Pela Liderança durante a 24ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pedido ao Governo Federal para que haja incentivo à criação de cooperativas no País como forma de desestimular o êxodo rural.

Autor
Benedito de Lira (PP - Progressistas/AL)
Nome completo: Benedito de Lira
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO:
  • Pedido ao Governo Federal para que haja incentivo à criação de cooperativas no País como forma de desestimular o êxodo rural.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2017 - Página 91
Assunto
Outros > AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO
Indexação
  • PEDIDO, GOVERNO FEDERAL, INCENTIVO, CRIAÇÃO, COOPERATIVA, PINDORAMA (SP), LOCAL, ESTADO DE ALAGOAS (AL), TENTATIVA, IMPEDIMENTO, EXODO RURAL, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO, ZONA RURAL, IMPORTANCIA, VISITA, MINISTRO, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), APOIO, IMPLANTAÇÃO, PAIS.

    O SR. BENEDITO DE LIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AL. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Srªs e Srs. Senadores, na verdade, na tarde e noite de hoje, nós tivermos aqui as mais diversas manifestações no que diz respeito àquela obra que é da maior importância para o Nordeste, particularmente para os Estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte até o Ceará.

    É uma obra gigantesca, sem dúvida nenhuma. O canal da transposição do Rio São Francisco, para atender às pessoas desses quatro valorosos Estados nordestinos, é de fundamental importância e merece todos os nossos elogios e as nossas congratulações.

    Nós temos um canal que é tido como o Canal do Sertão no Estado de Alagoas, que também nasceu quando se instituiu o PAC no Brasil. O Canal do Sertão tinha sido idealizado à época em que era Governador de Alagoas Geraldo Bulhões, que começou os primeiros projetos, as primeiras iniciativas.

    Com a sequência, nós falaremos em outra oportunidade a respeito do Canal do Sertão de Alagoas, que precisa ter uma fundamentação diferente, nobre Senador Garibaldi, porque o Canal do Sertão do meu Estado foi construído – e já tem mais de 100 km com água do Rio São Francisco – para atender as pessoas e os animais da região. Lamento profundamente que os projetos paralelos não tenham sido feitos, postos em prática, ainda em Alagoas.

    Cem quilômetros de água, e pessoas, nobres Senadores, Presidente Cássio, Senador Garibaldi, seres humanos em dois ou três quilômetros do lado direito e do lado esquerdo não têm água para beber hoje. É lamentável, mas é verdade.

    Sr. Presidente, vou tratar de um assunto que reputo da maior importância para o agronegócio nacional. É a primeira usina no Brasil que não pertence a usineiro.

    Quando se fala em usina, as pessoas juntam logo. A usina nasceu em decorrência de um grupo de famílias que constituíram engenhos no passado e, depois, transformaram em usina de cana, açúcar e álcool. Mas eu vou falar aqui, nobre Senador, Presidente Cássio Cunha Lima, de uma usina que não tem um usineiro, mas mil e cem usineiros, que é a Cooperativa Pindorama, no Estado de Alagoas.

    Dias antes, aqui desta tribuna, eu falei sobre os produtores de abacaxi do Agreste de Alagoas. Mencionei o crescimento do cultivo de abacaxi naquela região, mas frisei também o prejuízo que os produtores suportam com a venda do produto in natura, sem processamento, sem agregação de valor, já que todos os frutos que não se enquadram no chamado tipo A são descartados. É um desperdício absurdo, Sr. Presidente, pois esses frutos menos nobres poderiam ser aproveitados de uma série de maneiras, o que aumentaria consideravelmente a renda dos produtores, a qualidade e a variedade de seus produtos. Hoje quero dar um exemplo mais positivo de ideia que deu certo, de modelo que merece ser reproduzido.

    A Cooperativa Pindorama, com mais de 60 anos de existência, é a maior cooperativa agroindustrial do Nordeste. A ela dedico o meu pronunciamento hoje, pois acredito que iniciativas como a Pindorama devem ser divulgadas e levadas a todos os cantos do Brasil como exemplo de iniciativa que deu certo.

    A Cooperativa Pindorama, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, localiza-se no sul do Estado de Alagoas, numa área de mais de 30 mil hectares, entre os Municípios de Penedo, Coruripe e Feliz Deserto.

    O terreno é dividido em lotes. É a verdadeira reforma agrária sem conflitos, sem um empurrão, sem agressão. Os lotes são explorados por mil e cem cooperados e seus familiares, além de pelo menos 700 colaboradores fixos no período de entressafra, com um pico de aproximadamente mais de 2 mil colaboradores no período da moagem de cana.

