Pela Liderança durante a 24ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Anúncio da inauguração da obra de transposição do Rio São Francisco na Paraíba (PB).

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Anúncio da inauguração da obra de transposição do Rio São Francisco na Paraíba (PB).
Aparteantes
José Medeiros.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2017 - Página 44
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Indexação
  • ANUNCIO, INAUGURAÇÃO, OBRAS, TRANSPOSIÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, MUNICIPIO, MONTEIRO (PB), ESTADO DA PARAIBA (PB), DISTRIBUIÇÃO, AGUA, POPULAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, DILMA ROUSSEFF, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, USURPAÇÃO, AUTORIA, PROJETO, INTEGRAÇÃO, RIO.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Como Líder. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Senadora Regina, que preside esta sessão, a quem quero parabenizar porque assumiu hoje a Presidência da Comissão de Direitos Humanos do Senado da República. Parabéns, Senadora Regina. Nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, ficamos muitos felizes de tê-la como Presidente, uma representante lá que sempre lutou muito pelos direitos humanos, sempre foi muito ativa nesta Casa e uma mulher, para nos representar numa Comissão tão importante do Senado da República.

    Srªs Senadoras, Srs. Senadores, quem nos ouve pela Rádio Senado, nos assiste pela TV Senado, hoje eu subo a esta tribuna com imensa satisfação, porque venho aqui para fazer um anúncio e um convite a todos os que puderem estar presentes no evento. O anúncio é a presença do Presidente Lula e da Presidenta Dilma neste próximo domingo, dia 19 de março, na cidade de Monteiro, na Paraíba, para verdadeiramente inaugurar a obra de transposição do Rio São Francisco, numa cerimônia que faz justiça a todo o esforço envolvido na realização de quem efetivamente lutou para levar água aos nordestinos – o pernambucano retirante, que sofreu na pele as agruras da seca do Nordeste, ou o paulista da elite brasileira?

    Como diria Raduan Nassar, nós vivemos temos sombrios, muito sombrios, pois, se não bastasse o ataque à democracia, que nos desmoralizou com o afastamento da Presidenta Dilma em ordem mundial, ou a implementação de um plano de governo absolutamente oposto ao que venceu as eleições de 2014, se não bastasse o desmonte do Estado, a intensificação da crise econômica a partir de ações deliberadamente equivocadas, como a PEC do teto dos gastos, a entrega do pré-sal, agora a reforma da Previdência, a destruição da política de conteúdo nacional e o ataque aos bancos públicos, agora nós temos que conviver com a desfaçatez, o oportunismo, a má-fé, levados a patamares inacreditáveis e talvez nunca vistos na história deste País a partir da tentativa rasteira e desleal de usurpar a paternidade da maior obra de infraestrutura e estruturante realizada em todos os tempos no Nordeste do Brasil, a transposição do Rio São Francisco, que foi iniciada e praticamente concluída nos governos de Lula e Dilma.

    Só para os senhores terem uma ideia do que estou falando, essa obra foi iniciada em 2007, foi terminada agora, mas os empenhos e o pagamento foram praticamente todos feitos nos governos do PT. Os governos Lula e Dilma empenharam 92,40% dos recursos da obra e pagaram 87,50% da execução do projeto de integração do São Francisco. Por isso, tem paternidade, sim, porque paternidade é daquele que coloca prioridade na sua gestão e no seu governo.

    Agora, o Sr. Michel Temer aparentemente tenta usurpar a autoria da obra de transposição do Rio São Francisco quando, numa cerimônia de inauguração na Paraíba, demonstrou sua postura ao não citar os Presidentes Lula e Dilma em seu discurso, como se ele fosse o grande patrono, o patrocinador, daquela obra.

    Afinal, mesmo depois das palavras do Governador da Paraíba, Governador Ricardo Coutinho, agradecendo nominalmente o Presidente Lula, a Presidenta Dilma e o então Ministro de Lula Ciro Gomes, pela realização da obra, e ouvir muitos aplausos da plateia, muitos aplausos da plateia, Temer optou por discursar de forma genérica sobre a realização da obra, falando rapidamente em governos anteriores e, assim, valorizando a sua ínfima participação.

