Pela Liderança durante a 14ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Satisfação com a decisão do Presidente da República, Michel Temer, em suspender a autorização da importação de café produzido no Vietnã.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO:
  • Satisfação com a decisão do Presidente da República, Michel Temer, em suspender a autorização da importação de café produzido no Vietnã.
Aparteantes
Rose de Freitas.
Publicação
Publicação no DSF de 23/02/2017 - Página 47
Assunto
Outros > AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO
Indexação
  • ELOGIO, DECISÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ASSUNTO, SUSPENSÃO, AUTORIZAÇÃO, IMPORTAÇÃO, CAFE, PRODUÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, VIETNÃ, MOTIVO, FAVORECIMENTO, AGRONEGOCIO, PAIS, ENFASE, PRODUTOR RURAL, ESTADO DE RONDONIA (RO).

    O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Senador Dário Berger, Senador do meu Estado natal Santa Catarina, mas há 38 anos – 35 anos de política, de vida pública – Rondônia me adotou. E estamos convivendo muito bem em Rondônia, servindo ao Brasil e ao Estado de Rondônia.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Srªs e Srs. ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, minhas senhoras e meus senhores, ontem foi um dia muito produtivo e muito importante, sobretudo para a cafeicultura brasileira, para os produtores de café de Rondônia, do Espírito Santo – e está aqui a Senadora Rose de Freitas, na Mesa, com o Presidente. S. Exª também esteve nas duas audiências com o Ministro Imbassahy, no Palácio do Planalto, depois com o Ministro Marcos Pereira, da Indústria e Comércio Exterior, e também com a Secretária Executiva da Camex, da Câmara de Importação e Exportação.

    As reuniões foram tão produtivas que, depois delas, Senadora Rose, à noite, os dois Ministros – o da Indústria e Comércio, Marcos Pereira, e o Ministro Imbassahy, das Relações Políticas – se reuniram-se com o Presidente Michel Temer.

    Eu quero agradecer aqui de público ao Presidente da República pela sensibilidade que teve nesse caso da importação do café.

    O que nós fomos pedir ao Imbassahy e ao Marcos Pereira? O que pedimos ao Ministro Blairo Maggi, por duas vezes, uma vez pessoalmente, com a Bancada do Espírito Santo – e eu estive lá presente –, e depois por telefone? Falei com o Ministro Blairo Maggi e falei com o Presidente da Conab porque nós não estávamos concordando com a autorização da importação de um milhão de sacas de café, quando o Brasil produz mais de 50 milhões de sacas de café e exporta mais de 30 milhões de sacas anualmente.

    O Brasil nunca importou café, principalmente o café em grão, o café verde, o café em grão, como se diz. O Brasil pode importar o café industrializado – o que já é um erro, porque a indústria brasileira deveria industrializar, fazer o sachê, fazer todo tipo de café, que vem, muitas vezes, de fora do País –, mas, nesse momento em que os produtores de café começaram a ganhar um dinheirinho – aumentou um pouco, é bem verdade, o preço da saca do café –, o Brasil importar café do Vietnã, sem saber que café – com todo respeito ao Vietnã –, sem saber se vêm pragas nesse café, que café que vai chegar ao Brasil, e sem necessidade?

    Todos os estudos independentes apontaram que não havia necessidade da importação desse um milhão de sacas de café em quatro lotes de 250 mil sacas. E aí os produtores, não só as Bancadas desses Estados – Rondônia, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e até o Rio Grande do Sul... Para minha surpresa, havia deputados do Rio Grande do Sul que produzem café em algumas regiões do Rio Grande do Sul! Está aqui o Senador Paim... Não é? Então, o café se produz em muitos Estados brasileiros. E Rondônia, que é hoje o quarto maior produtor de café do Brasil e que já teve uma produção até maior, mas volta a crescer novamente, com a variedade BRS Ouro Preto, desenvolvido pela Embrapa, com café clonal, um café que chega a produzir 160 sacas por hectare... Enquanto os cafezais velhos produzem 30, 40 sacas, esse café clonal, com dois, três anos, já está produzindo 150, 160 sacas por hectare.