    A Pindorama hoje é uma das grandes geradoras de emprego do meu Estado. E esses postos de trabalho vêm beneficiando milhares de pessoas ao longo dos últimos 60 anos. O que se produz e se cria na Cooperativa Pindorama, Sr. Presidente? Diversos produtos, eminente Senador Garibaldi, com altíssima eficiência, de forma racional e responsável, com tecnologia moderna. Os carros-chefes da Pindorama são a cana-de-açúcar e a fruticultura, com destaque para o abacaxi, a acerola, o maracujá e o coco. Cerca de 90% da área total da cooperativa é agricultável.

    A cooperativa fornece todo o apoio aos cooperados, na forma de assistência técnica, insumos, mecanização, preparação do solo, culminando com a compra e o processamento industrial de toda a produção. Lá se produz cana, mas não se vende cana; vende-se açúcar e álcool. Lá se produzem frutas, mas não se vende a fruta; vende-se o suco, vende-se a transformação do abacaxi, da acerola, da goiaba, da manga e outras frutas, Sr. Presidente e Srs. Senadores.

    A pecuária praticada é a leiteira, nos mesmos moldes de apoio total não apenas aos cooperados, mas também aos demais produtores da região. A Pindorama compra o leite desses produtores, pasteuriza esse leite e o comercializa.

    Há uma diferença, Srs. Senadores, esta cooperativa produz a cana e a transforma em açúcar e álcool. Ela comercializa o açúcar e o álcool. Ela produz, por meio de seus cooperados, a fruticultura, transforma agregando valor e comercializa. Porque o problema maior hoje é você produzir e não ter como comercializar. Aí aparecem os atravessadores e, aparecendo os atravessadores, logicamente que o produtor é o único que leva a pior.

    O diferencial da cooperativa é a sua ênfase na industrialização do produto in natura. Essa etapa fortalece o pequeno produtor, gera mais renda, diversifica a produção, valoriza o produto final e racionaliza a comercialização. Por exemplo, a Pindorama produz cana – como eu acabei de dizer há poucos instantes –, mas não vende a cana; vende o açúcar, vende o álcool – álcool anidro e hidratado. Produz frutas, mas não vende apenas a fruta; vende suco integral, refresco em pó, balas, molho de pimenta, molho inglês, molho de alho, leite de coco e coco ralado.

    Pois bem, Sr. Presidente, todos esses produtos processados e industrializados especialmente e com maior valor agregado são vendidos em todo o Nordeste e em Goiás. E era bom que esses produtos, resultado do trabalho de 1.100 agricultores, fossem extensivos a todos os supermercados deste País, porque é produto de primeira qualidade e, sem dúvida nenhuma, nós estaríamos com isso fortalecendo o cooperativismo no Nordeste e em todo o País, Sr. Presidente.

    Mas não vejamos a Pindorama como apenas uma empresa, um empreendimento comercial, com fins lucrativos. A Cooperativa Pindorama é, antes de tudo, uma comunidade, um grupo de pessoas vivendo em paz, com um objetivo em comum, preocupadas com o bem-estar e o crescimento umas das outras. São 30 mil pessoas vivendo o sonho de viver das próprias mãos, do suor do próprio rosto, livres do jugo da exploração, tomando as próprias decisões, cuidando do próprio futuro, de si e dos seus filhos.

    Fica, portanto, o meu apelo, Sr. Presidente, para que os Governos estaduais e o Governo Federal tenham na Cooperativa Pindorama um exemplo da força do nosso cooperativismo. É assim que se faz reforma agrária: com organização, com racionalidade, com modernidade, com agregação de valor ao produto, com diversificação de produção, com sustentabilidade.

    E as parcerias que a Cooperativa Pindorama vem estabelecendo com entidades como o Sebrae estão garantindo a continuidade do modelo, com cursos sendo oferecidos aos jovens cooperados, para que sigam o caminho dos pais se assim o preferirem, com o mesmo comprometimento e o mesmo profissionalismo.

    É inspirador que a ideia trazida em 1956 no Brasil por um imigrante, o franco-suíço René Bertholet, tenha gerado tantos e tantos e tão bons frutos. Na qualidade de membro do Plano Nacional de Colonização, ele criou a cooperativa como uma forma de desestimular o êxodo rural, deu o comando da operação aos próprios produtores, e o resto, como ele diz, é história.

    Pois bem, que nos inspiremos na feliz ousadia de René Bertholet, reproduzamos o sucesso da Cooperativa Pindorama nos quatro cantos deste País. É o que desejo, é no que acredito e é o que peço encarecidamente aos nossos Governos, quer do Estado, quer o Governo Federal. Que a Pindorama e outras tantas cooperativas bem-sucedidas no Brasil e no mundo sirvam de exemplo à inspiração para um modelo exitoso de qualidade de vida do campo.

