Pronunciamento de Ana Amélia em 08/03/2017
Pela Liderança durante a 2ª Sessão Solene, no Congresso Nacional
Sessão solene do Congresso Nacional destinada à comemoração do Dia Internacional da Mulher e à entrega do Diploma Bertha Lutz em sua 16ª edição.
- Autor
- Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
- Nome completo: Ana Amélia de Lemos
- Casa
- Congresso Nacional
- Tipo
- Pela Liderança
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM:
- Sessão solene do Congresso Nacional destinada à comemoração do Dia Internacional da Mulher e à entrega do Diploma Bertha Lutz em sua 16ª edição.
- Publicação
- Publicação no DCN de 09/03/2017 - Página 39
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM
- Indexação
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- SESSÃO SOLENE, CONGRESSO NACIONAL, ASSUNTO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER, ENTREGA, DIPLOMA, BERTHA LUTZ, PREMIO, HOMENAGEM, RECONHECIMENTO, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO SEXUAL, DEFESA, DIREITO A IGUALDADE.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS. Como Líder. Sem revisão da oradora.) – Muito obrigada, Srª Senadora Fátima Bezerra, que preside esta sessão.
Queria cumprimentar essas agraciadas batalhadoras, valorosas, talentosas que nos representam, representam as mulheres. Dizer que todos os pronunciamentos aqui abordaram, de uma ou de outra forma, questões políticas.
A Senadora Fátima Bezerra me diz que estou aqui como Líder, representante da Bancada do PP, mas o orgulho maior é o de estar aqui para homenagear Diza Gonzaga, cuja indicação eu tive a honra de fazer, pelo trabalho que ela faz, e vou abordar isso como tema central.
Antes, quero dizer que muito se falou aqui sobre determinados tipos de violência que são assacadas contra as mulheres. Quero agora, com toda sinceridade, manifestar a minha solidariedade a uma Deputada que, politicamente, é minha adversária no meu Estado, a Deputada Maria do Rosário.
A filha adolescente foi vítima de uma das maiores violências que se podem fazer com o uso das redes sociais, assacando mentiras, inverdades. E o que isso pode representar, como o chamado bullying ou o efeito emocional sobre essa adolescente?
Nós temos que ver que a violência contra a mulher... E a Senadora Emilia Fernandes, criadora do Bertha Lutz, sabe bem, porque foi uma batalhadora nessa causa, a causa da violência contra as mulheres. E sou de um Estado considerado, como você sabe bem, Diza Gonzaga, politizado, mas os níveis de violência contra a mulher são extraordinariamente elevados.
Eu também queria, já que falamos sobre discriminação, fazer uma manifestação a essas mulheres militares que disciplinadamente estão aqui. A elas e a uma militar que foi aqui indicada pela Senadora Lídice da Mata, da Bahia, a Denice Santiago Santos do Rosário. Ela é uma das mulheres brilhantes na carreira militar do Estado da Bahia.
A vocês, mulheres, eu reconheço que existe, sim, um grau de discriminação, porque toda vez que você diz "sociedade civil" você está excluindo as mulheres. E essa é uma forma sutil de preconceito e discriminação, porque você não fala sobre as religiões, as etnias, mas fala "sociedade civil".
Por que, se nós festejamos o ingresso e o acesso das mulheres a carreiras que eram predominantemente militares, exercidas por homens, agora, quando as mulheres ascendem à área militar, nós continuamos falando em sociedade civil? Por que, se temos de um lado, que festejar, por outro, usamos do preconceito? Então, a vocês todas, mulheres, a minha solidariedade.
Tenho muito orgulho de ver uma mulher envergando uma farda da Força Aérea, do Exército. Vejo também comandantes de aviões da aviação civil em várias companhias. Isso representa também uma mudança do comportamento, primeiro das mulheres, que se dispuseram a vencer essas barreiras e a lutar pelos seus direitos.
Então, a todas vocês, a minha manifestação de apoio. Vejo também a Marinha. Falei das outras armas, Aeronáutica e Exército. Então, a Marinha, do uniforme branco.
Então, a vocês todas o meu registro da forma como eu vejo e enxergo essas coisas, com a transparência que temos que ter e, sobretudo, com a coerência com que nós tratamos dos diversos temas.
Ainda sobre a Previdência Social, quero reafirmar: não só assinei a CPI para investigar a Previdência Social, requerida pelo Senador Paim, que aqui está presente, mas também a CPI do Senado e a CPI da Câmara do Deputados. Assinei as duas.
Entendo e tenho reafirmado... Sexta-feira, em Não-me-Toque, estarei debatendo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do meu Estado esse tema extremamente sensível, porque não podemos comparar a atividade de uma mulher que trabalha de sol a sol na área rural com o trabalho em uma loja ou em uma indústria.