    Falou que a obra não tem dono, que a obra não tem paternidade, porque é dinheiro do povo, dinheiro público que a realizou. Ora, tudo que um governo realiza é com dinheiro público, é com o dinheiro do povo, não é com dinheiro do governante que ali está. Agora, uns preferem fazer gastos para o andar de cima da sociedade, enquanto os outros se comprometem a fazer gastos para se beneficiar a maioria da população brasileira. Há quanto tempo esta obra é falada? Há quanto tempo esta obra é tratada, prometida? Quem a fez? Quem teve a coragem e iniciativa de iniciar? Quem colocou ali a força política para que ela pudesse se realizar?

    Aliás, segundo a imprensa, em outros dois discursos nos canteiros de obra, Temer também não citou diretamente os governos do PT. E disse ainda que quer ser conhecido – pasmem – como o maior Presidente nordestino que já existiu.

    Eu acho muito difícil ele ser conhecido como o maior Presidente nordestino que já existiu, diminuindo Bolsa Família, acabando com o Minha Casa, Minha Vida e com a previdência social. Esse título de maior Presidente nordestino é de Lula, querendo ele ou não. Ele pode querer o título, mas qualquer um pode querer, mas ter somente aqueles que fizeram efetivamente pelo Nordeste, e o Presidente do Nordeste brasileiro, o Presidente que marcará história é Luiz Inácio Lula da Silva.

    Mas, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, se não fosse suficiente o fato de cerca de 90% da obra ter sido realizada nos governos Lula e Dilma, sendo a maior virtude, nesse caso, residente efetivamente na decisão de Lula de fazer a obra e também na determinação de Dilma de não deixar contingenciarem os recursos, ele podia ao menos ter reconhecido que Dilma não inaugurou a obra porque foi retirada de forma violenta do seu cargo por ele e toda a sua turma, que achavam que isso ia melhorar o Brasil.

    Quando se usurpa o poder, da forma como foi feito no impeachment de Dilma, usurpam-se as responsabilidades, as atribuições do cargo. E, nesse caso, restava ao Sr. Michel Temer, pelo menos, concluir a obra que já estava praticamente pronta. Se não o fizesse, seria um crime de lesa-pátria.

    O fato é que, após a constatação do sucesso do projeto de transposição do Rio São Francisco, iniciado no governo Lula e que já estava levando água a milhares de nordestinos, além do Presidente golpista, diversos outros políticos tentaram tirar uma casquinha do projeto.

    Pasmem os senhores: de forma inusitada, assistimos ao Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, aquele da maior seca na cidade de São Paulo, o Estado mais rico do País, divulgando em seu Facebook a sua visita ao Eixo Leste da transposição do Rio São Francisco em Pernambuco, numa clara tentativa de proveito político da obra. É muita cara de pau! É muita cara de pau não ter vergonha de fazer isso. Ele não conseguiu fazer uma obra pequena para evitar a seca no Nordeste e vai lá tirar fotografia ao lado da maior obra de enfrentamento à seca de todos os tempos do Brasil, que é transposição do São Francisco.

    Em seguida, o PSDB da Câmara, numa tentativa de se associar à conclusão da obra, teve a ousadia de afirmar que Lula e Dilma prometeram, mas não entregaram a transposição. Ela não entregou, porque foi arrancada do poder, por eles, inclusive, que estão dizendo isso. E, aliás, esse pessoal do PSDB esquece que Fernando Henrique prometeu, em duas campanhas, e sequer iniciou a obra; que o Aécio desdenhou do empreendimento na campanha de 2014; e que Dilma apenas não entregou exatamente pelo que eu disse, porque o PSDB resolveu, junto com outros partidos e o PMDB, retirá-la do poder. Finalmente, chegamos a tal inauguração da obra promovida pelo Presidente ilegítimo, quando a plateia presente deixou claro a quem eles creditam a realização da obra.

    Mas, então, vamos resgatar a verdade dos fatos em...

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... relação à transposição do São Francisco – eu peço, Sr. Presidente, pelo menos três minutos para concluir meu pronunciamento. Foi com o Presidente Lula que a obra teve início em 2007, e foi com a Presidenta Dilma que os investimentos se intensificaram, faltando muito pouco para a sua conclusão quando a Dilma foi afastada. O investimento da obra, para garantir a convivência da população do Semiárido com a seca, é a realização de um sonho antigo, desde os tempos do Império, quando uma forte estiagem assolou o povo do Nordeste e motivou o primeiro projeto de transposição das águas do São Francisco em 1847. Muitos anos se passaram, e ninguém fez nada a respeito.

