Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene do Congresso Nacional destinada à comemoração do Dia Internacional da Mulher e à entrega do Diploma Bertha Lutz em sua 16ª edição.

Autor
João Capiberibe (PSB - Partido Socialista Brasileiro/AP)
Nome completo: João Alberto Rodrigues Capiberibe
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão solene do Congresso Nacional destinada à comemoração do Dia Internacional da Mulher e à entrega do Diploma Bertha Lutz em sua 16ª edição.
Publicação
Publicação no DCN de 09/03/2017 - Página 86
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, CONGRESSO NACIONAL, ASSUNTO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER, ENTREGA, DIPLOMA, BERTHA LUTZ, PREMIO, HOMENAGEM, RECONHECIMENTO, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO SEXUAL, DEFESA, DIREITO A IGUALDADE.

    O SR. JOÃO CAPIBERIBE (Bloco/PSB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Srª Presidente, que não me ouçam até compreendo, mas que os homens não ouçam as mulheres isso é imperdoável. Numa sessão destinada às mulheres, os homens têm que ficar calados e têm que ouvir, no mínimo.

    Mas queria cumprimentá-las, essas mulheres combativas que admiro muito. Posso até divergir das posições, Srª Presidente Gleisi Hoffmann e todas as Senadoras que estão na Mesa, mas eu aqui declaro minha admiração pela combatividade de vocês aqui neste Plenário. As mulheres brasileiras estão muito bem representadas aqui, no Plenário do Senado Federal.

    Eu diria que, neste Dia Internacional da Mulher pesam ameaças muito grandes sobre todas as mulheres brasileiras, que são a reforma da previdência e a reforma trabalhista promovidas pelo Governo Temer, que vão retirar direitos das mulheres, que serão as mais penalizadas por essas reformas. Diante de tantas lutas históricas por igualdade de direitos, o que vemos hoje é um brutal retrocesso da sociedade brasileira.

    As mulheres são responsáveis pelo sustento de 40% das famílias e possuem, muitas vezes, tripla jornada. Pela proposta do Governo, as mulheres vão se aposentar com 65 anos e com 25 anos de contribuição, como os homens. Agora, vamos comparar a jornada de trabalho das mulheres com a jornada de trabalho dos homens. Isto é uma brutal injustiça! Não levam em consideração essa jornada de trabalho e também a precariedade do trabalho das mulheres. As mulheres dificilmente conseguem comprovar os anos necessários para a aposentadoria, e se aposentam por idade.

    Esses dados são retirados do Anuário da Previdência Social.

    Existe também outro dado que vale a pena ser levado em consideração: no caso das trabalhadoras rurais, elas começam a trabalhar muito cedo, com entre 10 e 12 anos de idade. Imaginem se elas tiverem que trabalhar até os 65 anos! Não vão conseguir, até porque há região do nosso País em que a expectativa de vida está abaixo de 65 anos.

    Assim, não podemos nos contentar com as medidas propostas pelo Governo, que quer nos convencer de que serão boas. Na verdade, o que está por trás da reforma da previdência nada mais é que a privatização da previdência pública. Na prática, essa reforma significa a retirada de direitos e afeta diretamente a vida das mulheres, e não podemos ficar calados.

    Eu acompanhei os discursos de todos e todas que passaram por esta tribuna e fiquei muito feliz com a homenagem prestada às mulheres e também com a solidariedade às mulheres, e passei a entender que todos aqueles que subiram a esta tribuna, que homenagearam e que reconheceram a desigualdade de gênero, que reconheceram a discriminação que as mulheres sofrem, todos os Parlamentares que passaram por esta tribuna, definitivamente, a partir deste momento, estão comprometidos em combater esse retrocesso em relação aos direitos das mulheres. Seria inadmissível, depois de ter ouvido discurso, desta tribuna, defendendo os direitos das mulheres, alguém votar para aprovar a reforma da previdência, que é um brutal retrocesso desses direitos. Quem veio a esta tribuna discursar está comprometido em combater essa reforma, Srª Presidente. O que avaliza a política é a palavra. Como alguém sobe a esta tribuna para manifestar solidariedade às mulheres, para reconhecer as desigualdades de gênero e, na hora de votar naquilo que é uma injustiça e que cassa direitos das mulheres, vota a favor? Isto é incompreensível, se a palavra é o que avaliza a política. Portanto, quem subiu a esta Tribuna está comprometido em combater essa reforma que é um retrocesso, um atraso para a sociedade brasileira.

    Eu queria homenagear todas as mulheres por sua luta histórica e incentivá-las a seguirem esse combate.

    Ainda hoje, conversando com a minha assessora de plenário, a Cristiane, ela me disse: "Ontem eu saí daqui às 21h. Cheguei em casa para preparar o jantar dos meus filhos, preparar o almoço do dia seguinte e voltar ao trabalho".

    Como é que pode a gente querer equiparar a nossa jornada de trabalho de homens com a jornada de trabalho das mulheres? É uma questão que está no nosso cotidiano. Não dá para ignorar essas diferenças.

    Portanto, faço um apelo a todos os Parlamentares, Deputados, Deputadas, Senadores e Senadoras: que combatamos essa reforma da previdência e a reforma trabalhista, porque isso é retirar direito das mulheres.

    Muito obrigado, Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 09/03/2017 - Página 86