Pronunciamento de Fátima Bezerra em 13/03/2017
Discurso durante a 23ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Registro da inauguração do Eixo Leste da transposição do Rio São Francisco.
- Autor
- Fátima Bezerra (PT - Partido dos Trabalhadores/RN)
- Nome completo: Maria de Fátima Bezerra
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
- Registro da inauguração do Eixo Leste da transposição do Rio São Francisco.
- Publicação
- Publicação no DSF de 14/03/2017 - Página 50
- Assunto
- Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
- Indexação
-
- REGISTRO, INAUGURAÇÃO, LOCAL, MUNICIPIO, MONTEIRO (PB), TRECHO, ESTADO DA PARAIBA (PB), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), TRANSPOSIÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, ENFASE, IMPORTANCIA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, DILMA ROUSSEFF, EXECUÇÃO, PROJETO.
A SRª FÁTIMA BEZERRA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, telespectadores da TV Senado e ouvintes da Rádio Senado, quero voltar aqui a falar sobre um tema que foi bastante noticiado nesse fim de semana, o tema das obras do São Francisco.
O Nordeste brasileiro – mais especificamente a querida Paraíba, meu Estado de origem, e o Estado de Pernambuco – viveu um dia muito especial nessa última sexta-feira, quando da inauguração do Eixo Leste da transposição do Rio São Francisco, com 217km. A inauguração do Eixo Leste da transposição, Sr. Presidente, é sonho realizado e renova, cada vez mais, a esperança dos meus queridos conterrâneos lá do Rio Grande do Norte, Estado que tenho a honra de representar no Congresso Nacional, bem como do povo do Ceará, que espera que, até o final deste ano, as obras do outro eixo, que é o Eixo Norte, estejam concluídas em seus 260km e as águas também cheguem aos Estados, repito, do meu querido Rio Grande do Norte e do Ceará.
Mas eu quero também, Sr. Presidente, ao falar, portanto, desse importante acontecimento que foi a inauguração do Eixo Leste da transposição do São Francisco, nessa última sexta-feira, Senador Reguffe, expressar – por que não dizer? – não só a minha indignação, mas também a minha tristeza pela mesquinhez, pela falta de respeito que têm determinados políticos neste País. Eu me refiro ao fato de o Governo ilegítimo, que aí está, ter estado lá, evidentemente, no ato de inauguração das águas do São Francisco, do Eixo Leste, em Monteiro, e simplesmente ter ignorado por completo o papel que o Presidente Lula e a Presidenta Dilma tiveram nessa grandiosa e importante obra, que é a obra do São Francisco. É importante que se tenha uma ideia aqui de que as obras de transposição do Rio São Francisco, com a captação e o transporte da água do Velho Chico, virão de forma a garantir o abastecimento de rios e açudes nas áreas mais secas do Nordeste.
Todos sabemos que esse é um projeto que vem sendo pensado há muito tempo, desde os tempos do Império, quando uma forte estiagem atingiu exatamente o povo da região nordestina, em 1847. Portanto, é verdade que isso vem sendo pensado, repito, desde a época do Império. Mas é verdade também que quem teve ousadia, quem teve determinação para iniciar a obra e quem teve sensibilidade, responsabilidade e compromisso para deixá-la praticamente concluída foram Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Sr. Presidente, repito, é muita mesquinhez. É muito feio de repente ver este Governo, num ato desesperado, querendo apagar da história o papel histórico que tiveram, sim, os governos do Partido dos Trabalhadores através de Lula e através de Dilma na realização desse que é um dos maiores sonhos que o povo nordestino acalenta no peito há décadas, há séculos.
Nós vimos agora no fim de semana a overdose de propaganda, publicidade oficial caríssima, o desespero do Governo ilegítimo que aí está veiculando essas propagandas, com o intuito claro não de esclarecer e informar o Brasil dessa importante conquista: a overdose de propaganda oficial neste momento tem o intuito claro, repito, de ocultar para a opinião pública, para o povo brasileiro, o papel que tiveram os governos do PT, através de Lula e de Dilma, no início e na conclusão dessa obra. Ele age assim, Sr. Presidente, incomodado, mas não deveria agir. É fato que, em tempos de pós golpe, lá ele esteve para inaugurar uma obra que Dilma já tinha deixado praticamente concluída. E não teve o mínimo gesto de grandeza de reconhecer o papel que os governos Lula e Dilma tiveram – muito pelo contrário, simplesmente desprezou toda a iniciativa e o papel importante que tiveram os nossos governos. E lá, o que ele recebeu? Ele recebeu exatamente desprezo. Certamente, ele deve ter ficado muito incomodado, ele e toda a sua comitiva, porque no ato da inauguração o povo nordestino, que é um povo que tem palavra, um povo que cultiva no seu coração o sentimento de gratidão, na sexta-feira gritou com toda força e com toda ênfase, dando vivas ao Presidente Lula.
Portanto, no ato de inauguração, na sexta-feira, o Presidente ilegítimo lá esteve, mas quem recebeu os aplausos, quem recebeu os agradecimentos foram exatamente o Presidente Lula e a Presidenta Dilma. Repito, num gesto de reconhecimento, de gratidão que o povo do Nordeste tem para com aqueles que foram os responsáveis diretos para concretizar esse sonho do povo nordestino, que era a chegada das águas do São Francisco.
