Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene do Congresso Nacional destinada à comemoração do Dia Internacional da Mulher e à entrega do Diploma Bertha Lutz em sua 16ª edição.

Autor
Magno Malta (PR - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão solene do Congresso Nacional destinada à comemoração do Dia Internacional da Mulher e à entrega do Diploma Bertha Lutz em sua 16ª edição.
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DCN de 09/03/2017 - Página 109
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, CONGRESSO NACIONAL, ASSUNTO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER, ENTREGA, DIPLOMA, BERTHA LUTZ, PREMIO, HOMENAGEM, RECONHECIMENTO, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO SEXUAL, DEFESA, DIREITO A IGUALDADE.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente... Srª Presidenta, não, Presidente mesmo. Negócio de Presidenta, esse trem acabou, só o Lindbergh que estava lembrando aqui agora.

    Srª Presidente, ficou bem nessa cadeira, no Dia Internacional da Mulher, Senadora Marta Suplicy.

    Srs. Senadores, Deputado Eros, aqueles que nos veem nas redes sociais, nos ouvem na Rádio Senado, na TV Senado, é uma sessão solene de homenagem às mulheres, dia 8, Dia Internacional da Mulher. Eu jamais cometeria o erro de politizar este momento.

    Eu quero usar este momento para falar de minha mãe, D. Dadá, para falar das mulheres deste País, das dadás do Brasil, das guerreiras, das anônimas. Parabéns às que já são famosas e que foram citadas aqui, porque têm o nome inscrito na sociedade, ou na história brasileira ou na história do mundo.

    Podia muito bem eu, hoje, glamurizar Golda Meir, aquela que, na formação do Estado judaico, antes de subir o último degrau da escada do avião, disse: "Nós formaremos a nossa nação, ainda que custe o preço do nosso sangue". Quando David Ben-Gurion manda Golda à América, porque o país havia sido criado em 1948 com o voto minerva do Brasil, para criar a nação. Golda Meir.

    Mas eu quero falar é de Dadá, minha mãe, Dadá Pereira de Souza, de Souza. Quero falar para as pereiras do Brasil, para as de souza do Brasil, mulheres anônimas, que deram à luz na mão de uma parteira, e algumas numa roça qualquer, depois de um dia debaixo do sol, com uma enxada na mão, ou de uma funcionária pública que foi obrigada a dar à luz quando não havia ainda licença-maternidade, dentro de um ônibus, atendida pela polícia, as mulheres policiais, as anônimas que fazem a guerra a partir da família.

    Digo a partir da família, Senadora Marta, porque a dádiva de uma mulher é o útero. Hoje é o Dia Internacional da Mulher, por que nós vamos politizar? Evocar a memória de lixos passados para justificar posição política? Eu quero falar hoje é de quem dá à luz.

    O útero foi a grande diferença quando Deus criou o homem e a mulher. Essas mulheres que geraram, deram à luz e investiram a sua vida na criação dos seus filhos, mesmo iletradas ou letradas – quando eu falo iletradas, eu estou homenageando as milhares de dadás deste Brasil sem letra. Dadá era até analfabeta profissional; mãe era analfabeta profissional.

    Eu quero homenagear essas que ensinaram os seus filhos a amar a Deus; que ensinaram os filhos a cantar o Hino Nacional; a dar a benção às pessoas, aos mais velhos; que ensinaram aos filhos que o vício faz mal. É para essas que eu quero falar.

    Estou falando para a sua mãe que morreu na roça, cidadão que está me vendo. Para a sua mãe, porque tudo que você é hoje foi pelos puxões de orelha para te levar para a igreja, para te manter sentado no banco, agarrada no teu braço. Como Dadá fazia com um irmão que eu tinha chamado Júnior e que ficava igual a uma barata dentro da igreja: mãe puxava-o pelo braço, agarrava aqui, do lado dela não saía, e ele hoje dá graças a Deus. Eu quero agradecer a Deus porque Dadá me corrigiu.

