida do Governo? "Foi no do Presidente Lula." Em que período do Brasil nós tivemos a escuridão dando lugar ao Luz para Todos, com quase 30 milhões de brasileiros que viviam na escuridão, podendo ter energia elétrica, comprar seu eletrodoméstico, como é o caso do Acre e da Amazônia?

    Agora, miraram o PT, tentaram destruir o PT, destruir o Presidente Lula e a Presidente Dilma e acertaram o Brasil – acertaram o Brasil! Agora, a elite que apoiou o golpe parlamentar está demitindo, o valor das suas empresas está pela metade, algumas falindo. E parece que a ficha caiu.

    Olha, eu digo – vou ouvir o Senador Requião com muita satisfação – que isso não tem nada a ver com passar panos quentes em combate à corrupção, gente. Está comprovado que todos os esquemas de corrupção começaram antes do governo do PT, mas também está comprovado que o Presidente Lula foi quem mais equipou o aparato, foi quem mais contratou policiais federais, foi quem mais deu apoio ao Ministério Público, foi quem mais, com isenção – ele e a Presidente Dilma –, nomeou Ministros do Supremo e fez a indicação para chefiar o Ministério Público a partir do primeiro nome da lista. Então, por favor, que os que são radicais contra o PT e contra qualquer coisa que a gente fale levem em conta isso. O Presidente Lula aparelhou o Brasil para poder enfrentar e combater, inclusive, a corrupção. Isso a história há de registrar. E os erros do nosso governo, que não foram poucos, não podem também ser jogados para debaixo do tapete.

    Eu tenho muita fé que, em uma eventual candidatura do Presidente Lula, que acredito que é um dos grandes líderes junto com o Presidente Fernando Henrique Cardoso, ele possa vir como um novo Lula, o que vai deixar bem claro para a sociedade brasileira, assumindo erros que cometemos, assumindo o compromisso de combatê-los e não permitir que sejam repetidos. Mas ele pode trazer, com tudo o que já fez pelo País, a esperança de volta, apontando o caminho para o Brasil se reencontrar com o crescimento econômico, com a geração de emprego, com o controle da inflação e com a melhora de vida do nosso povo.

    Eu ouço o Senador Requião para poder concluir.

    Ouço V. Exª com muita satisfação, Senador Requião.

    O Sr. Roberto Requião (PMDB - PR) – A gente faz um esforço para entender o que está acontecendo. Eu acho, Senador Jorge, que tudo começa com aquele projeto "Ponte para o Futuro", que era o projeto do neoliberalismo absoluto, da barbárie, do capitalismo bárbaro e do dependentismo, aquele dependentismo pregado pelo Fernando Henrique naquele livreto que ele escreveu lá atrás em parceria com o Enzo Faletto, um italiano naturalizado argentino, que era da teoria da dependência como fator de desenvolvimento. Então, na verdade, a ideia é destruir o Estado social no Brasil. A intervenção do Aécio ontem para a imprensa foi pertinente nesse sentido. Ele disse que não tinha importância que o Temer não tivesse popularidade. A intenção é criar esse Estado bárbaro. A intenção é privatizar a educação, a saúde, a Previdência Social, acabar com a soberania brasileira, entregar o petróleo, os bens naturais. A intenção é essa. É um projeto assemelhado, por exemplo, ao projeto de Porto Rico, Estado associado aos Estados Unidos. E nessa divisão de trabalho bolada pelo "Ponte para o Futuro", nós brasileiros ficaríamos como produtores de produtos agrícolas e fornecedores de commodities, impostos baixos, salário aviltado, nenhuma garantia social. É uma espécie de um projeto chinês. E nós estaríamos reforçando esse Brasil ruralista de produção intensiva, produção intensiva mecanizada, alta tecnologia e um nível de empregos muito baixo. Mas eles imaginavam também, pensando no modelo chinês, que, liquidando todos os impostos, eliminando quaisquer barreiras aos lucros, eles teriam um projeto semelhante ao da China e que capitais financeiros norte-americanos viriam para o Brasil e providenciariam, de certa forma, um crescimento rápido de empregos. Mas esse é um projeto que está falido no mundo. Faliu com a vitória do Donald Trump; faliu com o Brexit, com a saída da Inglaterra do Mercado Comum Europeu; faliu quando a Itália derrotou a reforma constitucional que dava poder ao capital financeiro. Aliás, Senador Jorge Viana, eu não falo mais em imperialismo norte-americano, porque os Estados Unidos estão sendo vítimas do imperialismo do capital financeiro, que liquida os seus empregos internos. Então, na verdade, a intenção é esta: a destruição total do Estado brasileiro. Agora isso vem paralelamente com uma situação muito mais grave que é o comportamento do Judiciário, que não segue mais as leis, mas julga em razão da pessoa e da ideologia da pessoa. A impressão que eu tenho é de que se combate a corrupção no Brasil desde que o corrupto seja um nacionalista, uma pessoa preocupada com a solidariedade, com os mais pobres e com o projeto de soberania nacional; senão, existe a absolvição completa, a indulgência plenária. O Lula não podia ser ministro; o Jucá pode.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – O Moreira pode.

    O Sr. Roberto Requião (PMDB - PR) – Os sigilos da Dilma e da Marisa podiam ser quebrados com o beneplácito do Judiciário; o da Marcela Temer não pode. É claro que nenhum deles poderia do ponto de vista do direito brasileiro. Então, nós estamos vendo um movimento das pretensas elites para destruir um projeto de soberania nacional. Mas está chegando ao fim: 4,3% de redução do PIB nacional é uma coisa sequer inimaginável há alguns anos, há alguns meses. A coisa está chegando a um ponto em que o que a Globo e a GloboNews vendem na tela da televisão é contestado pela realidade que entra pela porta e pela janela da casa dos brasileiros. Eu aproveito aqui para cumprimentar o Boulos e o seu pessoal, que estão fazendo uma demonstração pacífica de protesto.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Roberto Requião (PMDB - PR) – Acredito, Senador Jorge Viana, que esse período está chegando ao fim.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Obrigado, Senador Requião.