Mas eu quero aqui, Sr. Presidente, dizer que eu não vou fazer como o Governo ilegítimo. Aqui desta tribuna do Senado eu faço questão de registrar que outros também lutaram para que esse sonho se fizesse realidade; eu não vou aqui negar isso. Inclusive houve a participação, por exemplo, lá no meu Estado também, de pessoas que participaram dessa luta, assim como em outros Estados. Nós não podemos aqui negar a participação, por exemplo, do Ministro da Integração Ciro Gomes, que foi um guerreiro, um grande lutador. Por exemplo, o então Ministro da Integração também, Senador Fernando Bezerra, lá do meu Estado; o então Ministro também Aluízio Alves.
Agora, é preciso aqui deixar muito claro que, se não fosse a ousadia e a determinação dos governos do PT, através do presidente Lula e através da presidenta Dilma, esse sonho até hoje estaria lá, adormecido; esse projeto até hoje estaria lá, perdido nas gavetas da burocracia e da insensibilidade da maioria dos políticos deste País, que inclusive governaram este País há séculos. Por isso, Sr. Presidente, é preciso aqui a gente fazer o registro, sim, do quanto é um gesto oportunista daqueles que no passado criticavam o projeto da obra do São Francisco e hoje, de repente, aplaudem essa obra como a obra mais importante do século.
Muitos, Sr. Presidente, estão agindo, neste exato momento, pautados, repito, por muito oportunismo político, inclusive eleitoreiro. Quem não se lembra que, ainda na década de 90, no governo anterior ao governo do presidente Lula, no governo do sociólogo, o Presidente Fernando Henrique Cardoso, simplesmente houve todo um debate naquela época, o povo nordestino clamando pela obra do São Francisco e, depois do estudo que foi feito, ele simplesmente mandou arquivar o projeto – portanto, não tendo a mínima sensibilidade de compreender o quanto era estratégico, o quanto era estruturante um projeto desta envergadura para o nordeste brasileiro.
Depois, mais recentemente, quem não se lembra também do Senador Aécio Neves, o candidato derrotado nas eleições de 2014, quando em seu programa eleitoral colocou, inclusive, a obra do São Francisco; mostrou no seu programa eleitoral, debochando, ironizando, dizendo que aquilo era um desperdício, dizendo que aquilo era um mau exemplo da gestão dos governos do Partido dos Trabalhadores! E, hoje, está aí o exemplo de gestão exitosa, está aí o exemplo de gestão com a cara da inclusão social, com a cara da história do povo nordestino, que é a obra da transposição das águas do Rio São Francisco – que não é mais, repito, um projeto nem um estudo, não é mais um sonho, é a realidade que chegou para cuidar, para dar segurança hídrica à vida de mais de 15 milhões, que são os irmãos e as irmãs nordestinas que serão beneficiados com a captação das águas do Rio São Francisco. É a Paraíba, é Pernambuco, é o meu querido Rio Grande do Norte e é exatamente o Ceará.
Então, Sr. Presidente, é preciso que a gente trate as coisas com a devida responsabilidade, com justeza e, portanto, com sensatez; daí porque, em boa hora, a socióloga Maria Victoria Benevides – por quem eu tenho uma grande admiração –, neste final de semana, publicou um artigo no qual faz uma crítica a toda essa pirotecnia que a mídia, a grande mídia, tem feito com relação à transposição das águas do São Francisco.
Aliás, ao falar da mídia, preciso aqui também fazer um registro. É tão verdadeiro o sentimento do povo nordestino no sentido de reconhecer, repito, o papel decisivo que os governos do PT, através de Lula e Dilma, tiveram na obra da transposição do São Francisco que o próprio jornal Folha de S.Paulo registrou, neste final de semana, que, no ato da inauguração, o Presidente lá estava, mas quem recebeu os aplausos e os agradecimentos foi exatamente o Presidente Lula.
Mas, voltando ao que diz a socióloga Maria Victoria Benevides, ela, analisando todos esses desdobramentos com relação à inauguração da obra do São Francisco, no seu artigo coloca que é uma ironia histórica, porque muitos dos que hoje –Senadores, Deputados, líderes políticos – tentam se apropriar das obras da transposição do Rio São Francisco, na visão dela, representam uma ironia histórica. Sabe por quê? Porque muitos desses que hoje, repito, tentam tirar proveito das obras do São Francisco são os filhos das oligarquias ou os representantes diretos das oligarquias que, tradicionalmente, reproduziam sua dominação política no Nordeste através da indústria da seca, das frentes de trabalho, das frentes de emergência, e trabalhavam sempre com a ideia de combater a seca e não de resolvê-la. Aí vem a ironia da história.
