Pela Liderança durante a 28ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de ato promovido por lideranças populares do PT em Monteiro-PB, em razão da conclusão parcial das obras de transposição do Rio São Francisco.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Registro de ato promovido por lideranças populares do PT em Monteiro-PB, em razão da conclusão parcial das obras de transposição do Rio São Francisco.
Publicação
Publicação no DSF de 22/03/2017 - Página 46
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Indexação
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, EVENTO, LOCAL, MUNICIPIO, MONTEIRO (PB), ESTADO DA PARAIBA (PB), REFERENCIA, INAUGURAÇÃO, TRECHO, TRANSPOSIÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, COMENTARIO, MANIFESTAÇÃO, POPULAÇÃO, REGIÃO NORDESTE, SAUDAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, DILMA ROUSSEFF, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Como Líder. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Sr. Presidente, Srs. Senadores e Srªs Senadoras.

    Eu subo a esta tribuna para me reportar ao ato que nós tivemos, nesse final de semana, nesse domingo, junto ao Presidente Lula, na cidade de Monteiro, Estado de V. Exª, Senador Cássio Cunha Lima, a bela Paraíba. Aliás, fiquei muito honrada de visitar vosso Estado e quero dizer que gostei muito da Paraíba, do calor da população, do encanto que as pessoas têm. Fiquei muito feliz de estar lá, mas mais feliz ainda por presenciar um momento tão importante para a história brasileira, ver o povo, ver a gratidão, Senador Elmano, o reconhecimento, a alegria do povo em relação ao Presidente Lula. O povo sabia ali quem se lembrou dele e quem fez por ele.

    Então, eram cerca de 50 mil pessoas. Lula, Dilma, o Governador Ricardo Coutinho, no meio do povo. Eu diria assim: embolados, misturados, suados, mas muito festejados, beijados, abraçados pela população – impressionante era o carinho. Eu não me perdoaria, se eu não tivesse ido lá, para ver esse momento. Eu estava também no meio do povo, vendo exatamente como as pessoas se manifestavam ali. Gente de todos os lugares, gente da Paraíba, mas gente também do Ceará, de Pernambuco, do Rio Grande do Norte, pessoas que vieram espontaneamente para festejar Lula.

    Eu nunca vi nenhuma figura pública como Lula. A interação que o Presidente Lula tem com a população é uma coisa química, sim, mas sobretudo é o resultado de um reconhecimento que o povo tem, da certeza que o povo tem de estar festejando um homem que fez por quem mais precisava, que olhou o invisível. Era isso que eu ouvia. As pessoas diziam assim: "Nós somos pobres, nunca ninguém olhou para nós. O Lula olhou." Ele deu voz a quem estava silenciado, deu vez a quem nunca teve, Senador Elmano. E era esse o relato que nós recebíamos daquela população, dizendo que, por muitos e muitos anos, a promessa de fazer a transposição do Rio São Francisco ficou no papel e, com o Lula, saiu do papel.

    Eu imagino aqui, Senador Elmano, pela festa de que participei, o contraste que foi a visita do Michel Temer com a visita do Lula. Da visita do Michel não participei obviamente, mas vi as fotos. Ele, sozinho, na frente do canal ou, então, com o establishment que foi com ele, numa cerimônia fechada, numa cerimônia amorfa, sem vida, sem alegria, tentando lá dizer que tinha sido o responsável pela entrega daquela obra, como está agora correndo, nos meios de comunicação, a propaganda sem-vergonha do Governo, dizendo que foi ele o responsável por entregar a obra de transposição do São Francisco. Uma obra como aquela demora anos para ser feita. Demorou anos para sair do papel, imagine para ser feita. Para ser feita, foi mais rápido, porque houve a decisão política de um homem que tinha compromisso com o povo pobre deste País e que sempre passou sede.

    E o Temer foi lá, para ter um fato positivo do seu Governo ilegítimo. E foi incapaz de reconhecer que aquela obra tinha tido o esforço do Presidente Lula e da Presidenta Dilma. Disse ele que aquela obra era sem paternidade nem maternidade, visto que foi feita com o dinheiro do povo. Qual obra pública não é feita com dinheiro do povo? Qual governante não faz obra com dinheiro do povo? Agora todas as obras feitas têm algo fundamental da política, que são a determinação e a vontade de fazer. E a determinação e a vontade de fazer são inerentes à gestão pública, inerentes à gestão política.

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Portanto, o Presidente Lula teve isto: teve a vontade de fazer.