    Aqui votou-se a Lei da Palmada, a lei mais inconsequente, mais absurda, mais criminosa que já vi na minha vida. A Bíblia diz que um filho sem correção é a vergonha do seu pai e a decepção da sua mãe. Eu honrei a minha mãe porque fui corrigido. Tornei-me amigo das pessoas, aprendi a regra da convivência – respeitar os outros –, porque a analfabeta Dadá me ensinou. Então, neste Dia Internacional das Mulheres, é dela que eu tenho que me lembrar. Ela já se foi: Deus tirou Dadá de mim aos 57 anos de idade. Mas a Bíblia me garante que eu vou encontrá-la, como milhões de brasileiros que conhecem Deus e que já perderam pai e mãe, perderam a mãe, a sua referência maior.

    A referência de uma criança começa no útero, em primeiro plano; no segundo plano, no peito, quando se é amamentado, essa ligação no seio da mãe; em seguida, com a disciplina. Por que nós temos tantos jovens indisciplinados, tantos jovens tocando fogo nas ruas, queimando escolas, invadindo escolas? É porque aqueles que usam um momento como este para pregar a política ensinaram essas "crianças" – entre aspas – a desonrar família, a desonrar casamento, a desonrar a vida. Graças a Deus eu tive mãe! Graças a Deus eu tive D. Dadá!

    Homenageando D. Dadá, Senador Medeiros, eu me lembro da minha avó, D. Martinha. Lá no interior da Bahia, na cidade de Macarani, ainda jovem, aquela índia, casada com um negão, Enoque – é meu avô, ouviu? Eu estou falando negão, mas ninguém vá querer me processar por negócio de racismo, porque ele é meu avô, e eu sou filho de preto e sou preto também; estou falando negão aqui e daqui a pouco entra aí uma corregedora e diz que eu estou quebrando o decoro –, aquele negão Enoque. E, quando o pastor Rosivaldo, um jovenzinho...

    Desceu, Paim? Preste a atenção em mim, Paim, você que tem dois filhos pastores.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS. Fora do microfone.) – Com certeza, com orgulho!

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) – Uma pastora e um pastor.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS. Fora do microfone.) – Três.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) – Três, três. E eu tenho a alegria de conviver e de ser amigo de seus filhos, da sua família.

    E lá a minha avó, naquele dia, ao conhecer a Bíblia, mudou de vida, porque aquele que entra em contato com essa palavra nunca mais será o mesmo. É por isto que as pessoas correm tanto, elas preferem citar Nostradamus: "Você viu o que fulano falou? Você já leu Paulo Coelho e Dalai Lama?"

    Com todo o respeito, todo mundo parafraseando esse livro que rompeu com a história, o Evangelho de Cristo Jesus. Eles preferem debochar e preferem glamourizar o homem – meros mortais que minha mãe, Dadá, dizia que depois que morrem não prestam nem para fazer sabão. É, quando ela conheceu esse Evangelho, a nossa vida mudou. Mudou a vida de mãe, mudou a vida das minhas tias.

    Neste Dia Internacional da Mulher, eu não posso esquecer do passo mais importante que aquela mulher, a minha avó, Dona Martinha, deu. E digo para o Brasil que eu só estou aqui hoje porque ela deu aquele passo, o passo pelo Evangelho de Cristo. Assim, a minha mãe já era adulta, e foi assim que fomos criados.

    A despeito... A sociedade é a mesma, o coração do homem não mudou. Aquilo que falam hoje de imoralidade não é nada mais, nada menos do que a velha imoralidade. O coração do homem sempre foi o mesmo, mas eu tinha mãe, eu tive mãe – Dona Dadá.

    Neste Dia Internacional da Mulher... Eu sei que você conhece mulheres famosas, grandes mulheres, e os programas de televisão estão aí mostrando, chamando-as de heroínas. Há uma menina que agora largou o marido e casou com outra mulher e virou heroína da Nação; da Nação, da Nação! Mamãe, me acode! Tudo que eu preciso ver daqui para a frente é chover para cima, porque o resto eu já vi.