    Foi com a prioridade do Presidente Lula, desde que assumiu em 2003, que esse projeto conseguiu uma extraordinária forma e força para conseguir se realizar e amenizar o sofrimento das populações mais castigadas e auxiliar...

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... no desenvolvimento das regiões do Semiárido...

(Interrupção do som.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – O projeto totaliza 477km de extensão, distribuídos em dois eixos de transferência de água: o norte e o leste. Consolidam o projeto a construção de 9 estações de bombeamentos, 27 reservatórios, 4 túneis, 13 aquedutos, 9 subestações de energia e 270km de linha de transmissão de alta tensão.

    Ele foi concebido para beneficiar 12 milhões de habitantes de 390 Municípios em quatro Estados: Pernambuco; Ceará, do Presidente Eunício – que aqui dirige a Mesa –; Paraíba; e Rio Grande do Norte. Em funcionamento pleno, pequenas e médias cidades do Semiárido nordestino serão abastecidas pelo projeto, assim como grandes centros urbanos, como Fortaleza, Juazeiro do Norte, Crato, Mossoró...

(Interrupção do som.)

    O SR. PRESIDENTE (Eunício Oliveira. PMDB - CE) – Temos compromisso com o horário.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Eu estou terminando o meu pronunciamento.

    O SR. PRESIDENTE (Eunício Oliveira. PMDB - CE) – Já são 16h27.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Eu estou terminando o meu pronunciamento, Senador. É um pronunciamento que fala, inclusive, dos benefícios para a sua região da grande transposição do Velho Chico. Tenho certeza de que V. Exª apoiou esse projeto e esteve junto com o Presidente Lula e com a Presidenta Dilma. E tenho certeza de que V. Exª sabe da importância que os governos de Lula e Dilma tiveram para este pronunciamento.

    O SR. PRESIDENTE (Eunício Oliveira. PMDB - CE) – Senadora...

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Gostaria somente que V. Exª me desse, pelo menos, mais dois minutos. Não vai tirar a sua pontualidade.

    O SR. PRESIDENTE (Eunício Oliveira. PMDB - CE) – V. Exª tem a palavra, V. Exª tem o tempo.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Obrigada.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Isso é um acréscimo de tempo para o seu próprio...

(Interrupção do som.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Somam-se aos beneficiados 294 comunidades rurais que vivem às margens dos canais atendidas por sistemas de distribuição de água, realizados em parceria com os Estados. E, para atender especialmente as famílias que vivem na faixa de obra, as Vilas Produtivas Rurais contam com casas, postos de saúde, escolas, praças poliesportivas, campo de futebol,...

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... centros comunitários, além de rede de água, esgoto e energia elétrica. Em janeiro de 2017,o Velho Chico já percorria mais de 150km dos canais do Eixo Leste, assim como quatro estações de bombeamento.

    Juntos, os governos do PT empenharam 92% e pagaram 87% da execução do projeto de integração do Velho Chico. E eu espero que este Congresso, que este Senado reconheçam – principalmente a Bancada nordestina que está aqui – a importância que teve o Presidente Lula nesse fato. Não foi o Presidente Temer, que fez uma desfaçatez de não reconhecer.

    E quero terminar o meu discurso. Eu, que sou do Sul, que sei o que significa ter água, a importância que tem a água para a produção; quero terminar o meu discurso com as palavras que estão hoje no Facebook do Presidente Lula:

Muita gente disse que era impossível fazer a transposição do Rio São Francisco. Quem estava no poder estudava...

(Interrupção do som.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) –

Quem estava no poder estudava, estudava, mas nada fazia. Até que Lula foi lá e fez. Em 2007 as obras começaram. A água começou a chegar a Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Serão 12 milhões de pessoas beneficiadas em 390 Municípios. São as águas de março do Velho Chico fechando o verão do Semiárido nordestino.

    Viva o Brasil! Viva o Nordeste! Viva o Presidente Lula, que compreendeu e ajudou o Nordeste como nenhum outro Presidente na História deste País!

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2017 - Página 44