De repente, quem é que tira esse projeto da gaveta? Quem é que faz esse sonho andar? É um homem, assim como eu, assim como a maioria do povo nordestino, sobrevivente da seca – um homem, portanto, que traz na sua história as marcas da exclusão social, porque não existe exclusão social mais perversa do que aquela que nascia exatamente da indústria da seca. E Lula sabe disso muito bem, assim como eu também conheço, porque sempre digo: eu não falo da seca da boca para fora, Senador; eu vivi na minha infância, na minha adolescência. Eu sei – está entendendo? – o que é ser filho e filha da seca. Pois bem. De repente, é esse homem, com essa história, com essa trajetória, que, ao chegar à Presidência deste País, toma, com tanta determinação, a decisão de construir essa obra grandiosa, porque ele sabia o quanto essa obra é importante em matéria de segurança hídrica e o quanto essa obra é importante para fazer justiça à população do semiárido, à população do nosso querido Nordeste.
Quanto o povo nordestino já sofreu, meu Deus! Quanto o povo nordestino, na sua saga de enfrentar os períodos de seca, já sofreu, em virtude exatamente das consequências perversas da estiagem, seca essa que, repito, durante muito tempo, foi utilizada pelas velhas oligarquias, pelos representantes dessas oligarquias, muitos deles que hoje querem tirar proveito – eu não estou aqui generalizando – dessa obra sem sequer reconhecer que essa obra tem um DNA, um DNA de sensibilidade, um DNA de respeito, um DNA de quem lutou pela dignidade do povo nordestino, que é Luiz Inácio Lula da Silva!
Então, Sr. Presidente, eu estou fazendo aqui este registro, repito, porque acho muito importante que todos celebrem essa importante conquista. Agora, a história tem de ser contada. Entendeu? E, ao celebrar essa importante conquista, eu não vou aqui me calar diante daqueles que, repito, até bem pouco tempo, debochavam da transposição, como debochavam, por exemplo, do Bolsa Família e hoje são obrigados a encarar e aceitar o Bolsa Família como um dos maiores programas de transferência de renda do mundo.
Então, é importante que essas pessoas, que têm o direito de celebrar a conquista, ajam com responsabilidade. Não vamos agir com mesquinhez. Vamos agir com respeito, dando a César exatamente o que é de César, fazendo justiça a quem merece justiça. Primeiro, é o povo nordestino. Agora, a justiça é que, para que essa obra fosse concretizada, houve alguém que teve pulso, que teve ousadia, que teve determinação, que teve coragem e que teve, sobretudo, sensibilidade política e social...
(Soa a campainha.)
A SRª FÁTIMA BEZERRA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – ... para iniciar a obra e deixá-la praticamente concluída. A Presidenta Dilma deixou-a já com noventa e tantos por cento. Foram, então, os governos do PT.
Sr. Presidente, peço mais um tempinho para concluir, fazendo o registro de que, no próximo dia 19, agora, domingo, o Presidente Lula vai lá visitar o Eixo Leste, que foi entregue nessa última sexta-feira. Sem dúvida nenhuma, vai ser um momento de muita alegria para nós, o povo nordestino. Caravanas já começam a ser organizadas não só lá na Paraíba, porque ele estará indo a Monteiro, mas lá no meu Rio Grande do Norte, em Pernambuco e no Ceará, porque o povo nordestino quer ir lá abraçar o Presidente Lula, celebrar com o Presidente Lula e com a Presidenta Dilma, que também vai. Essa é uma conquista importantíssima pelo quanto ela tem de caráter humano, pelo quanto ela tem de caráter social e pelo quanto ela tem de caráter estruturante em matéria de segurança hídrica para o Nordeste.
E quero ainda ressaltar, Sr. Presidente, que a visita do Presidente Lula – para nós, vai ser uma verdadeira inauguração, sim – vai ocorrer exatamente no dia 19 de março, portanto, no próximo domingo.
Curiosamente é o dia de São José. É assim que os católicos denominam esse dia, dia 19 de março, porque é o dia dedicado ao padroeiro dos agricultores. Por quê? Porque, segundo a crença e a tradição, para os católicos, no dia de São José, quando a chuva vem, a esperança se renova, porque é sinal de que será um ano de inverno bom para o Nordeste e para a nossa região.
(Soa a campainha.)
A SRª FÁTIMA BEZERRA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Portanto, Sr. Presidente, quero concluir, dizendo que o projeto, sem sombra de dúvida, do São Francisco contribuirá para a elevação do nível de segurança hídrica do Semiárido.
Este é o principal papel da integração de bacias do São Francisco. Ele se somará ao aumento da capacidade de armazenamento de água que já aconteceu com as cisternas, barragens subterrâneas, barragens sucessivas, poços, adutoras, açudes, barreiros e outras formas de estoque de água existentes em nossa região.
A integração de bacias do São Francisco é uma obra muito arrojada, com poucos paralelos no mundo. A obra pronta tem condições plenas de oferecer um volume de água de muitíssima importância para a região semiárida do Nordeste. E água é sinônimo de alegria e de vida para o nosso povo nordestino.
Seja bem-vindo, Presidente Lula, ao nosso Nordeste.
(Soa a campainha.)
A SRª FÁTIMA BEZERRA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Sexta-feira, lá em Monteiro, estaremos todos e todas ao seu lado.