Discurso durante a 10ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Comemoração do dia nacional do repórter, celebrado em 16 de fevereiro.

Esclarecimentos acerca do noticiado encontro de S. Exª. com o Senador Wilder Morais.

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Comemoração do dia nacional do repórter, celebrado em 16 de fevereiro.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Esclarecimentos acerca do noticiado encontro de S. Exª. com o Senador Wilder Morais.
Publicação
Publicação no DSF de 17/02/2017 - Página 59
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, REPORTER, COMENTARIO, ATENÇÃO, ELABORAÇÃO, PUBLICAÇÃO, CONTEUDO, ARTIGO DE IMPRENSA.
  • ESCLARECIMENTOS, ENCONTRO, ORADOR, WILDER MORAIS, SENADOR, MOTIVO, REUNIÃO, ALEXANDRE MORAES, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), CANDIDATO, VAGA, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), CRITICA, ARTIGO DE IMPRENSA, DUVIDA, REPUTAÇÃO, VIDA PUBLICA, COMENTARIO, DISCURSO, OPOSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Sr. Presidente.

    Quero cumprimentar todos os Senadores e Senadoras que estão aqui presentes, todos os que nos acompanham pela Rádio e pela TV Senado.

    Sr. Presidente, no último discurso que o Senador Luiz Henrique fez aqui desta tribuna, ele disse: "a política é como uma rosa, mas, como uma rosa, também tem seus espinhos". O Senador Luiz Henrique era um homem muito culto, um Senador de fina estirpe, um político que dava gosto escutar. Tinha conteúdo, já indo para seus 80 anos. Era um compulsivo leitor. No seu último discurso, ele fez essa fala referindo-se à questão de a política às vezes trazer infortúnios, trazer dissabores. Ele dizia isso porque fora arrolado numa questão que não tinha nada a ver com ele, e seu nome havia parado nas páginas dos jornais.

    Abriu-se inquérito no Supremo Tribunal Federal, sem que ele tivesse relação nenhuma com os fatos ali apresentados. Pois bem, Senador Dário Berger – essa história V. Exª conhece muito bem, porque é conterrâneo do saudoso Senador Luiz Henrique –, até hoje ninguém fez nenhuma retratação, nem o Ministério Público, nem ninguém por terem cometido aquele terrível erro com o Senador Luiz Henrique.

    Senador, hoje é Dia do Repórter, e aproveito para parabenizá-los, mas, às vezes, o repórter também tem um poder devastador. O mesmo poder que cria lendas, que cria personalidades, por vezes, destrói vidas.

    Neste Dia do Repórter, quero conclamar todos os repórteres para, a cada vez em que forem escrever, pensarem, porque, às vezes, duas, três linhas acabam com uma vida inteira.

    Digo isso, Senador, porque eu estava, nessa semana, representando o Senado Federal na Assembleia Geral da ONU e, olhando as notícias brasileiras, vi algumas sobre o Senador Wilder Morais, nosso colega aqui da Casa. Eu vejo várias notas depreciativas sobre o Senador Wilder pelo fato de ele ser um multimilionário. Talvez as pessoas não conheçam a história, mas o Senador Wilder é um rapaz que nasceu na roça, filho de vaqueiro – quase não escapa, teve uma grave doença na infância –; foi taxista; montou uma escola de datilografia com três máquinas de escrever; conseguiu estudar; passou no vestibular da PUC; foi ser engenheiro; com alguns colegas de faculdade, montou uma construtora – antes trabalhou em construção também –; e se tornou um dos grandes milionários deste País, trabalhando, sem nunca pegar uma obra pública. Então, não há de se falar: "Olhe, ele enriqueceu com dinheiro público." Não, enriqueceu trabalhando. Um goiano que representa realmente a fibra daquele povo.

    Multimilionário hoje, ele continua com a mesma simplicidade. Pude ver isso. Ele construiu aqui no lago praticamente uma casa. Poderia ter comprado um iate, mas não: ele construiu uma casa sobre a água e, como cozinha muito bem, de vez em quando, convida alguns Senadores para ir ao seu barco. Inclusive, eu, minha esposa e meus filhos sempre vamos lá, junto com o Senador Petecão. É um ambiente familiar. Uma pessoa que sempre está ao lado da sua mãe. É incrível! Uma coisa que eu admiro nele é o carinho com que ele trata a mãe. Ele mantém as raízes, mantém a essência de quando era uma pessoa sem posses.

    Mas, a cada vez em que falam sobre esse barco dele, tentam criar uma lenda. Já apelidaram o barco dele até de "love boat". Dizem que é o barco do amor.

