Pela Liderança durante a 20ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Alegria com a chegada das águas da transposição do Rio São Francisco ao Estado da Paraíba.

Autor
Cássio Cunha Lima (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PB)
Nome completo: Cássio Rodrigues da Cunha Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Alegria com a chegada das águas da transposição do Rio São Francisco ao Estado da Paraíba.
Aparteantes
Elmano Férrer, Roberto Rocha.
Publicação
Publicação no DSF de 10/03/2017 - Página 96
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Indexação
  • ALEGRIA (RS), CONCLUSÃO, OBRAS, TRANSPOSIÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, CHEGADA, ESTADO DA PARAIBA (PB), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), AGRADECIMENTO, AUTORIDADE PUBLICA, CONQUISTA (MG), BENEFICIO, ABASTECIMENTO, AGUA, POPULAÇÃO, REGIÃO NORDESTE.

    O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Social Democrata/PSDB - PB. Como Líder. Com revisão do orador.) – Sr. Presidente Senador Paulo Paim, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ocupo a tribuna neste instante para deixar registrado nos Anais desta Casa o testemunho do mais escolhido e sincero agradecimento por uma conquista do povo da Paraíba e também de Pernambuco concretizada ontem: ontem, às 19 horas, chegavam ao nosso Estado da Paraíba as águas do Rio São Francisco. Às 2h45min da manhã, a cidade de Monteiro, acordada, esperava a chegada das águas.

    Neste instante, o agradecimento que faço é em nome de toda a população do Estado, que durante séculos lutou por essa conquista. Resta ainda o Eixo Norte, que está em execução, mas que será concluído até o final do ano – infelizmente, tivemos um atraso no andamento da obra pela desistência de uma das construtoras.

    Amanhã Sua Excelência, o Presidente Michel Temer, acompanhado do Ministro Helder Barbalho e de vários outros ministros, governadores, senadores, deputados, Parlamentares, mas principalmente do povo da Paraíba, estará inaugurando o Eixo Leste da transposição do São Francisco, às 15h, na cidade de Monteiro, onde será recepcionado pela Prefeita Anna Lorena, que esteve, inclusive, no Senado recentemente. Antes disso, passará por Campina Grande para visitar, a convite do Prefeito Romero Rodrigues e do Vice-Prefeito Enivaldo Ribeiro, o Complexo Habitacional Aluízio Campos, a maior obra do programa Minha Casa Minha Vida em andamento no País neste instante. São mais de 4,1 mil unidades, duas escolas, duas creches, praças, academia de ginástica, uma área para o jardim botânico da cidade, espaço para expansão comercial e industrial do Município de Campina Grande. De Campina Grande, o Presidente vai até Sertânia, em primeiro lugar, para inaugurar o trecho pernambucano do Eixo Leste, levando, ao abrir as comportas, a água para a cidade de Sertânia. Para se ter uma ideia, Sertânia hoje sofre um racionamento tão severo e rigoroso que a população daquela cidade pernambucana irmã, de povo honrado, povo bom, trabalhador, tem água um dia por semana, fora outras cidades que não têm água dia nenhum. Então, eu queria deixar aqui essa palavra de registro desse momento histórico.

    Eu o escuto dentro de instantes, Senador.

    Ontem, quero confessar, eu tive a maior emoção da minha vida pública. Já fui Prefeito, já fui Governador, já fui Deputado Federal, já fui Superintendente da Sudene, sou hoje Senador, mas nunca tive uma alegria tão intensa, tão genuína, tão forte como a que tive ontem com a chegada das águas do São Francisco ao nosso Estado. É algo difícil de descrever e talvez até impossível de compreender para quem vem de Estados onde a água é abundante, mas a Paraíba não tem um único rio perene, Senador Acir. A Paraíba, inclusive, em tupi, tupi clássico, é "rio ruim", é "rio não navegável". Nós não temos um único rio perene, mas passaremos a ter, porque, a partir da chegada da água em Monteiro, teremos a calha do Rio Paraíba perenizada para que essa água desague no Açude Boqueirão; depois, vá para o Açude Acauã e chegue ao Canal das Vertentes, num projeto de irrigação de 30 mil hectares, projeto concebido, idealizado e iniciado no período em que fui Governador e que está agora em fase de conclusão.