É muito diferente. Ela não tem sábado, ela não tem domingo, ela não tem feriado, faça chuva ou faça sol, faça geada ou caia neve. O meu Estado é muito frio, um Estado que tem invernos muito rigorosos, e lá está ela trabalhando para alimentar os animais, para colher a sua safra, para cuidar dos seus filhos, para cuidar do marido. Nós temos que ver essa mulher também de forma diferente. É isso que estou fazendo nessa audiência pública que vamos realizar em Não-Me-Toque, com milhares de trabalhadores e trabalhadoras rurais na próxima sexta-feira.
Quero agora falar sobre essas mulheres que venceram, Embaixadora, que venceram preconceitos, que foram ousadas, que foram talentosas, que foram corajosas, às vezes saindo de lugares dos quais jamais se imaginaria uma mulher sair para chegar à diplomacia brasileira, que tanto nos orgulha, de uma mulher que faz e transforma a dor num trabalho de salvar vidas. Ou da Luiza, que, com essa idade, com essa roupa, nos encanta com seus cabelos brancos, vinda lá do Mato Grosso do Sul. São essas, e também as demais que já saíram, a nossa querida Denice, de quem já falei, militar lá da Bahia, e também a Isabel, nossa Embaixadora, a Tati, que não está aqui presente conosco, a Raimunda Luzia e a Diza Gonzaga, que eu tive a honra de indicar.
Há mais de 20 anos, a Diza, que tem seis filhos com o marido Régis Gonzaga, professor, numa madrugada, é sobressaltada com a notícia de que o filho, que havia tomado carona com um amigo, está morto. Dezoito anos de idade. Dezoito anos! Na flor da idade! Essa mãe não pôde ver o filho entrar na faculdade, não pôde ver o filho que... Às vezes, ela dizia que via o filho como uma borboleta. Uma borboleta, porque um jovem nessa idade às vezes tem dúvida: "Vou seguir a carreira militar, vou ser engenheiro, vou ser artista, vou ser desenhista, vou ser atleta?" Assim são as borboletas: elas pousam, elas saem, elas voam. E é exatamente essa falta de fixação que deu a inspiração à Diza, para que...
Quando ela viu o filho morto nos braços, vieram duas palavras à mente dessa mulher: vida urgente, vida urgente. Este foi o primeiro símbolo dessa campanha da Fundação Thiago Gonzaga: vida urgente. E por que vida urgente? Porque você precisa correr contra o tempo para salvar vidas de maneira urgente, de maneira apressada, porque é também de maneira muito veloz que a vida vai embora para jovens que estão dirigindo embriagados ou sob efeito de outras drogas, ou porque excedem a velocidade ou porque querem demonstrar o seu machismo, a sua coragem. E chega até a dizer que, sob o efeito de drogas, ele dirige melhor. Olha que contradição! Nada é mais contraditório do que bebida alcoólica e direção.
Dessa tragédia que nós temos diariamente, a Diza Gonzaga e o Régis, marido dela, pais de seis filhos, tratam dia a dia, com uma fundação que em maio fará 21 anos. Vinte e um anos de luta persistente, de várias maneiras, criativamente.
(Soa a campainha.)
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS) – Criando o Pai Carona, que é a última criação da Fundação Diza Gonzaga. São 20 mil voluntários. Ela não faz sozinha. E como ela conseguiu 20 mil voluntários para essa missão extraordinária que é salvar vidas, impedir que outras mães, como ela, chorem ao ver nos braços um filho morto, vítima de um acidente?
É exatamente por isso que eu louvo a coragem dessa mulher, que transformou a dor, o drama da perda de um menino de 18 anos numa energia extraordinariamente forte, humana, solidária e generosa, convertendo a dor na vitamina, na força, na coragem para evitar que outras mães, como ela, hoje, amanhã, depois, percam seus filhos em acidentes.
(Interrupção do som.)
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS) – Estou concluindo, Senadora.
Diza, você me orgulha, você me representa e você está aqui hoje pela indicação, tenho certeza, do Senador Paim, que é do nosso Estado, e do Senador Lasier, que festejaram essa indicação. Você nos representa.
Continue essa batalha. Os seus 20 mil voluntários estão aderindo a essa causa e aderiram por razão muito simples, porque ela é de um valor extraordinariamente inalcançável para imaginar, porque é o valor que tem uma vida. O valor de uma vida é inalcançável, não se paga com dinheiro, não se paga com nada. A vida é a vida. E ela nos foi dada, acredito que por Deus.
Então, Diza, em homenagem a você, ao seu marido, aos seus filhos, a sua coragem, pelo que você vem fazendo para que muitos jovens não morram como o Thiago morreu.
Parabéns aos 20 mil voluntários.
O que eu posso mais fazer como gesto é colocar no meu peito essa campanha da borboleta, "Vida Urgente". Em cada acidente em que uma morte acontece, é colocado um desenho naquele local de uma borboleta, que é exatamente o símbolo dessa campanha.
Diza, parabéns! Continue. Que Deus continue te dando a coragem que você teve até agora para vencer a dor e dela fazer o alicerce, a coragem para você continuar ajudando mães a não perderem os seus filhos.
Muito obrigada. (Palmas.)