    Eu peço só um tempinho, porque foi muito importante ouvir o Senador Requião.

    Eu queria, Senador Requião, agravar os dados que V. Exª trouxe.

    O desmatamento, Senadora Gleisi – que foi Chefe da Casa Civil –, que estava em 5 mil quilômetros quadrados, está chegando a 8 mil quilômetros quadrados. Está afetando as metas que o Brasil assumiu de redução das emissões a partir de políticas públicas de controle do desmatamento, que a Ministra Izabella, que a Ministra Marina, que nossos governos fizeram valer. Até isso.

    Agora, o mais grave que eu queria dizer, Senador Requião, Senadora Gleisi, colegas: eu li ontem uma declaração do Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, dizendo que, em 30 dias, o Brasil vai legalizar a venda de terra para estrangeiros.

    Olhem: já estão desmontando a Petrobras. Nessa política, estamos há 15 anos. Já fomos os maiores exportadores de diamante do mundo, pedra bruta para as coroas do mundo inteiro. Já fomos os maiores exportadores de madeira, de pau-brasil, de ouro, de tudo. Não deu certo! Agora, na pior recessão, numa depressão econômica, o Governo Federal, o Ministro da Fazenda está dizendo que vai botar à venda para estrangeiro as terras do Brasil! Não é possível!

    Quando você está vivendo uma dificuldade, cidadão comum, você vende o pouco que tem por qualquer preço para poder garantir o de comer naquele dia. É mais ou menos isso que o Brasil vai fazer. Estamos vivendo um momento de maior dificuldade, e o Ministro da Fazenda diz: "Em 30 dias, vamos criar mecanismos para botar à venda as terras brasileiras para estrangeiro". Estão vendendo o Brasil.

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Isso é grave, isso é um crime de lesa-pátria.

    Eu acho que esse pessoal está brincando com fogo. Plantaram vento e estão colhendo tempestade. Agora, resolveram brincar com fogo.

    Espero que a sociedade brasileira se levante contra a retirada de direitos dos trabalhadores, que vem falseada numa reforma trabalhista; levante-se contra uma reforma da previdência, que vem falseada de solução para crise, mas tenta resolver uma crise política e econômica que eles criaram, danificando de morte aqueles que trabalharam a vida inteira.

    Eu queria concluir, Sr. Presidente, dizendo que todo esse aparato – que é importante, que devemos apoiar – de combate à corrupção deveria fazer com que o Brasil mudasse de nível. Eu mesmo vou sugerir ao Presidente Lula, vou discutir dentro do meu Partido: deveríamos estar propondo...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – ... que o Presidente Lula assumisse a sua candidatura, mas uma candidatura que traga solução para a crise em que o País está metido. Por exemplo, combate à corrupção: vamos assumir os erros, mas vamos apresentar uma solução para que o Brasil não venha a repeti-los. Não é só prendendo e rebentando que mudamos as coisas, não.

    Por que não construir uma política transparente de nova governança para dinheiro público na relação com as empresas privadas? Esta é uma proposta nova: o Brasil estabelecer, no século XXI, critérios para toda relação de dinheiro público – que é do povo, que é da sociedade – com iniciativa privada em obras ou investimentos; transparência, mecanismos que não permitam que quadrilhas se montem para saquear dinheiro público. É um exemplo. Por que não fazer? Isso seria um legado da Lava Jato, isso seria um legado do País depois desse importante combate à corrupção que nós estamos vivendo.

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Mas por que também não fazermos algo na parte política?

    Não acredito que o Ministério da Fazenda, que já vai completar um ano, vai encontrar solução para a crise econômica, porque as propostas que eles põem são veneno, não são remédio. Não acredito.

    Então, nós deveríamos também trazer a solução para a política. É com uma boa política que nós vamos mudar o Brasil. Foi assim que o Presidente Lula trabalhou e mudou o Brasil para todos – para os adversários, para aqueles que nos traíram –, fez com que todos os setores do País, todas as regiões do País crescessem. No governo do Presidente Lula, o crescimento econômico era de 7,5% no ano; agora, a queda do PIB é de 4,5% em um único ano. O povo brasileiro não aguenta.

    Acho que a parte política cabe a nós. Não dá para viver em um País com 32 partidos desmoralizados e enfraquecidos.

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Seria outro legado da Lava Jato, desse tempo que o Brasil está vivendo: por que não fazermos uma radical mudança nas regras políticas do Brasil? Quem sabe com uma Constituinte exclusiva, em que aquele que se candidatar não possa ocupar cargo? E aí faríamos uma mudança, moralizaríamos a política, e a política moralizada e nova faria as mudanças de que o Brasil precisa, com cada Poder no seu espaço, na sua autonomia e com sua força; e não uma transferência, uma desmoralização, porque eu tenho receio de estarem pondo o Presidente Michel Temer de refém. Isso é perigoso.

    Eu concluo, Sr. Presidente, agradecendo a oportunidade e dizendo que essa pesquisa faz valer a opinião pública. E muitos agiram, fizeram a maldade, destruíram...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – ... o nosso governo, tentaram destruir o Presidente Lula, falseando a opinião pública. A opinião pública está se manifestando. Ela não quer este Governo, não quer a forma como estão operando a política no Brasil e ela lembra que Lula é quem pode ser a solução para os problemas que o Brasil enfrenta hoje e que se refletem no dia a dia de cada um dos 200 milhões de brasileiros.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/02/2017 - Página 36