    De forma tal que é um momento muito especial, e é por isso que eu faço esse pronunciamento improvisado, mas o faço para que fique registrado nos Anais da Casa.

    Escuto, com prazer, o Senador Roberto Rocha.

    O Sr. Roberto Rocha (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - MA) – Senador Cássio, cumprimento V. Exª pela sua fala. Estão estampadas no rosto de V. Exª a satisfação e a alegria de um homem público sério, nordestino, comprometido, desde muito novo, com a causa do povo do Nordeste, particularmente da Paraíba. Sou testemunha da sua história – e é bom falar da história quando somos sujeitos dela. Nós nos encontramos muito no PSDB e em vários caminhos dessa longa estrada. Quero me associar a essa alegria e cresce em mim a convicção de que no meu Estado, o Maranhão – que, ao contrário do Estado de V. Exª, tem 60% das águas interiores do Nordeste, 12 bacias hidrográficas, mais de 5 mil quilômetros de rios perenes –, nós temos uma riqueza que, depois de nós maranhenses, é a maior de todas, e isso está mais uma vez comprovado com a satisfação de V. Exª: a água. A segunda maior riqueza do Maranhão são as nossas águas. E eu quero aqui fazer um registro para somar ao que V. Exª diz. É o esforço de um Partido político que quero aqui reconhecer. O PDSB é muitas vezes discriminado por ser contra o Nordeste. Uma falácia! V. Exª é um militante político social do PSDB, de muito tempo, que luta por essa causa. O Governador, hoje Senador, nosso colega Aécio Neves, quantas vezes foi com V. Exª mesmo à Paraíba, tratando desse assunto? O Presidente Fernando Henrique Cardoso – eu era Deputado; e ele, Presidente – já lutava muito por isso. E agora o Governador Geraldo Alckmin, que mandou mais de 30 carretas carregadas de bombas quase do tamanho desta sala para poder antecipar a chegada dessas águas. Meus cumprimentos, portanto, a todos os políticos, líderes responsáveis do PSDB que ajudam a nós, o povo nordestino. E encerro dizendo que é com muita alegria que vejo que um projeto nosso, aprovado no Senado Federal e que está na Câmara, estende também até a Paraíba a área da Codevasf. Isso porque essa obra do Ministério da Integração Nacional, cujo Ministro é o nosso companheiro, amigo, Helder Barbalho, e com a Codevasf, da Presidente Kênia, vai precisar de manutenção, de custeio. E é preciso que a Codevasf esteja presente na Paraíba, porque senão a Codevasf não vai poder atuar. Em breve, esse projeto vai ser aprovado. Parabéns, Senador.

    O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – Agradeço, Senador Roberto Rocha, o seu aparte e escuto também o conterrâneo, atuante, dedicado, comprometido Senador do nosso querido Piauí, Elmano, com muita atenção.

    O Sr. Elmano Férrer (PMDB - PI) – Eu queria também, meu nobre e estimado Senador Cássio, meu ex-chefe da Sudene... Sou testemunha da dedicação e do trabalho de V. Exª não só como líder político, administrador em vários níveis na Paraíba, mas como responsável pela política de desenvolvimento regional, como Superintendente da Sudene, do esforço de V. Exª com relação ao desenvolvimento regional, desde a industrialização do Nordeste, através dos incentivos fiscais, mas sobretudo nessa questão dos recursos hídricos da Região. Daí eu vejo, na fisionomia de V. Exª, essa alegria, esse contentamento, que me extasia e extasia a todos nós, nordestinos, inclusive nós outros que também acompanhamos esse trabalho hercúleo com vistas a levar a água do São Francisco para o Estado de V. Exª, a Paraíba, como o Rio Grande do Norte e o Ceará. Eu acho que isso traduz e materializa uma vitória de que V. Exª foi partícipe ainda como jovem – jovem político, jovem administrador. Daí por que a alegria de V. Exª, que eu compartilho também, como seu colega na época, como subordinado. Era nosso chefe naquela época. Por sinal, naquele momento, eu antevia que V. Exª chegaria a governar a Paraíba. E hoje está aqui, nesta Casa da Federação, como um vitorioso pelo trabalho que realizou, não só pela Paraíba, e eu sou testemunha disso, mas pelo próprio Nordeste. Então, compartilho da alegria de V. Exª.

