Pela Liderança durante a 26ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas à Marconi Perillo, Governador do Estado de Goiás, por pressionar os prefeitos de Municípios a filiarem-se ao seu partido político.

Autor
Ronaldo Caiado (DEM - Democratas/GO)
Nome completo: Ronaldo Ramos Caiado
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO ESTADUAL:
  • Críticas à Marconi Perillo, Governador do Estado de Goiás, por pressionar os prefeitos de Municípios a filiarem-se ao seu partido político.
Publicação
Publicação no DSF de 17/03/2017 - Página 12
Assunto
Outros > GOVERNO ESTADUAL
Indexação
  • REPUDIO, ATO, MARCONI PERILLO, GOVERNADOR, GOIAS (GO), MOTIVO, CHANTAGEM, DESTINATARIO, PREFEITO, MUNICIPIOS, ENTE FEDERADO, OBJETIVO, OBTENÇÃO, FILIAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), REFERENCIA, NEGOCIAÇÃO, VENDA, CENTRAIS ELETRICAS DE GOIAS S/A (CELG), EXISTENCIA, DESRESPEITO, ELEITOR, QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, MINISTERIO PUBLICO, PODER, JUDICIARIO, COMENTARIO, CRISE, SAUDE, SEGURANÇA, AMBITO ESTADUAL.

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Social Democrata/DEM - GO. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, diante do momento que nós estamos vivendo, com todas as ações que estão sendo publicadas, trazendo um enorme desgaste a toda a classe política nacional, eu recebi de vários colegas, lideranças políticas do meu Estado de Goiás, uma preocupação enorme em relação àquilo que está ocorrendo em Goiás.

    Fiz aqui um pronunciamento em cima daquilo que foi dito pelo Sr. Governador Marconi Perillo, no dia 17 de fevereiro, que pediu que alguns de seus aliados respondessem, mas eu quero novamente chamar a atenção da gravidade do momento por que passa o meu Estado.

    Abro aspas à fala do Sr. Governador:

Eu não desisti da meta de chegar rapidamente, ainda no primeiro semestre, aos cem prefeitos. Temos que ter cuidado em relação aos partidos da nossa base, mas eu insisto que nós temos uma meta de chegar aos cem prefeitos, pois isso vai ser importante para o nosso projeto de 2018.

    Fecho aspas.

    Esta é a frase. Esta é a discussão.

    Não é possível o Partido do Governador, que elegeu 77 prefeitos, se achar no direito agora, com o dinheiro que acaba de receber da Celg Distribuidora de Energia, R$1,1 bilhão, de tentar, de toda a maneira, pressionar com que os convênios possam acontecer, desde que ele atinja a meta.

    Como vincular obra de Estado à posição político-partidária? É um desrespeito ao eleitor. O eleitor é que escolheu quem deve ser o prefeito. Não pode existir uma ação que vá amanhã interferir na decisão popular. Essa é a crítica que se faz, inaceitável no momento cuja prática é uma prática não republicana.

    E vejam os senhores: quando foi feita a negociação com a Celg, o governo assumiu uma dívida de R$6,1 bilhões para o goiano pagar. E o mais grave: deu uma isenção à empresa que comprou a Celg de 28 anos – não paga ICMS. Ou seja, os prejuízos que hoje serão repassados aos prefeitos chegam à de ordem de R$750 milhões, 25% dos R$3 bilhões que serão debitados na arrecadação do ICMS.

    Essa é a posição que nós estamos aqui debatendo neste momento. Diante de tantos escândalos, o Governador não teve sequer a cautela de entender que, depois de vários mandatos, a realidade do desgaste dele no Estado é real e que não é correto utilizar aquilo que é público para benefício partidário. Essa é a minha posição de independência. Quando assim fazia o Partido que estava no governo, que era o PT, eu vinha e criticava. Eu não poderia me omitir nessa hora, porque é fundamental que as pessoas tenham, no meu Estado de Goiás, a independência de votar e de ver o seu voto respeitado e o cidadão ser tratado, mesmo sendo oposição ao Governo, com as garantias que merece e que tem que ter. Do contrário, é uma ditadura, é uma imposição, é algo inaceitável.

    Ontem, eu ainda perguntava: onde está o Ministério Público do meu Estado de Goiás? Calado, diante de uma gravidade como esta. São situações que exatamente exigem decisões não só da classe política, como também do Poder Judiciário e do Ministério Público.

    Vejam os senhores o grau de desgaste do atual Governador de Goiás.

    Havia, no segundo turno da capital, em Goiânia, dois candidatos: o candidato que nós apoiamos, do PMDB, Iris Rezende; e o candidato do PSB, Vanderlan Cardoso. Iniciou-se o segundo turno, e Vanderlan Cardoso apresentou uma curva de crescimento. No momento em que o Governador Marconi Perillo apoiou o candidato Vanderlan Cardoso, ele se desintegrou, ele se desidratou totalmente, ou seja, a população de Goiânia não quis votar no candidato apoiado por ele, como não quis votar na maioria dos Municípios do interior do Estado.

    Agora, usar da máquina pública para poder, amanhã, desrespeitar a vontade popular e chegar a uma meta dita por ele – não é o Ronaldo Caiado que está dizendo; quem disse foi o Governador: "A minha meta é chegar a cem prefeitos no primeiro semestre" – é algo que tem que ser esclarecido. É esse debate que tem que ser colocado, para que nós, amanhã, não venhamos a sofrer com a utilização da máquina pública, que é de interesse de toda a sociedade goiana, para poder, aí, sim, haver um interesse e um benefício político-partidário.

    Para vocês terem uma ideia – a publicação também não é minha; é do jornal de maior circulação do meu Estado de Goiás, O Popular –, são 448 obras não concluídas no Estado. Nós não temos hospitais regionais funcionando nas regiões mais carentes, mas nós temos um dado estarrecedor em Goiás, um Estado sempre pacato, tranquilo: deveria haver, hoje, na nossa segurança pública, em torno de 30 mil policiais militares, mas há uma tropa de 11.950 policiais militares, inferior ao que ele recebeu há 20 anos. E hoje, para tristeza nossa, Goiás é o segundo Estado onde mais se roubam carros no Brasil – 28 mil veículos foram assaltados ou furtados em 2015 – e é o quinto Estado mais violento.

    Sr. Presidente, eu encerro, agradecendo o tempo que me foi concedido e, ao mesmo tempo, dizendo que o debate neste momento é exatamente com a frase proferida, publicada em todos os meios de comunicação do Estado, que provoca uma insegurança hoje no cidadão.O eleitor de Goiás, hoje, não sabe se o seu voto será respeitado, pois, amanhã, a máquina do Governo se acha no direito de revogar o voto do eleitor. Hoje, o Governador de Goiás acha que tem o direito de chegar lá e dizer: "Anulei os votos da cidade tal, porque agora o prefeito vai ter que estar no meu Partido". Isso é realmente um acinte, é uma agressão e, indiscutivelmente, é um crime.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/03/2017 - Página 12