    Mas hoje é dia, meu amigo...

(Soa a campainha.)

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) – ... de você lembrar da sua mãe. Ligue para ela. Tu moras longe? Ligue para ela. Moras perto? Vá lá. Jante com ela. Vá! Fique com ela. Hoje é o dia da sua mãe! Se você não a tem mais, passe essa mensagem de vida para seus filhos, para suas filhas.

    Então, lembrando dessa mulher que foi tudo para mim, eu abraço as mulheres do Brasil. Tenho algumas mulheres na minha vida: a minha esposa, a Lauriete, uma mulher de Deus, que faz um serviço dos mais dignos, de vida, pregando paz, levando paz e esperança neste País para milhões de pessoas, milhares de pessoas, com um talento que Deus deu a ela, pois canta por este País e abençoa as pessoas, não com a voz, mas com a palavra, palavra de vida. Então, eu te homenageio hoje pela mãe que você é, a minha esposa querida.

    As minhas filhas...

(Interrupção do som.)

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) – Magda, a minha primogênita. Tive o prazer de cuidar, de dar papinha – sei fazer –, de lavar fralda; não havia descartável na época. Tinha os dedos todos comidos de lavar aquelas fraldas de pano. Fazia mamadeira, botava para dormir. Ah, minha filha, ensinei-a a amar a Deus! Quanto orgulho eu tenho de você! Então, te homenageio neste dia.

    Minha filha Karla, a mãe da rainha Ester. Minha filha, receba o meu abraço. Ensinei-a a amar a Deus. Cuidei. Fiz mamadeira, fiz papinha. Ensinei-a a amar a Deus. Peguei no colo. Ajudei a arrancar os primeiros dentes. Ah! Hoje, neste dia, você é mãe e eu só quero que você faça reverberar o que sua avó plantou em mim e eu plantei em vocês: amor a Deus...

(Interrupção do som.)

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) – ... e respeito.

    Minha filha Jaysline, minha pérola negra, eu te abraço, te beijo. Que Deus te dê sabedoria, minha filha, e te cubra no teu crescimento.

    A minha netinha Ester... Essa princesa vai fazer nove meses, mas em todo Dia Internacional da Mulher, enquanto ela viver – ouviu, Karla? –, eu quero que ela se lembre, porque nesse dia é preciso se lembrar, de quem nos proporcionou a vida.

    Senadora Marta, eu abraço V. Exª – as outras Senadoras aqui não estão –, desejando, neste Dia da Mulher, como mãe que V. Exª é, conhece seus filhos, como mulher da vida pública, uma mulher que luta pelo que acredita... E nós temos que respeitar quem luta pelo que acredita, embora estejamos em lugares diferentes e opostos no que acreditamos, mas aqui nós precisamos respeitar quem acredita no que prega, só não podemos respeitar em Mandrake.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) – Mas eu abraço V. Exª. As nossas Senadoras outras não estão aqui, mas, citando o nome de V. Exª, cada Senadora que é mãe, cada Senadora que veio aqui pela vida do voto e que nas ruas lutou, pregou sua mensagem muitas vezes escarnecida, abraçada por outros, zombada por outros – mas não chegou aqui porque alguém nomeou.

    Neste dia, Senadora Marta, o meu desejo é que Deus abençoe a sua vida, Deus abençoe a sua casa, a sua família, como a de todas as outras Senadoras e dos Senadores; suas filhas, Senadores, suas esposas, suas mães, as mulheres das suas vidas, das suas famílias. É preciso que hoje, no Dia Internacional da Mulher, nós nos lembremos dessas mulheres que significaram para a nossa vida, para a nossa formação e para a nossa história.

    Por isso, agradeço por esta oportunidade. Agradeço por esta oportunidade de lembrar à Nação que quem tem mãe tem um tesouro.

(Soa a campainha.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 09/03/2017 - Página 109