    O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – Muito obrigado. Agradeço profundamente, Senador Elmano, suas palavras sempre amigas, gentis, fraternas, solidárias, estimulantes. Estivemos juntos na Sudene, lado a lado, sem nenhuma distinção hierárquica. Pelo contrário: sempre tive, na sua contribuição, uma luz importante para a condução do nosso trabalho.

    Mas, para que eu não me prolongue, eu gostaria de registrar alguns agradecimentos por essa conquista. Aprendi com meu pai, desde cedo, que a obra pública não tem dono. Dono é o povo, que é beneficiário dela. Portanto, a transposição do São Francisco é a luta de muitos e a conquista de todos os nordestinos e brasileiros. Luta de muitos, conquista de todos. Mas esse tema da transposição começou a ser tratado ainda no Império. D. Pedro foi o primeiro a falar em transposição. Chegou a proclamar a conhecida frase de que venderia até a última joia da Coroa para levar água para o Nordeste brasileiro.

    Trazendo para um tempo mais recente, temos que lembrar a memória do Presidente Itamar Franco, que me nomeou para a Sudene. Foi no governo de Itamar Franco que o debate sobre a transposição ganhou força, ganhou volume, ao ponto em que, quando chegamos no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, dois Ministros da Integração paraibanos, Cícero Lucena, que foi Senador, ocupando a cadeira da Paraíba nesta Casa, ao lado de Fernando Catão, deram os primeiros passos, com os estudos iniciais e os projetos preliminares para o início da obra.

    Não há como deixar de reconhecer e proclamar o agradecimento ao Presidente Lula, que teve coragem, teve firmeza, teve capacidade política de fazer mais do que uma obra de engenharia civil: construir, com a ajuda indispensável do Vice-Presidente José Alencar, que precisa ser lembrado também, uma obra de engenharia política, uma vez que a obra da transposição enfrentava vários obstáculos e resistências.

    Há de se agradecer ao Ministro Ciro Gomes, que deu os primeiros passos também na execução da obra, ao lado do Presidente Lula.

    Há de se agradecer à Presidente Dilma, que, mesmo não tendo cumprido o cronograma, porque a obra já deveria estar pronta desde 2012 – estamos com cinco anos de atraso –, ofereceu, com o Ministro Fernando Bezerra, nosso colega aqui no Senado, Senador de Pernambuco, uma contribuição à obra.

    É claro que temos que agradecer ao Presidente Michel Temer, ao Ministro Helder Barbalho, que são os dois responsáveis pela conclusão da obra.

    O Presidente Michel Temer, ao lado do Ministro Helder, teve uma atenção desmedida com a obra, multiplicando os recursos. Muitos, muitos nem sequer acreditavam que a obra pudesse ficar pronta nessa quadra. E o Presidente merece, sim, o aplauso, o reconhecimento, o louvor, a gratidão, o abraço, o aperto de mão, o afago, o aceno de todo o povo paraibano, pernambucano, nordestino, por sua sensibilidade em garantir a conclusão dessa obra.