    Eu estou dizendo isso aqui – parece um assunto menor, mas é bom que se diga –, porque a honra da pessoa não tem preço, Senador Dário Berger. Rotulam as pessoas, e isso depois é usado em campanhas políticas contra a pessoa. Fui criticado lá em Mato Grosso por ter participado de um jantar no barco do Senador Wilder. Eu digo e repito: fui, com muita honra e, se ele me convidar, irei outra vez, porque é uma pessoa da mais alta honradez, uma pessoa de família. Além disso, a minha esposa adora a mãe dele, que é uma pessoa extraordinária, sem falar no bom gosto musical – eu sou mato-grossense, e ele gosta de música sertaneja.

    Senador Dário Berger, como é de costume, toda vez que é indicado um ministro para o STF, eles conversam com cada Senador. Foi assim com o Ministro Luiz Fachin, foi assim com todos. Eles conversam com os Senadores. Na semana passada, alguns Senadores iam viajar – eu, por exemplo, ia para a Assembleia Geral da ONU –, e o Senador Wilder resolveu fazer um jantar e convidar o Ministro Alexandre de Moraes para que conversasse com os Senadores. Houve uma conversa para lá de formal; um jantar em que mais se conversou do que se jantou. O ministro ficou pouco tempo e foi embora.

    Liga-me um repórter perguntando se eu tinha participado. Eu falei que participei. Não fiz nada escondido e não vejo demérito algum em que um Senador possa ouvir um ministro. Se um Senador da República tem um grau de desconfiança tão grande que não possa se reunir com um ministro, porque pode parecer algo, ele não poderia nem estar aqui.

    Isso não significa que quem jantou com o ministro, Senador Dário Berger, vá votar nele. O voto é secreto, e cada um vai ter sua convicção a partir da sabatina que vai haver.

    De lá para cá, o ministro já se reuniu – se não me engano – ontem com a Bancada do PMDB, e não vi nenhuma nota desabonadora. Já se reuniu com outros também.

    Mas eu vi que tentaram dar conotação de que teria sido... Eu vi um folhetim – cujo nome não vou citar, porque não merece – dizendo que foi uma noitada, que foi uma balada. Por vezes, a maldade das pessoas na hora de escrever, no intuito de ganhar mais leitores, acaba denegrindo a imagem das pessoas.

    E eu queria fazer este pronunciamento não para me defender, porque não tenho do que me defender. Fui, conversei com o ministro e conversaria de novo. E, sobre esta discussão de se ele vai ser ou não vai ser, é o voto dos Senadores aqui no plenário que dirá. As condições, ele preenche: notório saber jurídico e conduta ilibada parece-me que estão sobejamente satisfeitas. Aliás, para quem não sabe, o Ministro do Supremo Tribunal Federal não precisa nem ter curso de Direito; não precisa ter diploma de Direito. Nós já tivemos ministros que eram médicos. Basta que tenha notório saber jurídico. Pois bem, no meu entender, essas condições o ministro reúne. Podem não gostar dele ou dizer que não pode ser por isso ou aquilo. Pode haver críticas, mas nada desabona até agora a sua conduta.

    Eu vi que tentaram atingir o ministro tentando desconstruir a pessoa do Senador Wilder, um Senador extremamente trabalhador. Ele não é de fazer muita fala na tribuna, mas é um Senador que contribui muito para o Brasil quando se trata das questões econômicas, quando se trata da questão da geopolítica brasileira, porque ele entende. É um Senador que conhece o mundo inteiro e que se preocupa, até porque é empresário, com a economia do País.

    Eu tinha de fazer esse depoimento aqui, Senador Dário Berger, por uma medida de justiça, em respeito à mãe do Senador Wilder, que é uma pessoa humilde. Tenho certeza de que, se os repórteres que escreveram essas críticas tivessem a oportunidade de comparecer à casa do Senador Wilder – digo casa porque, geralmente, ele dorme mais lá do que no apartamento dele –, veriam que não é um ambiente de festas.

    "Ah, o Senador empresta o barco." Sim! Quando minha família veio do Mato Grosso, certa feita, ele me emprestou o barco e fiquei o dia inteiro ali, porque é praticamente uma cozinha. O barco dele é só uma mesa e uma cozinha. Aliás, ele cozinha muito bem e faz a boa mesa ali.

    Então, essas explicações são necessárias, porque muita gente leu essas críticas e acaba ficando com essa pseudoverdade. Eu tinha de fazer essas explicações aqui em respeito à amizade que tenho pelo Senador Wilder, em respeito à sua mãe e a sua imagem, que, com certeza, foi injustamente tratada.

    Um Deputado teria dito: "A casa de fulano" – não sei quem, um outro Deputado – "parece uma igreja, perto do barco". Eu digo que isso é despeito, porque o Senador Wilder convida poucos para ir lá. Ele é um homem não de poucos amigos, mas leva a sua turma e justamente não é de muita festa. É um sujeito quieto, fica no canto dele, de um jeito goiano, que parece com o mineiro.