    Então, nós nos insurgimos contra a importação do café, conseguimos vencer essas barreiras e convencer os ministros do Presidente Temer e o próprio Presidente da República a suspender essa importação. Então, o que eu queria aqui dizer ao povo de Rondônia e ao povo do Brasil, principalmente aos cafeicultores do Brasil, é que nós conseguimos ontem essa vitória importante para os cafeicultores do nosso País e, sobretudo, para os cafeicultores do Estado de Rondônia.

    Eles já estavam se mobilizando, Presidente Dário Berger: 40 mil produtores, liderados pela Fetagro, pela Câmara Setorial do Café de Rondônia. Estava aqui presente ontem o Presidente, o Tuta, Tuta Café; o nome dele é outro, mas sempre o conheço como Tuta Café. Estava aqui presente o Presidente da Federação das Indústrias de Rondônia; o Presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Rondônia também estava aqui presente. Então, várias entidades estavam presentes, aqui em Brasília, para defender essa bandeira contra a importação do café. Então, tivemos essa vitória.

    O Presidente determinou ontem que fosse suspensa essa remessa de importação até se fazerem estudos mais aprofundados, se realmente há necessidade ou não, mas nós entendemos que não há nenhuma necessidade de importar café neste momento. Só com o anúncio da importação, na semana passada, caiu o valor, em Rondônia, em R$130 por saca de café – R$130! –, só com a notícia de que iriam importar café do Vietnã. Já caiu em R$130 por saca. Foi um balde de água fria e – por que não dizer? – de gelo na cabeça dos produtores, que estavam entusiasmados, com viveiros espalhados por todo o Estado, com o Governador Confúcio Moura distribuindo mudas de café e com a Assembleia Legislativa fazendo economia.

    Como foi dito aqui pelo Senador José Aníbal, que o Congresso tem que fazer economia, lá a Assembleia está fazendo economia, para a economia feita ser destinada ao Governo, para produzir mudas de café, mudas de café clonal. Milhões e milhões de mudas de café clonal estão sendo produzidas pelo Governo do Estado, em parceria com os viveiristas, com os produtores, para distribuir para os agricultores.

    Isso já foi feito por mim, quando fui governador, há 22 anos, e chegamos a produzir 4 milhões de sacas de café. Depois, os governos posteriores não deram seguimento a esse programa, e aí foi caindo. A produção chegou a 1,7 milhão, mas está voltando agora a passar de 2 milhões. A safra deste ano já promete uma produção em torno de 2 milhões de sacas de café, com crescimento contínuo, chegando, daqui a três, quatro anos, novamente a 4 milhões de sacas de café.

    E agora não vai parar, porque essa nova variedade é muito produtiva – já falei que é altamente produtiva. Eles estão achando que poderá produzir, no futuro, até 200 sacas por hectare de café. Assim como o Espírito Santo também.

    Nós, naquela época, Senadora Rose, íamos buscar semente... Eu comprava semente do Espírito Santo, para produzir nos viveiros em Rondônia, a fim de distribuir a muda do café com semente de boa qualidade que vinha do Espírito Santo. Hoje, Rondônia é um grande produtor de café.

    Então, encerro aqui, Sr. Presidente... Antes, porém, concedendo um aparte à Senadora Rose de Freitas.