    É claro que cabe um agradecimento ao Governador Geraldo Alckmin, Governador do PSDB do Estado de São Paulo, que emprestou as bombas flutuantes, e essas bombas permitiram a chegada das águas com 45 dias de antecedência. Como eu disse no início desse pronunciamento, as águas do São Francisco aportaram em Monteiro ontem pela madrugada. Não fossem as bombas emprestadas, num gesto de extrema solidariedade do Governador de São Paulo, só daqui a mais 45 dias para frente. Acontece que o Açude Boqueirão, que abastece Campina Grande, está com apenas 3% ou 4%, no máximo, de sua capacidade, e entrará em colapso, no máximo, em 60 dias. Uma população de aproximadamente 1 milhão de pessoas sem água de forma nenhuma, sem uma gota d'água, é algo inimaginável, é algo inacreditável.

    Além do Governador Alckmin, nessa trajetória, é preciso lembrar o Deputado Marcondes Gadelha, que, na década de 60, 70, já defendia a obra.

    E deixei, por fim, até para que eu possa conter a emoção, para prestar a homenagem a meu pai, ao meu saudoso pai, que, tantas vezes, desta mesma tribuna, defendeu essa obra.

    Ontem, a minha assessoria me presentou com o resgate de alguns pronunciamentos que meu pai fez desta tribuna, defendendo a transposição. Ontem foi um dia de muita saudade, muita saudade mesmo. Eu me lembro dele constantemente. É difícil não me lembrar do meu pai quase todos os dias – digo todos os dias sem exagero. Mas ontem foi um dia especial, porque, além de rever as falas, os discursos dele, me vem à memória toda uma vida dedicada a essa causa, que não é só nossa. Essa obra não tem dono, essa obra não tem dono. Como ele próprio, Ronaldo Cunha Lima, dizia: "Obra pública não tem dono! Dono é o povo que é beneficiário dela".

    E acho que a melhor forma de homenagear a memória do meu pai, além de citá-lo, nesse instante, como um dos grandes baluartes dessa luta, é tentar reproduzir, de forma modesta, o que ele fez nesta tribuna quando declamou um dos seus sonetos. Meu pai era um grande poeta, tinha sonetos belíssimos, tem poemas outros, tercetos. E, em um dos seus pronunciamentos, ele declamou, daqui, o soneto que começa dizendo, Senador Paim:

Quando o grito de dor do nordestino

Unir-se à voz geral do desencanto,

Esse eco de repente faz um canto,

E o canto de repente faz um hino

E puro como um sonho de menino

Será cantado aqui, em qualquer canto,

Porque é símbolo, estandarte e será manto

De um povo que busca o seu destino.

E quando este hino pleno de ideal,

Canção do povo em marcha triunfal,

For lançado ao sabor do seu destino,

Aí se saberá, sem ter espanto,

Que um eco de repente faz um canto,

E um canto de repente faz um hino.

    Foi dessa forma que o poeta consolidou toda a sua luta, além de outros poemas que ele declamou aqui, outros sonetos. Eu acho que eu errei a terceira estrofe aqui do verso. Vou pedir desculpas. Depois, corrigimos. Estou contendo a minha emoção realmente.

    Enfim, para encerrar, Presidente, agradeço a sua generosidade com o tempo, a participação dos Senadores que enriqueceram este pronunciamento com seus apartes, a presença do Senador Acir.

    É um momento muito especial, de difícil descrição. É difícil encontrar as palavras para externar tudo aquilo que nós sentimos, porque é uma nova história, é uma nova etapa que nós começamos na nossa trajetória como paraibanos. É um novo tempo, é um novo momento. É uma nova vida.

    Se Deus quiser, no final do ano, o Eixo Norte estará também pronto. Estamos lutando por um ramal do Eixo Norte, para levar água até o Açude Coremas e Mãe D'Água, que são os dois principais açudes da Paraíba, que acumulam mais de 1 bilhão de metros cúbicos.

    Fica, então, essa expressão não minha apenas, mas de toda a Paraíba, que, uníssona, agradece a todos aqueles que, com o seu suor, com o seu trabalho, contribuíram para essa conquista que é de todos nós, que é do nosso povo, que é da nossa gente.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/03/2017 - Página 96