    Eram essas as explicações, porque penso que, aqui no Brasil, às vezes, as pessoas são criticadas não por terem feito alguma coisa. Parece-me que existe algo contra as pessoas que têm algum dinheiro. Eu vim de uma família pobre, mas meu pai me ensinou a não odiar as pessoas que têm dinheiro. Aliás, ele me ensinou a admirar a luta daqueles que conseguem galgar a vida. Eu admiro a luta e a história do Senador Wilder. E mais: para gerar emprego neste País, precisamos que o Brasil tenha muitos "Wilders Morais", que o Brasil tenha muitas pessoas empregando neste País.

    Então, nessa linha, Senador, eu vejo que há muita gente que implica com o Senador Wilder porque ele anda de helicóptero. Ora, ele tem, ele lutou por isso, ele merece andar de helicóptero. "Ah, porque ele tem um jatinho!" Ele merece andar num jatinho. A área da construção é a que mais emprega.

    O Hotel Nacional, no Rio de Janeiro, estava às moscas, um grande projeto de Oscar Niemeyer, parado há décadas. Ele foi lá e o reconstruiu. Ele é um empresário brasileiro. Está lá o hotel hoje, cinco estrelas, padrão internacional, e os brasileiros podem ver aquela obra monumental de Oscar Niemeyer revivida.

    Esse é o perfil de Wilder Morais. Não sei por que tentam desconstruir essa imagem de um grande brasileiro, de um grande goiano. Há pouco tempo, ele chegou a uma reunião em seu helicóptero, e escreveram: "Humilder", fazendo um trocadilho com o seu nome.

    Em Mato Grosso, temos, por exemplo, o Senador Blairo Maggi, um multimilionário, da mesma forma que o Wilder. Nós temos orgulho dele, do grande ministro que é. No Mato Grosso, estamos de braços abertos para receber grandes empresários e quem queira investir no nosso Estado. Penso que é esse o tratamento que devemos dar aos grandes brasileiros que geram emprego neste País.

    Encerrando este tema, Senador Dário Berger, e já baixando para o final, só queria falar sobre o que disse a Senadora Gleisi Hoffmann, há pouco, porque ela disse que em todos os anos houve superávit primário. É verdade. Agora, é verdade também que a Presidente foi cassada. Sabe por quê? Porque os balanços eram maquiados.

    A empresa Enron, nos Estados Unidos, aquela da energia, todos os anos tinha superávit nos seus balanços. Depois, descobriram que era furada. O presidente foi cassado porque maquiava, e havia um rombo monumental nas contas.

    Eu vejo indignação, agora, da Senadora dizendo que é pelos pobres, que este Governo está acabando com os pobres. Não! Os pobres que estão desempregados são do governo deles. O Projeto Minha Casa Minha Vida, Senador: as empresas que o pegaram quebraram todas. Todas! Porque não recebiam.

    Então, dar bom dia, ajudar os pobres com chapéu alheio é muito fácil. Mostrar indignação aqui nesta tribuna dizendo que os pobres estão arrebentados é uma coisa, mas, quando estavam no governo, ninguém conseguia conversar com essa gente. Aliás, conseguiam: o Marcelo Odebrecht, os players nacionais, os campeões.

    Fizeram o pior tipo de capitalismo que há no mundo, que é o capitalismo de Estado. Sabe que capitalismo é esse? É aquele em que eu chamo minha patota, distribuo as obras para cada um e o resto que se lasque! No meu Estado, as plantas frigoríficas acabaram todas. Sabe por quê? Porque esse capitalismo de Estado financiou, o BNDES financiou o JBS, que comprou todas as plantas de frigoríficos; comprou e fechou. Esse é o tipo de economia que foi feita. Agora, lógico, na velha... É a ética petista e o espírito capitalista deles. Faz o quê? Esqueça tudo que fez de errado, jogue para o outro; e joga-se a bomba. Agora ninguém presta e tudo que se fez de bom neste País foi do Partido dos Trabalhadores.

    Eu tinha de fazer essa ressalva aqui, porque não dá para ouvir calado que tudo era bom no passado, e agora essa coitada que foi retirada da Presidência da República era uma inocente. Não era!

    Ah, estão entregando para o capital estrangeiro a Petrobras. A Petrobras? A Petrobras foi... Gente, não vou usar o termo aqui. A Petrobras foi tomada de assalto! Eu não gosto de ficar apontando o dedo, mas como têm coragem de falar da Petrobras aqui? Os aposentados! Como têm coragem de falar dos aposentados, quando os fundos de pensão foram todos tungados? Então, não vou nem continuar nesse assunto para não estragar o final de semana dos brasileiros que estão aqui, porque todo mundo já sabe dessa cantilena; mas a gente tem de relembrar, senão essas mentiras acabam virando verdades.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/02/2017 - Página 59