    Pois bem, Sr. Presidente, há uma coisa que me chamou a atenção. Recentemente, fiz uma visita a essa cooperativa para levar meu abraço e meu entusiasmo para com os cooperados. Eu queria registrar, Sr. Presidente, que tudo isso é possível pela organização que é dada pelo seu Presidente, o engenheiro agrônomo Klécio, pessoa da melhor qualidade, de uma responsabilidade ímpar, que trabalha com os cooperados, que dá sustentabilidade àquela indústria.

    Lá não temos nenhum problema, Sr. Presidente. Há uma coisa que me chamou a atenção: lá não temos uma criança na rua, não há um pedinte na rua, não há uma pessoa desocupada. Todos têm uma atividade e todos são cuidados com o carinho e o respeito que merece a pessoa humana. É para que esse tipo de ação aconteça no Brasil que devemos trabalhar. É raro, Sr. Presidente, muito raro.

    O setor sucroalcooleiro do meu Estado... E V. Exª, como todo nordestino, sabe que Alagoas viveu e ainda vive em função da cana-de-açúcar, mas o setor está em declínio, está passando por dificuldades enormes. Os pequenos produtores de cana mandam a cana para a usina e não recebem. As usinas, e nós tínhamos cerca de 46 unidades industriais no Estado de Alagoas, Sr. Presidente, não passam de 15 a 20, com milhões de dificuldades para atender às necessidades de cada um. Pois bem. Na Cooperativa Pindorama, não. Na Cooperativa Pindorama, o produtor de cana manda a cana para a usina e recebe. O produtor do leite tira o leite, manda para a cooperativa e quinzenalmente recebe.

    E agora, como eu dizia a V. Exª e aos meus pares, eu estive recentemente lá, porque, através de uma emenda parlamentar, eu tive a oportunidade de não só beneficiar agricultores, associações e Municípios do meu Estado com a entrega de patrulhas mecanizadas. Dentro dessas patrulhas mecanizadas eu incluí seis caminhões isotérmicos. Três eu entreguei à Cooperativa Pindorama e três entreguei à Cooperativa dos Produtores de Leite de Alagoas (CPLA). O que é isso, Sr. Presidente? São caminhões com tanques isotérmicos para buscar o leite produzido pelo agricultor e pelo produtor familiar e levar para os laticínios a custo zero para o pequeno produtor. Até então, ele, para levar o seu leite para a cooperativa, teria um acréscimo de cerca de 30% no produto pelo transporte. E leite, como sabe V. Exª, é um produto que, duas ou três horas depois, se não houver a providência de um congelamento em tanques de resfriamento ou de se buscar levar para as cooperativas ou para os laticínios, se perde, não tem valor nenhum, e o prejuízo vem para o pequeno e o médio produtor de leite do meu Estado, particularmente do Nordeste. Na Paraíba, no Rio Grande do Norte, em Pernambuco, no Semiárido brasileiro, a atividade econômica é exercida exatamente por aqueles produtores de leite.

    Então, Sr. Presidente, eu queria, nesta oportunidade, reivindicar do Governo Federal uma ação mais prestimosa com relação à Cooperativa Pindorama, com fornecimento de kits de irrigação para melhorar a qualidade da produção das terras, que são maravilhosas. Cerca de 90% de mais de 30 mil hectares são de terra perfeitamente agricultável.

    Por isso, Sr. Presidente, queria agradecer a V. Exª e aos meus pares e cumprimentar o Klécio, presidente da cooperativa, e, em seu nome, Klécio, cumprimentar todos os cooperados da Pindorama e dizer aos amigos dessa região que brevemente irei conversar com o Ministro da Agricultura. É de fundamental importância que o Ministro da Agricultura faça uma visita àquela região e àquela cooperativa...

(Soa a campainha.)

    O SR. BENEDITO DE LIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AL) – ...para implantar no resto do Brasil cooperativas idênticas, para que o trabalhador, o agricultor, seja realmente o dono do seu negócio. Esse é o objetivo maior da Cooperativa Pindorama, sediada na região sul, nos limites dos Municípios de Penedo, Coruripe e Feliz Deserto.

    E eu queria dizer: Klécio, brevemente, estaremos aí na Cooperativa Pindorama, levando as autoridades do Poder Executivo, do Governo do Presidente Michel Temer, para não só fazer a visita mas levar aquilo que, na verdade, é um instrumento de trabalho para os homens e as mulheres que vivem naquela região.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2017 - Página 91