    A Srª Rose de Freitas (PMDB - ES) – Quero parabenizar V. Exª, parabenizar o esforço de tantos, do Deputado Evair, do Senador Ricardo, Magno Malta, todos os meus colegas de Bancada, Lelo, Marcos Vicente, Jorge Silva, e a presença de Rondônia, ontem, que mostrava exatamente a reação dos agricultores lá no meio das estradas, bloqueando caminhões, fazendo protesto. E só um momento de raciocínio: ontem, quando nós sabatinávamos o já Ministro Alexandre de Moraes, nós fazíamos algumas perguntas sobre a vinculação dele com partidos. Não era isso? Nós deveríamos fazer a mesma coisa quando fosse nomeado ministro no governo que a gente apoia, porque é importante perguntar de que lado ele vai ficar quando surgir uma problemática criada por ele mesmo, sem nenhuma sensibilidade para ouvir ninguém, sem saber a repercussão dos seus atos nessa produção, nessa cadeia cafeeira. Eu não sabia o prejuízo que isso causava aos nossos Estados, ao Brasil, num quadro de crise desse tamanho, com desemprego ainda latejando em nossas cabeças e na pauta do nosso Presidente. Então, eu queria dizer que V. Exª, ontem, foi muito firme – eu me orgulhei de ser sua companheira de Bancada –, muito decidido, junto com a Marinha Raupp, que é uma colega que eu admiro também por demais. E temos que falar essa linguagem juntos. Daqui para frente, nós temos que falar diretamente ao Presidente da República, em toda política adotada, ainda que ela seja intervencionista de um determinado momento, dentro da cabeça dele, com que finalidade, porque hoje se coloca em dúvida no Brasil inteiro o que se fez de uma hora para outra, uma ação como essa, mandando publicar imediatamente, não ouvindo ninguém... Não queria nem saber. Bateu no peito: "Eu sou mais eu". E que nós possamos dizer o que o mercado diz a respeito do que produz. E quem está na agricultura tem que ter essa sensibilidade. Portanto, foi a soma do esforço de V. Exª com todos os outros. E me chamou também a atenção a Bancada do Rio Grande do Sul, que nem produtor de café nessa escala é. Estava lá presente a Bancada do Paraná... Todo mundo se somando ao esforço e falando, numa única voz, O Brasil só tem saída... Só existirá saída para os problemas crônicos da falta da eficiência, da sensibilidade, da visão política, do comprometimento... Ele está ali sentado, naquele cargo, indicado pelo Presidente da República. Por isso recorremos a ele, por isso fomos ao Embassay, por isso que o Presidente, com sensibilidade, tomou a decisão de suspender provisoriamente a importação. Mas nós temos que nos organizar mais, para chegarmos e falarmos com uma voz mais definitiva sobre as políticas que, definitivamente, geram cerca de 8 milhões de empregos no País e que, sobretudo, acolhem os nossos Estados na economia, nas grandes dificuldades.

    A agricultura sempre segurou, por anos, o PIB deste País e está lutando agora para que não haja uma decisão louca. A moça até repetiu ali, a taquígrafa: "Sempre a agricultura, sempre." Deve ser de família de agricultor. É isso mesmo, minha filha, por muitos anos, a agricultura sempre segurou o País nas horas mais difíceis. Agradeço e parabenizo V. Exª. O Espírito Santo está junto, em pé, nessa luta, para que não haja mais nenhuma atitude do Ministro sem ouvir o setor que tanto colabora e tanta riqueza traz para este País. Muito obrigada.

    O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO) – Obrigada a V. Exª, Senadora Rose de Freitas. Peço que seja incorporado o aparte de V. Exª ao meu pronunciamento, que o engrandecerá muito com certeza.

    Sr. Presidente, eu gostaria de agradecer, antes de encerrar, a presença de um vereador da cidade de Cacoal, capital do café em Rondônia, onde eu fui Vereador, Senador Cristovam Buarque, há 35 anos. Há 35 anos, eu era Vereador, com 24 anos, na cidade de Cacoal, onde o Pedro Rabelo, que está aqui agora, é Vereador do meu Partido também, um jovem Vereador do meu Partido na cidade de Cacoal. Seja bem-vindo ao Senado Federal. Quem sabe, daqui a algum tempo, V. Exª não chegue também a Prefeito, como eu cheguei, a Governador do Estado e ao Senado da República. Seja bem-vindo ao Senado Federal.

    Sr. Presidente, encerro dizendo que Rondônia agradece ao Presidente da República, Michel Temer, em nome da minha Bancada, em meu nome, do Senador Ivo Cassol, do Senador Acir Gurgacz, da Deputada Marinha Raupp, do Deputado Nilton Capixaba, do Deputado Lucio Mosquini, do Deputado Luiz Cláudio, do Deputado Netto, do Deputado Marcos Rogério e da Deputada Mariana. Agradecemos à Bancada do Espírito Santo, na pessoa aqui, neste momento, da Senadora Rose de Freitas; às Bancadas de Minas Gerais, de São Paulo e até do Rio Grande do Sul, que estava lá presente ontem, pedindo aos Ministros e ao Presidente Temer que suspendessem a importação do café do Vietnã, porque estavam derrubando os preços, estavam desestimulando os nossos produtores de Rondônia e de todo o Brasil. Afinal de contas, é o agronegócio que tem sustentado a economia deste País. Se Rondônia e o Brasil estão com a probabilidade de recuperação rápida agora da economia, é graças ao agronegócio brasileiro.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/02/2017 - Página 47