    Lula, como muitos brasileiros, veio de uma terra seca. Seca não apenas de água, árida em educação, em saúde, seca de empregos e de oportunidades. Uma terra que não dava nada para a legião de pobres que a habitavam, seca de vida, uma terra dura, na qual as árvores dos sonhos e das esperanças sucumbiam de fome e de sede.

    Como estrangeiros em sua própria terra, essa legião de deserdados apenas sobrevivia como desse e como Deus quisesse, em meio à indiferença do Estado e das velhas e novas oligarquias. As vidas secas eram regadas somente por lágrimas, Senadores. Poucos superavam aquilo que Gandhi denominava de a pior forma de violência, que é a pobreza. Não a pobreza digna, que dá apenas o suficiente, mas a miséria que massacra a dimensão humana com toneladas de necessidades insatisfeitas...

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... a miséria que animaliza e mata, a miséria que desidrata os corações.

    Lula foi um desses poucos. Superou seca, miséria, ditadura...

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... preconceitos e o ódio de classe. Devia ter morrido antes dos cinco anos, mas sobreviveu. Devia ter ficado quieto durante a ditadura militar, mas se converteu no principal líder contra a opressão e pela democracia. Não devia ter se candidatado, mas se candidatou quantas vezes foi necessário. Candidato, não devia ter sido eleito, mas foi. Eleito, tinha de ter fracassado, mas fez o melhor governo da história deste País.

    E fez o melhor governo da história não porque vislumbrou estratégias complexas. Fez o melhor governo da história porque realizou algo simples: governou para todos, incluiu os pobres no orçamento, fez deles solução para os históricos problemas econômicos do Brasil. Claro como água, límpido e cristalino, tirou 32 milhões de brasileiras e brasileiros da miséria. Colocou 42 milhões de cidadãs e cidadãos...

(Interrupção do som.)

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – Senadora Gleisi, eu vou naturalmente conceder o tempo para V. Exª concluir o seu pronunciamento. Eu já lhe concedi mais quatro minutos, além dos cinco regimentais previstos, mas não quero obviamente impedir a sua fala. Apenas encareço que, em dois minutos, possa concluir o seu pronunciamento, que representará mais do que o dobro do tempo regimental.

    Dois minutos para a conclusão do seu pronunciamento.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Será rápido, mas acho importantíssimo ter esse registro aqui.

    Gerou, junto com Dilma, 23 milhões de novos empregos com carteira assinada; pôs comida no prato dos famintos, com o Bolsa Família; levou luz a quem vivia na escuridão, com o Luz para Todos; levou educação a quem tinha sede de conhecimentos, com as cotas, o Prouni, a multiplicação das escolas técnicas e das universidades; junto com Dilma, levou a saúde aos doentes com o Mais Médicos e o fortalecimento do SUS; e também levou água para o Sertão com a transposição do Velho Chico, umas maiores obras da engenharia nacional, sonho concebido em meados do século XIX, mas que só saiu do papel por decisão de Lula e empenho pessoal dele e de Dilma. Não adianta outros falarem o contrário, o povo de lá reconhece isso. A grande revolução de Lula foi ter regado os corações e as mentes do povo com dignidade e esperança.

    Em Monteiro, Paraíba...

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... cidade em que o Velho Chico chegou pela primeira vez, Lula esteve presente como uma nova esperança. Esteve nas mãos calejadas dos agricultores que poderão plantar, no vinco dos rostos dos que lutam sem cansaço, no olhar confiante e corajoso das mães que querem um futuro melhor para seus filhos, o mesmo olhar da D. Marisa.

    Em Monteiro, Paraíba, as águas de março fecham o verão árido e destrutivo do golpe. Águas de Lula. É promessa de vida em nossos corações.

    E os outros? Os outros, políticos de antonte? Criticaram, desfizeram, contestaram, opuseram-se. E, depois de feita a obra, foram lá...

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... querer aparecer.

    Ah, o povo, mas o povo pode enganá-lo. Mas sempre será por pouco tempo. Foi o que vi em Monteiro, um povo consciente do que aconteceu, um povo com Lula. Apesar de toda campanha que se fez contra esse homem, esse povo sabe que quem fez por ele, quem fez por quem mais precisava foi Luís Inácio Lula da Silva.

    Por isso festejado. Por isso, uma festa popular imensa, linda, festejando as águas de transposição do Velho Chico.

    Viva a democracia brasileira! Viva o povo brasileiro que reconhece quem faz por ele!

    Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/03/2017 - Página 46